domingo, 30 de janeiro de 2022

"Relembrando os que já morreram", oração de Bô Yin Râ para melhor apoiarmos os que partem. Com 2 pinturas suas.

      A Arte de bem morrer é dedilhada nesta oração por Bô Yin Râ sugerindo-nos de a pronunciarmos ou meditarmos em intenção dos que já partiram da Terra, para que despertem e avancem luminosamente nos seus corpos espirituais e não fiquem presos a fascínios ou grilhetas terrenas, antes acolhendo as ajudas que os mestres espirituais derramam fortalecendo-os e encaminhando-os, na Luz, para os mundos espirituais. É a última desta série de orações,  intitulado, So Sollt Ihr Beten, Como Deveis Orar e que espero um dia destes editar no livro A Oração, Das Gebet, em que as incluiu e que tenho traduzido. Saibamos então orar melhor e mais de coração e sentidamente para os familiares e amigos já partidos...

                   RELEMBRANDO OS QUE JÁ MORRERAM

Vós,
Vós que
Soltos do corpo terreno
Apenas o vosso corpo anímico
Vivenciais, -
Próximos ainda 
Do terrestre,
Contudo 
Levados da Terra, -
A vós
Guie o Amor,
Que plenifica de Luz!

Que o Amor
Desprenda
Do fascínio terrestre!
Que a confiança luminosa
Vos ensine a segurar
As mãos prestáveis
Próximas da Terra
Dos sublimes auxiliadores, -
Seres sagrados de Amor!

Que a limitação terrena
Seja ultrapassada!
A ilusão 
 Seja esquecida!
A vontade desperta!
Liberto
De toda a responsabilidade,
Livre
De todas as grilhetas,
Segui
Em alegre
E sábia orientação
Os Guias plenos de Luz!
Para que vos
Desvendem
Luz perene.

                                                          

 DER ENTSCHLAFENEN GEDENKEND

Euch,
Die ihr
Erdenleibes ledig,
Nun Seelenleibhaft euch
Erlebet, -
Nahe noch
Irdischem,
Dennoch
Erdentrückt, -
Euch
Leite Liebe
Lichter Leitung zu!

Liebe
Löse
Irdischen Bann!
Lichtes Vertrauen
Lehre euch fassen
Hilfreiche Hände
Erdnah verharrender
Hoher Helfer, -
Heiliger Liebender!

 Erdhafte Hemmung
Bleibe zurück!
Wahn
Werde vergessen!
Wille werde wach!

 Enthaftet
Aller Haftung,
Frei
Aller Fesselung,
Folget
In Freude
Weiser Führung
Leuchtender Führer!
Daß bald euch
Erleuchte
Ewiges Licht!



sábado, 29 de janeiro de 2022

"Na Doença e na Dor", "In Krankheit und Schmerzen", oração e pinturas de Bô Yin Râ. Texto bilingue.

Mais uma oração simples mas valiosa  oferecida ou sugerida por Bô Yin Râ para a nossa meditação e prece: a de que os sofrimentos pelos quais passamos na vida deverão aumentar o nosso desprendimento da Terra, e isto com o nosso ser psico.somático o mais unificado possível com o espírito imortal que somos na essência, o Jivatman, para avançarmos para os planos espirituais.

NA DOENÇA E NA DOR...
 
«De bom grado,
Quero eu 
Aceitar sobre mim
O que a minha vontade
Não mais 
Evita,-
Mesmo quando isso,
O que a mim 
Me fere,
Os meus dias terrenos
Termina.

Tudo
O que eu quero
E espero,
É,
Que este tormento terreno
Que eu com paciência
Suporto
Me deixe ainda com tantas forças,
Que eu possa
Claramente realizar:-
Como todo o sofrimento,
Apenas me liberta
Da dependência terrena.»
 

IN KRANKHEIT UND SCHMERZEN

Willig
Will ich
Auf mich nehmen,
Was mein Wille
Nicht mehr
Wendet, –
Auch wenn das,
Was mich
Verwundet,
Meine Erdentage
Endet!

Alles
Was ich will
Und hoffe,
Ist,
Daß diese Erdenplage
Die ich mit Geduld
Ertrage,
Mir noch soviel Kraft belasse,
Daß ich stets
In Klarheit fasse: –
Wie alles Leid
Mich nur befreit
Aus Erdenhörigkeit.

Oração para a Certeza interior, "Um innere Gewissheit", de Bô Yin Râ. Texto bilingue. Iconografia, três obras suas.

Nestes tempos de tanta informação e contra-informação, de tanto egoísmo insensível dos mais ricos ou poderosos, há que procurar estabelecer fundações firmes à nossa alma espiritual, robustecendo-a pelas aberturas e ligações superiores tanto aos mestres, santas e santos, anjos e arcanjos, como à Divindade. É um exercício de fé, de acreditar e de querer que se torna depois uma vivência, uma gnose, originando uma estação da alma mais firme e luminosa, quaisquer que sejam as adversidades que tenhamos de abraçar e vencer, em sabedoria e amor. Neste sentido fluem as orações que o mestre Bô Yin Râ  partilha e eu imperfeitamente traduzo, nesta oração, bela e forte, realçando bem a importância da aspiração a sairmos das dúvidas e sermos abençoados pelos mestres, ou obtermos a certeza em que eles estão...

                                          

   PARA A CERTEZA INTERIOR

« Ainda é
a minha fé,
Como um canavial ao vento,
Sempre a balançar..
Ora direito,
Ora tombado...

