Esta quadra de Omar Khayym será em geral interpretada no sentido da ilusão e evanescência do mundo e dos seres, podendo despertar várias associações na cultural anima mundi nossa, tal como uma primeira, a da famosa roda da Vida, ou roda do Destino, ou como Omar Khayyam lhe chama ainda a Roda dos Céus, que gira, gira e ora nos faz descer em desgraças e dificuldades ou elevar em ganhos e realizações.
Ou ainda à Deusa Fortuna, que rola sobre a esfera do mundo ao sopro dos ventos, ora bafejando-nos nos momentos de êxito ora abandonando-nos numa tempestade e naufrágio. Contudo, a imagem que nos brota logo directamente é da lanterna mágica, a antiga predecessora da maquina de projectar filmes: O Sol, ou a Fonte de Vida emana raios luminoso para o écran do mundo ou, noutra imagem, para as paredes da sua esfera roladora, e nós somos apenas evanescentes imagens ou sombras que aí passam, sofrem, amam e desaparecem.
É semelhante a uma lanterna mágica.
O Sol é a lâmpada, o mundo o écran,
Nós somos as imagens que passam.»
Comentário:
Todavia, na realidade por outras quadras de Omar Khayyam vemos que ele sentiu que era no amor e no vinho material, afectivo ou espiritual que estava a chave que rodava a porta do coração, o "abre-te sésamo" bem pronunciado, e que nos faz comungar com a Unidade da vida divina ou, se quisermos e conseguirmos, mesmo com a Divindade íntima...
Poderemos então pensar que nesta quadra Omar Khayyam, dando conta do misteriosa origem e destino dos seres nos alerta para não sermos meras sombras evanescentes, mas que saibamos assumir a nossa vontade e livre arbítrio e conscientemente religar-nos tanto à nossa essência ou espírito que perdura e é eterna, como à Divindade, o Sol do Amor primordial, e logo agirmos na roda da vida como actores-autores responsáveis, despertos, lúcidos, amorosos e clarividentes.
É em outras «ruba'i»s que encontramos mais fundamentação para esta última hermenêutica espiritual transmitida, e esperamos apresentá-las e comentá-las brevemente.
Sem comentários:
Enviar um comentário