domingo, 6 de fevereiro de 2022

Sri Ramakrishna e a Harmonia das Religiões (1ª p.). Palestra de Swami Siddheswarananda, traduzida e comentada por Pedro Teixeira da Mota, com vídeo.

Uma palestra de Swami Siddheswarananda, da Ordem de Ramakrishna, proferida em França, no centro de Gretz, em 1944, veio a ser publicada e, quando eu estive em França nos anos 80, com o sucessor de Swami Siddheswarananda, o simpático Swami Ritajananda, recebi-a dele num livrinho intitulado Sri Ramakrishna e a Harmonia das Religiões. Ao fim destes anos todos, e depois de ter estado seis meses em Calcuta no Ramakrishna Institute e de ter recentemente feito uma palestra sobre o encontro luso-nipónico e a Religião Universal, resolvi-o ler-traduzir e comentar. O livro em formato pequeno, um in-12º,  foi só lido e comentado nas sete páginas iniciais, das quarenta e quatro que tem, e poderá ouvi-las em seguida. Nelas o Swami Siddheswarananda  sobrevoa bem  a universalidade religiosa indiana, e os seus ensinamentos no plano individual e colectivo. 

Seguem-se no livrinho algumas considerações sobre o cristianismo, mencionando até os missionários jesuítas que no tempo dos portugueses receberam influências indianas, tal o P. Roberto da Nobili. Depois Swami Siddheswarananda  discerne bem como as influências greco-romanos predispunham a Europa para aceitar a cristianização, mas «quando o cristianismo veio, no seu zelo, bater à porta dos "gentios" [os indianos], ele deveria apresentar Jesus como uma Incarnação [Avatar] divina, e falar da sua presença no meio dos homens, guardando-se de impor ao mesmo tempo concepções judaicas. A esta linguagem, todos seriam sensíveis pois, se os místicos católicos vivenciaram esta Presença bem-aventurada, os hindus que não eram baptizados, também beneficiaram do mesmo favor.»
Depois desta crítica forte à judaização do Cristianismo que tanto
mal fez à mensagem de Jesus, o Antigo Testamento, com o seu Jehova violento, inquinando bastante o Novo Testamento, com o seu Pai de Amor,  Swami Siddheswarananda faz também um ataque muito forte ao exclusivismo e logo facilmente fanatismo do Islão, escrevendo por exemplo, que ao contrário dos cristãos e sobretudo dos hindus «para adorar Deus, o Islão toma uma atitude intolerante; não transige com os seus princípios teológicos; recusa-se a fazer a mais pequena concessão». Mas, depois de  dar mais provas disso, concluirá pedindo «para não julgarmos o valor do Islão segundo as suas conquistas e as suas conversões! A religião muçulmana produziu místicos comparáveis aos das outras religiões; as tradições do Islão, tal como as das outras religiões, permitiram aos humanos atingir as alturas da Consciência divina, de imergir a sua alma em Deus, e de saborear a serenidade e a felicidade que não passam!» 

No livrinho vêm em seguida algumas páginas consagradas às vivências espirituais ecuménicas ou universais de sri Ramakrishna, bem instrutivas, e que leremos numa próxima gravação. Oiça então esta primeira parte, que tem um bom resumo da tradição indiana, por um monge sábio de Kerala, Swami Siddheswarananda (1897-1957), o fundador do 1º centro vedântico em França.

                     

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