 Ora consigo,
 Acreditar
 Como uma criança, -
Ora tudo me
É removido de novo.

Aspirando
Procuro eu
 Terreno seguro,
Duradouro
Como uma fraga
 Onde permanecer...
Tenho a mente  cansada,
O coração ferido,-
Assim não posso
Avançar...

Vós,
Vós que
 Viveis na certeza!
Ajudai-me
A sair deste tormento!
Dai à minha Fé
Firmeza de fundação!
Guiai-me,
Mestre,
Com mão firme
À vossa
Certeza.» 


                                 UM INNERE GEWISSHEIT

«Noch ist mein Glaube,
Wie Röhricht im Winde,
Immerfort schwankend…
Bald aufgerichtet,
Bald niedergedrückt...

Bald kann ich
Glauben,
Gleich einem Kinde, –
Bald ist mir alles
Wieder entrückt.

Sehnend
Suche ich
Sicheren Grund,
Um fest
Wie ein Fels
Zu stehen…
Bin Denkensmüde
Bin Herzenswund, –
So kann es nicht
Weitergehen!

Ihr,
Die Ihr
In Gewißheit lebt!
Helft mir
Aus solcher Pein!

Gebt meinem Glauben
Festen Stand!
Führet mich,
Führer,
An fester Hand
In Eure
Gewißheit ein!»

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Poesia e prosa espiritual. Amor humano e divino. A Divindade. 20-10-20 e 28-01-22.

«Ó tu, que atravessas o Oceano
e vens suavizar as terras e alma,
e que na tua voz e coração
trazes as doçuras da paz e do amor,
serei eu digno da tua bênção?

Terei de atravessar o mar das ilusões,
das amizades e actividades
que se oponham à tua plena vitória,
na minha alma, como aquela que é.

Quanto da tua alma complementará a minha?
Que maravilhas descobriremos nos diálogos
em que de mãos dadas faremos circular
a essência divina do ser, saber e amar?

Quantos anos de nossas vidas se passaram,
Quanto não temos nós para aprofundar?
Quereria que nossas almas no Divino se vissem
E com os sábios e os mestres comungassem.

Tua imensa delicadeza, pureza e sensibilidade
conseguirá inundar meu ser da tua ternura
e tornar-me um cavaleiro firme com a sua dona
peregrinando nos Caminhos das Estrela?

Quanto conseguiremos gerar os dois?
Que intensificações valiosas realizaremos?
Que descobertas conseguiremos clarificar,
nossas almas elevando-se ao espírito e à verdade?

(….) se chama esta discreta musa
e sábia discípula que me vem desafiar,
a dar a mão e avançar no caminho do coração. 


Texto de 27-28.1.2022:
Sobre o Amor direi que cada ser está na sua estação do Amor, embora poucas pessoas se apercebam de tal ardência por barómetro interior e antes sintam no Inverno mais o frio à noite nas pernas que na alma e no sorriso o calor ou não do amor.
Cada ser tem mais ou menos acesso ao Amor em si, no coração, na mente, na aura, nas mãos, no corpo e no espírito e tal intensifica-se pela nossa auto-consciencialização e meditação, e tanto no trabalho, no esforço, como no fluir ou dialogar harmonizador. E, logo, partilha-se, comunga-se, irrradia-se.
O Amor implica sempre um relação, seja de nós com Deus, com o mundo espiritual, com outra pessoa, ou com os seres e coisas  que nos rodeiam. Ou mesmo apenas com o Amor e a sua chama em si e em nós.Mas simultaneamente, conseguirmos estar o mais possível no amor adequado a cada ser e momento é a magna arte, a grande Obra
Quando dois seres se encontram e comunicam, certas energias intensificam-se, circulam e transmitem-se, provocando transformações psico-mórficas, por vezes até bem teofânicas, e como cada ser tem ressonâncias ou afinidades maiores com esta ou aquela alma, deve aproveitar muito bem tais momentos ou conversas para se elevarem verdadeiramente, nos mais diversos assuntos, aspectos e realidades possíveis. É a actualização do dito: Luz sobre Luz....
Estando-se só, ainda com a possibilidades de se encontrar ou surgir a pessoa bem afim, o  mais importante é certamente a comunhão com o espírito interior, os mestres e  anjos, a Divindade, para além de a todo o momento o estado de amor e harmonia em que vivemos, trabalhamos, estamos, partilhamos, dialogamos...
Divindade? Sim, a Divindade é a entidade e fonte primordial que a todos nos emanou e que no coração do Sol espiritual original em que se auto-manifestou nos aguarda, enquanto centelhas ardentes em amor a Ela aspirando e um dia retornando...
Deus, Deusa, Divindade...

                                   

"Para dissolver dúvidas". Uma oração por Bô Yin Râ. Texto bilingue, com pinturas suas.


Para sair do duvidar.

«Pressionado fortemente
Por  dúvidas tenaz,
Pai,
Eu clamo por Ti!
Envia-me rapidamente,
Pelos teus mensageiros,
A tua elevada ajuda. 

Dá ao coração
perturbado
Graça! –
Luz na primordial Luz,
Orienta para
A luz
Da tua plenitude gloriosa,
A mim no meu
Caminho terrestre!

Que claramente
Veja o certo,
E aprenda a separar a falso do verdadeiro,
E não
mais 
Me afaste,
Nem
Por caminhos errados vá!
 

