quarta-feira, 20 de março de 2024

Do auto-conhecimento, encontros culturais, consciência inclusiva, fraternidade planetária e multipolaridade.

Sobre os encontros dos povos, culturas, tradições, religiões, ciências, rumo à Unidade multipolar.
 Os povos, nações, estados, federações de todo o mundo na sua riquíssima diversidade não se opõem nem excluem, pelo contrário enriquecem-se na diversidade, estimulam-se, complementarizam-se, completam-se.
Reintegrar e revalorizar as diversas tradições, conhecimentos, costumes e culturas à luz da modernidade científica e psíquica é importante, mas a complexidade de tal tarefa é contudo grande pela dificuldade de exame, observação, experimentação dos dados ou factores mais diversos, a que  acresce a insuficiência dos instrumentos metodológicos e científicos quanto a certas dimensões subtis e espirituais das experiências, para alem de dependerem ainda dos observadores que são sujeitos subjectivos, com as suas capacidade, afinidades e preferências, que as influenciam (mesmo ao nível das partículas), julgam e valorizam", pese o  desenvolvimento da Inteligência Artificial para realizar parte de tais funções...
A grande luta actual é a da mentalidade e hábitos consumistas informativos pouco lúcidos e muito manipulados face às descobertas científicas, as tradições, saberes e conhecimentos valiosos. Por um lado uma onda avassalante veiculada pela televisão, jornais, média, em grande parte superficial, enganadora, soterrando  valores e tradições milenárias. Por outro uma criatividade e originalidade imensa, com milhões de investigadores e estudiosos de tudo mas sempre com dificuldades de serem ouvidos e apoiados face ao que é proposto ou imposto pelos líderes oligárquicos da propaganda e hipnose colectiva.
Os perigos principais resultam da influência e adopção de comportamentos anti-naturais, estereotipados e de desejos e expectativas irreais, ou de adesões a projectos e partidos mentirosos e negativos que vão causar profundas danos na tessitura da harmonia individual, nacional e planetária, tanto ecológica  e política como psicológica e culturalmente.
Dever-se-ia em cada local, região e povo destacar os melhores valores, ideias e doutrinas, hábitos e costumes, artes e livros, parques naturais e monumentos, crenças e devoções, pessoas e mestrias, etc., etc.,  em termos de os mais positivos, úteis e adequados  serem protegidos, desenvolvidos, estimulados, divulgados...
Simultaneamente dever-se-ia fomentar o estender ou ampliar a consciência individual e colectiva para outras culturas, hábitos, crenças, religiões com sensibilidade, e com atitudes e intenções de respeito, tolerância e inclusividade, de modo a que crescentemente a consciência da harmonia e unidade planetária possa surgir mais nas mentes e nas interacções e comportamentos.
Nos níveis religiosos e espirituais, onde a cultura tem níveis muito profundos ou elevados, não se tem conseguido extrair uma súmula planetária religioso-espiritual e vemos antes hoje paradoxalmente em certas religiões e cultos ainda uma apetência separatista de poder, de domínio, de controle, em vez de busca sincera e em rede colectiva da verdade, do bem, da cura, do sagrado, do divino.
Essencial se torna então situar e educar as pessoas para a unidade na diversidade das religiões, tradições e cultos, para a relatividade dos seus preceitos, para o valor das suas práticas, para a criatividade das suas realizações, de modo a que os fundamentalistas ou ateísmos diminuam ou desapareçam e cresça a pertença à religião da humanidade filha da Divindade.
O encontro de povos, tradições, culturas, conhecimentos e capacidades não deve estar sujeito a manipulações, massificações e destruições tremendas tal como ainda se fazem no mundo inteiro em função da ganancia económica, de religiosidades fanáticas, de nacionalismo, de superioridades e hegemonias, de excepcionalismo.
É fundamental que se tente conhecer, aprofundar e transmitir experiências, conhecimentos, tradições e realizações científicas e ecológicas modernas que ajudem os povos na sua evolução e aperfeiçoamento multipolar. Por exemplo, a riqueza das suas histórias e criações, lendas e crenças. Os valores, originalidades e limitações das alimentações de certos povos. As formas de medicinas alternativas, com recolha, comparação e revalorização, mas também as últimas descobertas científicas, nomeadamente da física quântica. Os progressos na compreensão e explicação dos poderes psíquicos dos seres e a existência do Campo Unificado de energia consciência. Os desenvolvimentos imensos na ciência tecnológica e digital.
Quando se fala hoje de cultura nos povos ocidentais o que vem mais ao de cima são  os espectáculos artísticos: música, exposições de pintura ou escultura, bailados, e os livros e conferências surgem depois. E se olhamos para muitos dos seres mais mediáticos constatamos as características que lhes permitem tais sucessos mas que também reflectem limitações culturais, éticas e espirituais. 
 

