Os cinco Arcanjos principais, por Chrispjn van de Passe, o ancião (1564-1637) |
Charles e Frances Hunter escreveram ANGELS ON ASSIGNMENT. As told by Roland Buck. Kingwood, Hunter Books, 1979, num in-8º 204 páginas, pois em 1978, pouco antes do pregador Roland Buck (1913-1979) abandonar a Terra foram-no visitar e sendo bem acolhidos e tão encantados com as suas histórias que resolveram escrever o livro que, diga-se de passagem, teve bastante sucesso.
A fonte da obra é pois Roland Buck, um pastor americano que teria recebido uma série de visitações de Anjos, sempre acompanhadas, segundo ele, de forte ambiente sagrado e de proximidade do amor divino pela Humanidade, os quais o foram instruindo dentro de uma linha de cumprimento das profecias do Antigo e do Novo Testamento, com grande realce para o sacrifício expiador de Jesus e a sua presença viva em nós e até mesmo o seu mítico retorno. Nestes sentidos, o Anjo Gabriel ter-lhe-ia dito: «Não procures Anjos. Procura Jesus. Ele é bem maior que qualquer Anjo». Ou ainda que o Espírito Santo monitoriza tudo o que se passa na Terra e que vendo certas forças negativas a dirigirem-se contra ele enviara quatro Anjos guerreiros, um dos quais Gabriel, que lhe explicara mesmo que Satan tem também as suas forças organizadas mas que não são muitas nem muito poderosas, pois não são omnipresentes, não conseguem estar em qualquer lugar de um momento para outro. Assegurou-lhe também que Satan, não conseguindo ler a mente das pessoas nem prever o futuro, «está extremamente nervoso porque não sabe o que se há-de passar».
Entre os que acompanhavam Gabriel estava Mikael que lhes chega a confessar que estava ansioso que chegasse a hora de cumprir a sua missão de expulsar dos céus Satan e os seus anjos-demónios.
A fonte da obra é pois Roland Buck, um pastor americano que teria recebido uma série de visitações de Anjos, sempre acompanhadas, segundo ele, de forte ambiente sagrado e de proximidade do amor divino pela Humanidade, os quais o foram instruindo dentro de uma linha de cumprimento das profecias do Antigo e do Novo Testamento, com grande realce para o sacrifício expiador de Jesus e a sua presença viva em nós e até mesmo o seu mítico retorno. Nestes sentidos, o Anjo Gabriel ter-lhe-ia dito: «Não procures Anjos. Procura Jesus. Ele é bem maior que qualquer Anjo». Ou ainda que o Espírito Santo monitoriza tudo o que se passa na Terra e que vendo certas forças negativas a dirigirem-se contra ele enviara quatro Anjos guerreiros, um dos quais Gabriel, que lhe explicara mesmo que Satan tem também as suas forças organizadas mas que não são muitas nem muito poderosas, pois não são omnipresentes, não conseguem estar em qualquer lugar de um momento para outro. Assegurou-lhe também que Satan, não conseguindo ler a mente das pessoas nem prever o futuro, «está extremamente nervoso porque não sabe o que se há-de passar».
Entre os que acompanhavam Gabriel estava Mikael que lhes chega a confessar que estava ansioso que chegasse a hora de cumprir a sua missão de expulsar dos céus Satan e os seus anjos-demónios.
Eis-nos com alguns exemplos de uma série de belos desejos e imaginações de Roland Buck (na fotografia, com o seu estimado cão), alegremente ou optimisticamente contextualizados e transcritos por Charles e Frances Hunter
Se retirarmos estes encontros angélicos e com diálogos tão ingénuos, mas com alguma criatividade imaginativa, a obra está excessivamente limitada ou reduzida à Bíblia e a Jesus e sabemos bem quão contraditórias e díspares são as descrições dos Anjos nas Escrituras tidas como sagradas ou mesmo reveladas divinamente do Cristianismo, pelo que fazer uma angeologia coerente de tal corpo heterogéneo de referências obriga a grande labor, do qual ao longo dos séculos nasceram alguns tentativas de definições ou caracterizações importantes, tais como nos Concílios, nos Padres da Igreja, e ainda em teólogos como o pseudo-Dionísio Areopagita e S. Tomás de Aquino, mas que nesta obra de modo algum, seja o pastor seja os autores tentam, nisso reconhecendo tanto a sua incapacidade como a subtileza e sublimidade dos níveis angélicos e arcangélicos. Ficaram ambos pelas histórias pessoais narradas extensamente, à moda norte-americana de muita parra de páginas e pouca uva de sabedoria e verdade, seja do encontro com o simpático pastor de voz persuasiva, seja das narrativas de Roland Buck quanto aos seus encontros com anjos. Um livro que não é necessário ler...