Um Lösung aus Zweifelsuch

«Hart bedrängt
Durch zähen Zweifel,
Vater,
Rufe ich zu Dir!
Sende bald
Durch Deine Boten
Deine hohe Hilfe mir!

Gib verstörtem Herzen
Gnade! –
Licht im Urlicht,
Leite Du
Licht
Aus Deines Leuchtens Fülle
Mir auf meine
Erdenpfade!

Daß ich klar
Das Rechte sehe,
Trug von Wahrheit scheiden lerne,
Mich nicht weiter noch
Entferne,
Und nicht
Irre Wege gehe!»
 
Mais uma pequena oração de Bô Yin Râ, na qual nos ensina a pedir (e depois a meditar...) pela Luz que os Mestres e a Divindade nos possam fazer chegar, para assim libertar-nos de dúvidas e receios e logo discernirmos bem os  actos e caminhos mais adequados à melhor estação e evolução espiritual possível... Aum...
 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Poesia Espiritual: " Escrever-te". Diário de 15 de Janeiro de 2020.

 
Escrever-te,
para ti, fonte de Felicidade em mim,
não pode ser para ninguém que não ti.

Segredaria palavras cheias de amor
para modelar teu corpo subtil
em configurações receptivas ao esplendor.
Sem alma externa destinatária 
poetizo e mantrizo para ti,
Espírito divino que estás em mim.

Avança a noite e o mês de Janeiro
e a minha alma é mesmo escudeiro
de uma aspiração tão intensa
como a do rio que desce a montanha
e o imenso Oceano busca.

O tempo vai avançando e nós navegando,
já mais perto do grande porto
onde devemos abandonar o corpo
e tornar-nos o que fomos aspirando.

Este apelo ardente de Deus no peito,
estes olhos semi-cerrados ao Divino apontados
esta alma minha suspirando pelo centro,
pelo fogo do Amor que brota de dentro

Quem poderia incluir aqui, de humano ser?
Que alma gostaria eu de poder contar e amar?
Sem nomes, sem seres,
não cantarei o não-ser
mas antes clamarei por mais ser.
 

Oração para crer correctamente, por Bô Yin Râ, traduzida por Pedro Teixeira da Mota.


Uma oração pelo Crer verdadeiro, por Bô Yin Râ, para nos inspirar, no Caminho árduo do Espírito e de Deus, a desabrocharmos a Fé divina, a crermos mesmo, e a voltarmos à Luz donde viemos e a que intimamente tanto aspiramos...

Para Crer Correctamente

«Pai de todos,
Que em vós creem!
Que sois vós,
Porque
Credes em vós! –
Vós que
Crendo
Emanais a Vida
Tal como vós
Crendo,
A vós próprio vos gerais,
Vós próprio
  Que Luz
E Vida sois!

Despertai o crer
Também em mim,
De modo a que eu
Verdadeiramente aprenda a crer, –
A acreditar,
Como vós!

Suprema Luz,
Convence-me
De vós!
Gerai Vida, –
Gerai-me
Em mim!
Deixai-me
Pelo crer
Aceder a vós!
Para que não,
Me torne vítima,
 Envolto pela escuridão,
Da minha falta de fé!»

   
Um Rechten Glauben
 
«Vater aller,
Die Dich glauben!
Der Du bist,
Da Du
Dich glaubst! –
Der Du

Glaubend
Leben zeugest
Wie Du
Glaubend,
Selbst Dich zeugend,
Selbst Dir
Licht
Und Leben bist!

Erwecke Glauben
Auch in mir,
So, daß ich
Wahrhaft glauben lerne, –
Glauben,
Gleich Dir!

Überlichte,
Uber-zeuge mich
Aus Dir!
Zeuge Leben, –
Zeuge mich
In mir!

Lass’ mich
Glaubend
Dich erlangen!
Daß ich nicht,
Von Nacht umfangen,
Beute werde
Meiner Glaubensnot!»

                                    

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

"Pela Sabedoria", "Um Weisheit", uma oração de Bô Yin Râ, traduzida por Pedro Teixeira da Mota, e com três pinturas suas.

Mais uma oração de Bô Yin Râ, que é simultaneamente um ensinamento e um apelo, para conseguirmos escapar às ilusórias aparências ou ao fantasmagórico vazio ou nada, e entrar no reino da Luz verdadeira e amorosa, e para que os mestres e seres celestiais  nos possam inspirar ou apontar os caminhos, subtilmente. 
Como qualquer tradução do alemão em português esta poderia ter outras palavras e até sentidos, mas esforçamo-nos em sucessivas vezes. Oremos para que, quando a meditarmos ou orarmos, o melhor ou mais apropriado se ilumine na nossa alma em aspiração e no caminho da Luz e do Amor divinos...

                                       
 
     PELA SABEDORIA
 
«Não me deixeis
No Nada
Afundar!
Nem
Nas aparências
Afogar!

Para que a mim
O pensamento
Não me aprisione,-
Para eu
Verdadeiramente
A Sabedoria
Alcançar, -
Tenho eu
De pedir
Ajuda,
Sábios Conhecedores,
A vós!
Vós
Só que
Conheceis os meus caminhos
Para sair
Do erro

E da confusão.


Desvendai
Sábios compassivos
A Luz
Plena de Amor!

Deixai-me
Conhecer
O verdadeiro Ser
A autêntica
Realidade!

Da ilusão
E aparência
Conduzi-me,
O vós irradiantes da luz,
À eterna verdadeira
Sabedoria!» 
 

