O que é que a Índia nos pode ensinar é o título dum texto de Carl Gustav Jung (1875-1961) escrito em 1939 em inglês e inserido na Psychology and the East, publicada pela Routledge & Kegan Paul em 1978 e a partir das Obras Reunidas de Jung.
Foi gravado em 28 de julho de 2024, nas comemorações do 149º aniversário do nascimento do notável psicólogo, psicanalista e alquimista do inconsciente, e como tem sempre a mesma imagem de fundo, pode ouvi-lo enquanto faz algo.
Um livro que deve ser bom... |
No texto Jung apresenta algumas das ideias ou conceitos que formulou em contacto com a Índia quando a visitou brevemente uns meses antes em 1938, onde deixa transmite algumas compreensões quanto à evolução das ideias religiosas na Índia, valorizando bastante Budha, um pioneiro revolucionário, afirmando o seu ensinamento de que «o ser humano iluminado é até o redentor e iluminador dos deuses (não a sua negação estúpida, como o iluminismo Ocidental fez)», e passando depois de certo modo a criticar estar a estudar-se muito (então) os textos filosóficos clássicos hindus da Índia e não tanto os ensinamentos budistas do cânone Pali, mais interessantes e desafiantes.
Em seguida lança a sua teoria mais original, mas que não está longe da que Rudolf Steiner alguns anos divulgara também, de que o indiano não pensa mas é pensado pelos seus pensamentos, de certo modo como os primitivos, ou seja recebe os seus pensamentos como resultados de um processo inconsciente. Talvez uma outra analogia explicite isto, segundo o meu sentir: as energias telúricas e do inconsciente e as celestiais do supraconsciente estão mais livres, activas, trabalhads e cultuadas na Índia e em qualquer
indiano.
Em seguida expende o juízo valorativo talvez mais misterioso, já que não o explicita, e que me apanhou de surpresa ao traduzir o texto, pois quase sempre estas gravações são o modo de eu me obrigar a ler um texto, gerando ainda efeitos benéficos para os outros que as possam ouvir.
Escreveu ele então assim: «o raciocínio primitivo é sobretudo uma função inconsciente, e ele percebe os seus resultados. Devemos esperar tal peculiaridade de uma civilização que tenha gozado de uma continuidade quase inquebrada desde tempos primitivos.// A nossa civilização ocidental de um nível primitivo foi subitamente interrompida pela invasão de uma psicologia e espiritualidade pertencendo a um muito mais elevado nível de civilização. O nosso caso não foi tão mal como o dos Negros ou os Polinésios, que se encontraram subitamente confrontados com a infinitamente mais levada civilização do homem branco, mas em essência era o mesmo. Nós fomos parados no meio de um ainda bárbaro politeísmo, que foi erradicado ou suprimido no decorrer dos séculos ainda não há muito tempo.»
Eis-nos com algumas afirmações algo fortes de Jung, uma das quais nos desafia: De quem era essa invasão de psicologia e espiritualidade bem mais elevadas? Será da Grécia e Roma, e ele então posicionou a mente ocidental como tendo a sua raiz ou centro na Europa central, na Germânia dita bárbara no seu politeísmo? Ou será a cosmovisão Cristã, também muito devedora da Grécia?
Jung, na sua casa e centro, com o busto de Homero... |
Boas compreensões e unificações e, se viajar à Índia, aproveite para aprofundar alguns destes aspectos aludidos pelo nosso amigo Carl Gustav Jung. Muita luz e amor divinos nele!
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