Alfredo Keil do Amaral (1850-1907) foi um notável pintor tanto romântico como naturalista, dotado de interesses científicos e compondo operas. Um génio que infelizmente poucos anos ficou na Terra, deixando contudo ainda assim descendência familiar ilustre e bastantes pinturas e desenhos, ilustrações de livros, óperas (Donna Bianca, Serrana) e a música da Portuguesa, pois indignado, tal como Antero de Quental e muitos outros intelectuais e operários, com o Ultimatum do imperialismo inglês em 1891, imortalizou musicalmente a letra que o oficial da armada e escritor Henrique Lopes Mendonça escreveu nesse ímpeto de luta contra as armas e os canhões do opressor. Com o advento da República, a que ele já não assistiu, a música viria a tornar-se o Hino Nacional.
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Alfredo Keil do Amaral pintando.. |
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Filho de um alfaiate alemão emigrado, que tendo tanto jeito se tornara o alfaiate real em Portugal e o modelador das modas e roupas de melhor qualidade da época, recebeu bastante apoio do pai seja para os estudos de pintura no estrangeiro, com Kaulbach e von Kreling, seja para os muitos instrumentos musicais e científicos coleccionados e que hoje enriquecem o museu em Viseu dedicado à vida e obra de doze membros da família Keil do Amaral, e do qual várias peças vieram para a exposição.
Em boa hora o responsável da S. Roque - Antiguidades e Galeria de Arte, Mário Roque, bem coadjuvado, entendeu organizar uma exposição, a realizar-se em Sintra mas que, devido aos receios e fraquezas da edilidade, acabou por vir a concretizar-se mesmo num dos corações de Lisboa, o dos antiquários, à rua de São Bento e na própria galeria da S. Roque, que nos seus dois andares conseguiu receber e expor muito bem não só vários óleos, como também desenhos e ainda fotografias, instrumentos, cadernos, blocos de notas e desenhos, dando ainda à luz um sóbrio mas valioso catálogo. |
A criança colhendo frutos do gigante
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"Rio Tejo em Abrantes", numa tarde de Primavera estuante de luz e de algria..
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Algumas fotografias tiradas por mim sem grande qualidade servem apenas para partilhar um pouco da riqueza intimista e naturalista profunda que a maior parte da obra de Alfredo Keil exuda, tingindo-nos dos sentimentos profundos que as paisagens, árvores, nuvens, rios e mares ecoaram ou despertaram nele; e neste conjunto de obras expostas, o ser humano surge mais com um pequeno elo da grande Natureza e da sua anima mundi que a tudo e todos penetra e unifica, e que certamente Alfredo Keil do Amaral tanto sentiu e excelente e perenemente plasmou e partilhou. |
"Na última pedra". Praia das Maçãs, 1895. Orando pelo peixe face ao Oceano.
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"Pinheiro"s ardentes de polén e seiva abraçam-se... |
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"Marinha". Um belíssimo derramamento da Luz, quase divina...
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"Paisagem ao entardecer", o Sol deixa a terra e o céu a arder
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"Nuvens", muito presentes na sua obra, certamente sentindo-as e amando-as...
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Série de 3 desenhos de árvores nuas, silenciosas e quedas, pintadas nas florestas da Baviera, 1868 |
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Dos conúbios misteriosos e sagrados entre as árvores e as pedras e penedos.....
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Cena serrana na zona do Zêzere... A alma humana enriquece-nos e enternece-nos na Natureza... |
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