quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Sabedoria Persa (1). Pequena antologia em francês de fontes, traduzida e comentada por Pedro Teixeira da Mota.

Os livros em formato pequeno tem essa vantagem tremenda da mobilidade, de poderem facilmente sair de casa, da biblioteca, da estante, da mesinha de cabeceira e acompanharem-nos em viagens, deslocações, saídas, quase como um enchiridion erasmiano (já que Erasmo escreveu um, o Enchiridion militis christiani, na altura com imenso sucesso e eficácia), que é tanto um manual, levado na mão ou no bolso, como um punhal, que corta a ignorância adversária ou as trevas do vazio no tempo que nos cabe atravessar externamente.

                                          

Um livrinho destes, Sources de Sagesse Persane, dado à luz em Genève, por Weber, em 1974, numa mimosa edição, serviu tal fim e nele deixei escrito os diálogos que me brotaram da alma nesses  momentos aurorais de encontro com o pensamento e o ser que os emanaram ou formularam. E encontrando-o agora, não me lembrando sequer das circunstâncias em que o comentei, resolvi transcrever para oferecer assim à alma leitora esta luz sobre luz, já dupla ou mesmo tripla, pois ao transcrever o escrito, houve modificações e acrescentos, e quem sabe se ainda suscitará em si ainda melhores reflexões. Inclui ela textos de Firdausi, Hafiz, Omar Khayyam, Nisami e Saadi, entre outros, e os admiraremos em próximas partilhas.... Que gerem mais paz e saúde, sabedoria e amor em nós e em muitos....

«Há três tipos humanos que devemos valorizar e procurar: um ser sábio cujos actos correspondem ao seu saber, uma pessoa dinâmica cujo coração está sintonizado com os seus actos, e um irmão ou irmã sem defeitos.» Fozeil Ayaz.

                                           

Comentário:
Embora seja difícil encontrares sábios que em todos os seus actos testemunhem a sabedoria, por pequenas falhas facilmente atribuíveis às circunstâncias e condicionalismos humanos e históricos, ainda assim deves tentar sempre harmonizares-te e tornares a tua vida e a dos outros mais desperta, justa, sábia, amorosa, plena e mesmo mais 
divinizante.
Encontrarmos seres em cuja vida se vê ou sente sempre o acordo
entre o coração e os actos não é frequente, mas ainda assim cada um de nós deverá sentir, agir e ser com o coração, ou seja com a sua interioridade e amor, desenvolvendo uma harmonia plenificante a cada momento entre a mente ou pensamentos e intenções, o coração ou os sentimentos, e as acções e posturas, de modo a que estejamos a agir o mais possível em amor, e a amar com sabedoria.
Assim saberás diminuir os teus defeitos e os dos outros, já que há uma constante interpenetração dos seres e das suas emanações subtis e psíquicas entre si e na Alma Mundi que a todos unifica e assiste e que hoje alguns cientistas reconhecem sob a designação do Campo unificado de energia consciência informação, certamente pluridimensional e  ainda em investigação, e por tal nos desafiando a desenvolvermos mais o auto-conhecimento e a realização espiritual clarividente, amorosa ou compassiva, fraterna e na unidade da alma mundi, ou alma da criação, como lhe chamavam Wenceslau de Moraes e Armando Martins Janeira dois dos nossos melhores orientalistas.

2 comentários:

Maria de Fátima Silva disse...

Sábias reflexões... A busca individual permanente do estar e agir em harmonia com o coração. Muitas graças, querido amigo, pelas suas palavras que ajudam a desvendarmos a Sabedoria perene...

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças muitas, Fátima. A sabedoria persa ou iraniana é fabulosa, pois tiveram grandes místicos e sábios. Boas inspirações para o seu caminho espiritual e artístico!