                                                                UM WEISHEIT

«Laßt mich nicht
Im Nichts
Versinken!
Nicht
Im Schein
Ertrinken!

Soll mich nicht
Gedanke
Binden, -
Soll ich
Wahrhaft
Weisheit
Finden, -
Muß ich
Hilfe
Mir erbitten,
Weise Wissende,
Bei Euch!
Die Ihr
Allein
Mir Wege wißt
Aus Irrung
Und Verwirrung.

Weist
Wissend Liebende
Liebreich
Licht!

Laßt mich
Erkennen
Wahres Wesen
Wahrhaftiger
Wirklichkeit!

Aus Trug
Und Schein
Führt mich,
Ihr Leuchtenden,
In ewig wahre
Weisheit ein!»
 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

"Para resultar bem", uma oração de Bô Yin Râ. Tradução, tentativa, de Pedro Teixeira da Mota...

Uma pintura de Bô Yin Râ bem apropriada para a contemplação e interiorização!
 
Mais uma tradução difícil de uma oração partilhada por Bô Yin Râ, na qual a convergência das bênçãos inspiradoras dos mestres com o nosso esforço e amor, deve atrair e encaminhar as coisas e forças anímicas propícias e adequadas à realização espiritual e divina. 
 
                                         
                      Para Resultar Bem.  (Um Gutes Gelingen).
 
«Criadores,
Construtores,
Conhecedores da Obra,
Mestres!
 Indicai-me,
O modo certo,
De eu, 
Agindo,
A obra

Concluir!

 Vós,
Que medida
E número
Conheceis, -
O mais íntimo
Por nome chamais, -
Dai compreensão,
Força
E também paciência!
Dotai-me
De elevada graça!



Que nada me
Falhe!
Que todas as coisas
À obra
Propícias,
Sob a minha mão
Se queiram aperfeiçoar
E a Obra
     Elevar!---»

sábado, 22 de janeiro de 2022

Seja criativo no fomento das indústrias nacionais em tempos de crise: Das ervas em tições ou bastões e suas defumações purificadoras.

                                                                  

Nestes tempos de cada vez maior dependência de uns quantos grupos e empresas multinacionais que tomaram demasiado conta do mercado mundial, e quase tudo controlam graças aos meios de informação manipuladores arregimentados, nada como regressarmos ao fomento das indústrias manuais e nacionais, preparando com os frutos naturais da nossa terra, de preferência biológicos, os mantimentos e preparados para a batalha por uma agricultura e alimentação equilibrada, saúde e alegria, sabedoria e amor, fraternidade e liberdade, discernimento e paz. 

Ervas e mezinhas, incensos, sabonetes e poções, compotas sem açúcar nem edulcorantes, manteigas de amêndoa, noz, sésamo, castanha, avelã, alfarroba, azeitona, e muito mais, se poderá fazer e não tanto do estrangeiro depender. Aprendamos e realizemos...


"Alecrim aos molhos, alegria nos teus olhos", alfazema, tomilho, rosmaninho, orégãos, poejo e pétalas de rosa, eis ingredientes, sós ou misturados, para os tições ou bastões purificadores dos ambientes e das auras, ou ainda, e como dizem na Índia,  da shakti em nós, e cantando ou orando, embora tenhamos também as nossas jaculatórias, lengalengas e rame-rame, ousemos prepará-los e queimá-los, por exemplo, a dizer e purificar com o Om shuddha shakti om, viva a energia divina pura em nós e no universo....

  E seguem-se mais algumas imagens dos ditos concentrados de ervas, ramos, folhas, flores, raízes, intenções e preces-mantras, para melhorarmos as emanações subtis nossas, de Portugal e do mundo, tão explorado e oprimido por tantos poderes sombrios e tantos conflitos violentos. Seja pois Pax, Shanti, Paz, Paz uma das intenções mantrizadas e defumadas....

Boas recolhas na Natureza e seus elementais ou espiritozinhos, e boas defumações purificadoras, das auras e ares, com os anjos e nos lares, ou mesmo os Arcanjos e seus pares, como fiéis cavaleiros e cavaleiras do Amor que somos e não devemos esquecer mas antes diária e criativamente manifestar!

        Agradeço a Raquel Raquelle, que me ofereceu já há uns anos um 1º entrelaçado a linha, tal como estes....      Lutemos pela indústria doméstica purificadora e inspiradora... Pax, Lux, Amor! Persevere na purificação de sua alma, da sua casa ou ambiente e do astral da terra. Aum, Amen, Hu!

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Depois de salvo de um perigo. Oração de Bô Yin Râ. Apresentada e traduzida por Pedro Teixeira da Mota.

Nesta pequenina oração, mas tão bela e funda, Bô Yin Râ encaminha-nos para a valorização da luta pela nossa melhoria ética e espiritual e para sentirmos gratidão pelos  que nos ajudam a vencer perigos e forças inimigas: os mestres e espíritos celestiais que connosco erguem no íntimo o Templo Divino na Terra.


Depois de ser salvo de um perigo.

«Pais na Luz, –
Santos Ajudantes, –
Auxiliares próximos
De todos
Os que lutam pela libertação!
Ardentemente –
Com os corações a tremer–
Graças
Vos sejam dadas.

Da noite ameaçadora, –
Para a Luz desperto , -
Salvo da necessidade,
Arrancado do perigo,
Liberto das cadeias
Do poder inimigo, –
Seja agora a minha vida
E
ntregue a vós !

À vossa guarda
Seja confiado,
O que vós
Em mim
Do meu esforço
 Construíste
s agora!

