quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

A noite de Rumi e da sua união divina. Aniversário da sua morte 17-XII-1273. Com música.

 O grande mestre espiritual Mawlana Jallaludin Muhammad Balkhi Rumi, nesta noite de 17 de Dezembro, mas de 1273, deixou o corpo e a terra física, em Konya, e elevou-se para os mundos espirituais, onde certamente Sham de Tabriz e outros mestres o esperavam e saudaram, na fraternidade dos Irradiantes da Luz Primordial e na comunhão com a Divindade.
 

Nascera em Balk na Pérsia, em 30 de Setembro de 1207, duma família já de seres dedicados à busca espiritual e religiosa, pois o seu pai era discípulo da linha do mestre Najm al Kubra (grande teorizador das cores vistas na meditação), e é considerado um dos maiores mestres sufis de sempre, tendo deixado uma vasta obra de poesia amorosa-espiritual, o Masnavi, em persa, que atravessará os séculos. Fora inspirado fortemente pelos poetas espirituais Attar e Sanai e depois pelo discípulo-irmão de coração de Shams de Tabriz, de tal encontro e amizade resultando vários ghazals, poemas, reunidos no Diwan Shams Tabrizi. 
 
Viajou ou peregrinou bastante pelo seu país natal o Irão, e também  Iraque,  Síria e Turquia (actuais...), encontrando-se, dialogando e meditando com muitos sufis, e fundou a Ordem Mevlana, de derviches, em Konya, na Turquia, onde ainda hoje o seu ensinamento se perpetua e celebra, bem como em várias partes do mundo. E muito da sua vibração e bênção está  no fabuloso mausoléu dele e dos seus discípulos, aonde eu peregrinei e meditei há já uns anos, vindo por terra da Índia, e sentindo bem fortemente o infinito e invencível Amor divino que o animou e em nós pode também ser vivenciado...
Oiçamos um dos seus poemas no vídeo final, que pode pôr já a tocar, bem cantado por Sina, e leiamos este excerto do seu Masnavi, numa  tentativa de tradução minha:

              «Tu cansas-te com as dez prostrações na oração
enquanto eu faço quinhentas.


Uma pessoa peregrina descalça até à Ka'aba
Enquanto outra desfalece para chegar a mesquita próxima.

O estado unificado espiritual eleva a pessoa acima da lei
 
Por vezes o meu estado assemelha-se a um sonho,

E este meu sonhar parece a outros infidelidade.

Sabe que embora os meus olhos estejam semicerrados, o meu coração está desperto.

O meu corpo, apesar de descontraído, está pleno de energia.

O Profeta disse: "Os meus olhos dormem

Mas o meu coração está desperto com a Divindade."

Os vossos olhos estão abertos mas o vosso coração está demasiado adormecido.

Os meus olhos estão fechados, mas o meu coração é uma porta aberta.

O meu coração tem cinco sentidos por si mesmo.

Estes sentidos do meu coração vêem os dois mundos.

Que uma pessoa
como tu cheia de dúvidas não me censure:

O que que é uma noite para ti é um dia pleno para mim,

O que é para ti uma prisão é para mim um jardim.

O que é uma trabalheira para ti é uma alegria imensa para mim.

Os teus pés estão na mirra, enquanto que para mim a mirra é rosa.»



Eis uma escolha final de alguns dos seus ditos perenes ou imortais:

«É no campo de batalha que dançam e rodopiam os homens. É no seu próprio sangue que eles rodopiam». 
 

«O ser de Deus está para além da infidelidade e da religião. / Para o ser de Deus o certo e o errado são iguais».

    «O peixe que conhece a água não volta à terra».

                  «Olha para a face do Amor, para que possas ser verdadeiramente um ser humano». 
 
 Saibamos então meditar e sentir mais em nós o fogo do Amor divino em que Mawlana Rumi e seu amigo Sham de Tabriz tanto arderam, deixando-nos uma obra, exemplo e correntes tão luminosas...

                 

2 comentários:

Nazaré disse...

Gostei Muito, obrigada!

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças, Nazaré! Muitas inspirações e realizações no novo ano!