segunda-feira, 1 de julho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. V. "En sôph".

                                           Cap. V.  "En sôph"

"En sôph", "o Ser em si mesmo", é "Espírito",  que tudo inclui em si.
As forças do universo são porém as "causas" de múltiplos "efeitos", e isto desencaminhou-vos a procurar uma origem primeir
Ora nunca houve uma "Origem primeira", segundo o sentido que lhes deis!-
Eternamente "Deus" forma-se a si mesmo do caos dos elementos do Ser!--- 

Nada é aqui "causa" e nada é "efeito"!
Só a vontade livre e consciente do Espírito forma-se a si própria para si própria como - "Deus"!---
Os elementos do Ser actuam caoticamente, lá onde, projectados do seio do Ser original para o exterior, se manifestam como as potências mais profundas e mais criadoras e fecundas da natureza primordial.
Aí é instintiva e impulsivamente que são activos, sem consciência própria no seu agir.-
Aí encontram-se  separados ainda uns dos outros, e cada um deles procura afirmar-se só  a si mesmo.--
Desta afirmação de si próprio do que se encontra dividido, resulta todavia a formação de um polo e de um anti-polo e, portanto, - uma atracção que, ao longo de um tempo terreno incomensuravelmente longo, prepara a reunião...
Na alma do homem terreno a reunificação de todos os elementos do Ser primordial torna-se então outra vez realidade, quando a vontade do ser humano esforça-se por tal.---
No que no teu coração se agita e impele rumo à manifestação,- no que constantemente te estimula e te mantém desassossegado, - nesta aspiração a algo que deves realizar, - em tudo isso reconhece o culminar das forças daquele Ser Primordial que, em ti renovadas e agora individualizadas, querem reunir-se!
Mas  nestes elementos que em si na sua na alta formação, que a tua consciência necessita, se manifestam como as tuas forças anímicas, agrupam-se à tua volta bem numerosas vontades...
Ainda não te encontras a ti na vontade soberana, que sabe unir todas as outras em si...
Tudo o que em ti diz "eu" para o exterior, e tudo aquilo que interiormente sentes como "eu", é muitas vezes apenas uma das numerosas vontades, que se devem unificar na luminosa centelha divina da tua consciência de ti mesmo...
Só na consciência do Ser poderá a divina consciência do Ser gerar-se de novo nos elementos do Ser Primordial!
Da assustadora agitação da natureza primordial - tanto no invisível como no visível - até à unificação no consciente de um homem terreno (e há muitas "Terras"!) o caminho dos elementos do Ser Primordial leva-os de volta ao alto, para um "novo" estado de ser e de consciência de Deus.--
Mas o que observas no exterior e designas por "força da Natureza" não é senão efeito, reflexo e testemunho da influência recíproca dos elementos do Ser primordial, - mas de modo algum é idêntico a eles próprios!--- 
 
O que designas por "realidade" do universo visível e invisível, só é verdadeiramente "real" como simples efeito do Ser primordial, manifestado fenomenalmente em diversos graus de formação dos elementos primordiais do Ser .
O universo "é" na medida em que os elementos do Ser Primordial o "são", - mas não por si mesmo!
Falais ainda de um "Deus", o "Autor" de todas as coisas que para se glorificar  "criou” um mundo infinito, que para se glorificar "mantém".
Ora tal conceito de Deus e  tal explicação da existência do mundo só seria desculpável nos tempos primitivos, em que nada se conhecia do modo pelo qual se manifestam hoje os elementos do Ser Primordial, e em verdade já é altura do  vosso pensamento dever eliminar tais concepções antigas.-
Querer ficar preso a elas ainda hoje é tanto uma loucura como uma profanação!-- 
"Deus" é só o criador de si mesmo em tudo o que "é", e tudo o que verdadeiramente "É" é ser do seu Ser!---

"Deus" é somente o gerador de si mesmo e não, como o entendeis, o criador do Homem e das coisas!--- 

Todas as energias formadoras dos sóis e dos mundo são formas do Espírito, - elementos do Ser Primordial, - que vivem no tempo e no espaço e se cristalizam no tempo e no espaço em formas espaço-temporais, não se manifestando senão a título temporário e sempre condicionadas pelo espaço...
Contudo, os elementos originais do Ser são incessantemente projectados para fora, do seio do Ser Primordial, e da mesma forma regressam a ele continuamente .
Assim é desde a eternidade e assim persistirá por toda a eternidade!
Alternando constantemente os seus efeitos, os elementos do Ser Primordial atestam-se: ora causando a manifestação fenomenal, ora a destruição fenomenal.
No entanto eles mesmos “são” de eternidade em eternidade, qualquer que seja a alternância do seu agir, e não são "accionados" por ninguém...
Nunca foi dado um "começo" e nunca poderá haver um fim desta Vida eterna! 

Todo o imenso universo, impregnado de formas, para ti com toda a sua visibilidade e a sua invisibilidade, é apenas o jogo das vagas de um eterno "Oceano" espiritual, do seio do qual se ergue, pela sua própria força, a nuvem da Divindade!-- 

"Deus" implica o universo, e o universo implica "Deus"!
O "Perpetuum Mobile" que sábios e loucos esperavam descobrir já existe e não pode ser “descoberto” uma segunda vez ...
Todos os que se esforçaram por essa re-descoberta pressentiam apenas, - ainda que redutoramente a uma forma de pigmeus, - o Ser do "Todo" incomensurável, o Ser do que "é" por si mesmo, sem "começo" nem "fim", a Vida eterna, - nos ciclos do Ser!--- 

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