domingo, 30 de junho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", do Bô Yin Râ. Cap. IV. O Caminho. 4ª parte.

                                     
                               Cap. IV. O Caminho. 4ª parte.
«Portanto, começa o teu caminho alcantilado!
Possa a perseverança incansável acompanhar-te até ao fim!
A ajuda elevada estará sempre perto de ti... 
Não olhes para trás para a vida cheia de sofrimento e alegrias, culpa e méritos que possas deixar para trás!
Sabe igualmente que tem o mesmo valor para a tua missão se  todo o saber terreno é teu, ou se és o menor dos ignorantes! -
Não tentes isolar-te dos humanos, e não acredites que um tipo de vida esquisito, alheio aos costumes do teu tempo e do teu país,  te possa porventura levar para a frente.
Ainda menos o tipo da tua alimentação pode ajudar ou prejudicar no teu caminho, pois tal  deve manter o teu corpo são e forte.
Se desejares evitar a carne de animais abatidos, então evita-a, e se quiseres renunciar ao vinho, então renuncia a ele, mas não imagines que eventualmente poderás por isso tornar-te  um homem "mais puro", ou mesmo “superior”!--
O mesmo vale para o amor sensual entre homem e mulher.- 
Não te degrades ao nível do mero animal, e contém sempre os teus instintos com uma mão forte, para que eles jamais possam subjugar-te contra a tua vontade, mas nunca manches com blasfémias um Mistério, cuja "pureza" só poderás compreender pela primeira vez, quando já pertenceres aos despertos no Espírito!---
Não foi sem terem sondado as causas mais profundas que os sacerdotes dos mais antigos cultos proclamaram a santidade dos símbolos da procriação, - e na verdade eles veneravam neles mais do que só uma imagem da natureza eternamente procreadora...
A abstenção todavia só te é adequada quando a avidez indomada dos teus impulsos possa ser causa de desgraças para ti ou para outros.--
A abstinência de todos os vícios é necessária, pois eles imediatamente interferem nos teus mais nobres esforços  para o Espírito e por fim necessariamente asfixiam-nos.
Evita tudo, o que possa prejudicar a ti e aos outros!
Evita também qualquer pensamento sem amor!

Ama-te a ti próprio! - Pois se não te podes amar a ti próprio, farás verdadeiramente pouco bem ao teu "próximo", se o “amas” - como te amas a ti.-- 

Segue o teu próprio caminho, mas deixa também que todos os outros sigam o seu próprio caminho, - mesmo quando os seus objectivos fiquem muito aquém dos teus!-
Não sabes quando chegará a hora de alguém, e não tens qualquer direito de interferir no seu sono, antes da sua hora...
Não poderias ainda "despertá-lo", pois ninguém escapa ao sono antes que a sua hora chegue. -
Mas, se a sua hora se avizinha, então será ele mesmo a pedir-te instrução. -
Só então poderás dá-la!
Só  então também os Irradiantes da Luz Original estarão ao teu lado com o seu poder e apoiando eficazmente a tua ajuda.--
Tu não és chamado a guiar do Espírito para o Espírito, e os que são chamados para isso nunca obrigarão alguém a confiar na sua direcção! -

Numa serenidade clara avança  no teu caminho para ti mesmo! 
O teu caminho para ti mesmo conduzir-te-á no reino da tua alma ao teu Conselheiro espiritual, e é ele guiar-te-á em ti ao teu mais elevado objectivo... 
O teu caminho para ti mesmo é - o teu caminho para Deus! 
Nunca poderás chegar a Deus, se não o encontrares, tal como ele é – em ti mesmo! 
Agora, porém, quero ainda dar-te algumas palavras, que te permitirão conhecer a acção do reino do Espírito sobre a Terra, e ainda muitos segredos  que se deixam reconhecer, se tu de boa vontade queres conhecer tais realidades espirituais.
Eu quero pendurar algumas grinaldas nas paredes da tua casa.
Grinaldas daquelas flores que encontrei nos meus caminhos mais elevados e no meu último objectivo no caminho, no meu jardim florido.-
Não me desfolhes as grinaldas e deixa cada flor lá onde as entrelacei! - 
Senão, não podes compreender dum modo límpido a profunda  Realidade, que todas as palavras deste livro vêm anunciar-te...
Senão, não poderás interpretar o segredo que em palavras silenciosas se desvenda aqui: o mistério da Vida divina no Homem da Terra,- o supremo mistério do Deus Vivo! -»

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. IV. O Caminho. 3ª parte.

