segunda-feira, 18 de março de 2024

Místicas portuguesas dos séc. XVII e XVIII e seus ensinamentos. Contextualização e linhas de força do que será a conferência no I Congresso Internacional de Espiritualidade e Mística, a 26 de Abril, no Bom Jesus do Monte.

 Resumo programático da comunicação, para o I Congresso Internacional de Espiritualidade e Mística, Místicas portuguesas dos séculos XVII e XVIII, e que virei a realizar de acordo o alento do Espírito Santo, que conseguir merecer, no Bom Jesus do Monte, no dia 26 de Abril de 2024, pelo meio da tarde.

Nas raízes etimológicas, gregas, da nossa palavra mística, encontraremos os mistés, os iniciados ou iniciadas, que praticavam o silêncio não só receptivo preparatório, como até posterior, às experiências indizíveis que obtinham no decurso dos Mistérios.

Tal implica que, para além do corpo físico, ou do que vemos e experienciamos com os cinco sentidos e a mente, existem outros níveis de ser e dimensões que alcançam ou chegam até às profundezas ou alturas do Divino, as quais exigem contudo, para se nos revelarem e tornarem compreensíveis, que adoptemos modos de vida e práticas psico-espirituais correctos que nos permitam merecer as graças de estados intensificados de consciência, de amor, de união.

O místico é pois quem experienciou o que poderemos designar por sagrado, em sentido lato ou, em sentidos mais precisos, o espírito, o divino, ou ainda quem tem apenas a tendência, aspiração e sensibilidade para tal.

No Ocidente Cristão Português, a tradição mística é muito antiga e ininterrupta, e vem desde os eremitas da serra de Ossa até às milhares de sorores e almas religiosas que se protegeram em mosteiros e conventos e aí puderam soltar a ave-balão do seu coração, sem os pesos dos envolvimentos e preocupações mundanas, rumo às alturas ora devocionais ora mesmo místicas e de êxtase de que tantos testemunhos nos ficaram: hagiográficos, literários, artísticos ou mesmo de intercessão.

Esta comunicação baseia-se no estudo das vidas e ensinamentos de algumas místicas portuguesas dos séculos XVII-XVIII, da época do Barroco, freiras de diversas ordens, que se destacaram qualitativamente no seu magistério monacal e conventual, na ascese, nas práticas devocionais, no amor, nas graças, visões, uniões e êxtases, ou ainda na poesia e doutrina, por vezes com forte influência na sociedade, e baseia-se portanto no que elas realizaram. A fonte documental principal são cerca de dez livros do séc. XVIII escritos com diligente cuidado e sábio discernimento sobre as vidas delas, e contendo escritos ou falas das sorores, e mais um ou dois pequenos manuscritos de relações das suas vidas. 
Espera-se que desta comunicação se possa avaliar melhor a qualidade do amor e de dádiva ao sagrado e ao Divino, e às Suas Pessoas, bem como da operatividade das vias que tais místicas portugueses seguiram em vidas tão abnegadas e ardentes quão luminosas e exemplares.»
 
Como bibliografia podemos exemplificar com uma das mais instrutivas obras acerca das vidas das nossas sorores, Os Desposórios do Espírito celebrados entre o Divino Amante, e sua Amada Esposa, a venerável Madre Soror Mariana do Rosário, Religiosa de Véu Branco no Convento do Salvador da cidade de Évora composto por Frei António de Almada, Religioso dos Eremitas de Santo Agostinho na Província de Portugal, jubilado na Sagrada Theologia. Lisboa, na Ofcina de Miguel Manescal da Costa, 1766,

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