sexta-feira, 17 de maio de 2024

Poema: a gnose perene, que vence a morte, na comunhão com as almas luminosas, na demanda Divina.

               Morte é palavra feminina, para a sabermos amar...

 
A Morte é palavra feminina
para a sentirmos com mais amor,
é alguém que nos vem chamar,
para
ao Além nos impulsionar a voar.

A morte é grã-purificadora essencial,
fazendo-nos discernir o que há a fazer.
Aprender a morrer antes de findar,
é arte de diminuir a dor e o recear.

Aceitar a morte em nós conscientemente
é desejo iniciático de sermos o espírito no além,
e é caminharmos com a visão desprendida,
   que assim livre penetra e revela o essencial.

O beijo da morte é arte harmonizadora,
em que somos abençoados e acalmados,
quando a indignação, a dor e a desilusão
querem possuir-nos e ao lembrá-la fogem.

Entre nós Antero de Quental  alto
brilhou
pelo seu destemor no namoro da Morte.
Como cavaleiro corajoso para nós ficou,
abrindo-nos à visão dela como libertadora.

Morrer é ser iniciado, é deixar a prisão,
é bater as asas, é redescobrir o coração.
Aprender a morrer é a caminhar em amor,
dando os passos e palavras que Luz derramam.

Morrer é subida energética e esvaziamento,
em que desejos fenecem e aspiração a Deus fala.
Morrer é deixar o mundo físico semi-luminoso
e entrar no dos seres e anjos resplandecentes.

Para se entrar mais conscientemente na morte
Cultivemos a amizade supra-terrena e duradoura,
conservando um diálogo constante e estimulante,
estabelecendo pontes e nexos com seres distantes.

Discernirmos os seres com maiores afinidades,
aprofundar e comungar com suas demandas,
é sermos elos do aperfeiçoamento infinito
das tradições, almas e realizações perenes.

Quem são os seres que mais amamos?
Dara, Pitágoras, Erasmo, Jesus, Narada?
Quais os melhores métodos de despertar,
ou com a Divindade sintonizar e comungar?

Narada, como estar bem em bhakti?
O chakra cardíaco aberto e irradiante,
A invocação divina a arder no coração,
  ultrapassar o ego e ser em fulgurante acção?

Erasmo e a demanda firme da Verdade,
Ou ainda o elogio da unidade extática:
A essência humana é amor sabedoria,
podemos avizinhar-nos da Divindade.

Pitágoras, das formas geométricas,
   dos ritmos e sons das esferas em nós,
ou pelos seus símbolos enigmáticos,
 o que clarificará mais nossas almas?
 
Dara Shikoh, o príncipe mogol sufi,
o peito ardente de amor ao Divino,
comunga com mestres e companheiros
na junção dos oceanos da espiritualidade.

Antero de Quental, líder de estudantes,
sonhador de um socialismo espiritual,
sábio e estóico, faltou-lhe o pleno amor
seja para a amada, o espírito ou a Divindade.

Fernando Pessoa, um continuador da pesquisa
do ser espiritual e da harmonia universal,
ainda que dispersando-se em sombras,
que  visão teria para o Portugal actual,
que ensinamentos de ordem Espiritual?

Jesus, quem era, o que realizou e queria?
Quem é o Pai e o Espírito Santo?
Como amou Madalena e como vê a união?
Qual a mais importante missão do ser,
religar ao Pai, a ele ou ao Espírito, 
seja o individual, o Santo ou o universal?

Que ensinamentos das neurociências,
da física quântica e das vias espirituais,
deveriam
a todos ser ensinados,
para melhor se conhecerem e plenificarem?

Quantas questões  pomos e meditamos,
tantos os anos que a Morte nos dá de Vida
Saibamos então trabalhar e amar bem
para sentirmos o espírito, o amor e a Divindade....

Março, 2014, Maio de 2024. Lisboa...

Sem comentários: