quinta-feira, 28 de março de 2024

Conto espiritual: um mestre em Portugal. Testemunhos de discípulos. Comunhões na Tomar Templária...

         Texto ainda em redação final. Torne a reler dentro de um dia...

Nascera dum modo especial, assim constava.  Sentiram nos momentos antes de a criança sair do ventre da mãe uma espécie de entrada energética forte, como se fosse uma alma bem luminosa a incarnar. Havia uma presença invisível e as paredes do quarto parecim elastificadas. A mãe alargara-se o mais possível nesses momentos e depois de repente, com toda a sala e ambiente, contraíra-se, afundara-se, entregara-se e a criança emergira à luz do dia.

Muitos anos mais tarde essa pessoa contou-nos como sentira a sua descida lenta, demorada, dos planos espirituais do Cosmos até este planeta azulado e à sua dimensão física, onde se confinou corporalmente pelos anos que nós, os poucos que soubemos da sua existência, admirámos. Passou assim desapercebido um grande ser em Portugal, um verdadeiro professor ou mestre nas acepções mais nobres da palavra, um ser de coração, de verdade e  de sinceridade, comungante com o mundo espiritual, como por vezes intuíamos.

Era nos momentos das meditações mais profundas que sentíamos a alegria de contemplar as luzes que banhavam e refrescavam subtilmente as nossas faces e almas. Raios de cores diferentes eram vistos por cada um de nós como que numa pintura sinfónica silenciosa num óculo mágico.

Como uma girândola celestial, como avistamento de planetas e seres celestais, como o drapejar de bandeiras e estandartes erguidos ao vento num planalto, como vistas de cidades antigas, sentíamos alguns desses momentos. Dizia-nos o mestre que cada um de nós recebia as cores  que necessitava para a sua vida e missão e que delas nos devíamos encher seja para nos fortalecer seja para  irradiar, partilhar, criar.

Quando partiu, assistimos aos seus momentos últimos na Terra. Eramos três, e ele. Estava tão calmo e sereno como se estivesse apenas a descansar de uns momentos de mais esforço ou fadiga. Olhou-nos, olhos no olhos e cada um de nós aproximou-se dele e beijou-o e a cada um ele deu a sua última frase mestra, seu testamento. E como poderíamos nós agora revelar o que era a sua última destilação amorosa, a sua última pepita de ouro entregue?

Mas mesmo após ter desincarnado continuávamos a ser os três e ele, pois passou a estar mais vivo nas meditações, e sobretudo de noite, nos sonhos, quando nos víamos em situações mais difíceis ou em conflitos nos mundos invisíveis, já que ele não nos deixava só e aparecia luminosamente, fortalecendo-nos no nosso vencer, afastar ou dissipar forças inimigas, adversárias, das trevas, que procuravam enlaçar-nos, hipnotizar-nos, roubar-nos, matar-nos e que, mesmo tendo nós feito uma revisão do dia e alguma meditação ou oração, antes de adormecer de tempos a tempos vinham tentar mostrar que nos mundos invisíveis queriam dominar e oprimir.

Cada um de nós sentira já em vida a presença dos mestres e santos, dos anjos invisíveis, seja num sentir intuitivo, seja num som subtil, seja por cores e imagens no olho espiritual se desvendando.

Mas com quem poderíamos falar destes mistérios senão entre nós três? Silenciávamos assim os nossos lábios. Mas houve um tempo em que uma mulher, uma discípula veio ter comigo para vivermos juntos. E foi bom estreitar intuições, peitos, corações, e alongar viagens e meditações numa sinceridade e busca bem distante da incredulidade de muitos dos que conhecíamos.

Todavia a centelha espiritual  e os mistérios  do conhecimento geravam ao fim do dia, acima de todos os diálogos ou então cansaços,  um querer imenso de religação ao mundo espiritual e divino, um desejo compreender o Cosmos e os seus seres, e logo de abrir os braços e poder abranger mais, irradiar, servir de ponte, de certo modo para trazer mais alguma sabedoria e conhecimento à humanidade.

O nosso mestre dizia-nos sempre: “Os mundos espirituais e distantes sorriem sempre que vos lembreis deles". Ou então: "Cada ser tem um mestre invisível, ou um anjo, com quem mais tarde ou mais cedo entrará em contacto ou mesmo comunhão”. Mas ele não se dizia Mestre, era humilde e seu corpo podia ainda tingir-se da rosa do pudor quando se falava do seu valor...

