Acerca dos caminhos religiosos, espirituais e cívicos para se vencer a ignorância, o ódio e a violência. Da Religião do Espírito e do Amor...
I
- Uma das questões culturais e cultuais sempre actual é a de saber se
devemos manter-nos simplesmente nas Religiões em que nascemos, ou que
viemos a escolher mais tarde, e apenas dialogarmos com as outras,
reconhecendo ou não entre elas insuperáveis diferenças ou se, pelo
contrário, quer nos mantenhamos numa Religião ou não, deveremos
reconhecer que por detrás delas, e das suas diferentes crenças e ritos,
visões, concepções e adorações, encontra-se (ainda que pouco a procuremos
sondar, compreender encontrar...) tanto a mesma Realidade, Fonte, Origem Divina, qualquer que seja o nome ou a ideia que Dela façamos,
como também um conjunto de popostas religiosas com muitas semelhanças de teorias, práticas e objectivos, destes o principal sendo o da religação ao espírito e a Deus,
Ora esta última hipótese ou posição parece-me a mais correcta, ou seja, que
há uma Unidade das Religiões e dos seus conteúdos e preceitos, pesem as muitas diferenças nas letras e costumes, e daí a
actualidade e perenidade da admissão ou abertura a uma posição religiosa
em que a Fonte ou o Ser Primordial seja reconhecido como o fundamental,
"relativizando-se" de certo modo todas as Religiões pois foram e são
aproximações históricas, bastante limitadas e condicionadas, a Ele, Ser, ou Ela, Fonte...
Talvez pudéssemos mesmo denominá-la a Religião da Divindade Primordial, ou
ainda a Religião do Espírito Primordial, a
Religião Universal, a Religião do Espírito, a Religião do Amor, estas caracterizações e afirmações feitas
com humildade mas na esperança de avançarmos mais tanto no seu
sentir e reconhecer como na diminuição das ignorâncias, exclusivismos e ódios responsáveis por conflitos, assassinatos e sofrimentos na
Humanidade, ainda que muito do que é feito aparentemente por motivos religiosos seja mai por ideologias, racismos e interesses económicos.
II - Quanto à
existência de diferenças insuperáveis nos princípios, crenças e práticas das Religiões haverá a considerar se elas são tão fundamentalistas e exclusivistas, ou se deveremos reconhecer que circunstâncias e
condicionalismos diferentes forçaram as revelações e ensinamentos religiosos
a adoptar formas e conteúdos peculiares subsistindo contudo em geral em todas elas, apesar das interpolações e modificações, um
núcleo comum e essencial e que é tanto o do Bem, da Verdade e do Ser Espiritual Eterno,
como o das metodologias semelhantes ou próximas para nos religarmos a
tal essência espiritual, tanto do ser humano como da Divindade, e assim nos libertamos da inconsciência e da alienação em relação às tão importantes e decisivas realidades e fins últimos do ser humano.
Deveremos então reconhecer que, presente e ligando todos os fundadores, profetas e mestres, há um Espírito comum, o Atman da tradição indiana, e que em todo o Cosmos perpassa e providencia e inspira um Logos (Intelecto, Razão, Inteligência, Amor animante) comum, provavelmente a primeira emanação da Divindade Primordial... Contribuindo
para a diminuição do exclusivismo e fanatismo religioso, está o próprio evoluir
intelectual e consciencial da Humanidade pois, graças ao expandir dos conhecimentos e
consciências, e à divulgação generalizada, seja em relação à génese, transformações e desvios das
religiões, seja em relação aos mistérios da existência
humana e do sentido da sua vida, naturalmente várias formulações, crenças e dogmas deixam de ter o
sentido imperativo ou absoluto e passam a ser compreendidos na sua
contextualidade e relatividade...
Estão neste caso muitos aspectos abusivos do legendário, miraculoso, tenebroso e apocalíptico que encontramos nas Religiões Reveladas ou do Livro. E assim, hoje, menos oprimidos ou limitados por essas cinturas e balizas, cargas e nacionalismos, poderemos caminhar em diálogo permanente com qualquer tradição ou religião, numa demanda de abertura perseverante à religação mais consciente com a Verdade ou Fonte, ou Sabedoria Amor que se possa discernir e aprender nelas, já que tal é a essência da Religião Universal, da Divindade, do Espírito e que, mais do que pregada sincera ou hipocritamente, será sempre apenas intuída e comungada interiormente pelos verdadeiros devotos ou iniciados, para depois ser manifestada criativa e fraternalmente na vida quotidiana...
