sexta-feira, 26 de julho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. XX. No Oriente reside a Luz.

                      Cap. XX. No Oriente reside a Luz.
 
«Só poucas pessoas do "Ocidente" pressentem a Verdade, quando ouvem acerca dos "Homens sábios do Oriente", de cuja Tradição antiga se fala em discretos círculos de nobres buscadores da Verdade, - e entre os que pressentem do que se trata,  são ainda demasiado poucos os que conseguem abster-se de representações disparatadas, quando tentam dar uma forma imaginal ao seu "pressentimento".--
No Oriente, no coração da Ásia, a lâmina do pensamento foi afiada ao máximo.
Mas foi aí que já há milénios existiam os Grandes, que acima de todo o pensamento encontraram o Caminho claro para a Verdade, a Verdade que não é outra que a Realidade absoluta, e que nada tem a ver com as imagens de conhecimento mentais nas quais normalmente se crê ter aquilo a que se chama a "Verdade". 
Sob orientação superior encontraram esses primeiros "Irmãos da Terra"  o Caminho e a meta...
Desde então eles e os seus sucessores instruem os que procuram, os que para tal fim foram considerados “maduros”, no espírito através do espírito.
Cercaram o seu cenáculo com a "muralha protectora sagrada do silêncio", e só encontra "acesso" a eles, quem reconhecem como  "maduro" no espírito, para se tornar um conhecedor no espírito.
Sabem que a sua dádiva só é útil para os que têm perto de si o fim dos seus esforços no Caminho.-
Mas a todos enviam do seu Centro instrutores auxiliares, e em todos os tempos os enviaram...
No Ocidente, como no Oriente, sempre houve estes "Irmãos actuantes".
Por nenhum sinal exterior são os membros da elevada Associação identificados.
Só eles reconhecem sozinhos, quem lhes pertence.-
A sua essência espiritual está profundamente oculta aos olhos dos humanos.
Nenhum dos que se fala aqui jamais tentará agrupar uma comunidade à sua volta.
Nunca nenhum fundou ou "fomentou" semelhante comunidade!
O que como "comunidade" surgiu no mundo e se baseou na voz dos "Irmãos da Terra" ou até na dos seus sublimes "Pais" na Luz, foi sempre só obra de almas ainda imaturas, que, através dos sentidos interiores  prematuramente desenvolvidos, se tornaram capazes, como espiões que escutam pela fechadura da porta, de ouvir algo do círculo do íntimo "Oriente", e sem que lhes tivessem sido dados os poderes, para que, além disso, pudessem  interpretar correctamente o que escutaram.-
Só muito raramente  algum dos Irmãos apareceu em pessoa e professando claramente o seu carácter diante dos seus semelhantes no tumulto do mundo exterior, e para cada um que assim agiu esse passo tornou-se um amargo sacrifício...
Onde tais sacrifícios não são absolutamente necessários, devem-se evitar.
Daí o recolhimento, a partir do qual os "sábios Homens do Oriente" agem!--
Daí a discrição que envolve cada membro deste Círculo, desde que a sua missão não lhe imponha a obrigação, seja em transcrições simbólicas, seja em palavras mais claras, de confessra a sua natureza espiritual, a qual na verdade também não se deixa facilmente confessar...
A sublime Comunidade dos Irradiantes da Luz,  pela antiquíssima tradição  d discretos procuradores da Verdade como os " homens sábios do Oriente", está ligada apenas por lei espiritual.
Os seus membros não conhecem votos de ascese nem juramentos de "ordens".
O desenvolvimento das forças espirituais não depende de semelhantes coisas.
Mas o que é requerido pela "Lei", à qual estes poderes obedecem, vai muito mais longe do que a mais dura ascese, ou do que a mais rigorosa vida de penitência...
Terá que se renunciar a muitas representações, que de facto baseando-se em premissas exactas só se referem todavia aos poderes inferiores do ser humano, quando se quiser saber o que é na verdade um "Iniciado" desta União.-
Quem, no entanto, for verdadeiramente um deles, reconhecer-vos-á, imperturbável face às vossas representações erróneas.
O seu "ensinamento" também não será escutado pelo vosso ouvido exterior, - mesmo quando o podeis conhecer "pessoalmente".-
As declarações, que um ser unido ao espírito possa eventualmente fazer no idioma da sua terra, não constituem o seu "ensinamento"...
Elas deverão apenas servir-vos de "indicação" para vos permitir reencontrá-lo, ou quem é do seu género, em vós mesmos: - no vosso mais íntimo.
Também as suas palavras exteriores querem contudo ser "sentidas" e não explicadas, nem desfiadas pelo pensamento!
Quando conseguirdes tornar-vos um dos seus "discípulos", então é no vosso próprio coração que ele vos "falará"...
Nunca tentará porém enevoar os vossos sentidos com sedutores êxtases sufocantes - mas pelo contrário ao lado dos vossos sentidos terrenos ele abrir-vos-á novos sentidos espirituais.
Começareis por apreender ao princípio o seu "ensinamento" sem saber se é o amigo e guia da vossa alma, ou se sois vós próprios, quem em vós "fala".--
Contudo, um sentir consciente, puro e novo, que acompanha o seu "ensinamento", dir-vos-á em breve, o que com voz “sagrada” em vós "é dito":- através do gerar imediato duma clareza interior,- sem palavras da linguagem da boca.
