sábado, 31 de dezembro de 2022

As potencialidades do ano de 2023, sob a égide da Hagia Sophia, a Santa Sabedoria divina. Com o Megaloschemos II, hino Búlgaro Ortodoxo.

                  As  potencialidades do novo ano de 2023...

 A Humanidade ainda é muito jovem na sua história e cheia de desejos e amor,  tem, nas suas pessoas e povos, de ser mais humilde  e dialogante e aprender a escolher o caminho da mestria de si mesma, dos seus actos, instintos, desejos, pensamentos, intencionalidades e fins, para que hajam interacções justas e fraternas com os outros. Para tal deve abrir-se mais à Sabedoria divina, a Hagia Sophia, tão desenvolvida por místicos e filósofos  como Dostoievsky, Soloviev, Berdiaef, Sergei Boulgakov e Pavel Florensky.  

Através de uma vivência mais harmoniosa com a Natureza, com a terra húmida e perene, com o sagrado feminino, praticando a oração e a meditação em comunhão com vivos e mortos, mestres, santas e anjos, cada pessoa sentirá a sua alma, a sua família, o seu ambiente melhorarem, transfigurarem-se, serem mais flamejantes pela Sabedoria amorosa divina, tal como a pintura de Nicholas Roerich (autor também das outras) nos transmite.

Após a praga dos vírus, gripes, vacinas, proibições de certos medicamentos, maus tratamentos e restrições exageradas, que renderam biliões aos capitalistas e donos das farmacêuticas e aos muitos que a eles aderiram e influenciaram, eis-nos numa nova fase da roda da fortuna da vida em que uns vão para cima, os capitalistas da indústria dos armamentos e vacinas, e outros para baixo, os que perdem o seu poder de compra ou morrem e se estropiam no campo de batalha no centro da Europa. O que se poderá fazer senão tentar-se domar mais a violência extremista, o expansionismo e ganância imperialista? 

                           

Como deveremos  manter a nossa energia psíquica em tempos tão perturbados e em que as narrativas ocidentais tentam arrebanhar as multidões que deixam de pensar por si mesmas e se entregam a "milheiros" comentadores e a políticos completamente vendidos e subjugados aos ditames das elites e em nada trabalhando pela causa pública, ou a justiça, a verdade e a paz?

Pois deveremos informar-nos bem, compararmos as diferentes versões, sabendo que o Ocidente está quase por completo dominado pelo imperialismo financeiro global, para quem as vidas das pessoas ou o seu bem estar nada contam. Há então que fortificar-nos no discernimento e no amor em nós próprios, nas nossas famílias, grupos, locais e sabermos ligar a terra e o céu, o corpo e o espírito, ou outros opostos, o que se faz pela alma que estuda, se esforça, aspira e ama, e que dia a a dia desenvolve e constrói o seu corpo de luz, o seu templo, o seu graal. Mas poderá resultar muito de tal, quando tanto extremismo, ódio, violência e vingança se encontram já desencadeados como fúrias quase imparáveis?

                        

Uma resposta simples será: enquanto não houver os sacrifícios necessários, enquanto não findar a arrogância de se querer continuar a sustentar ou mesmo a expandir  a  até agora  luta localizada, enquanto as podas apropriadas de políticos e políticas não se realizarem, enquanto o Ocidente anglo-americano, da NATO e da inepta direcção da União Europeia não pararem de fornecer dinheiro e armamentos à Ucrânia,  a guerra continuará  a fazer a sua mortandade desnecessária, e mesmo que estejamo bem em nós, há grandes divisões e lutas à nossa volta.

Então que as negociações permitam rapidamente a paz, a segurança e até a votação dos cidadãos para que as novas fronteiras fiquem consagradas e estabilizadas internacionalmente.

                         

Que saibamos persistir sabiamente na vontade inquebrável de transmutarmos as situações opressivas que tanto se acentuaram  nos últimos anos e que vários grupos tentam impor à humanidade como uma nova Ordem para qual milionários como Schwab, Soros, Gates e outros contribuem, em vez de usarem o dinheiro em escolas, hospitais, universidades e fábricas nos países mais pobres, pois aplicam-no em acumulações de egoísmo absurdo e nas implementações modos de controle das mentes e populações e de enfraquecimento dos níveis de vida, lucidez, espírito crítico e humanismo.