 Continuação da partilha da versão portuguesa do Livro do Deus Vivo, de Bô Yin Râ. Cap. IV, O Caminho, 3ª parte.

«Vê, chegou o dia, ó tu que procuras, no qual o teu Deus se revela agora em ti como o teu Deus, - no teu "Eu". -
Ele torna-se em ti, e tu "nasces" n'Ele...
  Misterioso permanece, mesmo para os que vêem no Espírito, o que se realizou deste modo no Espírito.--
Não poderás  dispensar certamente ainda o teu Guia interior, mas estarás unido a ele de um modo novo...
Logo que o botão da "flor de lótus" aparecer, pode acontecer que possas ver diante de ti imagens mágicas do teu Guia espiritual, no caso de teres em ti a aptidão para tal visão.
Não é ele próprio!
São certas forças "mágicas" da tua alma, que através da sua vontade ele modela à sua imagem.
Sê grato, quando o teu "Conselheiro" se pode mostrar visivelmente a ti,- quando ele te ensinar a partir da sua imagem, de tal modo que crês ouvi-lo!
Não te aflijas porém, se nunca nesta vida terrena consegues vislumbrar a sua imagem sob a forma de aparição exterior!
Só em raros casos lhe é possível apresentar-se a ti em imagem, e só usará essa possibilidade, quando tal contribua para a tua salvação e não te possa levar à tentação, de quereres logo em seguida abusar dos poderes "mágicos" da tua alma para outras "imagens"...
É melhor nunca veres a imagem do teu guia espiritual, se tal fizesse com que o uso das tuas forças anímicas por ele as tornasse submissas a potências enganadoras!--
Sentirás a sua orientação com mais certeza no mais íntimo de ti, e o que não podes contemplar exteriormente, - dar-se-á a ti tangivelmente, no mais profundo de ti... 