Se retirarmos estes encontros angélicos e com diálogos tão ingénuos, mas com alguma criatividade imaginativa, a obra está excessivamente limitada ou reduzida à Bíblia e a Jesus e sabemos bem quão contraditórias e díspares são as descrições dos Anjos nas Escrituras tidas como sagradas ou mesmo reveladas divinamente do Cristianismo, pelo que fazer uma angeologia coerente de tal corpo heterogéneo de referências obriga a grande labor, do qual ao longo dos séculos nasceram alguns tentativas de definições ou caracterizações importantes, tais como nos Concílios, nos Padres da Igreja, e ainda em teólogos como o pseudo-Dionísio Areopagita e S. Tomás de Aquino, mas que nesta obra de modo algum, seja o pastor seja os autores tentam, nisso reconhecendo tanto a sua incapacidade como a subtileza e sublimidade dos níveis angélicos e arcangélicos. Ficaram ambos pelas histórias pessoais narradas extensamente, à moda norte-americana de muita parra de páginas e pouca uva de sabedoria e verdade, seja do encontro com o simpático pastor de voz persuasiva, seja das narrativas de Roland Buck quanto aos seus encontros com anjos. Um livro que não é necessário ler...
*****
O segundo livro é de Sophy Burnham, A BOOK OF ANGELS. Reflections on Angels Past and Present and true stories of how They touch Our Lives. New York, Ballantine Books, 1990. In-8º gr. 298 páginas.
Uma obra boa na abrangência mas sem discernimento entre a verdade e a imaginação enganadora. Logo no prefácio como prova dos milagres angélicos, lembra-nos William Blacke (1757-1827), porque vira aos 10 anos anjos nas árvores, logo começando a desenhá-los e a poetisa-los, o que até é provável ter acontecido. Mas depois passa para outros casos, alguns certamente fantasiosos:«Jacob lutou com um anjo... Um anjo apresentou-se a Abraão... E José Smith fundou a igreja Mormon depois de ver o Anjo Moroni... E hoje uma criança verá um Anjo...». Contudo, pouco depois de enaltecer (mais acertadamente de que as "moronices" do senhor José Smith), o génio angeolólogo do pseudo-Dionísio, de Dante, Milton, Goethe, Swedenborg e Rudolfo Steiner e de dar uma descrição imaginal elevada:«Diante do trono de Deus, os Anjos não têm forma alguma, mas chegam como energia pura, crua, grandes bolas de fofo rodopiante, como super-novas, rodando, rodopiante, às rodas no espaço negro. São chamados as Rodas ou Tronos e não podem sequer ser descritos senão simbolicamente, apesar dos místicos que viram e ouviram o seu silêncio estupendo sabem o que viram e tornam-se por tal poder humildes», confessa realisticamente no parágrafo seguinte:«não sabemos nada acerca dos Anjos. Não sabemos o que os anjos são ou se eles estão em hierarquias nos céus. Ou se lhes são entregues os seus deveres de acordo com a idade. Não sabemos nada acerca deste outro plano ou domínio, excepto que nos são dados breves e instáveis vislumbres no coração.»
Uma obra boa na abrangência mas sem discernimento entre a verdade e a imaginação enganadora. Logo no prefácio como prova dos milagres angélicos, lembra-nos William Blacke (1757-1827), porque vira aos 10 anos anjos nas árvores, logo começando a desenhá-los e a poetisa-los, o que até é provável ter acontecido. Mas depois passa para outros casos, alguns certamente fantasiosos:«Jacob lutou com um anjo... Um anjo apresentou-se a Abraão... E José Smith fundou a igreja Mormon depois de ver o Anjo Moroni... E hoje uma criança verá um Anjo...». Contudo, pouco depois de enaltecer (mais acertadamente de que as "moronices" do senhor José Smith), o génio angeolólogo do pseudo-Dionísio, de Dante, Milton, Goethe, Swedenborg e Rudolfo Steiner e de dar uma descrição imaginal elevada:«Diante do trono de Deus, os Anjos não têm forma alguma, mas chegam como energia pura, crua, grandes bolas de fofo rodopiante, como super-novas, rodando, rodopiante, às rodas no espaço negro. São chamados as Rodas ou Tronos e não podem sequer ser descritos senão simbolicamente, apesar dos místicos que viram e ouviram o seu silêncio estupendo sabem o que viram e tornam-se por tal poder humildes», confessa realisticamente no parágrafo seguinte:«não sabemos nada acerca dos Anjos. Não sabemos o que os anjos são ou se eles estão em hierarquias nos céus. Ou se lhes são entregues os seus deveres de acordo com a idade. Não sabemos nada acerca deste outro plano ou domínio, excepto que nos são dados breves e instáveis vislumbres no coração.»