 Esforcemo-nos, lutemos, meditemos e saibamos contar com o corpo místico da Humanidade, com a Santa Sofia, o aspecto feminino da Divindade. Não estamos sós. Mestres, santos e santas, os fundadores das religiões e fraternidades, antepassados e amigos, continuam nos planos subtis da Terra a inspirarem-nos. Com eles, venceremos...

                      

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Acerca das censuras do Facebook: sete breves diálogos, em comentários, 2022- 2024.

                                              

 Transcrição de alguns diálogos com amigas a 30-12-2202, véspera do fim do ano e reflectindo  o estado opressivo lamentável e condenável do  Facebook:

De Ângela Freitas:  «O Facebook está a ser, cada vez mais um local deprimente.

Resposta: - « Há que entrarmos noutros, e o Vk.com é um deles. Mas direi que o local como é virtual é arejado mas, como escreveu, a direcção dele e a pulhigrafice que ela sustenta e impõe é criminosa, miserável e logo repulsiva, para não dizer deprimente, se criamos dependência em relação a ele. Eu, depois deste bloqueio, suspendi duas páginas que fundara (Do Amor e Leitura dos Livros, Book's Lovers, e Religião do Espírito e do Amor), parei a colaboração num grupo que criara (Das núvens e céus de Portugal), e já muito pouco tempo por ele passo...»

Da Ângela: «Também paro por aqui pouco.
Um destes dias inscrevo-me no VK e no Twiter, este, dizem-me, está arrasador. Estão a vir à tona factos inegáveis que deixam-nos de boca aberta.»

 Resposta: «o Vk.com é simples e bom. O Twitter é mais actual e, superficialmente, muito interactivo; e o Ellon Musk está a mostrar a criminalidade da censura completa no Ocidente, sobretudo a que se fazia lá..

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Da Clarinda Freitas: «Está bonito... [Eis-nos diante d'] A nova PIDE.... Adorei a poesia...Um grande abraço Pedro.»

 Resposta: « Graças muitas, Clarinda. É verdade, uma sinistra PIDE anónima infiltrada nos diálogos das pessoas no Facebook. Alguém devia comprar o Face, desmascarar e correr com o látego todos esses corruptos e pulhígrafos...... Abraço bem luminoso!»
 
 

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De Júlia Rosa Maria: «Também fui apanhada pela censura do Face, nesta quadra natalícia, que me impediu desejar Boas Festas aos amigos. Triste e falta de sensibilidade.»

 Resposta: «O Facebook tornou-se de facto uma organização corrupta em si, vendida, e simultaneamente insensível e discricionariamente opressiva para os seus usuários... Temos que ter muita paciência, e cautela.... Boas inspirações e realizações para o novo ano!»

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17.X.23. O jovem amigo André Louro sinaliza na sua página: «Vou ter que deixar de partilhar nus femininos artísticos ou teorias sobre OVNI. O Facebook veio avisar-me que algumas publicações foram removidas, ou seja, censuradas! Não me mostram quais eram. Qualquer dia deixo mesmo de vir aqui, apesar de ser o único sítio onde encontro o meu pai e antigos colegas.»

Resposta minha: «Os pulhígrafos do Facebook, e quem os escraviza nessa função de esbirros, são quase tão maus como os inquisidores antigos.»

 
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Dia 7-XI-2023

Escreve a professora Joana De Mello Moser na sua página, e passa  nas notícias da minha: "Removemos os teus conteúdos", diz-me o Facebook. E eu não faço a mínima ideia da razão por que o fez.»

Respondo-lhe assim:«O Facebook está completamente alinhado, vendido e corrompido e muitos dos pulhígrafos são apenas pobres diabos, ou seja, limitados, sobrevivendo com esse dinheirinho que Zucker e companhia do Fórum Económico Mundial dispensam, ainda assim somiticamente. Não vale a pena reclamar, Joana, porque na maioria dos casos nem se consegue e nos outros respondem por vezes e mal.... Uma desgraça neste aspecto inquisitorial (bem como nos anúncios falsos que permitem e nos dados pessoais que fornecem a quem lhes paga ou ordena), sob uma aparência bela e um potencial grande de interacções comunicativas mundiais para o Bem e a Verdade.»

