Nesta história do seu Gulistan, Sa'adi (1210-1292) valoriza diante de nós os comportamentos invulgares, quase ingénuos, de abnegação e de amor ao Amor, e põe-nos de ainda de sobreaviso quanto à necessidade de sabermos discernir bem as pessoas amigas, para que não sejamos nem enganados nem mal influenciados. Ou ainda, que saibamos associar-nos às pessoas mais puras, ou seja, de coração mais no caminho de abertura à realização espiritual e presença divina e à vida justa, harmoniosa e em boas sinergias. Oiçamo-lo então: «Um ladrão fez uma visita à casa de um homem espiritual, mas apesar de ter procurado com grande afã não encontrou nada e lamentou-se em voz alta. O homem piedoso, ao dar-se conta do que se passava, atirou logo o cobertor que o cobrira no sono para o caminho do ladrão para que este não se fosse frustrado.
«Ouvi dizer que os homens no caminho de Deus
Não perturbam os corações dos inimigos.
Como podes tu obter tal dignidade
Quando discutes e fazes guerra a amigos?
A amizade das pessoas puras, quer na tua presença ou ausência, não é como a daquele que encontra defeitos por detrás das tuas costas mas que está pronto para morrer por ti diante da tua face.
Na tua presença, gentil como um cordeiro,
Na tua ausência, como um lobo devorador.
Aquele que te trás e conta as faltas dos outros,
Certamente levará as tuas faltas aos outros.»
Saibamos então ver e valorizar as melhores potencialidades e criatividades dos que nos rodeiam, ou mais sentimos ou gostamos, não demos atenção aos maldosos, para que tanto a humanidade como o nosso grupo de almas vibratoriamente próximas ou afins evolua e intensifique a sabedoria e o amor perenes, tão poetizados e filosofados por Saadi, Hafiz, Sohrawardi e outros luminosos mestres da tradição persa ou iraniana...
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