A tão conhecida oração do "Anjo da Guarda, minha companhia, guardai a minha alma de noite e de dia" é ainda hoje recitada por milhares de portugueses ou lusófonos, embora não se possa saber o seu número ao certo nem os efeitos que eles sentem ou recebem...
Sejam pouco ou muitos, conseguirmos senti-la e aprofundá-la é uma tarefa útil a nós e a alguns desses devotos e crentes nos Anjos, que porventura venham a ler este texto.
Pronunciá-la diariamente, aprofundá-la, meditá-la, é uma prática que nos torna participantes mais conscientes da companhia angélica.
Eis então algumas intuições de aprofundamentos orativos e meditativos:
1ª Ao rezarmos a oração, não estamos apenas a pedir, imaginar, sentir, visualizar o Anjo ao lado ou por cima de nós, num corpo espiritual mais subtil, luminoso e poderoso que nós, mas também ou sobretudo a senti-lo, a vê-lo (com a visão interior), como presença interna no espaço espiritual contido no centro do nosso peito. É aqui que o podemos sentir mais e que a sua presença se torna mais sensível e real, nesse espaço mais íntimo e incontaminado pela agitação exterior...
2º O Anjo da guarda não estará então como vigia e em guarda externa, mas mais como presença interna, como presença duma consciência, dum campo de energia, que emana e nos inspira, no nosso peito e templo espiritual.
3ª Quando sintonizamos com o Anjo da Guarda, quando estamos mais atentos ou sensíveis à sua presença ou influência, então estamos mais capazes de nos abrir à Divindade, e podemos com ele, na sua irradiação e compenetração, invocarmos e adorarmos mais a Divindade, a Fonte perene, primordial, luminosa e vibratória da Vida e dos seres.
4º Bons momentos para orarmos mais compenetrada ou demoradamente são ao deitar e ao levantar, tanto ainda deitados como já erguidos, preparando-nos assim para dormir bem ou para agir no novo dia melhor, mais alinhados, abençoados e inspirados.
5º A oração do Anjo tem em si a potencialidade das variantes, o que a torna mais rica, apropriada e fluida. Por exemplo, pode começar-se apenas com a versão mais simples da primeira afirmação: "Anjo da guarda, minha companhia, guardai a minha alma de noite e de dia", e depois pronunciá-la com as variantes mais conhecidas ou que brotarem de nós no momento: «Anjo da guarda, minha doce companhia..., Anjo da Guarda, minha íntima companhia, Anjo da Guarda, minha sábia companhia, Anjo da Guarda, minha querida companhia, Anjo da Guarda, minha inspiradora companhia,...». E, claro, bem importante será sentirmos e criarmos essa dimensão amorosa de religação e invocação.
4º A palavra companhia é muito rica, pois tanto nos dá a ideia de companheiro, de quem nos acompanha, como alarga e estende a dimensão dele e nossa, para nos tornarmos uma companhia, uma fraternidade de seres dedicados à mesma campanha ou empresa, já que há outros anjos da guarda e outros seres que comungam com eles, e somos todos um todo, uma comunidade, um corpo colectivo ou místico na Humanidade. E, claro, há ainda que mencionar, como lembrou recentemente a Isabel Alves de Sousa, as boas companhias, as boas amizades, de coração, e que podem ser a contraparte pequena, humana e simples, da compnhia mais íntima e subtil do Anjo...
5ª Exemplos ocidentais das companhias: as militares, e eu pertenci a algumas ao longo dos seis anos no Colégio Militar (camaradagem forte, conforme o mote Um por todos, Todos por um", e as religiosas, tal a Companhia de Jesus (Ad majorem gloria Dei), os Jesuítas, tão activos na doutrinação e controle (e manipulação...) do ensino e das mentes, ou ainda, beneficamente, na suas grandes aventuras missionárias no Oriente, companhias em que os seres se sentiam ou sentem mais ou menos pertença de um todo unificado, de uma comunidade, com muito em comum e que tinha e tem sempre os seus superiores hierárquicos, tanto humanos como já heróis, santos, mestres, Anjos.
6ª A companhia adquiriu espiritualmente uma utilização mais alargada e vivida no Oriente indiano, com a palavra sanga que nomeia, e que se notabilizou na sanga budista, comunidade dos monges e leigos, e na espiritualidade indiana, na satsanga, companhia da verdade, Sat, e que designa seja a associação de seres na busca da verdade, seja o discurso e o diálogo entre um mestre e os seus ouvintes ou mesmo discípulos, e em muitos participei. Em ambos os casos encontramo-nos com um todo unificado, quase com a formação de uma alma colectiva e que pode ter associado a ela entidades espirituais nomeadamente mestres anteriores dessa tradição ou então anjos, para além dos que possam estar nas pessoas.
7º Saber pronunciar com regularidade e ânimo a oração, com energia amorosa e sentindo-a interiormente, seja na sua formulação original, seja na suas variantes mais alargadas, tal como por exemplo, «Anjo da Guarda, minha íntima companhia, inspira a minha alma aqui e agora», é então recomendável para singramos cada dia mais luminosa benéfica e espiritualmente.
Saudações e boas orações e meditações na sanga ou companhia angélica...
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