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Em 30 de Novembro, 2023, uma amiga pede ajuda no Facebook por mais uma ratanhice pulhigrafante:  «Dear Friends & collegues. Facebookhas eliminated / censored access to one of my insta accounts which is Navina_Om for my teaching and facilitating activities, mainly Yoga & Dance. So basically this means I can login but cannot anymore or currently create a post specifically from that account for that specific audience. Anyone has experienced that and can give me an advice on how to solve this? Thank you so much in advance!

Navina.
Respondi-lhe assim:  «They are so greedy for money... You must pay them.... Ask how much they want...... Facebook is really a trap.... Stay strong... Aum Tat Sat...»    E partilhei a imagem a ratoeira ou trap, que em nós deu os trapaceiros, em que se destacam muitos políticos europeus, com Ursula von Pfizer a liderá-los...

O Manuel Jorge Ventura, sinalizava no dia 24-III-2024 mais uma tropelia do Meta-Face:

 «O ATENTADO EM MOSCOVO E OS ATENTADOS À LIBERDADE DE INFORMAÇÃO E DE OPINIÃO NO FACEBOOK!
O foicebook retirou o meu post com as declarações do Secretário do Conselho Nacional de Segurança da Ucrânia na televisão, ufante mas contido a assumir o envolvimento no atentado.
E, mais uma vez, sem apelo nem agravo, não me permite recuperar o texto do post e dos comentários.
Ficamos a saber que para as agências da mirdea oficial, a versão simples de que os autores são aqueles pobres de espírito radicalizados numa qualquer célula da ISIS que foram apanhados é que interessa, como manobra de diversão.
DE QUALQUER MODO O CENSOR DESTA VEZ FOI SIMPÁTICO E NÃO ME SANCIONOU POR 30 DIAS. TÁ MELHOR DO QUE NA PANDEMIA! »

 Depois de vários comentários de apoio de amigos e de críticas ao Facebook, escrevi, já numa 2ª intervenção, no dia 26: «Este teu bloqueio, Manuel Jorge, é histórico. Mostra como Meta Facebook é que é realmente a organização terrorista, ao não permitir que se mostre, como tentaste, quem é terrorista, e quem "planejou e organizou", além do " executou", [o atentado do Crucos, em Moscovo] como o Papa referiu discreta mas corajosamente nas orações do passado de Domingo.»

Em verdade, passada que foi a grande burla e crime das vacinas e lockdowns,  em que o Facebook bem pago, ou retirando grandes proventos das farmacêuticas e do Fórum Económico Mundial e a sua agenda 2030, foi implacável nos seus bloqueios e censuras, hoje em dia já se publica muita informação que outrora daria para três mses de bloqueio, sinal ou do que estão satisfeitos com a mortandade e os lucros, ou do que já se tornou tão evidente a burla que foi a gestão do Covid, que têm de baixar os braços.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia dos extremistas anti-russos, da Nova Ordem Mundial oligárquica, dos USA, NATO, UE e G7, é hoje o grande campo de batalha entre a antiga ordem ou sociedade mundial dirigida por eles e a nova sociedade da multipolaridade e fraternidade, liderada pelo BRICS e a Rússia. 

Assim  se compreendem as novas censuras do Facebook-Meta, completamente alinhado com o imperialismo ocidental político, financeiro e militar. Vejamos até quando tentarão, num anacronismo da censura inquisitorial, manter os seus excepcionalismos anti-Humanidade e anti-Liberdade face à crescente livre circulação de informação por redes e canais alternativos e à imparável adesão mundial à desdolarização e à multipolaridade do BRICS, neste momento com os dez membros, e vários outros prestes a entrar. Ávante!

sábado, 24 de dezembro de 2022

Os votos de boas festas ou iluminações nas almas e no mundo, Natal de 2022.

