segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Bô Yin Râ, O Caminho dos meus Discípulos, 9º e últ. cap., resumido por Pedro Teixeira da Mota

                        
No 9º e último capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado " Como utilizar os meus livros", Bô Yin Râ narra como os seus primeiros registos de vivências e ensinamentos espirituais foram escritos em código e que não pensava publicá-los senão após a sua morte através de um testamenteiro a quem seriam entregues os manuscritos e as chaves de decifração.
Foi o seu instrutor e mestre oriental que lhe aparecera algumas vezes enquanto jovem quem lhe disse que um dia teria de os publicar ainda em vivo e que «devia ser o intérprete e defensor do que escrevera diante do mundo»
Será na Grécia, onde esteve em 1913-1914 em trabalho artístico e espiritual, e em contacto desta vez não só com o seu mestre mas com outros irmãos espirituais, que lhe foi conferido o nome Bô Yin Râ, e a missão de começar a partilhar o ensinamento e será pois algo timidamente e com as iniciais B.Y. R. que assinará o 1º livrinho que envia de Atenas para ser publicado na Alemanha, Licht von Himavat, Luz do Himavat, que sai em 1915, e que veio a ser integrado em 1920 no Livro da Arte Real.
                           
                                               Himavat, pintura de Bô Yin Râ.
Poucos anos depois sucederam-se vários livros a ritmo rápido, porque vários tinham sido escritos nesse tempo passado na Grécia, sendo publicados não sob ambições literárias (como já se afirmou ignorantemente nos nossos dias,,) mas antes sob um peso de obrigação e responsabilidade face a um tema tão sagrado e porque cada palavra devia servir de suporte ao espírito substancial, estando muitas das frases carregadas espiritualmente de tal modo que se desprendem vibrações na leitura em voz alta ou apenas mental, sobretudo se o conteúdo for bem sentido ou meditado.
Sobre a arte de ler bem os seus livros refere, por exemplo, que a primeira leitura é em geral apenas para satisfazer a necessidade ou curiosidade quanto ao conteúdo. Só depois em leituras sucessivas e até em épocas diferentes é que o livro vai libertando as suas forças e ensinamentos, gerando ressonâncias ou ecos interiores de certeza e de alegria.
Aconselha mesmo, quando não se sentem tais ecos, quando o livro não gera essa adesão nem revelação, o ler-se outro dos livros do ensinamento, que em si não são exposições de um sistema ligado a uma qualquer concepção do universo mas sim ajudas, preceitos ou directrizes para se atingir «o caminho que leva ao Espírito, e chegar finalmente ao Espírito».
Dirá mesmo que os livros «devem tornar-se companheiros permanentes do discípulo no Espírito, sem que haja um dia que não sejam consultados», tanto mais que nos nossos tempos o «mundo tenta cada vez mais penetrar e dominar o que há de mais exterior, enquanto que quem procura deve vigiar a sua própria orientação para o que há de mais interior.»
Referindo-se às transformações colectivas mundiais, Bô Yin Râ pensava que uma interiorização progressiva das pessoas estava já em andamento e que, em épocas de fins de ciclos, os pensamentos, palavras e actos das pessoas são mais fortes ou importantes que as características colectivas, pelo que os discípulos devem procurar no seu mundo interior as experiências ou realizações que num futuro serão mais comuns ou alcançadas, agindo já de acordo com elas.
Com efeito, «um dos principais objectivos dos meus livros é ajudar, aquele que procura, a abrir, no seu interior, este mundo de experiências regido pelo Espírito» e a receber luzes para discernir melhor a construção do futuro. E tal requer uma consulta constante deles, pois é inesgotável o que pode brotar a qualquer momento ou leitura de um dos livros.
Contudo, não são os pensamentos gerados nessas leituras que valerão mais mas sim a vida realizada em conformidade com o ensinamento e seus conselhos, de modo a que haja certeza interior e alegria, e o agir esteja de acordo com o Espírito.
Então a ajuda espiritual do Alto pode derramar-se naquele que sabe ler e usar bem o ensinamento, e a paz interior é atingida na pessoa que, face à sua consciência, é um ser de boa vontade.
Eis o resumo de uma obra importante de Bô Yin Râ, O Caminho dos meus Discípulos, que seria certamente bom ser traduzida para português, embora escasseiem entre nós almas que o possam fazer.
Luz, Amor e Paz, e boas ligações com Bô Yin Râ, os Mestres, o Espírito e a Divindade!
26-VIII-2019.
                          
