sábado, 3 de fevereiro de 2024

Metamorfoses da procura da palavra perdida, e da realização espiritual do Logos na Terra e em nós, vencendo-se as limitações ambientais, criativamente.

                                                      

Um texto batido à máquina há muitos anos e agora metamorfoseado, aprofundado....

 A recorrência do exterior está como que já dentro de nós, de modo a moldar-nos constantemente sob as formas e ideias ambientais, ainda que tal se passe bastante inconscientemente, já que não discernimos as ondulações energéticas emitidas por tudo o que existe ou nos rodeia, nem os impactos das subtis formas do pensamento, seja nossas, dos outros e nacionais, seja televisivas e digitais.
Mesmo quando fechamos os olhos, o espaço, o ambiente, as formas físicas e subtis, os sons e aromas que nos rodeiam impactam subtilmente sobre o nosso corpo psicofísico e na sua aura e emanações.
Ao fechá-los é mais fácil libertar-nos ou desinfluenciar-nos, mas outras formas e energias, as das ideias, sentimentos, memórias, habitam  e constituem-se no nosso ambiente interior. Em geral quem medita sabe por experiência própria que leva tempo e é preciso uma certa aspiração ou mesmo Graça espiritual para deixarmos de estar tão condicionados e atravessados pelas ondulações de pensamentos, desejos e preocupações e podermos entrar em momentos de maior silêncio ou de intensificação dum pensamento, oração, sentimento, imagem, que são estabilizadores e elevantes e,  finalmente,  recebermos bênçãos luminosas.
A escrita pode ser um exercício de catarse das formas ambientais físicas e psíquicas que nos influenciam ou que connosco habitam, pois ao escrevermos concentrados e com uma intencionalidade boa, faz-se ordem no nosso ser e ficamos mais abertos a intuições, associações de ideias, gerando plasticizações neuronais positivas. E não vamos sequer falar do que vem dos mundos subtis, do além, seja dos Anjos seja dos espíritos já partidos, ou das forças anímicas que eles deixaram no interland e que interagem por vezes connosco sob formas ou meios insuspeitados.
Foi por isso que resolvi ir mais fundo e tentar chegar ao grande Livro da Vida, em que todos entramos, e descobrir  a folha que me corresponde, e talvez compreender se o meu percurso e currículo de vida está próximo dele e, portanto, discernir se o que eu escrevo, faço, sinto, penso e sou na actualidade está certo, e não me lamentarei mais tarde de me ter desviado e não ter sabido moldar-me pelas formas correctas e luminosas,  de forma a conseguir reunir-me ou ligar-me com as energias mais apropriadas a todos os níveis que constituem a nossa multidimensionalidade numa orientação aperfeiçoante, plenificante.
Começa assim esta minha história e escrita e que é também a vossa, e que é, foi e será: a procura da autenticidade, de sermos nós próprios, a demanda da Luz espiritual e Divina e da verdade alegre interna.
Certamente que as palavras pensadas, faladas ou escritas não chegam, não chegam,  para traduzir ou explicitar níveis por tão ricos e subtis, tanto mais que não as conhecemos em si e nas suas energias, nem as que precisávamos mais de saber e usar, pois utilizamo-las frequentemente num nível superficial e rápido, entretecido ou contaminado com tanta palavra oca, distorcida, falsa, interesseira, negativa, manipuladora.
Também chegam tarde frequentemente as palavras, quando as ideias feitas e manipuladas são já irremovíveis, quando os mal entendidos já cavaram fundas ravinas entre as pessoas ou entre entre os povos e só por grandes esforços é que a palavra curadora sarará as feridas e estabelecerá as novas estradas de comunicação e conexão luminosa e libertadora.
Chegam tarde as palavras se foram pensadas ou intuídas e não as pronunciamos apropriadamente e acertadamente no tempo e espaço, entoação, ritmo e intenção. Assim, numa das legendas ou versões da tradição do santo Graal, mesmo quem consegue merecer ver passar a procissão com o santo vaso, se não sabe fazer a pergunta, não recebe a desvendação própria.
As palavras morrem
ao dar à costa, mesmo provindas do oceano animado de uma boa pessoa,  quando lidas ou ouvidas, não são bem acolhidas, assimiladas, aprofundadas ou aplicados, ou ainda porque não nos deixamos modelar e aprofundar com elas.
Por isso em  todas as tradições se valoriza muito o saber de cor algumas orações, litanias, poesias, frases e que podem ser dedilhadas sobre o corpo e alma sempre que necessitarmos ou nos parecer apropriado, para nós e pelos outros na terra e no céu.
