Eis-nos na sétima frase ou poema da Sabedoria Persa, esta anónima, recomendando-nos a sábia paciência de deixarmos certas palavras emotivas ou ardentes serem pronunciadas só depois de terem amadurecido e do nosso ser de algum modo ter ardido com elas. Um dito muito rico quanto a leituras possíveis, e que na antologia Sources de Sagesse Persane vem acompanhado de uma bela miniatura persa da colecção Kofler-Truniger, em Lucerne.
Deixa-a arder.»
Comentário: As palavras são por vezes sentidas em nós como entidades ígneas, fortes, e de quando em quando receamos transpô-las para a palavra falada ou mesmo para a escrita.
Sabermos senti-las, sopesá-las, saudá-las antes de sabermos o destino que lhes vamos dar é importante, embora frequentemente as pessoas, impacientemente, não consigam mantê-las no seu interior o tempo suficiente para as envolver de mais valiosas energias e intencionalidades.
É no fundo a questão da palavra justa, mágica, que bem pronunciada tem efeitos seja de invocação seja até de evocação do que foi nomeado. Daí que as palavras-nomes que se atribuíram aos Deuses foram tão dedilhadas, mantrizadas, cantadas, oradas.
Por vezes penso quando estou a repetir uma palavra sagrada, quantas pessoas o estarão a fazer nesse momento, ou quem foi aquele ser que as pronunciou mais vezes, ou quem melhor a conseguiu assimilar e
ser um com ela.
Saibamos então escolher e cultuar alguns nomes ou palavras, com tal consciência e concentração que saibamos até inflamá-los antes de os pronunciarmos, pois por tais modos enriquecemos o pecúlio do nosso saber de cor, que segue no coração e ser subtil nosso, pela eternidade a dentro.
Neste sentido houve as tabuinhas com orações e nomes para intensificar a consciência no caminho do além, ou para invocar os protectores e guias celestiais, que os devotos ou iniciados egípcios, persas, gregos e romanos levavam ou sabiam de cor.
Certamente que este dito da sabedoria persa, como acontece sempre, é pluridimensional e, logo, podemos fazer outra hermenêutica mas catártica: Se no teu coração ou interior houver vozes, gritos, orações ou apelos exprime-os, ora em silêncio, ora com a voz. Para que, desbloqueada a tensão, o rio do Amor divino flua por ti e pela unidade dos seres e do mundo, e para que possas depois no silêncio ouvires as respostas do Universo, ou do teu próprio espírito...
2 comentários:
Pedro, que bonito e que belíssimo ensinamento! Vou praticar de forma mais consciente, agora com os comentários e explicações que o Pedro fez...muitas graças carissimi amicum!
Graças, Fátima. Que as palavras ou Nomes Divinos brotem e ardam dentro de si.
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