                              

Nestes tempos natalícios de festas e orações, de família e da Natureza solsticial, mas também de conflitos mundiais e de rupturas da harmonia social, por entre narrativas oficiais sucessivas falsas, opressivas e auto-destrutivas, época de decadência grande no mais alto nível duma União Europeia  vendida aos interesses imperialistas norte-americanos e do Fórum Económico Mundial, inepta para representar a tradição humanista (ó Ficino, Pico, Erasmo, Thomas More, Damião de Goes, Rabelais, Giordano Bruno) e fraterna dos europeus e para não destruir o nível de vida europeu e até mundial pela sua péssima política de sanções russófobas (ou contra Irão, Venezuela, Síria, Yemen e Cuba) e desvio de dinheiros (até a Vice-Presidente do Parlamento Europeu...), por entre este tempo de controle apertado da informação e das redes sociais, tal como o Twitter fez a  milhões de pessoas para evitar que se soubesse dos desmandos do filho do presidente Biden, ou o sinistro funcionamento do Facebook (tão vendido ao lobbie das farmacêuticas e a outros), onde nunca sabemos quem nos denunciou ou bloqueou e porquê,  eis uma seta do coração,  uma partilha lucido-afectiva para amigas e amigos,  uma rápida mas sentida invocação das bênçãos divinas e do mestre Jesus o Cristo.....

            Possa o seu Reino, Presença, Amor e Luz divinos nascerem ou manifestarem-se mais em nós, pelas nossas meditações e orações,  discernimentos e acções....

Embora um ser não apreciado por muitos (sobretudo os mais alimentados pela propaganda ocidental) o cristão ortodoxo Vladimir Putin, inserido na tradição da sua Mátria, com  grandes mestres e starets que ele bem conhece e valoriza (tal S. Sérgio de Radonega, S. Serafim de Sarov, Soloviev, Berdiaev, Boulgakov, Florensky, Nicholai Roerich) lidera neste momento, certamente  ungido, uma luta  purificadora no centro da Europa (e que se está a tornar a III grande guerra, pela oposição da liderança político-monetária anglo-americana e europeia), tarefa dolorosa e sacrificial mas necessária para uma nova época mais humana, justa, fraterna e multilateral da história, face a extremistas e ao confronto expansivo da NATO e do Ocidente anglo-americanizado e oligarquica e mediaticamente dominador, graças ao inesgotável dólar impresso sem limites, e logo numa total acção injusta e imoral face ao resto do mundo, e que tem como símbolos vivos os multi-bilionários americanos egoístas e as crianças esfomeadas do Yemen e do Afeganistão, este abandonado recentemente à pressa pelo exército NATO-USA já em vista da guerra que preparavam na Ucrânia.... Possa a Verdade, a Justiça e a Fraternidade estabilizarem-se em cada vez mais governos, pessoas, povos......

Possa a Luz divina meditativa, a Santa Sophia, a Sabedoria Divina e o Corpo místico da Igreja e da Humanidade, Jesus e os santos e santas, a Anima Mundi e o Campo unificado quântico de informação,  inspirarem-nos e fortalecer-nos, para que dissolvamos e escapemos ao brainwash dos média ocidentais (deixar de ver televisão, fundamental), e com a ajuda subtil interior meditativa ou onírica dos anjos, mestres e antepassados possamos  abrir o discernimento, o olho espiritual e o coração, e em tais níveis superiores comungar e assim cooperar para que a Humanidade não seja alienada, injectada, massificada e chipada, mas antes se erga mais livre, pura, criativa, fraterna e feliz, e que a Paz justa e natural rapidamente germine, se estabeleça e floresça no centro da Europa...

                             Pax, Shanti, Amen, Aum, Hum, Hu...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

A balada do rei do Thulé, de Goethe, por Antero de Quental e Gomes Leal, a versão deste dedicada a Antero de Quental. Com o poema musicado...

Na famosa carta  auto-biográfica enviada de Ponta Delgada ao seu admirador e tradutor Wilhelm Storck, em Maio de 1887, Antero de Quental confessava que durante os anos de 1856 a 1864, «no meio de caóticas leituras a que então me entregava, devorando com igual voracidade romances e livros de ciências naturais, poetas e publicistas e até teólogos, a leitura do Fausto de Goethe (na tradução francesa de Blaze de Bury), e o livro de Remusat sobre a nova filosofia alemã exerceram todavia sobre o meu espírito uma impressão profunda e duradoura: fiquei definitivamente conquistado para o Germanismo». Desse amor pela cultura alemã e a obra de Goethe ficaram três fragmentos traduzidos do Fausto, publicados em 1871 na revista A Folha. Microcosmos Literário, de Coimbra, um dos quais, A balada do Rei de Thule, iremos transcrever...

