Cap. VIII. Da Santidade e do Pecado.
«Os que verdadeiramente sabiam das coisas últimas desde sempre manifestaram desprezo benevolente perante a vaidade e falsa humildade do "Santo Homem", não deixando, porém, de distinguir entre os falsos ostentadores de virtudes e as verdadeiras grandes almas a que por vezes se chamou "Santos"...
Querem encontrar seres confiantes em si próprios, que vivam de cabeça erguida - não pedintes miseráveis às portas do esplendor divino, - não almas queixosas de penitentes!
Querem encontrar seres que sabem fazer da vida uma obra de arte, - não os que se vergam perante ela, como um animal de carga sob o seu fardo!--
Aqueles a quem a culpa e o pecado conseguem desviar do seu caminho, não merecem alcançar o prémio dos vencedores!-
Quem quer lutar pela grande vitória, não deverá inquietar-se se a poeira de todos os dias suja a sua roupa...
Pois quem olha só para as manchas da sua roupa, em breve terá perdido de vista o seu mais elevado objectivo...
Não aconselho a ninguém que se debata na sujidade,- mas quem quer atingir a sua meta deverá tornar-se insensível à poeira e às pequenas manchas que, durante a sua peregrinação, vão sujando a sua roupa.
O teu pé ficará sempre atolado no mesmo sítio, e nunca confiarás nos teus passos, se te deixares perturbar pelos erros que jamais conseguirás evitar por completo no teu caminho.-
O "Santo" é semelhante contudo ao homem que corta a si mesmo os dedos dos pés e que, já amputado e caído de rastos, sonha todavia com os olhos abertos: - em voar.-
«Os que verdadeiramente sabiam das coisas últimas desde sempre manifestaram desprezo benevolente perante a vaidade e falsa humildade do "Santo Homem", não deixando, porém, de distinguir entre os falsos ostentadores de virtudes e as verdadeiras grandes almas a que por vezes se chamou "Santos"...
Querem encontrar seres confiantes em si próprios, que vivam de cabeça erguida - não pedintes miseráveis às portas do esplendor divino, - não almas queixosas de penitentes!
Querem encontrar seres que sabem fazer da vida uma obra de arte, - não os que se vergam perante ela, como um animal de carga sob o seu fardo!--
Aqueles a quem a culpa e o pecado conseguem desviar do seu caminho, não merecem alcançar o prémio dos vencedores!-
Quem quer lutar pela grande vitória, não deverá inquietar-se se a poeira de todos os dias suja a sua roupa...
Pois quem olha só para as manchas da sua roupa, em breve terá perdido de vista o seu mais elevado objectivo...
Não aconselho a ninguém que se debata na sujidade,- mas quem quer atingir a sua meta deverá tornar-se insensível à poeira e às pequenas manchas que, durante a sua peregrinação, vão sujando a sua roupa.
O teu pé ficará sempre atolado no mesmo sítio, e nunca confiarás nos teus passos, se te deixares perturbar pelos erros que jamais conseguirás evitar por completo no teu caminho.-
O "Santo" é semelhante contudo ao homem que corta a si mesmo os dedos dos pés e que, já amputado e caído de rastos, sonha todavia com os olhos abertos: - em voar.-
Ah! preferia ver-te enterrado até ao pescoço na culpa e no pecado de que temer o perigo de te transformares num tal "santo"!
Perderás a tua melhor força se quiseres imitar o "santo" e, sobretudo, se procurares manter-te "livre de erros"...
Não poderás usar as tuas forças se apenas te preocupares em evitar todo o erro, porque não importa onde exerças a tua actividade, cairás sempre na falta e no pecado sem o querer.--
Mas, tal como a poeira do mármore na oficina do escultor certamente não reduz o valor da sua obra, também o teu "eu", que procuras esculpir a partir de rocha em bruto, não perderá valor com o "pó" e o "lixo" que caem em seu redor enquanto nele trabalhares com o teu cinzel, até que por fim surja a sua forma clara.
Esquece-te do “pó” e do “lixo” da oficina e pensa constantemente apenas na “obra”de elevada beleza e de duração eterna, que deves formar da tua existência !--
E se caíste bem no fundo, quando não querias cair, ergue-te de novo com força e esquece a queda!
Mas mesmo que tenhas caído pela tua vontade, nada mais te deverá preocupar nesse momento do que ergueres-te de novo rapidamente!
Inútil é o teu “remorso” após a queda, - mas o teu erguer enérgico pode proporcionar-te a firmeza resistente que te ensinará a evitar uma nova queda...
Na verdade, avança melhor aquele que sabe ter em si a força de se erguer após uma queda do que os que, em angústia permanente, se esforçam por evitar um só passo em falso!--
Nada te poderá prejudicar mais no teu caminho do que o medo das forças inibidoras da culpa, forças estas que nascem só do teu próprio medo.--
Avança com amor e livre do medo, - porém sem que o teu amor mine as forças que precisas para resistir!
Mostra sempre bondade para tudo o que vive - e bondade para com o tigre é disparar-lhe um tiro certeiro - pois também aquilo que tens de destruir não deves fazer sofrer!---
Livres também deverão ser a tua bondade e amor, pois de contrário tornar-se-ão vícios em ti!--
Livre só é quem se liberta a si mesmo!
Nenhum "Deus" exterior, tal como o imaginas ver acima das estrelas, poderá alguma vez libertar-te!--
Mas: se te ajudares a ti mesmo, assim o teu Deus te ajudará, -- o teu Deus, que um dia se "gerará" em ti próprio!---
Criaste os teus fantasmas, e só tu próprio poderás destruí-los!
Muitas coisas há que, para ti, ainda são "culpa" e "pecado", que em verdade não merecem essas denominações, - e muitas tomas ligeiramente, onde fazes até residir a tua "virtude", ainda que seja a tentação responsável pela tua ruína...
Nunca deverás procurar "tentações", mas também não deverás, igual ao "santo", toldar o teu olhar de tal forma que em tudo só veja "tentação".--
De cabeça erguida segue o teu caminho, e sabe: - que só estarás o mais bem protegido, quando poderes confiar em ti próprio!--
Nenhuma "queda" ou "erro" poderão perturbar-te no teu avanço, até que um dia, com a ajuda das forças superiores, alcances o teu objectivo, que está em ti próprio!
Mas aviso-te, e aconselho-te: -
Procura antes a culpa e o pecado, - receia antes a vontade de "santidade"!»
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