Texto escrito há uns anos, quando trabalhava a mística portuguesa antiga mas perene |
Talvez sejam menos do que pensamos, e o que
subsiste e é mais importante seja o que fizeram, se tornaram, levaram consigo...
Os que já morreram, quem saberá precisar, condensar, limitar o que já em vida era imagem e aparência, intimidade e mistério?
Reis e freiras, que
motivos os moviam, que amor e humanidade alcançaram, que projectos,
ambições e desígnios geravam, pois isso era o que seriam e consigo levariam?
Ah, os homens e mulheres,
cheios ou vazios, mas tão frágeis e limitados, embora por vezes tão valiosos e luminosos...
Como os comparar com a Lua
cheia, o Sol da meia noite, senão apenas na consciência que neles se quer
tornar luz, verdade, perenidade e por vezes atinge essa grande intensidade iluminante...
Para saber e conhecer, quantas vigílias e esforços, frequentemente infrutíferos e inglórios, desconhecidos, vilipendiados?
Mas o auto-conhecimento é o de quem somos sós, em si, isolados. E tão frágeis no nosso vazio de fome, de certezas, de plenitude.
Mas quando as almas se conhecem o pouco ou nada que são, o Pleno manifestou-se nelas e a Luz, o Amor ou mesmo o Mestre surgia.
Bem-aventurados seremos um dia, perguntavam algumas almas mais lançadas nos caminhos dos recolhimentos e conventos?
Quem sou eu? Pecador ou filho de Deus? E se filho, por herança ou por adopção?
Alma espiritual, esta sim
sou eu, um coração que aspira, um ser que se pode simplificar no olho interior e unificar na luz.
O mistério do coração. Tão submergido nas confusões e inquietações do pensamento reactivo ao mundo. Respiremos profundamente e sintamo-lo: sístole diástole, movimento repouso, 1 e 2. Fazer do Dois Um, das polaridades complementaridades, eis o segredo.
Aspira o coração à
à alegria, à plenitude. Por isso chora lágrimas que lavam seus olhos, clarificam a sua psique e fazem-no descer dos planaltos as vales e ao húmus da terra e da humildade
Corações de místicos e de místicas de outrora, não são agora cemitérios de expansões mas fogos ardentes, invencíveis e imortais.
Solitários, os corações
afirmam-se, e irradiam como cometas, sulcando os ares nas suas orações e escritos, poesias e afeições.
Fechados nas salas e
compartimentos familiares e profissionais, os corações tendem a cerrar-se, e com as censuras das redes sociais ainda mais desanimam, quando tão vasta e criativa pode ser a alma no mundo convivial, imaginal e espiritual...
O Tempo está encoberto,
senhores e senhoras. O eEncoberto sonhado já não virá, apenas podereis afastar ou destruir as nuvens e os seus causadores, políticos, comentadores, censuradores...
Se não quereis ter
saudades nem lamentos, reconhecei as frustrações do presente e diminui as
esperanças adolescentes do futuro, e antes agi no que vos compete, o melhor possível, criativamente, amorosamente...
Linguagem dura a do
auto-conhecimento, mas só ela nos purifica e lucidifica e, para tal recebermos, tanta leitura, oração e meditação há que se erguer...
No fim de contas, no
coração é a Divindade quem renasce e não nós a de lá fugir. Saibamos desenvolver a sensibilidade e aspiração profunda...
Pôs-se a noite serena, não há viração no ar, e o coração diz: - Deus.
No turbilhão das galáxias
e mundos infinitos pensa-se que a Humanidade esteja só, mas subtilmente há espíritos e mestres, santas e santos, anjos e arcanjos e outras entidades. Que vasta fraternidade ou corpo místico da Humanidade.
O Mestre, esse está
contente quando não nos deixamos limitar pelas circunstâncias: em vez de sermos um poste e lampião em rua deserta,
acendemos o farol do mar alto que fende as trevas e silêncios. E por isso deseja que a sua Luz desça sobre a nossa luz, nas nossas orações e meditações, ou na simples comunhão mística com os lírios e as aves, ou as almas mais necessitadas..
A noite vai longa, o mistério dos seres sorri e atravessa em rápido som interno as orelhas, receptoras dum Cosmo subtil e infindável.
Tanto por realizar,
pensar, escrever, partilhar, ajudar, amar, adorar...
Quem somos nós, oh Deus?
- Irmãos. E os mortos e amigos a espreitarem por detrás dos ombros,
ou como sombras purgatoriais do semi-despertamento. E, por isso, por eles oramos...
Abrir a janela do peito. Deixar que o Sol, Fogo, Deus brilhe mais...
E sobre que dragão montar no voo celeste do sistema solar, diurno e nocturno?
Entre o poder, o Eu, o amor, o jugo ou yoga doce do Mestre e da Divindade, que escolher?
Meditação: - Eu Sou ... e que seja sob a Luz Divina, sob a Estrela, que eu gere todo o resto criativo que o coração ardente me inspirar e o tempo confirmado pelas Parcas e pelos Mestres e Anjos nos conceder...
Aum, Amen, Hum..
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