Uma edição de 1864 do Fausto, da biblioteca de Guilherme de Vasconcelos Abreu e que Antero de Quental poderá ter consultado.
A adesão ou apreciação precoce ao germanismo de Antero não o fizera perder naturalmente a sua lucidez crítica, independência e aspiração à verdade, a qual foi até intensificada a partir do aparecimento da nevrose em 1874 pois, questionando a sua existência passada e cosmovisão mais naturalista,  confessa a William Storck, mais à frente na mesma carta, que «o naturalismo, ainda o mais elevado e mais harmónico, o de um Goethe ou de um Hegel, não tem soluções verdadeiras, deixa a consciência suspensa, o sentimento, no que ele tem de mais profundo, por satisfazer. A sua religiosidade é falsa, e só aparente; no fundo não é mais do que um paganismo intelectual e requintado». E com efeito debatendo-se com as consequências de tal visão naturalista-materialista, as quais são o egoísmo, a cegueira da luta pela sobrevivência e o epicurismo,    interrogando-se com a seriedade e a energia, Antero fora levado  a reconhecer e afirmar «a voz da consciência moral» e a considerar que «o misticismo, sendo a última palavra do desenvolvimento  psicológico, deve corresponder, a não ser a consciência humana uma extravagância no meio do Universo, à essência mais funda das coisas»; chegando mesmo a pensar que o Ocidente viria a gerar um misticismo ainda mais profundo e elevado que os do Oriente, pois conseguiria aprofundar e conciliar melhor os domínios externos ou científicos e os internos ou psíquicos, os quais ele tentou até apontar algumas das vias de acesso na base de um panpsiquismo e de um psicodinamismo espiritual. Algo que se está ainda hoje a realizar e a ser partilhado e compreendido, já que há muitas intencionalidades e narrativas oficiais materialistas, globalistas ou elitistas que controlam muitos dos meios de informação e os biliões de pessoas pouco individuadas ou despertas...

Seja pela  publicação na revista A Folha. Microcosmos Literário, ou  por diálogo com Antero de Quental, Gomes Leal (1848-1921), o poeta inspirado, boémio inveterado, o panfletário justiceiro, o republicano e revolucionário, o estudioso do ocultismo e das religiões e espiritualidades,  soube da tradução do episódio d'A balada do Rei de Thule, do Fausto de  Goethe, realizada por Antero de Quental e resolveu dar a sua versão ou, melhor, uma paráfrase bem mais vinícola, sensual e humorista e, embora escrita depois da versão de Antero, vamos apresentá-la em primeiro lugar, para nos elevarmos depois à alma mística de Antero de Quental, que aliás também havia forte em Gomes Leal, e que o levou mesmo a converter-se ao Catolicismo nos últimos anos da sua vida (algo que Antero não fez), tendo a doença e morte da sua mãe em 1910,  a quem amava estremadamente, sido para isso factor decisivo. Sincronicamente com este nossa interligação de Goethe, Antero de Quental e Gomes Leal, há a registar escrita, mas já em 1910, na página final do livro A Senhora da Melancolia, Avatares de um Ateu, a nota justificativa do título e da sua conversão: «A tese do Goethe era esta: que o verdadeiro homem de génio, mesmo afastado durante um largo período do tempo do ideal de Deus, regressa um certo dia sempre a ele, como fim inevitável e único de toda a Ciência e toda a actividade humana». Anote-se que houve outros escritores famosos a traduzirem a balada, tal Gerard Nerval (no youtube encontra-a), ou portugueses a traduzirem o Fausto de Goethe, ou partes dele, como Gomes Monteiro, e entre eles um grande amigo de Antero de Quental, Luís de Magalhães, que deu a sua versão d' A Taça do Rei de Thule e depois uma hermenêutica valiosa dela em verso.

Goethe e o seu génio ou estrela, no exemplar de Guilherme A. de Vasconcelos Abreu.