Mas agora, - depois que o teu Deus nasceu em ti, e tu nele,- e se tornou o teu conselheiro espiritual, em união com a voz do teu Deus e contigo, ele só se revelará na vida mais elevada do seu  espírito
  Crê-lo-as completamente idêntico a ti, enquanto ele estiver contigo...
Ele não  te guiará  mais ensinando, mas abrir-se-á a ti, e tu tomarás do tesouro da sua vida interior, o que ainda te falta.-
Acima de tudo isso brilhará porém o sol da alegria divina, e toda a luta pela Luz e Iluminação, que então te consumia, antes de estares no Caminho, aparecer-te-ão doravante como "penas do Inferno" outrora sofridas.-
Verás diante ti uma eternidade, donde as maiores profundezas deixarão pressentir ainda maiores profundidades, e sabes que, unido ao teu Deus, avançarás eternamente através das mais profundas das maravilhas.
Quando neste mundo exterior estiveres na dor ou felicidade, apenas te descobrirás como antes uma pessoa terrena, - e no entanto o teu Espírito no teu Deus encontrar-se-á bem acima de toda a humanidade terrena, porque a tua alma tornou-se um “Reino” de Eternidade: - um céu nos céus!---
Este, ó tu que procuras, é o percurso do "Caminho",- do Caminho que deverás trilhar e atravessar, se quiseres chegar ao teu Deus! 
 O "Caminho" é em ti mesmo,- no teu próprio "Eu"!
Este é o caminho, o único que te conduzirá ao teu objectivo máximo: - a “despertar” no mundo espiritual!
Se até agora não estás desperto nele, depois do fim desta vida terrena terás no “outro lado” de continuar a dormir por muito tempo até ser possível acordar-te, - dos sonhos, que tu próprio te criaste e que poderão deter-te sob o seu encanto através de aeons.---
Agora escuta, o que  ainda te aconselho!
A partir do dia, que te encontra decidido, a percorrer este "caminho", deverás talhar um bordão robusto para a viagem.
Encontrarás a "madeira certa", se souberes descobrir sentidamente o poder da palavra, tal como ela se revela em cada linguagem humana!-
Escolhe as palavras, que falam ao teu coração, - palavras pelas quais te sintas "captado", "elevado" e "penetrado"!
Cria em cada dia um pouco de tempo, e quando é possível sempre à mesma hora,- um tempo, no qual tu procuras unir-te em contemplação ao Espírito destas palavras, sem que as tuas obrigações exteriores te perturbem aí.
Guarda uma palavra, que te "tocou", prolongadamente nas tuas horas calmas, como um exercício dado para o teu pensamento, tal como um tocador de flauta repete sempre do mesmo modo mais um exercício, até conseguir extrair a mais elevada pureza de tom.--
Encontrarás neste livro muitas palavras, que te poderão ajudar neste "exercício" do teu pensamento.
Outras dei-as noutros sítios.
No entanto não tens de cingir às minhas palavras!
Os "livros sagrados" da Humanidade estão cheios de palavras, que te podem agarrar e a elas te elevar .-
Os poetas e sábios deram tais palavras em verdade abundantemente.
O perigo é só: encontrares nessas palavras igualmente o falso ensinamento que a insensatez ou o hábito colectivo, em geral colocam debaixo delas.--
Por isso aconselho-te de início a escolheres de preferência as palavras dos meus escritos, se queres agora confiar no meu ensinamento.
Começa portanto primeiro, como já te disse por procurar penetrar pelo "pensamento" o fundo dessas palavras!
Mas depois tenta encontrar nelas uma forma de pensar, que seja "sem palavras"!
Não descanses até conheceres, numa compreensão "sem palavras", o sentido mais profundo e completo  das palavras escolhidas.-
Estampa-as no teu olho, separadas de outras palavras, escrevendo-as numa letra clara pela tua própria mão!
Sente as palavras da tua escolha como se fossem tuas!
Procura gerar em ti a realização espiritual de quem pela primeira vez anotou essas palavras!
Tenta despertar o teu ouvido interior, tentando "ouvir" o som das palavras no teu íntimo!
Quando conseguires bons resultados em todas estas formas de compreensão, segue adiante, - mas - só então! – mesmo quando devas esperar muito tempo, até isto.-
Previno-te contra isto: avançares  “ demasiadamente rápido”!
Porventura poderá parecer-te, que consegues alcançar tudo isto “em poucas horas”... 
Talvez mesmo acredites que já hoje, porque recebes as minhas instruções, não precisas mais desse exercício de captação...
Muitos, que outrora quiseram trilhar o caminho, imobilizaram-se logo no princípio, porque pensavam assim!--
Exige-se mais do que poderás porventura supor num olhar rápido!
Frequentemente é necessário dizer-se com palavras parecidas, o que em si é muito diferente.-
Não se exige de ti aquilo a que os poetas chamam "sentido da linguagem", apesar de que uma pessoa, que esteja habituada a percepcionar o som e o ritmo da linguagem e a sentir o valor das palavras, já esteja a meio caminho, de compreender a tarefa  apresentada...
Mas se conseguiste verdadeiramente alcançar tudo o que aqui é exigido, então um novo grande alargamento da tua sensibilidade, uma vivência muito mais desperta do teu devir dar-te-á a certeza de estares protegido de qualquer auto-engano.
Portanto avança, - tu que te esforças pelo mais alto de todos os objectivos humanos!
Agora deverás procurar sentir em ti próprio cada palavra, com todo o teu Ser!
Agora deverá cada palavra tornar-se viva em ti!-
Não só a tua alma deverá agora deixar-se penetrar pelo "Espírito" das palavras, mas o teu corpo terreno em cada fibra  deve aprender a sentir cada palavra!--
As palavras deverão fundir-se contigo, - com a tua alma e o teu corpo, -  num só ser!-
O teu corpo terreno deverá tornar-se o corpo das palavras escolhidas, como se nada mais vivesse nele . -
As forças da tua alma, já unidas na tua firme vontade, deverão agora unir-se também às palavras que escolhestes, e deverás sentir-te como a Consciência dessas palavras!---
Só então  terás maiores conquistas no teu caminho!
Experimentarás pela primeira vez o que é a "Vida", que a ti, como a todos os seres vivos, move!--
Sentirás como se vivesses numa nova Terra, - num novo mundo, nunca pressentido...
Pereceber-te-ás interiormente, que tudo a que se chama na Terra "estado de vigília" não passa de um sono pesado e profundo, de um sonho confuso.
Agora pode  começar uma contemplação clara do mundo espiritual, desde que as forças em ti depositadas desde o início o permitam, e se tu és uma pessoa de visão e não uma pessoa de captação abstracta.-
Se todavia, pela tua natureza específica, só podes compreender, do que queres conhecer, o que podes conceptualizar, então  custosamente alcançarás o “ver", embora eventualmente possas vivenciar através do que foi intelectualizado...
Transformar-te-ás num Homem novo e terás alcançado uma consciência de ti, que dificilmente se compara à tua consciência actual!
Tal como o Sol radioso do claro meio-dia faz sumir na sua luz uma pequena lamparina, assim também uma nova consciência brotará em ti e fará desaparecer, o que tu ainda hoje chamas a tua "consciência"...
Saberás então porque é que o Sábio fala da "Vida" como a "Luz dos Homens", e compreenderás o significado esplêndido as palavras tão significativas:
"No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e o Palavra era Deus..."
"Nele tudo tem a vida, e a sua Vida é a Luz dos homens."
"E a Luz brilha nas trevas, e as trevas não a podem extinguir."-