Deixai a gratidão
Tornar-se um Templo
Em todo o meu devir
Na Terra!»

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Oração poema aos Anjos, ouvindo de Francesco d'Orso, Rêve d'un Ange, Op. 47, para piano, tocada por Phillip Sear.

Entre as partituras contidas numa pequena miscelânea do começo do séc. XX, encadernada em tela violeta, destaca-se uma  intitulada Rêve d'un Ange, nocturne pour piano, de Francesco d'Orso, acompanhada de uma apropriada ilustração ascensional na capa. Pensei que seria possível estar gravada no Youtube e assim a encontrei, tendo sido escrita em 1894. Começando a ouvi-la, leve e alegre, tendo um bloco de notas ao lado, resolvi escrever um pequeno poema, o que realizei exactamente nos dois minutos e pouco da música.

                                                            
Como frequentemente estamos distraídos dos Anjos, qualquer momento em que os possamos sintonizar, e com eles o mundo espiritual e divino, é bom, harmoniza-nos, subtiliza os nossos seentidos e assim segue a partilha da música e da oração, invocadores dos Anjos e Arcanjos, estes subtis seres que, com os santos e santas e mestres, nos inspiram à estrela do espírito, ao bem, à compaixão, ao amor, à Divindade...
 
  Anjos, vós a nós sobrevoando
E nós tão distraídos andando.
Que bom chamar e lembrar-vos:
- Anjos, vinde a nós, aqui e agora!
 
Anjos de voos rápidos,
Estabilizai-nos no coração,
Na esperança e na confiança,
Abertos à vossa inspiração.
 
Anjo pressentido, Anjo musical,
Entra mais na nossa alma,
E que estes momentos musicais
Se repitam e frutifiquem para todos.
 
Demos graças à Divindade, Anjos!
Que o nosso coração vos acolha mais!
Que vos consigamos sentir e ouvir
No nosso ser interior zumbir e sorrir!

Anote-se que a miscelânea, encadernada com umas iniciais artísticas a um canto, talvez A. C., contêm outras composições para piano editadas no princípio do séc. XX em Portugal por Neuparth & Carneiro (ou importadas por Lambertini, amigo do meu bisavô materno Higino da Costa Paulino, artista e pianista, e pela casa Sueca, de Adolphe Engestrom,) tais: Saudades, por Aníbal Moutinho, a Historiette, Naiveté musicale, dedicada à Mademoiselle Alice Pereira, por Henry Ravina, as Clochettes Argentines, por Paul Wachs, Les Papilons, por Henry Van Gael, o Fado sem Esperança, de Nuno Santos e o Fado dos Tristes Amores, com versos de Ribeiro de Carvalho e música de Amadeu Raul Dias Taborda. 
E talvez um bom melómano saiba discernir algo da personalidade da pessoa (ou do seu professor) que gerou esta miscelânea, certamente para aprender piano, e que já com um século ainda nos encanta... Boas audições e orações, sintonizações e comunhões com os Anjos, os Grandes Seres, a Divindade, o Amor...

                     

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Vivekananda, o discípulo querido de Ramakrishna. A sua vida e missão. No seu dia de anos 12 de Janeiro

Valiosa palestra proferida na Rússia em 1981 pelo meu mestre Swami Ranganathananda.

Foi em 1863, a 12 de Janeiro, que nasceu, em Calcutta, Narendranath Dutta,  dum  pai céptico mas leitor do grande poeta e místico persa Hafiz e dos Evangelhos, enquanto poesia, e de uma mãe de quem valorizava o domínio sobre si própria, a piedade e o carácter elevado, numa família kayastha, tradicionalmente ligada à escrita e à administração pública. Levou a sua aprendizagem  até ao bacharelato em Artes na Universidade de Calcutá, destacando-se nos estudos filosóficos e na memória retentiva poderosa.
Será no final de 1881, já depois de ter participado, e até como
cantor (e por isso no fim deste artigo encontra uma pequena canção dele, moderna, em vídeo),  no movimento bengali religioso monoteísta do Brahmo Samajde Ram Mohan Roy, Dwarkanath Tagore e Keshab Sen, que foi aconselhado a visitar, com outros estudantes,  Sri Ramakrishna, como um exemplo dum mestre vivo. Mas ao princípio ficou renitente em aceitá-lo como mestre, pois este quando o ouviu cantar entrou em extâse e, depois, levando-o para  a varanda da casa, confessou-lhe ser ele o discípulo que há tanto tempo esperava, e cultuou nele, com a saudação típica indiana, a divindade Narayana. Já na sala com os outros devotos, Narendra perguntou-lhe se ele já vira Deus, respondendo-lhe Ramakrishna que sim, e que quem verdadeiramente aspirasse a Deus, e chorasse até, O poderia ver. Anote-se que a capacidade visionária de Sri Ramakrishna era invulgarmente poderosa  e tem sido assunto de muitos estudos e livros, nomeadamente na obra de Swami Yogeshananda, The Visions of Sri Rmakrishna, onde são relatadas cronologicamente.