Oiçamos então Gomes Leal, quando era ainda sobretudo um panfletário e um boémio, baudeleriano e "satanista" pronto a poetizar a qualquer momento e com grande verve crítica ou provocadora, que o levara mesmo a ser preso por "promover o ódio às instituições e de incitar à guerra civil", quando era "a defesa do Justo, do Livre e do Direito" que o movia na sua elevada missão de poeta, como escreveu em nota justificativa no seu poema Herege, e sobre quem Antero em Janeiro de 1882, numa carta a João de Deus, pitorescamente dizia: «Se vires o Gomes Leal, diz-lhe que o considero completamente doido - doido de pedras - mas que o amo sempre.»

«Num país nada vizinho...
Em Tule, até mui distante,
Houve outrora um rei farsante,
Um rei amigo do vinho.

Quando a sua amante fiel
Mimosa e cheia de graça,
Morreu, deixou-lhe uma taça,
Que semelhava um tonel.

Era tamanha a grandeza
Da taça que nada iguala.
- Ficava sempre, ao esgotá-la,
El-rei debaixo da mesa.

Quase sempre ao lusco-fusco,
De noite, até horas mortas,
Folgava, as pernas já tortas,
Este rei velho e patusco!

E noite d'agreste vento,
Na sua mais alta torre,
Pensando em que tudo morre,
Tratou do seu testamento.

A sua amizade cega
Legava a todos dinheiro.
E a seu filho e seu herdeiro
Seu reino, seu povo... e a adega.

Da sua amizade em prova,
A todos dava uma graça.
Só aquela enorme taça
Levava El-Rei para a cova!

Um dia, os altos barões,
Fez juntar, para uma orgia,
Numa sala onde curtia
As suas indigestões.

E ali, depois de libar...
Passados curtos momentos,
Começou a ver, aos ventos,
Os seus castelos dançar.

Assoma, trocando o pé,
De taça em punho, à janela,
Mas nisto, tropeça... e ela
Vai levada da maré.

E afunda-se... mas tal revés
Tomba o rei morto de mágoa.
- Era esta a primeira vez
Que a taça se enchia d'água!»

                                        

Após a versão bastante báquica num sentido menor de Gomes Leal, passemos para a profundidade e seriedade da tradução quase literal do poema de Goethe por Antero de Quental, na qual vai enaltecer o amor a um belo e precioso cálice que a amada lhe oferecera e que para ele se tornara mais valioso que o cálice divino, seja o Graal, seja o da celebração da Eucaristia, e que servirá como psicompompo do desprendimento da sua alma para entrar nos mundos de Avalon ou nos jardins e pomares da imortalidade...

 

 «Era uma vez um bom rei
Em Tule, essa ilha distante.
Ao morrer, deixou-lhe a amante
Um copo de oiro de lei.
-
Era um copo de oiro fino
Todo lavrado a primor;
Se fosse o cálix divino
Não lhe tinha mais amor.
-
Seus tristes olhos leais
Não tinham outra alegria:
E só por ele bebia
Nos seus banquetes reais.
-
Chegada a hora da morte
Pôs-se o rei a meditar
Grandezas da sua sorte,
Seus reinos à beira-mar.
-
Deixava um rico tesoiro,
Palácios, vilas, cidades;
De nada tinha saudades,
A não ser do copo de oiro.
-
No castelo da devesa,
Naquelas salas sem fim,
Mandou armar uma mesa
Para o último festim.
-
Convidou sem mais tardar
Os seus fiéis cavaleiros,
Para os brindes derradeiros
No castelo à beira-mar.

Então, vazando-a de um trago,
E com entranhada mágoa,
Pôs nas ondas o olhar vago
E atirou a taça à água.
-
Viu-a boiar suspendida,
'Té que as ondas a levaram
Os olhos se lhe toldaram,
E não bebeu mais na vida!»

O rei de Thule, ou da legendária Hiperboreia, terra e civilização extrema do Norte,  lança a taça para o lago profundo...     

                                                            
                                    Os olhos dados aos profundos mistérios da Consciência  e da Vida e Morte,,,

Antero de Quental mostra-nos um alto ser, um mestre da arte real, um portador de um belo e precioso Graal dado ou quem sabe co-criado com a sua amada,  que sabendo bem o valor do que de mais precioso realizara, sabe desprender-se do símbolo material, e entrega-o à Mãe Natureza, às águas e seus espíritos, ficando assim livre de problemas de transmissão e preservação na terra, talvez porque não tinha o discípulo ou discípula que poderia manter viva tal tradição de comunhão no cálice do coração...