Esta percepção, frequentemente imprevista de todo, completamente inesperada de uma límpida iluminação das coisas espirituais, - cujo brilho vai tão além daquilo que o pensamento lógico habitualmente nos traz como "clareza" - poderá ser-vos crescentemente um sinal certo, de que um verdadeiro "ensinamento" espiritual se gera em vós...
O "ensinamento" espiritual não é "vontade de convencer", mas sim um clarificar imediato acerca do que antes jazia na obscuridade.---
 Um irmão humano "fala" assim em vós que já não tem de enviar as ondas sonoras do ar ao ouvido do corpo, quando ele quer, "ensinando", alcançar corações sensíveis e abertos, que confiam nele...
Talvez de início não possais ainda "compreender" tudo o que desta forma se gera em vós, pois é bem possível reconhecer-se algo com absoluta clareza, sem ser-se capaz de pensar racionalmente  o que foi reconhecido.-
Permanecei calmo em tal caso e não tornais confusa a clareza!
Aprendei sobretudo a distinguir a voz que em vós "fala " das "vozes" falsas da vossa agitada fantasia!-
Permanecei sóbrios e calmos, como se tratasse de observar em vós o que já há muito conhecíeis!
A voz do "instrutor" é no início da "orientação" tão silenciosa, como um pensamento extremamente delicado, como um sentir quase imperceptível.
Mas o guia no espírito não profere uma única "palavra" na sua "linguagem" espiritual, sem que daí não provenha um preciso e distinto "sentimento" de certeza, que, embora difícil de descrever, é com toda a segurança reconhecido imediatamente pelos que o experimentaram, ainda que uma única vez...
Nenhum "pensamento" próprio, e por mais qualidade que tenha, não pode causar nunca esta "sensação", gerada pelo espírito, na qual e através da qual age o mestre espiritual...
Quanto mais crescer a certeza, com a qual aprendeis a distinguir a sua "voz" de tudo o que não é da sua essência, com tanta mais clareza ela poderá "falar" em vós.
Chegará então um dia a "grande Hora", em que a vossa última dúvida, por mais ténue que seja, deixar-vos-á!
Não vos impacienteis porém se não conseguis alcançar  desde já em vós a primeira das metas!
Não sabeis, se já estás  suficientemente "maduro", para receberes o "ensinamento" com proveito, e nisto o "instrutor" assume sozinho a responsabilidade por tudo o que dá...
 A uns a certeza chegará mais cedo, a outros mais tarde, mas chegará certamente quando confiares calmamente no "mestre" espiritual!
Lembra-te também que a verdadeira "sabedoria": - é conhecimento da Realidade, e que os verdadeiros mestres da sabedoria só servem a Realidade, quando ensinam, - a Realidade, que não é o mais complicado do Ser mas o que é em si o mais simples de tudo!---
Existem forças do pensamento, que tentam incessantemente enganar, porque elas próprias vivem só da ilusão...
O professor espiritual está bem longe de tais regiões!
Nunca vos testemunhará  senão das coisas do espírito, das coisas da alma, das coisas da eternidade...
Conhecerás através dele quem és e o que  é o ser humano "em si", - na Realidade, -  no que significa no Cosmos!
Vós tornai-vos, quando confiais em quem em vós vos "ensina", tão seguros como ele próprio está seguro!
A sua própria certeza ele, o certo, te transmitirá.---
Não deves,  porém, nunca levantar questões interiores, antes de chegar "a grande hora da certeza".
Se porém o fizerdes, sucumbireis certamente a forças enganadoras do pensamento.--
Não faças também uma imagem do aspecto e do tipo de pessoa em que o teu professor espiritual possa viver aqui na Terra e, quando conheceres alguém de quem sabes:- aqui está um unido ao Espírito, acautela-te de acreditar logo que só esse que conheces unido ao espírito, seja também o vosso instrutor espiritual!--
Não precisas de saber quem é que, do círculo dos Irradiantes da Luz Primordial, vos ensina espiritualmente, e os que o sabem não o dirão...
Dominai a vossa fantasia, para que ela não vos conduza com os olhos vigilantes por andadeiras de sonhos lunáticos!--
A vida exterior humana do instrutor espiritual só  a ele diz respeito, e ele não quer que se confunda o espírito, no qual age, com a sua confinada manifestação terrena.-
Não quer que os seus "alunos" prestem honras à sua "personalidade", as quais apenas são devidas ao poder espiritual, a partir da qual ele opera.--
Ele  "ensina" a "sabedoria", que o ser humano denomina "verdade", e que em realidade se desvenda ao "aluno"...
Ele "ensina" somente no espírito,- através do poder do espírito.
Pelo que cada um, dos que  desse modo estão autorizados  a ensinar está simultaneamente consciente e sentindo-o muito, de que somente a imperfeição caracteriza a obra de descrição do Real Eterno pelo ser humano terreno, - e cada Resplandecente na Luz primordial "queimará" imediatamente,  as honras que possam ser prestadas à sua personalidade terrena, no altar eterno que serve como um dos sacerdotes nomeados.--»

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