terça-feira, 2 de julho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. IX. O Mundo Oculto. Tradução de Pedro Teixeira da Mota.

                                  Cap. IX.  O Mundo Oculto.

«Até aqui nas palavras deste livro só quase se falou desse "invisível", que é a tua alma e que se desdobra nas tuas forças anímicas, assim como de um mundo espiritual superior, de onde provéns e que deverás reencontrar, se queres chegar a Deus e encontrar a paz que o mundo exterior não te pode dar.--
Mas ainda tenho de falar-te de um outro "invisível", - dum invisível, que te envolve a partir do exterior, tal como todas as  coisas e formas materialmente visíveis...
Este "invisível" é ainda uma parte muito pouco conhecida deste mundo físico-material, e é ao mesmo tempo a sua parte incomparavelmente maior...
Sobre este "invisível" deverá avançar primeiro o teu guia espiritual, como sobre uma ponte, quando ele quiser alcançar-te, se ainda não estás preparado para reconhecê-lo na unidade das tuas forças anímicas, tal como um dia o deverás reconhecer, - em Deus.--
Por agora ele só é capaz de alcançar o teu interior a partir desse "exterior invisível"! 

Sempre houve pessoas que reconheceram com toda a segurança esse "exterior invisível".
Para a realização dos seus objectivos mais elevados, essa faculdade não tinha nem tem qualquer valor.
"Vêem" mais do que os outros, - assim como tu, quando espreitas por um telescópio consegues ver os "anéis" e as "luas" de astros distantes, enquanto que uma pessoa que vê apenas com o olho nu, não vê mais do que um ponto brilhante...
A sua "visão" está ligada a um organismo físico que, no homem contemporâneo só raramente é capaz de desenvolver-se, de modo a que o homem possa usá-la.
Nos seres humanos de outros tempos, frequentemente, esse organismo era  muito mais desenvolvido, e  de novo desenvolver-se-á nos homens do futuro, quando souberem  assegurar-se de que ele não se tornará mais uma fatalidade...
O desenvolvimento desse organismo físico, desnecessário à vida de todos os dias, acontece, segundo o modo do movimento das ondas, com uma intensidade umas vezes maior outras vezes menor, dentro do mesmo modo de movimento.
Dessa forma, também essa faculdade de reconhecer com segurança o invisível deste mundo físico e material pode desaparecer por vezes até à última réstia, para reaparecer em todos os lugares, noutros tempos.
Tratam-se de órgãos rudimentares da besta humana dos tempos primitivos, que só se encontram nos que estão preparados animicamente para utilizarem correctamente as faculdades que lhes são concedidas.
As pessoas, nas quais o organismo para a apreensão do exterior invisível está completamente desenvolvido, estão, por tal motivo, dotadas de semelhantes forças anímicas  "de saber", que já foram actuantes em muitos homens antigos.
Onde quer que essa "capacidade de visão" no invisível físico exista simultaneamente com a vontade do mais elevado conhecimento, o ser que for dotado dela não será vítima de enganos,  nesta parte invisível do mundo terreno e também encontrará conselheiros bondosos e auxiliares solícitos do Reino do Espírito substancial, que o ajudarão na compreensão daquilo que vê. 

E assim que ele se tenha tornado completamente "desperto", bem poderá  acontecer que, através de seres mais "despertos", receba poder sobre as forças deste mundo invisível, de modo a colaborar no plano de desenvolvimento da Humanidade na Terra, tal como ele é encorajado desde há milénios pelos Irradiantes da Luz Eterna. 

Na maioria das vezes apenas se encontram uns poucos dos "conhecedores do invisível" que possam “servir” desse modo.
Seria porém desejável, que todas as pessoas que sentem em si - com maior ou menor intensidade - o organismo de experimentação do invisível físico, lhe prestassem grande atenção e o quisessem resguardado de todo o abuso...
Talvez pudessem desenvolver-se muitos gérmenes através duma cultura segura em dar bons resultados, e tornarem-se beneficamente eficazes.-
São necessários muitos "trabalhadores na vinha", e a humanidade dos nossos dias beneficiaria muito se surgissem de novo ajudantes e instrutores conhecedores, que soubessem caminhar também por caminhos seguros no invisível deste mundo físico...

