domingo, 28 de julho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. XXIII: Um Apelo de Himavat.

                    
        Livro do Deus Vivo, cap. XXIII. Um Apelo de Himavat.
 
«Perpassa pelo mundo um anseio,- um apiração ardente - e cada alma, que não se empederniu completamente nem se tornou incapaz de germinar, sente-se tocada.
Em torrentes quentes de sangue humano afundou-se aquele cepticismo indolente, que outrora parecia ser "de bom tom".
"Pode-se" de novo acreditar no que é comprovável através de "experiências", e já não se ridiculariza quem sabe que o invisível rodeia-nos e influencia-nos, mesmo que não tenhamos ainda desvendado os seus mistérios.
O "milagre" quer  tornar-se de novo realidade, e o reino da Fé expande as  suas fronteiras.
Pessoas que, iguais a fósseis anímicos, se mantinham imóveis face a tudo o que é espiritual, sob o retinir das machadadas de demónios consumidos pela fúria, tornaram-se verdadeiros "viventes", e a massa dos indolentes adormecidos está agora a tornar-se desassossegada.-
Cada  novo dia permite crer que está mais próximo o seu despertar anímico...
Os despertos  irão porém exigir resposta dos que, durante tanto tempo, os mantiveram adormecidos, e voltarão desdenhosamente as costas aos "guias" que querem piedosamente “limitar” as suas perguntas, porque lhes falta a sua própria capacidade de resposta.--
A Humanidade está a tornar-se  pronta, finalmente, a reconhecer-se como parte da Terra...
Não poderá mais sonhar com os seus deuses residindo nas nuvens, e aproxima-se o dia juvenil, em que,- porventura pela primeira vez,- sentirá em si própria o sentido das palavras, que em tempos um homem Deus lhe dirigiu:
"O Reino dos Céus está mesmo a chegar".
Esses, que se chamam "servos" do Ungido, ainda quiseram erguer uma muralha,- como pensaram: - para "protecção" dos que, segundo a palavra do elevado Mestre,  carregam em si próprios o Reino dos Céus.
Homens, que nunca alcançaram em si o "Reino"  aqui tão claramente prometido, puseram-se a dominar as almas dos seus semelhantes, com a justificação de um imaginário mandato mágico que devia sancionar a sua insana quimera de poder face às suas próprias consciências.
Obstruíram-lhes o portão dos Céus, como neles próprios estava obstruído, e constantemente transformaram tudo o que tendia à Realidade de tal modo que sobejam apenas símbolos e fórmulas, pelos quais  o Reino dos Céus se deixa sonhar,- pois sabem muito bem, que os seres humanos não precisam deles para encontrarem o "Reino".
Tolos são todos os que esperam que o muro do encarceramento anímico possa ceder um dia ao assalto das almas!
Esse muro está demasiado consolidado pela argamassa da avidez humana pelo poder!
São também demasiado numerosos os que desejam sentir sempre o muro à sua volta para que lhes possa ser retirado um dia .--
Há tanto tempo acostumados à escravidão, cairiam se fossem libertos!-
Provavelmente com o decorrer dos milénios as fórmulas e os símbolos que estão afixados no muro tornar-se-ão outros, para que os que vivem encerrados nele não o possam reconhecer como um muro de cárcere;- no entanto, o muro permanecerá em si, enquanto na Terra a avidez pelo  poder dos homens  puder contar com o medo anímico dos seus semelhantes, - e contra essa fortaleza, cimentada com ameaças e promessas, embaterá todo aquele que, antes da hora, quiser rompê-la de dentro ou de fora...
Mas existe uma possibilidade, sem quebrar o muro, de escapar-se à sua estreiteza implacável...
Aos que estão próximos de despertar, nascer-lhes-ão asas, e eles elevar-se-ão muito acima da zona dos Poderes, que de bom grado os manteriam no sono e no sonho...
Vemos o tempo do despertar chegar!
É a nós que compete guiar o voo dos que ascenderão à Liberdade, até que ele alcance os cumes nevados, plenos de sol e radiantes do "Himavat", - da "Grande Montanha".---
Será necessária, porém, muita ajuda, pois vem um grande despertar.
Queremos, que nenhum dos que se elevam se perca no seu voo e por fim morra, tombado em qualquer deserto...
Nós próprios, porém, só podemos guiar o grande voo de todo o grupo  dos libertados, e os que querem ajudar-nos, devem procurar os perdidos, para que não se deixem ofuscar por metas enganadoras, e percam de vez a direcção do voo.--
Para todos os que quiserem ajudar altruisticamente, segue o apelo!
Todo o que no seu coração quer comprometer-se em reorientar os errantes, pode e deve ser  auxiliar nosso.
É no entanto apenas útil uma ajuda amorosa e sábia, e não poderá ser-nos um ajudante quem se impõe aos errantes com a sua ajuda.--
Ajudar do modo correcto, significa: voar à frente do errante para que, sem que seja necessário convencê-lo, ele, pelo seu próprio discernimento, reencontre a sua direcção correcta!-
A vossa ajuda poderá ser pouca "para se ver",- mas cada um de nós pagará uma dívida contraída há éons, mesmo quando através dela uma só alma possa ser encaminhada para a meta. ---
Bem longe de nós permaneçam porém, todos os que oferecem enfaticamente a sua ajuda, para se enaltecerem através disso a si próprios em valor e dignidade acima de todos os outros!
Bem longe de nós permaneçam também todos os importunadores presunçosos!
Quem quer ser ajudante, deve libertar-se de todo o tipo de vaidade!
Tem de oferecer a sua ajuda onde é necessária, sem falar da sua manifestação auxiliadora...
Não queremos  saber o seu nome, nem ouvir falar da sua ajuda!
no Reino do Espírito  o acto de auxílio deve ser avaliado, e apenas no  espiritual se deve “conhecer” o Ajudante.--» 
 
Himavat, pintura de Bô Yin Râ.

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