 

domingo, 25 de agosto de 2019

Bô Yin Râ, "O Caminho dos meus Discípulos", 8º cap., resumido.

                                  
No 8º capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado " O Discípulo e os seus companheiros", o mais extenso de todos, Bô Yin Râ continua a sua meritória tarefa de esclarecer quem quer desenvolver a sua vida interior, relembrando em que consiste o discipulado e a responsabilidade em que ele próprio incorre como mestre já que, mesmo nos planos invisíveis post-mortem, terá de acompanhar os que verdadeiramente se tornaram seus discípulos.
Quanto às possibilidades de se alcançarem os melhores resultados espirituais aqui na Terra tudo depende sempre do desenvolvimento do organismo espiritual de cada um e dos progressos que vão sendo feitos em sucessivos estados de sensibilidade e consciência, por ele indicados nos livros, esclarecendo que «o grau espiritual realmente atingido depende unicamente da faculdade de viver no espírito substancial eterno ao qual se chegou», acrescentando mais à frente que destes graus, mistificados em tantas circunstâncias ou grupos, nada se pode dizer mais do que: alguém está pouco, bem ou muito avançado.
Um dos objectivos iniciais do Caminho é eliminar gradualmente «o hábito de pensar a vida, em vez de a viver, e de aprender a viver dum modo realmente activo e consciente», de modo a que mesmo o pensamento seja vivido e não apenas pensado.
Este aprender a viver em que o espírito é realizado no «fluxo da experiência viva, sem ser condicionado pelo pensamento» é algo a ser conquistado perseverantemente, tanto mais que é este tipo de pensamento o único que sobrevive à morte física, no organismo espiritual que, tal como o seu nome indica, «é algo que se desenvolveu a partir dele próprio e vive de si próprio». 
Talvez tendo em conta a mania de se valorizar os vazios e negações do espírito individual e da eternidade, tão em moda nos nossos dias, dirá mesmo quanto ao ser humano terrestre que «é só porque  ele é ao mesmo tempo Espírito substancial eterno, que ele pode,  tendo tal união sido alcançada, viver o que é espiritual- e que ele pode, enquanto espírito do Espírito da Eternidade, tornar-se espiritualmente consciente dele próprio.»
                                      
 Escreverá ainda que a sua missão é ajudar os discípulos a avançarem neste caminho de auto-realização e a libertarem e desenvolverem as forças de protecção que lhes são necessárias, no meio das suas vidas quotidianas, para que  possam perceber ou intuir como as energias espirituais criativas interiores chegam até ao nível físico exterior.
Os seres humanos recebendo as impressões sensoriais, reagindo a elas afectivamente e organizando-as com representações mentais, acabam ainda por se agrupar por afinidades em grupos, menores ou maiores, ou mesmo por nacionalidades, provocando maior necessidade do discípulo  lucidamente não se deixar limitar nem perder a sua universalidade espiritual, seja por pertença a grupos separatistas seja nutrindo ódios, pois estes ainda que possam surgir momentaneamente devem ser substituídos pelo seu pólo oposto que é o amor, ambos «manifestação de uma mesma força».
Para quem se souber orientar pelos ensinamentos que ele transmite,  nada é impossível espiritualmente, diz-nos, embora certamente tudo dependa da forma como tal pessoa vai tornando a sua vida plenamente clara ou harmoniosa para com o Espírito, ou seja fazendo com que «os seus pensamentos, palavras e actos sejam legitimados pelo espírito.»
Valorizará mesmo muito, reforçando esta acuidade de claridade e transparência na vida, quem toma as suas menores decisões como se delas dependesse a sua salvação, pois entrará mais conscientemente na vida eterna post-mortem.
O caminho para o Espírito começa e enraíza-se na vida temporal quotidiana que de modo algum, como certos entusiastas ou ascetas pensam, dever ser menosprezada, pois  será mesmo no Eu humano que será sentido e realizado o Espírito eterno e substancial.
                                         

Bô Yin Râ, O Caminho dos meus Discípulos, 7º cap., resumido por Pedro Teixeira da Mota.