A obra está bem acompanhada de citações de poetas e escritores (embora excessivamente dos violentos Salmos bíblicos), bem como de imagens e numerosas histórias recolhidas, antigas ou contemporâneas. Já na visão histórica e teorizante dos anjos combina diferentes crenças e discutíveis leituras interpretativas, pois tanto afirma como reais as histórias do Antigo Testamento, como considera míticas as descrições dos Anjos nas (outras) religiões antigas, embora reconheça que «os Anjos existiram desde o começo do tempo. Eles já existiam antes de Adão e Eva terem caminhado encantados para explorar o Paraíso.»
Explicando a seguir que «Querubim significa a plenitude do conhecimento de Deus. O conceito é Assírio na origem, o de Karibu significa um que ora" ou "um que comunica"», reconhece que no princípio significava mais um guardião de palácios e pensa que, embora as ideias acerca deles sejam imemoriais e sem raízes seguras, o conceito de Anjos vem dos mitos Arianos, Mitraicos, Maniqueus e Zoroástricos e que foi introduzido, através do pensamento Persa, no Judaísmo, Cristianismo e Islão. Mas embora reconhecendo esta raiz persa não reconhece a muito provável visão dos Anjos obtida por seres dotados de visão subtil ou espiritual ao longo dos séculos nos diversos povos, e particularmente nos Persas, que ao longo dos séculos gerarão místicos, videntes e iniciados de grande qualidade, tanto antes como depois da chegada do Islão. Em contrapartida, erradamente mas pagando o preço (ainda assim rentável...) de estar a escrever para um público excessivamente crente na Bíblia, demora-se e valoriza demais literalmente o Antigo Testamento, assinalando por exemplo, como se fosse possível, o Anjo da Morte que matou 90.00 no tempo de David e que noutra noite matou 195.000 assírios que lutavam contra os hebreus, absurdos totais que só podem ser hoje admitidos por tolos e fanáticos.
Também o Paraíso Perdido, do poeta inglês Milton, sem dúvida uma grande mente e defensora das liberdades mas não um clarividente e iluminado, é para ela quase uma Escritura sagrada, pese a excessiva materialização que faz dos anjos, bem como a invenção de vários anjos-demónios.
A autora surge crítica do acolhimento dos anjos pela religião católica e considera que «foi difícil para a Igreja aceitar os Anjos. O impulso que gerou o interesse por eles surgiu dos camponeses, teve as suas raízes no folclore», mas lembra (ou melhor pensa, algo mistificadoramente) que na Idade Média «cada dia da semana tinha o seu anjo protector, e cada estação do ano, cada signo astrológico, cada hora do dia ou da noite, quer dizer, praticamente tudo quanto se fazia, pensava, escrevia ou via, estava sendo governado por um anjo próprio», dando duas tabelas dessas correspondências, algo tontas, tal como o arcanjo «Miguel ser de Mercúrio, Quarta-feira, amendoeira e a função de fazer sábio ou tonto». Conta as suas vivências de anjos, em visão ou em sonhos, e inclui ainda cartas de pessoas.
Podemos dizer contudo que ainda assim é uma obra média, bem acima da superficialidade e comercialice de tantos livros de Haziel, Doreen Virtue e companhia.
Também o Paraíso Perdido, do poeta inglês Milton, sem dúvida uma grande mente e defensora das liberdades mas não um clarividente e iluminado, é para ela quase uma Escritura sagrada, pese a excessiva materialização que faz dos anjos, bem como a invenção de vários anjos-demónios.
A autora surge crítica do acolhimento dos anjos pela religião católica e considera que «foi difícil para a Igreja aceitar os Anjos. O impulso que gerou o interesse por eles surgiu dos camponeses, teve as suas raízes no folclore», mas lembra (ou melhor pensa, algo mistificadoramente) que na Idade Média «cada dia da semana tinha o seu anjo protector, e cada estação do ano, cada signo astrológico, cada hora do dia ou da noite, quer dizer, praticamente tudo quanto se fazia, pensava, escrevia ou via, estava sendo governado por um anjo próprio», dando duas tabelas dessas correspondências, algo tontas, tal como o arcanjo «Miguel ser de Mercúrio, Quarta-feira, amendoeira e a função de fazer sábio ou tonto». Conta as suas vivências de anjos, em visão ou em sonhos, e inclui ainda cartas de pessoas.
Podemos dizer contudo que ainda assim é uma obra média, bem acima da superficialidade e comercialice de tantos livros de Haziel, Doreen Virtue e companhia.
Votos de orações, com persistência e profundidade, e boas contemplações!
Sem comentários:
Enviar um comentário