George Bernanos (20-2-1888 a 5-VII-1948), o lutador heróico na 1ª grande guerra, o escritor católico de grande sucesso após 1926, o notável homem de acção anti-fascista na guerra civil espanhola, pois após as suas vivências pró-humanas e anti-franquistas na guerra de Espanha e sendo crítico de Hitler e Mussolini, preferiu emigrar para o Brasil onde, pouco depois de chegado, em 1939, conheceu Jorge de Lima e, lendo a sua poesia e ficando encantado com ela, resolveu pagar o seu reconhecimento com um valioso prefácio escrito e publicado em francês no livro Poemas, no qual descreve a sua desilusão da pátria francesa e o seu encanto com a poesia de Jorge de Lima, levando-o a dissertar com grande sensibilidade sobre a Poesia, arte que ele não desenvolvera na sua obra literária mas que manifesta conhecer muito bem, valorizando-a como a voz da aspiração humana, por entre as suas dores e lamentos, à liberdade, ao amor, aos céus, à religação divina.
A obra contém nas suas cento e trinta e sete páginas, as sete do prefácio que li e gravei, e cerca de sessenta poemas traduzidos para espanhol, dos quais lemos um, o V, Espíritu Paráclito, e saiu nas oficinas gráficas de A Noite, no Rio de Janeiro.
Da excelente relação por mais de três anos que George Bernanos conseguiu com a terra, o povo e os intelectuais brasileiros, pois além de Jorge de Lima deu-se com Álvaro Lins, Alceu Amoroso Lima, Frederico Schmidt, Virgílio de Mello Franco, Hélio Pelegrino e vários outros, podemos saber por vários testemunhos, livros e estudos (vários on-line) existindo mesmo um museu George Bernanos, em Barbacena, onde ele estabilizara antes de ser chamado para a França pelo general de Gaulle, após a derrota do nazismo alemão, e onde, não sentindo o ambiente afim do seu idealismo, poderá ter pensado com saudades no fabuloso mundo emergente brasileiro que deixara...
O exemplar que utilizamos tem a particularidade de ter uma dedicatória agradecida de Jorge de Lima a Luís Forjaz Trigueiro (que conheci e ainda o visitei em sua casa) escrita em português, tornando a obra de certo modo trilingue.
O exemplar que utilizamos tem a particularidade de ter uma dedicatória agradecida de Jorge de Lima a Luís Forjaz Trigueiro (que conheci e ainda o visitei em sua casa) escrita em português, tornando a obra de certo modo trilingue.
Como George Bernanos foi um escritor bastante valioso, seja pelos romances (tal os Sob o Sol de Satan e o Diário de um Pároco de aldeia), seja pelos seus ensaios e manifestos, seja pelo seu texto para o filme que sairá como o Dialogues des Carmelites (on-line) e que recusou até entrar na Academia Francesa, e é hoje quase desconhecido em Portugal, e ainda porque não lera o prefácio e me pareceu valioso, resolvi traduzi-lo gravando-o, e creio que valeu a pena, tanto mais que ainda houve tempo para ler, desta vez na tradução espanhola, o poema Espíritu Paráclito, sem dúvida forte e inspirador.
De realçar a sua noção dos ciclos dos estados e impérios, muito actual (adveniat BRICS), e a forte e bela valorização da poesia expressa por Bernanos e que para mim, após ter participado no IX encontro do círculo de Poesia no Montado do Freixo do Meio dedicado a Afonso Cautela, outro militante da liberdade e poeta, veio mesmo em sincronia inspiradora de almas, como acabei de referir até em nota da leitura.
Boa audição, e que estas almas poéticas e luminosas, Georges Bernanos, Jorge de Lima, Luís Forjaz Trigueiros e Afonso Cautela brilhem no Empireu, no Parnaso, no mundo espiritual e nos inspirem...
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