                                       
No 7º capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado "O Discípulo e os seus companheiros", Bô Yin Râ alerta para mais perigos no Caminho, e dá alguns esclarecimentos valiosos sobre a Primordialidade Divina, advertindo que sente porém quão difícil é passar bem estes níveis para a linguagem e compreensão humana.
 
Um defeito grande que pode paralisar o progresso espiritual é a inveja, a competição, no campo da espiritualidade,  pelo que  o mínimo movimento momentâneo de inveja deve ser logo combatido e vencido, para não bloquear o avanço espiritual demoradamente.
Esclarece também que é muito errada a concepção humana de que Deus estaria sofrendo o sofrimento humano como seu, e que esperaria portanto a sua libertação através do homem, já que a Divindade está bem acima de tais limitações poéticas elegíacas.
A Divindade pode ser vista como uma trindade suprema, como Ser ou Homem Espírito Original (que é Pai e Mãe), Luz Primordial, Palavra Primordial, e  esta Divindade deixa-se aproximar no íntimo de cada ser como o Deus vivo de todo aquele que se eleva a ela merecidamente.
A manifestação trinitária do ser humano é ser espiritual, ser anímico e ser racional, tendo sido um animal terrestre o refúgio para tais emanações espirituais humanas, depois de terem resolvido sair do ponto culminante da sua individualização e assim se separarem de Deus, a fim de poderem iniciar um regresso a Ele... 
 
 Daí que o ser humano e os animais tenham muitas características em comum, nomeadamente a alma, com sensibilidade e expressão em vários graus, embora a humana tenha estas capacidades mais desenvolvidas ao «provir das forças eternas da Divindade».
Já os instintos de inveja, ambição e competição que provêm da alma animal, devem ser controlados e eliminados, para que com outras forças animais mais de acordo com as aspirações mais elevadas humanas,  possamos chegar «à união das forças anímicas eternas na forma de identidade denominada Eu», (gerado pela Divindade) em uníssono com o desenvolvimento do corpo espiritual.
Vencer o sentimento animal de competição e inveja, e ter gosto ou alegria de estarmos com pessoas que estão mais avançadas connosco, é então fundamental.
Os homens considerados como "mestres da arte da vida" nos três mundos (o mundo da compreensão intelectual, o mundo das forças da alma e o mundo do espírito substancial eterno) sempre se comportaram assim, sentindo alegria pelos que estão mais avançados e ardendo de desejo de ajudar os que estão mais atrasados.
Também se deve evitar estar sempre a ver defeitos nos outros e divulgá-los, a menos que sejam gravosos para a pessoa e para quem o segue.
Adverte que todos os seres e mesmo os mestres terão sempre alguns defeitos ou limitações derivados das tendências do seu corpo animal e tal deve ser encarado sempre com indulgência e humor.
Bô Yin Râ acentua ainda que o discípulo deve «ser o criador digno e constante de uma expressão da sua própria espiritualidade» e renunciar automaticamente ao que obsta ao desenvolvimento do seu corpo espiritual, obstaculização esta muito desenvolvida nos nossos dias com tantos prazeres animais refinados oferecidos para consumo. Simultaneamente, o discípulo deve ignorar ou deixar claro aos outros que comportamentos ou formas ineptas, rudes ou maníacas não são nada aconselháveis.
Dar o exemplo, dirá para finalizar, ainda é a melhor forma de acção e a melhor prova da vitória interior sobre nós próprios.
                                 

sábado, 24 de agosto de 2019

Bô Yin Râ, "O Caminho dos meus Discípulos", 6º cap., resumido por Pedro Teixeira da Mota.

                                     
No 6º capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, Le Chemin de mes disciples, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado " O Obstáculo mais grave ", Bô Yin Râ alerta para uma das maiores barreiras dos discípulos no Caminho espiritual, a angústia, que sob formas insidiosas acaba por minar as forças das pessoas que se deixam prender por tal espantalho, que assume numerosas formas, muitas das quais bem difíceis de discernir.
E como de um estado de ansiedade nada de bom provém, ao contrário do receio ou medo, que é algo temporal e que frequentemente suscita uma reacção enérgica, Bô Yin Râ desaconselha a atenção ao desenvolvimento ou trabalho interior quando se está vítima de tal estado quase hipnótico, propondo que se dêem injunções fortes, enérgicas, mental e emocionalmente, para se dissipar tal estado o mais rapidamente possível.
Mostra várias formas de angústia nas pessoas tais como a de ser ridicularizada, a de ter de rever a sua imagem, a hipertrofia de consciência com escrúpulos e mais escrúpulos, ou condenando-se a si própria, quando o caminho espiritual está sempre aberto a quem verdadeiramente aspira.
A falta de confiança em si é a causa principal da angústia e quem está no Caminho não se deve deixar cair em tal, tanto mais que têm sempre as ajudas superiores espirituais que o fortificam e o defendem.
                                      