Romain Rolland, na sua famosa La Vie de Ramakrishna, p. 229, que leio num exemplar que tem notas de posse e de leitura do meu irmão Carlos ( e muita luz e amor na sua alma, pois já partiu para o outro mundo), descreve assim a intuição do mestre: 

                                   

«No cenáculo dos seus discípulos indianos, em que todos se distinguiram mais tarde pela fé e pelas obras, houve um, excepcional, em relação ao qual a sua atitude foi, também, excepção: pois, ao primeiro olhar, elegeu-o, enquanto que o jovem homem ignorava-se  ainda para o que ele fosse: um chefe espiritual de humanidade: - Narendranath Dutt - Vivekananda.
O Paramahamsa [Ramakrishna], com o seu génio de intuição das almas, que via num só batimento do coração delas desenrolar-se toda a maré do seu futuro, pensava que ante mesmo de reencontrar o grande discípulo na vida, já se tinha cruzado com ele, na matriz dos Destinos.
[Uma subtil idealização-visualização do que pode estar por detrás ou na base causal do desenrolar da vida no plano da incarnação fisico] 
Inscrevo aqui a sua bela visão. Eu [Romain Rolland] poderia, tão bem como os psicólogos, tentar explicar pelos meios correntes. Mas que importa? Sim, nós sabemos que uma vigorosa visão que se impõe, cria e faz nascer o que ela viu. Num sentido mais profundo, os profetas do que será foram os verdadeiros criadores do que não era ainda, mas hesitava em ser.
[Outra tentativa de aproximação à matriz causal do que sucede na incarnação terren: o olhar quente do mestre jardineiro faz germinar potencialidades, sementes]. A torrente que foi o destino genial de Vivekananda ter-se-ia perdido nas entranhas da terra se o olhar de Ramakrishna não tivesse, num golpe de machado, fendido a rocha que o bloqueava, e pela brecha fazer brotar a torrente da alma.»

Na segunda visita de Narendra (Swami Vivekananda), o mestre, Sri Ramakrishna tocou-lhe e Narendra começou a ver tudo à roda e a desaparecer, pelo que começou a gritar que tinha os pais em casa para tratar, obrigando Sri Ramakrishna, rindo-se, a fazê-lo voltar à sua consciência de vigília normal. Regressando a casa, ainda mais desconfiado ia em relação a Ramakrishna. Seria um hipnotizador ou um doido?  Todavia na terceira vez que se encontraram ainda foi pior, pois o mestre, tocando-lhe, fê-lo perder a consciência e aproveitou esse estado para lhe fazer algumas perguntas ao seu eu espiritual. Narendra, apesar de impressionado fortemente, continuou com dúvidas e não tinha receio de questionar as visões de Sri Ramakrisna como sendo alucinações, mas um dia que ridicularizava o ensinamento não-dual, ou seja, aquele que afirma que Deus ou o Absoluto está em tudo, ou se vê em tudo, ou mesmo é o único que existe em tudo,  Ramakrisna Paramahamsa veio e tocou-o, fazendo-o entrar num estado não dual, no qual Vivekananda via a Presença Divina em tudo, estado muito expandido de consciência este em que permaneceu alguns dias. 

                                         

Assim se foi convertendo ao reconhecimento de Sri Ramakrishna como seu mestre, sobretudo após a morte do pai em 1884, realizando  que Ramakrishna era o seu intermediário divino, o guru,  e teve ainda dois anos de aprendizagem e formação, nomeadamente a aceitar e sentir a Divindade feminina, Shakti, Kali, como Deusa pessoal, tornando-se  o discípulo mais querido e principal, embora com vários outros bem próximos,  protagonistas de muitos diálogos e histórias das biografias do mestre, nomeadamente na famosa obra O Evangelho de Ramakrishna, Sri Ramakrishna Kathamrita, em bengali, escrita por Mahendranath Gupta, uma obra excepcional na sua simplicidade de diário dos eventos e diálogos, e que cedo circulou no Ocidente, seja nos resumos-biografias realizados por Max Müller e Romain Roland, seja pelo próprio Evangelho, traduzido para muitas línguas.  

Com a desincarnação de Sri Ramakrishna em 16 de Agosto de 1886, que mesmo assim antes de morrer iniciara doze discípulos como swamis, monges,  os  discípulos foram obrigados a deixar a casa onde se reuniam em Cossipore, já que devotos e admiradores esfumaram-se e com eles o dinheiro que sustentava o grupo, e assim uns dispersaram-se, outros assumiram responsabilidades familiares ou profissionais, e só alguns resolveram manter-se juntos, firmes na devoção inquebrável ao mestre (tanto mais que tinham absorvido um pouquinho das suas cinzas...), mudando-se para uma casa de renda barata que reconstruiram em Baranagar, tornando-se o primeiro mosteiro ou Math.  

Será após a convocação e auscultação dos discípulos e devotos, a 1 Maio de 1887, em Calcutá, hoje Kolkota, que é fundada formalmente a Ordem Ramakrishna, ou Ramakrisna Math, sendo ele o Presidente,  Yogananda o Vice-Presidente, cabendo a Bramananda a presidência de Belur Math, o centro em Calcutá. O lema ou mote da Ordem e da Missão escolhido foi e é Atmano Mokshartham, Jagad Hitaya Cha,  que pode ser traduzido como: Libertação pela realização do espírito  e  prosperidade para toda a Humanidade" . Hoje em 2022 há 214 centros no mundo, dos quais 163 na Índia.