A palavra Cultura  provém do particípio passado, cultus, do verbo latino colere, cultivar, fazer crescer, aplicado tanto aos trabalhos dos campos, nos quais a luz do sol  é o mais importante, donde os cultos solsticiais e equinóciais antiquíssimos, como também aos trabalhos religiosos  e adorativos de Ur, a primordialidade. Esta é a essência da cultura: cultivar de um modo adorativo ou luminoso a primordialidade e essencialidade luminosa. A aproximação, o respeito, o trabalho, o amor, a criatividade com ela, nas suas dimensões visíveis e invisíveis, em nós e nos outros, e que se iniciam ao abrirmos o olhar (físico e subtil) em cada manhã e culminam no desabrochamento do nosso corpo de luz ou espiritual, imortal.
Luz significa energia pura multidimensional e se quisermos nos seus níveis mais elevados, Luz Primordial e Divina e que é na manifestação cósmica a Vida que palpita em tudo e é depois no sistema solar a do Sol que nos alimenta e se concretiza nas mais diversas formas e estados de ser, energia, informação e consciência, uma luz que nós podemos e devemos qualificar e intensificar nas nossas percepções e contemplações, meditações, irradiações e acções.
Cultura  implica um aperfeiçoamento de consciência e um domínio ou utilização harmoniosa das energias, da matéria, das coisas: ora hoje domina-se demasiado o mundo físico material, temos todo o tipo de conhecimentos que usamos por vezes até inconscientemente, enquanto que a consciência, a essência subjectiva, a participação na mente cósmica ou na Razão ou Logos, e a religação espiritual e divina, é diminuta, comparativamente.
Essencial então se torna aprofundar a auto-consciência da consciência em cada um de nós, pois ela é na sua misteriosa essência a luz mais pura e original, é o espelho em que se reflecte o mundo exterior e onde se formam os nossos juízos de facto e de valor e logo acções, e que em geral está constantemente a ser bombardeada com informações exteriores e reacções, pouco respirando livremente e de modo a se transparentizar.
 
A dignidade consciencial de certos povos ditos "menos civilizados", a nobreza e sabedoria de muitos seres rurais ou iletrados, mostram-nos que a essência da cultura, o verdadeiro culto da luz na consciência e na vida, mais do que da acumulação intelectual resulta da receptividade e pureza interior em unidade humilde e harmoniosa com o ambiente, o Todo, a Primordialidade, numa coincidência e coerência entre o ser, o sentir, o estar e o agir.
Base da cultura será então tanto o auto-conhecimento, o aprofundar da compreensão do nosso ser de modo a que ele possa estar e agir melhor como o partilhar.
A cultura mais necessária nos nossos dias é a cultura interior, ou seja o auto-conhecimento, a gnose de si mesmo, o que se realiza sobretudo pela interiorização, a oração, a meditação, a contemplação, havendo já muitas propostas no "mercado" que se tem desenvolvido e, consequentemente, muita exploração ou mesmo patranha...
Há que tornar-nos cada vez mais conscientes de quem somos: um corpo, alma e espírito, a viver, a evoluir, a aperfeiçoar-se, a cooperar numa sociedade e época determinada, mas como elo de uma continuidade histórica familiar, local, nacional, planetária, e a diversos níveis desde os sanguíneos e genéticos aos culturais, profissionais e espirituais...
É urgente desenvolver-se, alcançar-se uma visão do ser humano que seja acessível e verificável em qualquer parte do planeta, ou seja, universal, tanto mais que em algumas tradições espirituais se falava do homem perfeito ou universal.
Falharam as religiões nos seus proselitismos e tendências de universalização opressivas ou forçadas. Falharam e falharão as revoluções ateístas e economicistas, ou as manipuladas por forças negativas, opressivas ou mesmo violentas, mesmo que se disfarcem sob nomes como transhumanismo e que é mais um infrahumanismo, nova Ordem Mundial, Agenda 2030, cidades de quinze minutos, passe vacinal, moeda só digital....
Hoje mais do que nunca é tarefa urgente apresentar uma visão mais profunda e verdadeira do ser humano natural e com o seu livre arbítrio lúcido, utilizando pra tal não só os recursos da ciência material como os da gnose espiritual, a qual tem sido beneficiada pelos muitos estudos comparativos entre religiões e suas vivências e biografias, práticas e doutrinas.
A relevância principal destes estudos é que eles são transformadores, revolucionários até, pois sendo os problemas, necessidades e conflitos materiais tão imensos, só havendo uma certa unificação e harmonia interior é que as pessoas podem começar a ter comportamentos e julgamentos mais imparciais, profundos e equilibrados e que farão diminuir os conflitos e dramas em todo o mundo.
O essencial da cultura, do ponto de vista interior, é apoiar, ajudar o homem e a mulher dos nossos dias a re-identificarem-se como seres espirituais, como corações perfectíveis, mentes capazes do sublime, co-participantes no Infinito, receptores de energias cósmicas, criadores dentro dum plano divino primordial que na Terra implica ecologia e justiça, multipolaridade fraterna e libertadora.
Quando esta consciência nasce e se reforça, a harmonização do planeta é mais fácil, o encontro das pessoas, povos e  culturas é mais enriquecedor e pacífico.
A mensagem deste pequeno texto é simples: não nos limitemos a posições políticas ou económicas, diplomáticas ou sociológicas, liberais ou socialistas, fascistas ou comunistas, cristãs ou islâmicas mas procuremos sobretudo a síntese do conhecimento e vivência profunda das maravilhas infinitas que o ser humano tem em si e no relacionamento com os outros e a Natureza, e na unidade cósmica infinita e primordial em que vive e tem o seu ser, e na qual retornará com mais ou menos luz e universalidade quando deixar o seu corpo terreno e avançar no corpo espiritual e fraterno que tiver despertado e desenvolvido...

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