Quem escreveu estas palavras, sabia plenamente o que dizia, e também tu saberás, quando chegares a este ponto do teu caminho...
Porém,- "o Reino dos Céus cede à força, e só quem recorre à força, o assume!" -
Sem dominares a tua impaciência, sem um contínuo exercitar dos teus poderes, nunca poderás esperar o sucesso.
Não penses porém, que um querer forçado selvagem, ou que um esforço convulsivo possam aproximar-te do teu objectivo!
Não é este o significado destas palavras!
Deverás estar continuamente envolvido numa felicidade serena e calma alegria, e todas os teus cuidados devem ser para, com a máxima atenção, alcançares aquela percepção interior, de que te falei antes.
Custar-te-á mais “força” para te manteres "refreado", do que muitos heróicos e bem visíveis feitos te custarão...
Quando porém tiveres considerado bem tudo o que eu te disse, e doravante quiseres o que é exigido, posso dar-te a certeza de que um dia pertencerás aqueles que podem vivenciar em si o Mistério do "Reino dos Céus".»

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. IV. O Caminho. 2ª parte.

O Livro do Deus Vivo, de Bô Yin Râ.  Cap. IV, O Caminho, 2ª parte. Tradução da responsabilidade de Pedro Teixeira da Mota. Pinturas de Bô Yin Râ.

Mas agora, ó buscador, entremos juntos na quietude, e eu mostrar-te-ei o começo do "caminho"!
Recolhe-te em ti e ouve-me, agora que já te preparaste certamente para compreender de sentidos despertos o que te irei dizer! 
 
Primeiro, ó buscador, terás de esquecer muito! -
Deram-te uma  representação falsa de "Deus" e assim  com ensinamentos presunçosos asfixiaram em ti o gérmen do qual, nas águas sagradas do mais fundo da tua alma, deveria ter desabrochado a "flor de lótus", na qual a Luz que deve iluminar-te eternamente pode nascer... 