Afirma mesmo que há muitas mortes provocadas pela angústia e que esta nem sequer é da alma mas sim da «compressão ou câimbra de certos nervos extremamente finos, provocados pelas reacção de certas representações sobre a actividade cerebral».
A luta contra a angústia implica então discernir que representações a engendram e, graças a uma análise sóbria, dissolver os factores de angústia, o que pode que ter que ser feito mais de uma vez e por diferentes factores ou causas. No século XXI temos de acrescentar os noticiários tão violentos, a internet e os telemóveis, com a excessiva informação.
Muitas pessoas, mesmo desenvolvendo ou exercitando bem as forças físicas ou intelectuais, ou mesmo a sensibilidade da alma, não trabalham suficientemente o corpo substancialmente espiritual e logo deixam-se cair sob o domínio de certos espantalhos angustiantes.
Controlar os verdadeiros motivos dos pensamentos, actos e palavras, diariamente, mais do que exames de consciência que ainda podem provocar mais angústias, é a melhor forma de irmos reconhecendo e desmascarando a angústia na suas diferentes formas, para vencê-la ou dissipá-la.
                                   

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Bô Yin Râ, O Caminho dos meus Discípulos, 5º cap., resumido

                                                         
No 5º capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, Le Chemin de mes Disciples, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado " Fé dinâmica", Bô Yin Râ tenta dar uma visão e estimulação à nossa Fé, à confiança em nós próprios, à certeza de que atingiremos a realização espiritual, pois ela é indispensável no Caminho.
Fé que é vontade e não desejo, e que é imaginação activa e não fixação ou crença numa imagem.
Lembra como ao longo dos séculos houve locais especiais, citando o templo de Esculápio em Epidauro e   mais modernamente,
em França, Lourdes, e seres mais taumaturgos ou curadores, atribuindo tal à capacidade de eles despertarem nas pessoas a fé na cura, a vontade de se curarem, a fé libertadora de energias, imagens e pensamentos sãos que curavam muitos, embora certamente não todos os que acorriam a tais locais e seres.                                             
A Fé em si mesmo, implica a vontade que está implícita no ditado popular: «Faz que Deus, te ajudará», algo, e diremos nós, que Fernando Pessoa glosou, com certa variação no seu famoso «o homem sonha, Deus quer e a obra nasce», na sua quase intemporal Mensagem.
Com efeito  «quando se diz que "a Fé é vontade" é preciso acrescentar que a vontade exigida não é senão outra que a elevada força da imaginação, graças à qual o ser humano  esculpe, no seu interior, a forma do seu destino, seja em relação à sua vida exterior seja a que prossegue na sua meta suprema no muno espiritual.»
Complementar à fé dinâmica, que é vontade e imaginação activa, está a descida das forças de ajuda divinas, através de correntes de energia de mestres ou outros agentes,  podendo
então acontecerem efeitos miraculosos seja no corpo humano seja também no corpo espiritual. 
É por isso  que é preciso estarmos muito atentos ao tipo de sugestões ou ideias religiosas a que nos expomos pois muitas delas atribuem e acentuam uma natureza humana pecaminosa ou então fraca, devendo nós antes imaginar e criar interiormente uma imagem de luz e de glória nossa espiritual, realidade para a qual caminhamos, tanto mais que todos somos chamados à união com Deus.
Fundamental é então esta fé ou confiança em nós próprios e na nossa capacidade de atingir os altos objectivos espirituais, querendo tal verdadeiramente e dinamicamente, sabendo que a nossa origem é o Espírito eterno e substancial.
E no antepenúltimo parágrafo deste capítulo Bô Yin Râ reafirmará: «Só a fé dinâmica, esta fé que é uma força e engendra uma força, pode
também dar  a certeza interior que cada um deve ter para percorrer o caminho que leva ao espírito».                                      

Bô Yin Râ, "O Caminho dos meus Discípulos", 4º cap., resumido por Pedro Teixeira da Mota.