Entre 1888 e 1891 andou frequentemente a peregrinar e a meditar pela Índia, sentindo a necessidade de trabalhar tanto o espírito como a pobreza social gritante, até receber a intuição de que deveria viajar por barco (via Japão, China, Canadá) e participar (e viria a ser como representante do monasticismo da Vedanta) no Primeiro Parlamento das Religiões, intuído e projectado por Charles C. Bonney, um discípulo ou seguidor do notável cientista visionário Swedenborg, e realizado em Boston, USA, em Setembro 1893, durante 17 dias de sessões, discursando com brevidade e simplicidade mas grande sucesso na tarde do 1ª dia, 11 de Setembro (que se tornou Dia Mundial da Fraternidade), perante 7.000 pessoas, transmitindo de unidade das religiões, pois por todas elas se pode chegar a Deus ou  manifestar as Suas qualidades e de tolerância e universalismo. Interveio ainda doze vezes, e com tal sabedoria e convicção que o New York Herald noticiou assim: "Vivekananda é sem dúvida a mais grandiosa figura do Parlamento das Religiões. Depois de o ouvirmos sentimos quão tolo é enviar missionários para esta nação tão culta (learned)».
A mensagem no dia do encerramento, a 27 de Setembro, tornou a ser
breve e simples, sete parágrafos apenas, realçando que cada fiel de uma religião devia crescer nela e apenas assimilar o espírito das outras preservando contudo a sua individualidade e o crescimento de acordo com a lei do seu crescimento [o seu swadharma].

Tornou-se então o primeiro grande divulgador do Sanatana Dharma, o Dever ou Ordem Eterna, a espiritualidade indiana, no Ocidente (antes apenas realizada por livros, embora no Parlamento estivessem vários outros indianos, e tivesse passado um ou outro pela Europa), e em especial nos USA, onde viveu três anos de grande dinamismo e sucesso, realizando dezenas de conferências e ensinos, fundando a Vedantic Society em Nova Iorque e publicando vários livros sobre Yoga. Também viajou até Londres duas vezes, em 1895 e em Maio de 1896, fazendo então amizade com Max Müller e, já na Alemanha, com outro orientalista importante, Paul Deussen. De tais encontros escreveu pequenos mas belos e entusiásticos artigos para a revista Brahmavadin, elogiando ambos pelo abnegado e frutífero amor ao sânscrito e à Índia. Dirá mesmo que foi um dos episódios mais agradáveis da sua vida a viagem que fez com Paul Deussen, após se ter juntado a ele em Kiel, através da Alemanha e da Holanda até Inglaterra.
Foi mantendo constante correspondência com os outros monges
indianos, apoiando-os de diversos modos e em 16 Dezembro de 1896, parte de Londres e, via França, Itália, Suez e Ceilão, chega à Índia no final de Janeiro 1897, sendo recebido com grande entusiasmo e veneração por uma população no fundo crescentemente aspirando também já a uma liderança libertadora da colonização inglesa. Irá pronunciar consecutivos discursos, de Ceilão a Calcutta e a Almora, para milhares e milhares de almas, o primeiro em Madras tendo ficado memorável pela envolvência feérica, estimulando a auto-estima dos indianos. Como escreveu Jawahardal Nehru, em Discovery of India, p. 400, «Enraizado no passado e cheio de orgulho na herança indiana, Vivekananda era todavia moderno na sua aproximação aos problemas da vida, e era uma espécie de ponte entre o passado da Índia e o seu presente».

Funda então em 1 Maio de 1897 a Missão Ramakrisna,  destinada ao karma yoga ou trabalho social, mas que trabalha em estreita ligação com a já referida Ordem Ramakrisna e com os seus swamis ou monges e presidentes, a sede de ambas sendo em Belur Math, a uns quilómetros de Calcutá, junto ao rio Ganges e que eu bem conheci. Funda ainda jornais e mosteiros e desloca-se a numerosos locais e instituições. Em Junho de 1899 apesar da saúde fragilizada, decide voltar ao Ocidente para apoiar a obra na USA, onde funda mais centros, e para participar no novo Parlamento das Religiões, ou melhor, Congresso de História de Religiões que se realiza em Paris em 1900.  

Deste Congresso parisiense Swami Vivekananda dará ecos numa carta impessoal para a revista Udbodhana nas quais assinala a resistência ao diálogo em pé de igualdade da Igreja Católica, dominante em França mas que num Congresso recente em Chicago não conseguira afirmar-se como a melhor religião, e que decidira que neste de Paris não havia lugar para «discussões sobre as doutrinas e as vistas espirituais de cada religião». E assim diz que «da Ásia havia apenas três pandits Japoneses presentes no Congresso. E da Índia o Swami Vivekananda.» E menciona então, como observador imparcial, como Swami Vivekananda se erguera para refutar as teorias sem base do alemão Gustave Opert, quando ao culto do Shiva Lingam, expondo o que os dois disseram. Quanto à sua palestra, Vivekananda falou sobre a evolução histórica das ideias religiosas da Índia e como todas derivariam dos Vedas, mesmo as que os negavam. Afirmará também a contemporaneidade, se não mesmo a anterioridade, da Bhagavad Gita em relação ao grande poema em que foi incluída, o Mahabharata, destacando ainda nela a inexistência de qualquer referência ao Budismo.

Regressando em 9 Dezembro a Calcutta, estabilizará então na casa mãe de Belur Math e, embora viajando ainda até ao mosteiro de Almora e aos grandes locais de poder Bodhigaya e Varanasi, já não sentirá forças para participar no Congresso das Religiões de 1901, a realizar-se no Japão. E em 4 de Julho de 1902, seja por causa da saúde em que os diabetes, a asma e até insónias fizeram o seu desgaste, ou porque chegara a hora de partir, depois de ter dado aulas, dialogado e meditado, retirou-se para o quarto e terá morrido enquanto meditava, seja por um aneurisma cerebral, seja porque o seu ser e corpo espiritual abandonou o corpo físico pelo chakra ou centro de forças do topo da cabeça.