"O Espírito, que sobre as águas pairava" enche os espaços infinitos, mas não te podes aproximar dele, senão – em ti! -
Só quando ele em ti,- como teu Deus, - da Luz para a Luz se formar, poderás  dar-te conta da sua acção silenciosa- [walten kunde]
Os que querem sondar a sua Infinidade, erram muito...
Acreditam atrevidamente aproximar-se Daquele que todo o espaço dos Mundos não pode abranger, e não pressentem que geraram uma imagem distorcida que agora os domina. -
Nós, porém, queremos  mergulhar agora de novo em ti o gérmen da "flor de lótus" eterna...
Talvez - ele consiga doravante encontrar alimento a partir dos teus poderes!-
Quando a sua flor estiver formada, irá o Espírito, que de Si mesmo foi gerado e que de Si mesmo vive, descerá mergulhando em ti e como o teu Deus "nasce" em ti, - como o teu Deus vivo em ti!---
Antes não saberás de "Deus"!
Não acredites, nos que te falam do Deus dos seus sonhos: - de um Deus, que se deixa encontrar em êxtases de muito calor!-
O que assim se pode encontrar e apenas uma "Fata-morgana" [miragem] do mundo interior!
Não conheces ainda as riquezas, que as vastidões da tua alma comportam em si!-
Aqui há "energias" e "poderes", perante as quais oferecerias adoração, como o profeta diante do arbusto ardente, se eu pudesse mostrar-tas visivelmente.---
A tua alma é um incomensurável oceano, e ninguém até agora descobriu as suas profundezas, as maravilhas do mar de forças anímicas!--
Imaginas a tua alma como um invólucro radiante, e crês encontrares-te a ti próprio sozinho nele...
Ora a tua alma é como um mar composto-contendo por miríades de gotas de água preenchidas de poder latente, - ou como uma nuvem viva, formada por miríades de entidades carregadas de poder, - e tu deverás tornar-te o Senhor e o Mestre de todas estas entidades.--
Logo que não te reconhecerem em ti o seu dominador seguro, entorpecido pela sua força, que te parecerá assustadora, tornar-te-ás o seu escravo.-
Deverão servir-te, assim que as tenhas dominado,- mas irão sempre levar-te pelo nariz, através das mais singulares prestidigitações, se tu em falsa humildade inclinares-te diante delas.
Elas precisam de uma vontade forte, para se unirem debaixo dela...
Antes de as unires numa só vontade, nunca encontrarás na tua alma a tal quietude, que só ela pode causar o florir da "flor de lótus" sagrada.-- 
AQUI---
Nem também poderás em ti, através dos poderes da tua alma receberes conhecimentos desse íntimo reino do Espírito, que apenas os poderes da tua alma, unidos numa só vontade, te poderão tornar reconhecível, sensível, - por vezes podendo-se tornar mesmo visível e audível, - porque ele em ti, como por toda a parte, vive pelos mesmos poderes...
Nem será antes disso que receberás, de quem te guia do Espírito, um sinal seguro,- nem antes sentirás em ti a presença dos Guias espirituais supremos, os Irradiantes da Luz Primordial...
Portanto esforça-te, ó buscador, antes de tudo o mais, por fundares em ti uma vontade clara e forte de chegares a ti mesmo!
Deverás afirmar-te a ti mesmo, se quiseres experimentar a afirmação do espírito pelo espírito!
Tu encontras-te, e em ti o teu Deus, somente no teu “Eu”!---
Procura com alegria calma e silenciosa serenidade, afirmares-te em ti próprio cheio de paz, e desvia o teu olhar de todas as imagens interiores, que a tua mente, muito nervosa, e ainda não unificada em si mesmo, gostaria de te mostrar!
Primeiro, precisas de alegremente e cheio de confiança chegares  a ti próprio completamente!
Antes de te envolveres em ti e te barricares de todos os lados,- tal como um mar que a si próprio se limita, - como uma nuvem, que sabe acastelar-se,- em vão tentarás possuir a tua alma, pois os poderes da tua alma só se entregam a quem é realmente digno da sua veneração...
Não acredites porém, que possas chegar a este objectivo, se permaneceres constantemente inactivo numa paz externa!
Deves, enquanto ser humano do mundo exterior, no qual nasceste, aspirar a actuar dia a dia, tal como toda a natureza exterior age permanentemente e constrói sempre  formas novas, se queres aprender a fortalecer em ti a tua Vontade, para que os poderes da tua alma lhe possam obedecer!--
Nada no mundo exterior é assim tão insignificante, que não te possa servir de instrutor!
De todas as vivências poderás retirar ensinamento, e nenhuma actividade é  tão desprezível que não possas aprender dela!-
Mas sobretudo precisas de aprender a dissipar os teus pensamentos errantes, e de seres capaz dos concentrares num ponto de cada vez.--
Nem a solidão do deserto, nem a vida entre os animais da selva são de qualquer modo mais favoráveis ao teu fim, do que a agitação de uma cidade cheia de pessoas, na qual activamente exerces a responsabilidade da tua profissão!---
Quando mesmo no maior dos ruídos tenhas aprendido a permanecer contigo, quando fores capaz de comandar em ti os teus pensamentos e a tua vontade com plena segurança, quando os teus desejos só forem e virem, como tu próprio os quiseres irem e virem, - só então começa a tua primeira tentativa de unires em ti os poderes da tua alma !--
Mesmo então encontrarás ainda várias resistências em ti ...
 Durante muito tempo exercerás a tua vontade agora consolidada ainda em vão, antes de conseguires flectir sob ela todos as relutantes forças  da tua alma.-
Cada uma das forças anímicas quererá possuir a tua vontade só para si própria, e nenhuma delas quererá dar-se voluntariamente como propriedade da tua vontade...