No 4º capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado "Dificuldades inevitáveis", Bô Yin Râ fala da clássica dificuldade de se passar para a linguagem humana as realidades e as realizações espirituais e como é sua  missão, mesmo que receie não ter sucesso, partilhar o ensinamento perene sobre o espírito e a Divindade e o caminho para eles, numa linguagem apropriada aos ocidentais dos nossos dias.
Confessando que ele próprio, influenciado pelas ideias filosóficas religiosas actuais, tivera alguma relutância em aceitar de imediato o que neste ensinamento é transmitido,  põe por outro lado em causa os que se sentem já muito sabedores e menosprezam estes dados espirituais, esquecendo-se que ele tem a capacidade de usar o órgão de visão espiritual que quase todos eles desconhecem, o qual lhe permite assim falar com conhecimento de causa.
De qualquer modo, o que é oferecido não é um ensinamento original pois «as coisas pré-existentes no Espírito eterno» sempre ao longo dos séculos estiveram presentes e visíveis a alguns seres como ele, e foram sendo transmitidas pelos seus irmão espirituais.
Embora poucas pessoas estejam mais conscientes espiritualmente, Bô Yin Râ lembra que «a caixa craniana humana não isola hermeticamente o cérebro de vibrações exteriores perceptíveis ao cérebro – e as forças com as quais a alma se forma organicamente não se deixam jamais isolar a ponto de se tornarem inacessíveis ao omniconsciente, ao omnisentiente, ao omnivivente, no seio do oceano anímico das forças anímicas livres de qualquer fixação».
Considera que as noções de inconsciente e de consciência colectiva, provindas da psicanálise e dos seus ramos anexos, não  correspondem nem coincidem com o conhecimento espiritual obtido pela alma eterna e sem ter sido captado ainda pelo cérebro, e que não provém desse inconsciente cerebral.
Recomenda uma pessoa ter humildade e fazer com confiança o apelo ao que é conhecido da alma mas ainda não chegou ao cérebro, pois tal é um boa abertura para se entrar no caminho que leva ao espírito. E, portanto, aceitar com confiança mesmo o que do ensinamento não se consegue ainda ter a certeza ou a capacidade de penetração.
E só depois de se ter a experiência própria é que devemos comparar e consultar os preceitos, métodos ou directrizes de tempos antigos, tanto mais que mesmo neles se infiltrou muita ganga, superstição, erro.
Põe em causa também toda a parafernália de métodos ou receitas de desenvolvimento proposto pelos pseudo-mestres ou mistagogos actuais, convindo antes fazer-se o caminho interior por si mesmo e seguindo-se as orientações dum guia experimentado na ascensão da montanha, o mestre.
Escutar portanto as advertências de perigo, seguir as indicações do caminho, mas sem estar a olhar para a figura pessoal do mestre, pois o importante é o conteúdo dos livros e o avançar para o espírito.
                           