Seria também muito importante que as Nações Unidas ou a Unesco e representantes das religiões e vias espirituais se reunissem e chegassem à formulação de um manual básico da Religião da Humanidade e do Espírito que, lido e estudado nas escolas, abrisse as crianças e jovens para o estudo e conhecimento da Unidade das Religiões, e logo para o aprofundar da dimensão espiritual e unitiva do ser humano, e idealmente não só por teorias mas também por práticas espirituais e de culto, e ainda vivências, visitas de estudo e contactos com a Mãe Natureza, a agricultura biológica, a agro-floresta.
Estejamos pois
mais auto-conscientes e bem abertos à Tradição Perene que perpassa por todos
os verdadeiros fiéis do Amor e mestres das diversas vias e religiões, bem estudadas e praticadas por alguns sábios e acessíveis em livros e net, e saibamos escolher e
praticar o melhor possível numa ampla base, de modo a que a Presença
Espiritual e Divina em nós, centro flamejante e iluminante do Espírito, desperte e brilhe mais ou, se quisermos,
esteja mais presente e activo em nós, como a tradição do Santo Graal anunciou e demandou.
Assim se diminuirá a ignorância e o ódio (que tanto grassam em conflitos de interesses, por vezes mascarados ou inflamados religiosamente) e aumentar-se-á e intensificar-se-á a compaixão e a fraternidade, o conhecimento e o amor, que ainda tanto precisam de desabrochar, de arder luminosamente no nosso corpo espiritual e planeta, com tantos eco-sistemas e animais, espíritos da natureza e anjos maravilhosos, necessitando da nossa acção justa e protectora, receptiva e evolutiva...
Só assim escaparemos à alienação, corrupção, caos e violência que nos possa chegar ou afectar, ou que vemos no mundo, em especial causada pelo imperialismo norte-americano e dos seus coligados e oligarquia financeira.
Corajosamente, pensando e falando a verdade, denunciando a mentira, a opressão, a violência, o ódio, propondo e apoiando o diálogo para a resolução dos conflitos pela sabedoria justa e não pela lei corruptora imposta pelos mais fortes e ricos, para que diminua esse egoísmo dos mais fortes, em geral impunes e apoiados entre si e por forças mercenárias. Na linha de Pitágoras, Buda, Jesus, Mahatma Gandi, Vinoba, Lanza del Vasto e de Martin Luther King e Nelson Mandela, Xanana Gusmão, resistindo mesmo em desobediência civil quando for necessário, só, em grupos afins ou mesmo nacionalmente.
Desenho de Anna Zap. |
Saibamos acender a chama ardente do Amor Divino e da Humanidade nos nossos corações e vivamos criativamente e sem medos (muito importante, evitando por isso os telejornais...) nesta demanda ou caminho de vida mais verdadeiro, saudável (com o sistema imunitário bem reforçadodo) justo, belo e bom, e pelo qual constantmos que em todas as Religiões o Divino se pode aproximar, e que em todos os templos, santuários e mesquitas podemos orar ou meditar e assim irmos recebendo e manifestando mais o Amor e a Sabedoria que O caracterizam... Para isto é fundamental acolhermos, assumirmos mais a Religião Universal do Espírito e do Amor, e da fraternidade humana, animal e celestial, que é a essência das religiões e que é também no fundo o objectivo filosófico da vida, conforme o dito milenário dos gregos: “Gnosti se auton", "conhece-te a ti próprio”. Devemos assim não só estudar e respeitar cada Religião como manter vertical o eixo da coluna, da coragem, da sinceridade, da aspiração e da ligação com os espíritos afins, os mestres e Anjos, para que o Espírito Primordial esteja mais activo e poderoso em nós, e saibamos assim vencer os enfraquecimentos e lutas, harmonizar a Natureza e a sociedade, renascendo e crescendo pela Luz do Alto e do Espírito, constante, criativa e amorosamente, na Unidade Divina...
1 comentário:
Las religiones no son tan comunes como pueda parecer. Ya que unas niegan el yo y el alma personal eterna; con lo cual matan o por lo menos no desarrollan el alma. En esa línea está el budismo, ateo o no, el vedanta advaita y otras formas de hinduismo. Nada que ver con el Cristianismo; salvo en su humanismo... Humanismo que también tienen los ateos.
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