Mas saber discernir as palavras mais justas, necessárias, próprias, que nos possam fazer despertar ou ver a nossa essência e missão não é fácil e leva sempre muito tempo, tal como qualquer grande, larga e poderosa árvore que liga o céu e a terra, pois estamos habitados por demasiadas palavras inúteis, superficiais, mecânicas, conflituosas e há pouco silêncio e transparência no nosso interior.
A maré dos nossos ouvidos e da nossa psique, senão praticamos o 
trabalho atento, o recolhimento, o silêncio, a meditação, a contemplação, a caminhada imersiva na natureza,  tem apenas uma baixa mar relativa quando adormecemos, e mesmo aí os sonhos e as interelações astrais também falam e influenciam, com pesadelos a poderem gerar-se.
O planeta, o sistema solar, a galáxia, o Universo enquanto Cosmos (que significa em grego "um todo belo e ordenado") tem uma linguagem, um Logos, sentido, inteligência, razão e sabermos descobrir, acolher e ler as palavras e as ideias, ou seja, a sua linguagem que dá sons e nomes às formas e energias é um desafio grande pela sua subtileza. Mas que nos atrai naturalmente, seja por sermos mais sensíveis ou poetas, seja porque todos ansiamos melhorar, saber mais, aperfeiçoar-nos, sermos mais plenos, embora frequentemente nos deixemos moldar, desviar ou prender por slogans, enganos, ilusões,
hábitos, auto-limitações, para não falarmos das infinitas manipulações dos meios de informação ou dos grupos políticos, religiosos e espirituais.
Embora seja imensa a beleza do Universo criamos tantas palas e obstáculos à sua visão e assimilação que nos tornamos quase que cegos, surdos e amnésicos face a essa linguagem subtil logóica da alma do mundo e da natureza e que tem como sua substância princípios, valores e ideias, originando nas formas a sua maior ou menor simetria, beleza, harmonia e transparência divina.
Na viagem da vida, o tempo e o espaço, com todos os seus conteúdos,  tendem a moldar-nos e limitar-nos e devemos por isso tentar transcende-los em criativas espirais de movimentos e paragens, ritmos e intensidades, procurando sincronizar a nossa percepção consciencial deles com os horizontes, os céus estrelados, as vastidões cósmicas ou mesmo o infinito divino, sem dúvida esta última uma meta muito elevada para conseguirmos mais de que uns vislumbres indirectos, ou então alguns minutos de transcendência de tais limitações, graças à ampliação da nossa consciencialização espaço-temporal, num estado de consciência mais expandido, e algo sensível ao infinito e perene.
Naturalmente deveremos  viver em comunhão com os elementos, seja o sol, a lua, o fogo, o vento, a terra, a chuva, mas também com os elementos psíquicos,
sabendo superá-los, e não nos deixando dominar pelas alegrias e  tristezas, dores e  prazeres, pois só assim somos livre em nós próprios e conscientes da interpenetração harmoniosa com a Ordem do Universo, com a evolução ou manifestação pluridimensional dos espíritos no Cosmos...
Assim vamos desenhando, gerando, fortalecendo um corpo subtil psico-espiritual, sobre a base do nosso melhor molde ou forma física. E com o livre-arbítrio ou a  liberdade pessoal harmónica com o coexistente ou ambiente natural e dos nossos deveres
(swadharma), e tal realização da potencial identidade espiritual em sincronia com ambiente vai dando os seus sinais e frutos de discernimento, conhecimento, justiça, coragem, independência, liberdade, amor, sabedoria.
Os arcanos celestes, os arquétipos, ideias e ideais da Humanidade espiritual, podem e devem ser realizados por vários caminhos, por vários meios, por várias formas, entrecruzando-se as palavras e as linhas que aspiram e sobem ao céu do inteligível e inefável, passando e fortalecendo-se nos centros subtis do coração, da garganta e da cabeça, e gerando  as palavras justas, as orações eficazes, as interrogações apropriadas, as decisões benéficas que  causam a clarificação, o descobrirmos e caminharmos melhor nas nossas ressonâncias, afinidades e linhas de ascensão,  gerando a descoberta e plenificação do nosso verdadeiro ser, som, nome. Ou seja, a mítica Palavra perdida, esquecida talvez ao descermos do alto e nascermos, para que então a paz e a claridade mental possam estabelecer-se, permitindo ao nosso eu consciencial essencial espiritual realizar-se e manifestar-se criativamente e, com alegria, amor, luz e conhecimento  comungar sábia e amorosamente da Unidade. Aum...

Pintura de Bô Yin Râ: Lux in Tenebris!

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