terça-feira, 14 de maio de 2024

Afonso de Cautela. Poema iluminado do fim de viagem: "De asa em asa e de flor em flor". In "Campa Rasa e outros poemas"., 2011

                                  

O Afonso Cautela escreveu em 25 de Julho de 2006, um ano em que ressurgiu poeticamente, quando tinha já setenta e três de idade, um belíssimo poema espiritual que José Carlos Marques, através das suas Edições Sempre-Em-Pé, em Janeiro de 2011, deu  à luz  em Campa Rasa e outros poemas, num in-8º de 70 páginas (com dezanove poemas escritos de 1955 a 1970, um de 1990 e quinze  de 2006), donde o selecionamos, para o homenagear aquando da apresentação pública da Lama e Alvorada, Poesia reunida 1953-2015, Volume II, na casa da Imprensa, em Lisboa, realizada a 15 de Maio de 2024, volume que inclui a Campa Rasa, e logo o poema que seleccionaramos.

                                              

Neste poema, como em vários dos outros, a leveza da alma esforçada, purificada e grata de Afonso Cautela ergue-se já alada e dotada da palavra mágica e musical em harmonia com a Natureza e a Divindade, para ele então mais desvendadas em insinuações de frescura de rosas e de fim de viagem e passagem para vida em glória (isto é, Luz) auroral, estado anímico-espiritual e consciencial onde sinceramente intuímos estar o Afonso. Eis o poema:

De asa em asa e de flor em flor...

«De asa em asa e de flor em flor

O caminho passa

Traçando o mapa da viagem

Que o destina ilumina e fala

 

Calando de novo a fortuita miragem

De palavra em palavra e de asa em asa

Ao ritmo dos dias e das eras

Que o calendário dos cânticos usava


Quem se guia nas trevas e na estrada

É porque tem o mapa da paisagem

É porque abre a rosa fresca e límpida

Da doce e fresca e linda madrugada


O caminho passa enquanto o sono fica

O canto madrugador da cotovia

O fresco alvorecer da flauta que flutua

A gloria de deus que se insinua

Na dobra mais recôndita.


De flor em flor e de asa em asa

O caminho passa.»

 "Sabe guiar-te na viagem madrugante pela abertura da rosa fresca e límpida  do teu coração", diz-nos assim o Afonso...

Muita Luz e Amor para ele e nele!...

Post scriptum:  Na Casa da Imprensa, na apresentação a 15 de Maio da Lama e Alvorada, Volume II, resolvemos ler e parafrasear, para o realçar,  este valioso poema  e pode ouvi-lo em: https://youtube/48zP1yG9D2Y

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