Compreenderás isto, quando conseguires fazer nítido em ti, que cada uma das tuas forças anímicas, - mesmo que as consideres a todas como entretecidas em ti com "características próprias", - é uma entidade anímica independente, dotada da sua própria vontade e impulsão, de trazer a manifestação efectiva só a si mesma, e isto mesmo que seja à custa de todas as outras forças anímicas.-
Não  deverás nunca desencorajares-te pelos teus ainda frequentes frustrados combates pela supremacia da tua própria vontade sobre as inúmeras vontades, que na tua alma só se querem a si mesmas!-
Nunca deverás perder a confiança em ti mesmo!-
Nunca deverás perder a alegria do teu coração e a tua serenidade silenciosa!--
Todos os teus combates são apenas uma constante prova da tua paciência e do poder que já adquiriste na tua própria vontade...
Sabe porém, que dessa forma tornar-te-ás no fim certamente um vencedor!
Chegará o dia, em que  experimentarás verdadeiramente em ti cheio de felicidade, a alegria suprema do vencedor!
Então o gérmen da "flor de lótus" está desabrochado, e nos  lagos sagrados do Templo, que nunca um olho terreno vislumbra, torna-se para o olho espiritual do teu Guia invisível, - os antigos denominavam-o: o teu "Anjo" custódio, - um botão à superfície imóvel e misteriosa das águas...
Cheio de uma alegria sagrada ele chamará os companheiros e, a partir desse dia, um grupo de guardiões escolhidos velará sobre as águas sagradas.
Aconteceu um milagre!
Um milagre, que um Homem terreno operou, - porque é mais fácil levar  por um fina corda de cânhamo um elefante enfurecido através da agitação do mercado, do que unificar as numerosas vontades das forças anímicas que constituem a "alma" de uma pessoa, sob a vontade dessa mesma pessoa!---
Todavia agora  a luz velada do dia deve proteger o botão com os seus raios suaves para que ele possa, um dia atingir o pleno esplendor da sua floração maravilhosa.
Grandes árvores seculares envolvem o misterioso lago do Templo e protegem o frágil botão dos raios ardentes do sol que para já poderiam imediatamente queimar e destruir esta formação  acabada de nascer.
Altas muralhas em torno do Templo detém o vento chamejante do deserto...
Agora, ó tu que procuras, começa para ti uma nova actividade!
Mas esta acção exige também verdadeiramente a calma exterior e a mais silenciosa contemplação.
Poderás todavia dedicar-te à tarefa que agora te cabe, depois do teu trabalho diário, ou talvez antes dele, consagrando-lhe as horas calmas da manhã...
Eis que chegou agora o tempo em que deves aprender doce e delicadamente a questionar internamente e depois a escutar então interiormente.
Não conseguirás estar suficientemente silencioso para isto!
O que se esconde em ti e que em breve se deverá revelar, não o poderás encontrar na ruidosa fala dos teus pensamentos.--
  É no centro do teu coração que está, mas não podes ainda ouvir a sua palavra, porque a sua voz é ténue como o apelo longínquo de um pássaro...
Não afugentes  de ti a sua palavra !
Presta atenção ao seu suave som!
De modo algum poderás escutar a sua palavra em ti, se não souberes preservar o silêncio em ti!-
Responder-te-á  no início às tuas serenas perguntas em voz tão baixa que mesmo a brisa mais leve dissipará em ti a sua voz.--
Um dia contudo aprenderás finalmente a ouvir essa voz e a distingui-la de qualquer outra voz interior.
Não ouvirás a sua voz, como se fosse falada do exterior!
Também não será com palavras da tua língua que ela te falará, nem em nenhuma outra língua humana falada nesta Terra!--
E no entanto, o que a voz terá para te dizer, tornar-se-á em breve para ti bem mais compreensível de que tudo o que jamais ouviste, desde a infância, através da boca humana, numa linguagem humana!---
Agora deverás seguir esta voz...
Todos os teus progressos futuros no caminho serão preparados somente pela tua fidelidade.
Gradualmente aprenderás a reconhecer, que  a tua vontade agora já não serve apenas segundo as directivas do teu juízo terreno, mas que tu, muito imperceptivelmente, sabes já reorientá-la para as altas instruções do Espírito, - para a vontade de tal "voz"...
Mergulharás  mais profunda e mais profundamente no secreto da tua alma.
Quanto mais souberes, mais pressentirás o que ainda está escondido.--
Grato e cuidadoamente guarda também a menor das vivências que experimentas no domínio da alma, porque: - a tua gratidão para o pouco, trar-te-á mais cedo a plenitude da vivência!---
Por fim contemplarás um reino de maravilhas interiores, de que nenhuma descrição poderia 
causar-te hoje qualquer pressentimento que fosse!
Há coisas que entram na tua vida, que hoje lhes chamas "impossíveis",- e hoje em verdade ainda com razão!--
Como o maior dos prodígios manifestar-se-á porém a ti, que tudo isso te está dado no teu poder,- que não precisarás de esperar na incerteza o cumprimento das tuas aspirações, porque permanentemente elas realizar-se-ão com toda a certeza pela sua própria força...
Se fores reconhecido nisto como um companheiro fiel dos conselhos mais íntimos, então cada vez mais a "flor de lótus" terá desabrochado gradualmente no lago do Templo espiritual
Não tardará, ou pelo menos não estará tão longe,
o dia em que vivenciaras a flor, totalmente aberta brilhando nas águas, irradiando uma claridade que certamente não pode vir do sol desta Terra...

