segunda-feira, 11 de março de 2024

Mistérios dos seres. Prosa poético-espiritual sobre as almas e seus corações e caminhos.

Texto escrito há uns anos, quando trabalhava a mística portuguesa antiga mas perene
                                                Mistérios dos seres.

Talvez sejam menos do que pensamos, e o que subsiste e é mais importante seja o que fizeram, se tornaram, levaram consigo...

Os que já morreram, quem saberá precisar, condensar, limitar o que já em vida era imagem e aparência, intimidade e mistério?

Reis e freiras, que motivos os moviam, que amor e humanidade alcançaram, que projectos, ambições e desígnios geravam, pois isso era o que seriam e consigo levariam?

Ah, os homens e mulheres, cheios ou vazios, mas tão frágeis e limitados, embora por vezes tão valiosos e luminosos...

Como os comparar com a Lua cheia, o Sol da meia noite, senão apenas na consciência que neles se quer tornar luz, verdade, perenidade e por vezes atinge essa grande intensidade iluminante...

Para saber e conhecer, quantas vigílias e esforços, frequentemente infrutíferos e inglórios, desconhecidos, vilipendiados?

Mas o auto-conhecimento é o de quem somos sós, em si, isolados. E tão frágeis no nosso vazio de fome, de certezas, de plenitude.

Mas quando as almas se conhecem o pouco ou nada que são, o Pleno manifestou-se nelas e a Luz, o Amor ou mesmo o Mestre surgia.

Bem-aventurados seremos um dia, perguntavam algumas almas mais lançadas nos caminhos dos recolhimentos e conventos?

Quem sou eu? Pecador ou filho de Deus? E se filho, por herança ou por adopção?

Alma espiritual, esta sim sou eu, um coração que aspira, um ser que se pode simplificar no olho interior e unificar na luz.

O mistério do coração. Tão submergido nas confusões e inquietações do pensamento reactivo ao mundo. Respiremos profundamente e sintamo-lo: sístole diástole, movimento repouso, 1 e 2. Fazer do Dois Um, das polaridades complementaridades, eis o segredo.

Aspira o coração à à alegria, à plenitude. Por isso chora lágrimas que lavam seus olhos, clarificam a sua psique e fazem-no descer dos planaltos as vales e ao húmus da terra e da humildade

Corações de místicos e de místicas de outrora, não são agora cemitérios de expansões mas fogos ardentes, invencíveis e imortais.

Solitários, os corações afirmam-se, e irradiam como cometas, sulcando os ares nas suas orações e escritos, poesias e afeições.

Fechados nas salas e compartimentos familiares e profissionais, os corações tendem a cerrar-se, e com as censuras das redes sociais ainda mais desanimam, quando tão vasta e criativa pode ser a alma no mundo convivial, imaginal e  espiritual...

O Tempo está encoberto, senhores e senhoras. O eEncoberto sonhado já não virá, apenas podereis afastar ou destruir as nuvens e os seus causadores, políticos, comentadores, censuradores...

Se não quereis ter saudades nem lamentos, reconhecei as frustrações do presente e diminui as esperanças adolescentes do futuro, e antes agi no que vos compete, o melhor possível, criativamente, amorosamente...

Linguagem dura a do auto-conhecimento, mas só ela nos purifica e lucidifica e, para tal recebermos, tanta leitura, oração e meditação há que se erguer...

No fim de contas, no coração é a Divindade quem renasce e não nós a de lá fugir. Saibamos desenvolver a sensibilidade e aspiração profunda...

Pôs-se a noite serena, não há viração no ar, e o coração diz: -  Deus.

No turbilhão das galáxias e mundos infinitos pensa-se que a Humanidade esteja só, mas subtilmente há espíritos e mestres, santas e santos, anjos e arcanjos e outras entidades. Que vasta fraternidade ou corpo místico da Humanidade.

O Mestre, esse está contente quando não nos deixamos limitar pelas circunstâncias: em vez de sermos um poste e lampião em rua deserta, acendemos o farol do mar alto que fende as trevas e silêncios. E por isso deseja que a sua Luz desça sobre a nossa luz, nas nossas orações e meditações, ou na simples comunhão mística com os lírios e as aves, ou as almas mais necessitadas..

A noite vai longa, o mistério dos seres sorri e atravessa em rápido som interno as orelhas, receptoras dum Cosmo subtil e infindável.

Tanto por realizar, pensar, escrever, partilhar, ajudar, amar, adorar...

Quem somos nós, oh Deus? - Irmãos. E os mortos e amigos a espreitarem por detrás dos ombros, ou como sombras purgatoriais do semi-despertamento. E, por isso, por eles oramos...

Abrir a janela do peito. Deixar que o Sol, Fogo, Deus brilhe mais...

E sobre que dragão montar no voo celeste do sistema solar, diurno e nocturno?

Entre o poder, o Eu, o amor, o jugo ou yoga doce do Mestre e da Divindade, que escolher?

Meditação: - Eu Sou ... e que seja sob a Luz Divina, sob a Estrela, que eu gere todo o resto criativo que o  coração ardente me inspirar e o tempo confirmado pelas Parcas e pelos Mestres e Anjos nos conceder...

                                       Aum, Amen, Hum.. 

 

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