Muita luz e amor nas almas de Goethe, Antero de Quental, Gomes Leal e, já agora, do comum amigo Fernando Leal, já que a este Gomes Leal dedica o poema logo a seguir ao dedicado a Antero, na 2ª edição das Claridades do Sul que consultámos, estando estes poemas contidos na Quinta parte do livro, intitulado Humorismo, e que se segue à 4ª do Misticismo, onde num dos poemas, Tristíssima, Gomes Leal trabalha noutro registo o Rei de Thule e o cálice.... 

Saibamos beber e arder no cálice do Amor.... Pax, Lux, Amor!

                              

domingo, 18 de dezembro de 2022

Poema ao Amor e à Sabedoria e à fonte Divina, por Pedro Teixeira da Mota.

             Poema ao Amor e à Sabedoria e à fonte Divina...

 

Do Teu templo entrado,

Ó Divina Sabedoria, saio mergulhado:

entro e  reentro, e cada vez mais me admiro

Com tanta sabedoria por Ti manifestada.

 

Cada livro é uma corrente de tanta sabedoria

que fico transfigurado, ultrapassado, quedo.

Mas volto às estantes, aos autores e temas

e respiro  um jardim medicinal fragrante,

e o coração ajoelha, folheia, admira, abre-se.

 

A quem dedicar todo este Amor-Sabedoria,

senão a ti, ó Fonte divina, 

e aos companheiro(a)s de demanda,

e à mais amada, que na alma contígua

absorve o plâncton das profundezas

em que mergulho, passo e contemplo?

 

Desta variedade e riqueza divina

que podemos nós gerar e frutificar,

senão olhando para o futuro

com o coração feito Graal da Sabedoria,

como pelicano, abri-lo a quem se quer saciar?

 

Terminou a faina, a noite desceu.

Bato e respiro à porta do Oceano,

A paz do Amor Divino sorri:

Om Pedro, dá graças e sê criativamente feliz. 

domingo, 11 de dezembro de 2022

Sete mandalas boas para se contemplar e psico-espiritualmente se harmonizar e aprofundar, rumo a 2023


Ó chama da vela e da alma, com tantas qualidades subtis do amor divino e do Bem, não deixes de brilhar para o Universo e para ti...

Que as musas e as artes liberais nos abençoem! Que o Orfeu nosso esteja sempre tocando, vibrando, irradiando as energias luminosas e felizes...

A calma interioriza, harmoniza e centraliza o fluxo da consciência

Aspira ao Primordial, ao Divino, ao Ser pelo fogo do Amor divino no teu coração e poderás contemplar os raios luminosos que nos interligam a partir dos corações....

Das flores de amor que do cálice do teu peito brotaram e brotarão, transborda o vaso da vida e das amizades perenes...
                                               

Pesa o amor e a sabedoria que geras pelos teus actos, escolhas e caminhos, e aspira ao mais justo e elevado, verdadeiro e luminoso.     Sê feliz no novo ano de 2023 por ti mesmo, criativamente!
 
Oremos com o amor do coração, abrindo mais o olho espiritual e rumo ao infinito, irradiando mais luz criativa, libertadora e harmonizadora em 2023....

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Do Gerês sagrado e pouco conhecido, transmontano. 11 fotografias comentadas, de Julho de 2022.

Harmonias dos cinco elementos, peregrinações às interioridades...

Descer às interioridades fundas anímicas e nadar...

Dores e cicatrizes quase petrificados, fósseis da vida imortal...

Altaneiras visões geram esperanças firmes que são contrafortes contra ventos e marés...
 
Domínios dos deuses e deusas, as cumeadas geram cortinas de nuvens...

Orlas e praias dos vestígios do Oceano primordial. Senta-te, comigo e medita nos níveis distantes e elevados a que aspiras...

Guardiões vigilantes, quais anjos da guarda, ou totens de apaches, velam e ligam a terra e o céu...

Respirações e sopros da terra e do céu, em rodas e espirais, rituais...

As árvores como eixos  de ligação fluidificam as almas, sobretudo se as acariciamos ou regamos e amamos...