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. IV. O Caminho.1ª parte.

Continuação da partilha da versão portuguesa do Livro do Deus Vivo, de Bô Yin Râ: Cap. IV, O Caminho, 1ª parte.
                                                      
                                                                O CAMINHO
«Todas as grandes obras pedem coragem e fé!-
Antes de estares pendurado "na cruz", não poderás "ressuscitar"!--
Antes de acreditares, não poderá a "nuvem luminosa" guiar-te através do "mar enxuto"! 
 
Tens tanto a superar em ti, e mais deverás ainda aprender a superar, se quiseres progredir no teu caminho...
O mar ameaçará engolir-te e o deserto recusar-te-á o sustento, - mas nem por um instante deverás quedar-te em receio e dúvida, uma vez que tenhas em ti  iniciado o caminho para ti e para o teu Deus.-
Como isto é difícil, vê-lo-ás pela primeira vez, quando estiveres no caminho!
Mas não receies!
Não estás só neste caminho...
Todos os que percorreram antes de ti este caminho, guiam-te!
Também eles necessitaram primeiro de atravessar todos os perigos!
Para nenhum deles foi o caminho mais leve do que para ti!
Agora entraram porém na "Terra Prometida"...
Agora alcançaram o objectivo dos esforços, e das "Montanhas Sagradas" enviam-te ajuda e força.--- 
Desde os que, na claridade mais sublime do seu Deus, resplandecem como sóis e, iguais a deuses, como uma unidade, um sol de todos os sóis, iluminam todos os sóis e todos os mundos, - até aos que na Terra vivem em forma espiritual e, finalmente, aos que  trazem ainda a vestimenta do animal terreno, uma corrente da Luz substancial do Espírito  atravessa todas as vastidões, e une os que dela se preenchem na mais sublime  comunidade.-
No plano que te é mais próximo, o mais baixo desta "escada celestial", encontram-se porém os Auxiliares, que podem te estender uma mão para ajudar, se queres a sua ajuda...
Eles nunca abandonarão quem através da noite sombria, se esforça por seguir o caminho rumo ao sereno e silencioso  Templo sublime, onde o seu Deus em si mesmo - da Luz para a Luz – poderá "gerar-se" nele.- 

Não enviam porém o seu auxílio a partir do exterior, pois passam a estar unidos a ti profundamente no teu íntimo assim que, cheio de coragem, trilhares o teu caminho, - o mesmo caminho que todos o que encontraram o seu Deus tiveram outrora de percorrer, e também os que te querem agora ajudar tiveram antes de seguir, embora o seu espírito já  há milénios estivesse a ser preparado para a mais clara capacidade de conhecimento espiritual.-
Quem não é destes, não te pode ajudar, mesmo que pudesse fazer milagres sobre milagres... 

Serão muitos os falsos instrutores que cruzarão a tua estrada, - "instrutores", tendo eles mesmos muita necessidade de instrução, - e muitos  oradores orgulhosos exibir-se-ão diante de ti com o seu "saber".
Depararás com muitos auto-proclamados "santos", consumidos pela vaidade, que consideram um grande feito o seduzir os outros para a sua presumida "santidade" e "dignidade". 

