Escrito há uns anos, e bastante melhorado. |
POEMA DO RIO E DA ESPADA
A espada atirada ao rio,
levada pela corrente a dentro,
ora boiava ora mergulhava,
a espada viva navegava.
Ao tocar no fundo,
alegrava os seixos,
remexia-os e arejava-os,
como cobra, dragão ou peixe.
Mas a espada continuava,
raspando a lama do fundo,
chocando com as fragas,
fendendo a correnteza,
brilhando na sua inteireza.
Num torvelinho maior,
a espada emergiu do rio
e, ninguém a empunhando,
caiu e sumiu-se nele.
Agora, onde estará ela,
para onde correrá nele?
Entoam as aves os seus cantos,
ao ritmo duma calma viração
que ondula as margens
e pergunta às nossas almas:
És o rio, és a espada, és?
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