Quantas árvores amigas tens ou já afagaste e falaste? Quantas já sentiste como shaktis da terra toda poderosa?

Bênçãos dos mestres e guardiões, das altas montanhas do Himavat! Subamos a ela e abramos o coração ao amor celestial!

domingo, 4 de dezembro de 2022

O Mosteiro dos Jerónimos, comemorando a ligação com a Índia. E o seu portal sul, axial e espiritual de Portugal num vídeo de visitação súbita matinal.

Uma breve visitação outonal do mosteiro dos Jerónimos (em Belém, Lisboa), erguido a partir de 1502 em memória e agradecimento pela fortuna ou sucesso da viagem de descoberta do caminho marítimo entre Portugal e a Índia, iniciada  em 7 de Julho de 1497, com uma vigília nocturna numa capelinha  acima do local do onde partiria no dia seguinte a frota comandada por Vasco da Gama, na nau S. Gabriel, seu irmão Paulo da Gama capitaneando a nau S. Rafael e Nicolau Coelho liderando a nau Bérrio, com cerca de cento e sessenta navegadores, marinheiros e frades. Pensa-se que nos medalhões do claustro do Mosteiro ficaram assinalados tais capitães, enquanto que na coluna espiralada do eixo do portal sul o Infante D. Henrique, o iniciador persistente dos Descobrimentos e da ligação à Índia, com a ponta da espada em terra, assinala a força invencível de concretização da vontade justa ou "dharmica" inspirada.

Chegados à Calecute na Índia a 17 de Maio de 1498, com negociações de paz e comércio algo difíceis pelas rivalidades árabes e com alguns momentos de veneração pioneira, ecuménica, de representações divinas indianas por Vasco da Gama, o regresso iniciou-se em Outubro de 1498, e dos mestres-capitães  Paulo Gama foi o sacrificado, ao chegar doente à Ilha Terceira,  tendo seu irmão Vasco da Gama ficado à sua cabeceira, até ele partir para o mundo espiritual, e atrasando-se no regresso com a S. Rafael cerca de 40 dias. Foi portanto Nicolau Coelho, com a nau Bérrio,  a dar a boa nova do cumprimento da missão ao rei D. Manuel, chegando a 12 de Julho de 1499, surpreendendo e alegrando as Tágides e a gens olisiponense, unindo para sempre as correntezas dos rios Tejo e Ganges, como depois vários portugueses e indianos sentiram e viveram mais ou menos profundamente e o frade agostinho do convento da Graça, Sebastião Toscano, realçou na cerimónia da trasladação dos ossos do heróico governador da Índia, de 1509 a 1515, Afonso de Albuquerque. Da dificuldade da viagem iniciadora e iniciática falam os quarenta e oito homens que regressaram, e Luís de Camões, experiente também no Oriente exterior e interior, consagrará o feito perenemente nos Lusíadas, dados à luz em 1572, e constantemente glosado e comentado na tradição espiritual portuguesa, de cuja corrente um dos mais belos e concentrados elos é o Camões e a fisionomia espiritual da Pátria, gerado no verbo ou sermo de Leonardo Coimbra em 1920, e por mim já trabalhado: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2016/12/leonardo-coimbra-camoes-e-fisionomia.html

                                     

O mosteiro de Santa Maria de Belém, cheio de ícones exteriores e interiores (e que continha ainda uma bela, pequena e poderosa estátua seiscentista de Nossa Senhora dos Navegantes, desaparecida há pouco anos), foi entregue por D. Manuel à Ordem de S. Jerónimo, donde o seu nome, Mosteiro dos Jerónimos, estando o santificado escritor bem representado no tímpano do pórtico, com os dois leões (quem sabe Shu e Tefnut, provindos do Egipto, aonde S. Jerónimo esteve) a dardejarem na base da coluna da entrada no unificador templo...

O pórtico sul, edificado entre 1517 e 1519 por João Castilho e a sua campanha,  que dá para a praia (outrora) donde partiram as naus, tal como o do poente, este já de Nicolau de Chanterene, estão esculpidos com grande arte, simbolismo, geometria sagrada, sabedoria e religiosidade, e a visitação breve feita e gravada no vídeo partilha algo do que se pode sentir e orar n entrada e contemplação do portal axial. Lux!