sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

"A Peregrinação a Cristo", por Keshav Chandra Sen. 1880. Com vídeo. Nos 140 anos da sua ascensão.

                                                                
Foi uma invenção bastante original de um valioso pensador, filósofo, orador e místico, a Sadhusamagama, a Peregrinação aos Profetas, sadhus, ou santos, realizada em Colcota (Calcutá) ao longo de alguns meses de 1880, por Keshav Chandra Sen (1838-1884), e o seu grupo de associados ou discípulos do Bharatvarsya Brahmo Samaj, ou Nav Vidhana, a Nova Dispensação, e que foi posteriormente publicada em livro.  Consistia,  através de leituras, imagens, roupas, caminhadas, orações, visualizações e meditações, em aproximações ou peregrinações a alguns importantes seres, santos ou profetas do Ocidente e do Oriente:  Moisés, Sócrates,  Sakya (Buddha),  Rishis (os videntes dos Vedas),  Cristo,  Muhammad, sri Chaitanya e os Cientistas (tal Galileu, Kepler e Newton). 
Realizavam-se de forma  original, com preparação em reuniões de leitura de textos sobre eles ou deles, seguindo-se a procissão ou peregrinação à Casa do Lírio, que era preparada de acordo com os mestres ou profetas que se evocavam e peregrinavam, havendo então as orações-discursos de Keshav Chandra Sen, com invocações divinas ou dos mestres, e com os adeptos do grupo respondendo, numa espécie de diálogo entre Deus e os adeptos-peregrinos.  Pode ler mais sobre a vida de Keshav e esta obra em: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2024/01/comemoracao-dos-160-anos-da-morte-de.html
                                           
Resolvemos ler, traduzindo directamente d
o inglês a partir da edição do Sadhusamagama publicada em 1956,  pelo comité de Publicação da Nova Dispensação, da Peregrinação a Cristo, o sétimo Serviço Preparatório, intitulado Spiritual Insight, traduzível por Intuição, ou Vislumbre espiritual, dado conter compreensões ou intuições valiosas, e consubstanciar uma florescência cristã num notável espiritual do renascimento bengali do final do século XIX, ou então uma boa capacidade de discernimento e apreciação espiritual bastante universal, de Keshav, e no caso em relação a Jesus. 

Após os Serviços Preparatórios,  a segunda parte, a Jornada propriamente dita e que não gravamos, tem também hermenêuticas originais quanto a Jesus, ou então interrogações desafiantes, tais: «Ó Mãe Divina, o teu filho está já preparado para o seu trabalho com as pessoas. Que mecanismo  misterioso é esse que conecta a língua de Jesus com a Tua, fazendo dele a boca donde fluem pérolas preciosas de verdades divinas? Tu estás com ele enchendo-o da luz que irradia da sua face, e da ambrósia que brota em palavras para a cura do mundo (...) Ao lírio chamou ele o seu guru, e às aves do céu os seus amigos, porque lhe ensinaram o desprendimento correcto, - aquele ânimo que torna uma pessoa livre tanto do glamor do falso ascetismo como do medo «de estar no mundo. »

Além de poder ouvir a 1ª parte, com os comentários e contextualizações que me apareceram no fluxo da tradução, pode ler agora algumas partes dela :«Jesus era todo alma. Ele só tinha olhar para o espírito. Ele contemplava-Te, ó Divindade, em todas as coisas: e vendo-Te, e entrava no verdadeiro coração da Natureza, nos locais secretos do Universo. Ele não tinha um lugar a que pudesse chamar seu, e não tinha necessidade de nenhum. O reino da fé, o espírito no mundo era a sua casa. Quando olhava uma rosa, a flor parecia desabrochar num guarda sol, afastando o brilho e o calor excessivo. Quando Jesus contemplava o coração da flor de lótus, este parecia convidá-lo a repousar dentro dele.»

Jesus, visto por Bô Yin Râ
«A vida depois da morte não era para ele um tema de especulação. A sua fé  contemplava em visão imediata o outro mundo. Quando falou de haver "na casa do seu Pai muitas mansões prometendo quartos para todos", isso não era para ele uma doutrina ou ideia. O que viu com o seu olho espiritual, proclamou para todos no mundo. Quando  era perseguido pelo mundo, ele desferia um voo e procurava refúgio nessa casa espiritual invisível sempre presente.»
«Ele denunciou os descrentes como gerações de víboras, mas chamava a si os que acreditavam para  poder-lhes transmitir paz e repouso. Orientou os seres humanos para uma vida de fé, e ensinou-lhes os seus segredos. O seu ensinamento estava baseado na ciência. Ele levou as mulheres e os homens a verem Deus na Natureza. Sabia com certeza que quando entramos no reino da fé a alma-espírito, a mente e o corpo funcionam todos harmoniosamente. Então, o que nós pedimos ou oramos nunca fica sem se realizar.» 
Boa escuta, e boas inspirações e realizações.

                     

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