   Nascido numa família culta, desde novo com uma capacidade muito grande de leitura, memória, oratória, sensibilidade espiritual e preocupações sociais,  os toques sucessivos de Sri Ramakrishna e o discipulado ascético abriram Swami Vivekananda cada vez mais ao Divino e ao serviço da Humanidade. Foi assim um pioneiro do encontro do Oriente e do Ocidente e da divulgação do Sanatana Dhrama ou sabedoria indiana, em especial do Vedanta e do seu mestre Ramakrishna mundialmente, pois, embora tendo estado sobretudo na USA,  as suas principais obras, em especial o Raja Yoga, saído à luz em 1896, foram traduzidas em toda a parte, nomeadamente em Portugal, nas segundas e terceiras décadas do séc. XX na Editora A. M. Teixeira, onde Fernando Pessoa publicou as traduções de livros teosóficos de influência indiana.  Mas foi o Brasil e a sua Editora O Pensamento (e também a Editora Ananda, com O Ensinamento Espiritual de Ramakrishna) quem se encarregaram de divulgar mais o Evangelho de Ramakrishna (do qual podemos apreciar a bela capa da 3ª edição, de 1936), o qual Swami Vivekananda ecoou e continuou, certamente com diferenças, apesar de ele ter dito que o melhor que ele falara era o que mestre nele dizia...

Entre nós outros seres conheceram sri Ramakrishna e Vivekananda e assim em 1931 era impresso em Leiria um opúsculo A Universalidade da Sociedade Vedanta, do swami Prakashananda, traduzido pelo professor Joaquim Morais da Silva, um leiriense de quem se sabe pouco e que foi membro da Societé Psychique Internationale, e publicou ainda um estudo sobre os casos de levitação.

                                        

Também Luzo Bemaldo, co-autor de um livro de Esperanto, de 1919,  traduziu e publicou em 1935 um belo livrinho de Jean Herbert, de quem parece ser um admirador, e com razão pois Jean Herbert foi dos melhores orientalistas, intitulado Alguns Grandes Pensadores da Índia Moderna, contendo dois capítulos dedicados a Vivekananda e a sri Aurobindo e donde extraí a bela imagem colorida de uma fotografia de Sri Ramakrishna Paramahamsa...

                                      

Devemos mencionar ainda Rajarama Pundolica Sinai Quelecar, um goês que, tendo publicado uma tradução da Bhagavad Gita, recentemente reimpressa entre nós nas Publicações Maitreya, a instâncias de Maria Ferreira da Silva e a partir dum exemplar meu, escreveu e deu à luz  também em Goa, na Imprensa Nacional, em 1963, um esboço biográfico de Swami Vivekananda, valioso, donde selecionamos o prefácio: «A Índia celebra hoje o centenário do Nascimento de Swami Vivekananda, um dos seus mais eminentes filhos, que foi mestre espiritual de muitos Indianos, Americanos e Ingleses. Inteligência viva e penetrante, memória prodigiosa, vontade de ferro, clareza na exposição e discussão das questões difíceis, esse homem que, depois dos Upanishads, foi o único que deu vigor ao pensamento Indiano, proclamava bem alto o seguinte: "Ó jovens, antes de tudo, sede viris. Não esqueçais nunca a glória da natureza humana. Nós somos Deus. Os Cristos, os Budhas não são senão vagas no Oceano Imenso que Eu sou." Palavras maravilhosas encerrando o sentido lato do homem.
Julgo-me feliz, por ter tido ocasião de prestar a minha homenagem a esse grande homem que venerei e continuo a venerar, publicando em poucas linhas, a sua biografia para a geração nova ocidentalizada».
Entre nós, Agostinho da Silva, dedicou-lhe uma pequena biografia, provavelmente a partir da leitura da obra de Romain Rolland, onde diz, numa percepção com influência franciscana e panteísta:«o grande fervor religioso que frequentemente o fazia entrar em êxtase e romper em louvores da Natureza e de Deus não o distraía da criação de escolas, de Universidades vivas em que se estudassem com um espírito novo os grandes problemas da humanidade, de centros de socorro, de instituições médicas; oferecia-se com os seus missionários para as tarefas mais humildes, sem querer saber a quem beneficiavam, certo sempre que, em última análise, só poderiam dar a todos maior força espiritual».
Anote-se que a edição das Obras Completas de Swami Vivekananda, está publicada em oito volumes, compreendendo os seus discursos, conferências, cursos, poemas, ensaios, traduções, com cerca de 500 páginas cada, e
na introdução se explica que a sua obra baseou-se nas Shastras (textos sagrados), na terra mãe e no Guru ou mestre. E os meios de realização principais do espírito eram para Vivekananda a fé (shrada), a força (virya) e jnana ou conhecimento acerca do espírito. Mas são milhares os livros com os ensinamentos e as vidas tão abnegadas de Sri Ramakrishna Paramahansa e de Swami Vivekananda. Esperamos consagrar mais alguns textos dedicados à  imensa e tão valiosa obra dos dois.

                                           

E para finalizar, dando graças, contemplemos e inspiremo-nos com esta bela fotografia antiga de Swami Vivekananda meditando...
Que ele, Sri Ramakrishna e os demais mestres e swamis desta linha espiritual nos impulsionem ou abençoem....
Aum Jivatman Om...