quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Sobre o Amor. Apontamentos do diário de Fevereiro e do diário de Março de 2010.

Sobre o amor direi que é difícil concluir se a sua natureza é mais a de um espelho que reflecte  e acolhe a beleza divina, se uma elevação ardente do ser humano para ela. [Provavelmente ambos, embora ser um espelho da beleza divina, que na sua essência é a fonte primordial de amor e na sua manifestação é a harmonia do Cosmos, seja mais difícil e elevado.]

Mas o sorriso nirvânico caracteriza-o, e prova uma especial ligação [dele] com a imortalidade. Poderia ser assim a consciência da eternidade e da imortalidade... [Algo que certos discípulos poderiam sentir semi-conscientemente na causalidade meditativa. E também  há pessoas que mantêm (ou tentam manter] um sorriso quase permanente, por auto-consciencialização espiritual, ou por sentimento do fogo do amor acesso no seu coração, em si, por alguém, pelos outros, pela Divindade.]

O amor depende das circunstâncias. Há condições ideais para o sentirmos: saúde, paz e calma, até bom ambiente, música. [Embora o fundamental seja ora a fluidez com a Natureza ora a afinidade com alguém.] Talvez seja como a alma movida para fora do corpo e para dentro da eternidade. 

A alma é alimentada pela beleza visual, auditiva e mental, e sentindo-a afectivamente fica cheia dela e ao transbordar, ao destilar-se, saboreia o amor [realiza que sente o amor, que está em amor]

Venho de uma missa meditada [ou seja, que passei grande parte a meditar sentado] em que atingi boa realização do Amor divino. 

O amor Divino ou Espiritual é um diálogo ardente com Deus. É uma aspiração intensa, um silêncio profundo e uma abertura ao Infinito. 

O amor espiritual transfigura, intensifica a aura espiritual e enche o cálice do coração do néctar da imortalidade

De manhã ao meditar pensei que no mundo subtil devia haver livros fantásticos e que deveria ter acesso a ele por dois meios: um desejo intenso, por reconhecer a sua existência e possibilidade de consulta, de os conhecer. 

Outro, a partir de desejos de os estudar e de se fazer divulgações altruístas, conseguir-se-ia ter acesso a eles. [Mas confesso que poucas vezes consegui sonhar com livros especiais ou extraordinários, talvez porque gostando e trabalhando tanto ainda com os terrenos e bons, os subtis não sejam tão necessários]

Cependant je m'interroge c'est le coeur qui veut aimer particulierement ou c'est notre ego qui veut prendre ou controler l'amour universelle du coeur? [Tradução: No entanto, pergunto-me: será que é o coração que quer amar particularmente ou é o nosso ego que quer tomar ou controlar o amor universal do coração?]

Je me interroge, est-que c'est un épanchement naturel du coeur le dialogue généreux entre nous, ou est-ce qu'il y a des projections, des expectatives et des désirs qui peuvent par contre faire que l' amor soit plus qu'une partage desinteressé ou une comunnion pure, une aventure de accomplissement de nos rêves ou désirs? [Pergunto-me: será que é um derramamento natural do coração o diálogo generoso entre nós , ou haverá projecções, expectativas e desejos que podem fazer do amor que seja, mais do que uma partilha desinteressada, ou uma comunhão pura, uma aventura de realização dos nossos sonhos ou desejos?]

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Amores: é fácil o amor com quem gostamos, ou mesmo o devocional para o anjo da guarda, os antepassados, [a Divindade].

Mais difícil é o amor sacrificial, aquele que já não é [o] nosso prazer, interesse ou felicidade mas o dos outros que procuramos...

Quantos sabemos dar este salto para fora do nosso estreito mundo de interesses e proporcionar ao outro alguma alegria inesperada?

 Da pureza e impureza: se um pequena ponta de pincel impregnada de negro, altera logo imediatamente a cor aguarelada que preparamos, assim também certos pensamentos ou actos nos sujam irremediavelmente por algum tempo. Devemos assim estar muito atentos às nossas forças anímicas [aos sentimentos e pensamentos que nos atravessam e desarmonizam, para que o Amor brilhe mais clara e desobstruidamente].


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