A couraça dos convencimentos e vaidades, ou das desilusões e amarguras do eu não revestira o seu corpo e alma, não coisificara a sua persona transparente, que permanecia assim sempre jovem e primaveril ao olhar mais profundo ou de alma com que alguns o conseguiam intuir.

Com ele aprendemos a purificar o corpo e a alma e era toda uma  sabedoria perene que perpassava pelas nossas peles e órgãos, veias e nervos, respirações e energias, permitindo-nos vencer as fraquezas e doenças, e gerar sentimentos e emoções elevados e pensamentos e decisões claros.

Conversávamos com o mestre nos sítios para onde ele nos levava e por vezes com um ou dois amigos que pensávamos que poderiam interessar-se por se abrirem às visões largas e profundas que ele realizara e transmitia do ser humano, da vida, da Divindade, da Verdade.

Uma força enorme por vezes irradiava do seu peito e quando indicava certos penedos ao longe, nuvens distantes, voos súbitos de aves, cantos e sons nas florestas, havia algo de significativo ou de mágico nos seus gestos e subtis energias anímicas que se transmitiam.

Tomar era um dos locais sagrados escolhidos. Peregrinávamos a pé  pela mata dos Sete Montes, pela Cadeira del-Rei ou ao longo do rio Nabão e deixávamos que as brisas e arvoredo ora manso ora agreste limpassem as nossas auras das preocupações que nos impediam de sentir as forças que emanavam do interior da Terra, ou ainda a presença de seres subtis, espíritos na natureza, templários, anjos. Ou de contemplarmos o céu, as partículas de prana e as distâncias. Depois ora falávamos, ora deixávamos que o silêncio falasse, isto é, serenasse a nossa mente e nos abrisse à intuição do que da omnipresença sagrada se nos queria desvendar. Talvez os velhos frades templários e da Ordem de Cristo tivessem erguido poderosos vórtices energéticos e assim deixado algumas forças especiais para os que os reverenciavam. E não raro sentíamos sinais de que não estávamos sós, que éramos acompanhados, quem sabe se os santos anjos da guarda, como se reza...

O mestre mostrava-nos como os rochedos na zona do Castelo eram imagens das fundações firmes que esses cavaleiros tinham quanto ao propósito da vida, quanto à sua identidade espiritual, quanto à sua ligação divina. E assim, quando tomavam decisões e entravam em acção estavam firmes em arrostar  os obstáculos e vencer na graça do nome (Nomine tuo da gloriam) do Divino Espírito e Amor.

O mestre fez-nos meditar dentro da Charola e debaixo da sala do capítulo, e noutros locais e obtivemos percepções supra-sensíveis do  que se passara lá há muito tempo mas realmente. Vimos a missa ou cerimónia com alguns cavaleiros do Templo a cavalo e em círculo. Vimos os cavaleiros a circumbalar o centro da Charola. Vimos o fogo espiritual que arde nos planos espirituais do castelo e convento. 

Perguntávamos o que deveríamos fazer, quantas  graças e orações não deveriamos irradiar perenemente por termos sido agraciados de tais modos com a comunhão na Tradição Templária em Tomar?

O mestre era um pontífice, um templário e assim melhorámos as nossas capacidades de comunicação e comunhão, com o corpo, a alma e o espírito, na unidade ambiental. E houve até alma sensível e poética  que se apercebeu disso quando avançando nós pelo pátio, rumo à charola, as aves e o vento pelas folhas das árvores falaram-nos e nós lhes respondemos.

Concluamos este breve recordação do mestre, ou no fundo de cada ser que para nós foi importante ou muito amámos:  quando tal ser parte não ficamos sós, pois a nossa alma continua a estar  em sintonia com ele, agora já no mundo espiritual, pelo que se nos interiorizarmos em oração e meditação, com o nosso coração grato e em amor por tal amizade e comunhão, abriremos canais e receberemos energias e bênçãos que alargarão e aperfeiçoarão a nossa alma espiritual  e a sua cooperação no bem na Humanidade e em ligação com a Divindade!


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