Não é a "experimentação" com mediums e sonâmbulos que trará aqui esclarecimento, mas unicamente a experiência pessoal dos que possuem faculdades orgânicas!-
Sem querer retirar o mérito a todo o zelo empregue na investigação científica, é todavia importante ver que através das chamadas experiências "metafísicas" que, como o seu próprio nome indica, partem do pre-suposto,- do pre-conceito errado, - as pessoas apenas atraem para si mesmo as forças parasitas do invisível físico.
Essas forças parasitas da parte invisível do mundo físico são entidades cuja aparência é muito semelhante à das energias a partir das quais a alma se constrói, mas que de forma alguma deverão ser confundidas com as "forças anímicas".
Seria o equívoco igual ao das pessoas que querem confundir os esgares dos macacos atrás das grades da jaula com a brilhante e treinada arte de representação de grandes actores quando pisam o palco...
As entidades da parte invisível do mundo físico, com as quais se entra em contacto nas chamadas experiências "metafísicas", onde como em nenhuma outra circunstância, se acredita, num ambiente solene, estar-se a lidar com as almas de antepassados, as quais certamente têm um certo tipo "consciência de ser" e "sabem" frequentemente mais do que os que as interrogam, - mas que  têm apenas de uma forma obscura e nebulosa consciência de si mesmas, pelo que dificilmente poderiam, em termos humanos, ser moralmente culpadas de se fazerem passar por aquilo que as pessoas presumem ver ou pensam encontrar nelas. --
Não desejam senão encontrar confirmação da sua existência e, para o conseguir, farão tudo o que não ultrapassa o seu poder, indo até mais longe, procurando ainda simular poder, onde o seu poder findou...
Não as vincula nenhum "dever" e nenhuma "consciência"!
A tua ruína dá-lhes tanto prazer quanto o teu fortalecimento, desde que, pela influência que em ti exercem, consigam ver em ti a confirmação da sua existência.--
Pobre de quem tais entidades já se "apoderaram"!
Sugam-lhe a medula da vida como vampiros, pois precisam de se "alimentar" das suas forças, quando querem estar ao seu serviço.-
Se ele não as conseguir afastar sozinho, tornar-se-á escravo dos seus instintos sombrios até que a sua própria alma "definhe" de todo, pois as suas forças abandonam-no a pouco e pouco, - o que faz com que, após o seu corpo se deitar para o sono derradeiro, a sua antiga consciência termine em aniquilamento, - o que representa a única verdadeira, porque eterna "morte", que pode realmente ameaçar o Homem. -
Há pouquíssimas pessoas que saibam conscientemente a natureza mentirosa de tais entidades, a quem dificilmente se poderá dar um nome, já que no mundo visível nada há que se lhes assemelhe.
São estas entidades invisíveis através das quais o faquir opera os seus "milagres", - e porque ninguém as conhece, as pessoas pasmam-se com os poderes do faquir, sempre que um  destes genuínos cativos do inferno, se mostra...
Estas entidades são "capazes" de muitas coisas que os homens jamais conseguirão fazer, enquanto operarem apenas pelas suas próprias forças.
Elas "vêem" os teus pensamentos, melhor do que tu próprio os conheces, - e conseguem colocar perante os teus olhos as tuas fantasias mais íntimas...
Elas podem, temporariamente, assumir formas e texturas tão palpáveis como qualquer outra coisa terrena, como qualquer outra substância tua conhecida, porque estas entidades são os tecelões invisíveis da configuração física que une com fios invisíveis todos os fenómenos visíveis...

Elas podem envolver-se em formas humanas, de pessoas, que  há muito tempo não vivem na Terra, - porque cada forma que em tempos "foi" na Terra é mantida na esfera dessas entidades, como - por exemplo, mesmo que a comparação não seja a mais feliz, - a matriz galvânica, a partir da qual o Homem poderá sempre extrair um novo modelagem.
Na realidade, a "matriz" aqui é uma formação invisível, construída como um ténue um sopro: - um sistema de lamelas, que representa matematicamente a reprodução fiel do conjunto de formas interiores e exteriores, que em tempos constituíram o corpo de um Homem.
Esta formação, normalmente retraída em si mesma no menor espaço possível, é "insuflada" sob condições ideais com as forças físicas, que normalmente sustêm o corpo humano de um "médium".
O médium deve durante o tempo duma tal manifestação manter-se num estado de inconsciência, o qual o ser humano conhece sob o nome de “transe”.
O corpo aparente assim formado mantém-se durante o seu tempo de aparição, que é necessariamente curto mesmo nas melhores condições, o campo de actuação da alma animal do "médium" inconsciente, enquanto que essa alma animal é mantida ao mesmo tempo numa espécie de hipnose pelas tais entidades invisíveis do mundo físico, que se manifestam no corpo aparente então formado.
Quando um tal espectro é inclusivamente capaz de falar, e o faz tal e qual o fazia a imagem do ente falecido, isso não é mais impressionante do que a capacidade de fala de uma pessoa encarnada pelos processos normais, porque também no corpo aparente, enquanto ele é visível, estão de novo representados todos os órgãos na forma física, tal como eles existiam na sua imagem original,- completamente iguais, mesmo no que se refere a eventuais deformações ou outras deficiências.
Espero eu, que será desnecessário referir aqui que essa forma remanescente no mundo físico invisível tem tanto a ver com a pessoa que outrora a regia, como a pele duma serpente com o réptil que dela se libertou.--
Não é em vão que insisti aqui sobre processos, cuja enunciação nua me desgosta já. -
Quero, porém, ver-te num estado firme, de poderes tirares as dúvidas do que te poderia confundir!
Não deves deixar-te enganar por ignorância, caso depares com fenómenos pouco comuns!
Não são as fraudes com que puderes deparar nesta circunscrição demarcada, o que de maior "perigo" se reveste para ti...
Somente o verdadeiro desta espécie poderá ser realmente perigoso!--
Eu previno-te aqui por razões fundamentadas! -
Também em ti poderão essas entidades, caso vejas-te obrigado a conhecer a sua forma de actuar, causar uma vítima...
Encontram, - infelizmente muitas vezes, - as suas vítimas nos que, em vez de subirem o seu caminho elevado em direcção à unificação das forças anímicas e ao seu Deus, ambicionam por forças "ocultas", sem ainda terem alcançado o nível de discernimento que é necessário para que um dos seus irmãos humanos que esteja verdadeiramente unido com o Espírito possa, através de longos anos de dura preparação, ensiná-lo a dominar estas entidades aqui tratadas e as suas forças fantasmagóricas.

E mesmo assim correrá sempre perigo todo aquele que, sem necessidade, as excite e aproveite, - e nenhum dos que, para testar as suas forças, tiveram em tempos de aprender a dominar este reino do invisível físico, se demorará mais longamente junto dele do que o amargo tempo que esse “dever” requer. -»

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