Assustar-te-ás com os mais extravagantes "hierofantes" que procuram encandear os que deles se aproximam com os sinais  confusos, deslumbrantes e fantasmagóricos que, numa ilusão desordenada, com ouro falso, bordam nos seus "mantos mágicos"...
Se  te demitires da cautela uma só vez,  poderás facilmente deixar-te apanhar nos seus múltiplos segredos ocultos, e só raramente alguém, que se deixou apanhar, sai são e salvo de tais armadilhas para comedores de aves...
Somente uma vigilância constante te poderá proteger do perigo!
Toma cautela com todos os que acreditam que a sua pretensa "Sabedoria Divina" pode ser ensinada e alcançada tal como o saber das coisas terrenas!
Toma cautela com todos os que, por meio de "forças milagrosas", querem seduzir o teu entendimento!
Ainda há muitas coisas que, mesmo no nosso aparentemente "esclarecido" tempo, te poderão parecer muito "prodigiosas", e em verdade nos seres humanos forças verdadeiramente prodigiosas estão escondidas profundamente, mas nunca o Espírito da eternidade se porá a si mesmo em questão, de tal modo que procure “provar-se” através de “prodígios"...
Se forças prodigiosas se tornam visíveis a alguém, isso é somente a prova de que elas existem, - nunca porém a "prova" de que esse alguém sabe "respirar conscientemente" no Espírito, e que possa trazer um testemunho seguro da verdade, que está fundada na realidade!-
Esse testemunho só pode ser comprovado através do "milagre" do conhecimento, que se opera na alma, e não deverá valer-te como Verdade o que não seja confirmado no mais íntimo do teu ser, assim que tenhas preenchido a condição, que te confere o direito de obter tal confirmação.-
Desconfia igualmente da tolice, de acreditar-se que através de uma alimentação especial ou de uma bizarra prática de faquir seja possível assimilar uma "espiritualidade mais elevada" pelas vias digestivas e respiratórias!
Os Portadores da Luz [Leuchtenden des Lichtes] cuja claridade atravessa os mundos, nunca te recomendarão em verdade a adopção de tais meios!
Também nunca te exigirão que te isoles dos teus semelhantes para te dedicares a cerimónias secretas, ou a rituais misteriosos!
Nunca te atribuirão "graus secretos", títulos ou "honras" especiais, que em ti só poderiam alimentar a vaidade e gerar uma presunção ridícula...
Só o que em ti se tornou realidade, porque tu próprio o realizaste por ti, tem valor aos seus olhos e deteremina para eles o  teu "nível"! -
Também não os irás encontrar com gestos de actores sobre plataformas, nem nas feiras, diante de muito povo.-
Irão muito mais dar-te o seu auxílio apenas por palavras, que  poderás considerar em ti mesmo no silêncio, - sem seres desencaminhado por insidiosas artes retóricas...
Auxiliar-te-ão na tua acção interior, e nunca tentarão mostrar-se!
Não é necessário que os reconheças  se tiveres que os encontrar!
Não é necessário que os descubras no seu aspecto terreno!
Eles saberão como descobrir-te e ajudar-te, mesmo quando não possas pressentir os ajudantes!
Eles actuam na verdade com meios diferentes dos tolos vãos, que tentam ludibriar os seus seguidores com gestos cheios de arcanos e por artifícios de oratória tão vazios como eloquentes.-
Também nunca te exigirão ou esperarão de ti um tributo pelos seus ensinamentos e orientação, preferindo partilhar contigo o seu último cêntimo, a aceitar o que quer que fosse da tua parte.
O que têm espiritualmente para te oferecer, é património do espírito, e nenhum dos que o podem dar, nunca quereria trocá-lo em compensação por bens terrenos...
Só o "trabalho", que é  pré-condição do sustento terreno do corpo, tem o direito de exigir retribuição terrena.
 Quem tem olhos, para ver, e ouvidos, para ouvir,  acautele-se dos charlatães e usurpadores!
Ser-lhe-á fácil reconhecê-los!
Os Irradiantes da Luz Primordial são porém mais difíceis de se encontrar.
Não os detectarás entre os outros homens na roupa terrena, e nada de estranho os revelará a ti, pois amam a quietude e acalentam o recolhimento...
Se eles forem obrigados a viver no mundo ruidoso, serão certamente indistinguíveis de todos os outros justos que cumprem a sua tarefa terrena!
Feliz, o que neles confia!—»