Quanto ao espírito substancial, escrevendo em poucos parágrafos, é muito claro e esclarecedor: «por substância espiritual entende-se o que há de mais real, ou seja, a plenitude de todas as forças do ser original.
Esta substância do espírito não tem nada de fixo. Ela é, por essência, o que há de mais livre, não conhece qualquer obstáculo, é eternamente móvel e em movimento.
Ela não foi criada, mas – sem intervenção particular da vontade – foi dada só pela presença do Ser Original. ...»
As forças mais subtis do Universo são como um efeito de indução deste Espírito substancial, dirá Bô Yin Râ, crendo que um dia a ciência conseguirá dar uma visão ou quadro de exposição bem mais perfeita destas realidades do universo.
Contudo, estes conhecimentos científicos não aproximam um cabelo que seja da
necessária experiência pessoal vivida do espírito substancial.
As pessoas não estão sós no caminho espiritual e, para além de quem lhes transmite o ensinamento pelos livros ou a instrução directa, há as outras ajudas de mestres, de seres tornados transformadores de forças espirituais substanciais, e que são mais possíveis para quem tem confiança e reconhecimento antecipado.
Com o tempo, com o organismo espiritual desperto, a pessoa consegue viver o que é do domínio do espírito substancial e eterno, certamente em inumeráveis graus, reafirmando em seguida a negação do vazio e da não-individualidade pregada por muitos budistas e assumida, por exemplo hoje (mas já a passar de moda...) por muitos dos instrutores da mindfulness, uma técnica antiga, hoje vulgarizada despida dos seus contextos iniciáticos e agora ensinada
em moda norte-americana e empresarial, que  pode ser até bastante limitadora e alienante...
Dirá então: «Existem inumeráveis graus de desenvolvimento e isto é igualmente verdadeiro quanto à única experiência de Deus que é possível ao ser humano e é realmente autêntica, - a experiência que ele faz no interior da sua alma, do seu Deus vivo.
Esta experiência única e verdadeiramente real de Deus (Deus não é somente Espírito, mas pode-se dizer que de certo modo é a autocriação mais subtil do Espírito), não está de modo algum subordinada ao desenvolvimento pleno do organismo substancialmente espiritual, mas este deve de facto ter sido desperto de forma a poder fazer já brilhar na alma a consciência distinta da identidade do “Eu” (enquanto forma de experiência singular de todos os domínios ou níveis eternos).»
Esta experiência do Deus vivo em cada um de nós, tão íntima que nunca poderá ser mostrada ou demonstrada a outros, sendo o essencial do Caminho, é algo que não pode ser forçado e que acontece no momento certo, seja uma vez na vida, seja algumas vezes, seja de modo ininterrupto, nos mestres, mas dá, a cada um que a teve ou tem, uma irradiação divina através do Eu, perene.

Om Mani Padme Hum. De Bô Yin Râ.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Bô Yin Râ, O Caminho dos meus Discípulos, 3º cap., resumo por Pedro Teixeira da Mota.

                                   
No 3º capítulo do seu livro Der Weg Meiner Schüler, O Caminho dos meus Discípulos, intitulado "A Inútil tortura de si mesmo", Bô Yin Râ dedilha e aprofunda de novo a importância do desenvolvimento do corpo espiritual ou «organismo espiritual substancial» enquanto estamos em vida, pois será ele o único suporte da consciência quando morrermos.

Alerta, todavia, para o facto de ao longo dos séculos muitas pessoas pensaram que tal se fazia por uma pretensa espiritualização do corpo, submetendo este a todo o tipo de asceses, mortificações ou mesmo torturas que frequentemente acabavam por dar maus resultados, embora também por muita imaginação e mistificação fossem tais pessoas erguidos a grandes santos ou a seres dotados de muitas visões e graças.
Ora considerar os malabarismos de faquires ou as asceses e jejuns como meios de nos aproximarmos do espírito eterno ou do Ser Divino é um erro, pois frequentemente o que é tido como experiências de espírito é apenas jogo de entidades invisíveis do mundo físico explorando as pessoas, diminuindo-lhes os sentidos críticos, fazendo surgir mesmo aparições fantasmáticas.
Asceses, jejuns, frugalidade só têm sentido para melhorar a saúde corporal e certamente como equilíbrio à tendência oposta de as pessoas se deixarem também submeter à busca animal de conforto e prazeres.
Outro dos erros das pessoas que estão a entrar no caminho espiritual é quererem desde logo alcançar grandes experiências, ansiando e inquietando-se, e deste modo diminuindo ou enfraquecendo a indispensável paz ou vontade paciente necessária a tal realização.
Não pode haver pressas, e a violência a ser exercida é apenas contra os seus pensamentos e desejos de passos rápidos e contra as inquietações.
Para isto é necessário avançar passo a passo, perseverante e atentamente no seu caminho próprio, que se tornará propriedade eterna quando chegar à meta ou fim. E é por este caminho que a consciência espiritual eterna fica unida à sua identidade vivencial na Terra e no mundo espiritual.
Este caminhar é tanto no espaço e no tempo exterior como sobretudo no interior pois é nele que o objectivo do espírito se alcança, manifestando-se por estados de alma ou sensibilidade, num progredir lento mas seguro, no esforço de uma prática e na aproximação à realização.
Um  aviso
final, os preceitos ou ensinamentos dados, embora sejam vivenciados há milénios na Terra, receberam nesta sua transmissão uma forma verbal especial e portanto não é recomendado ao que quer avançar no seu caminho considerar as indicações de outros seres, que frequentemente são meras opiniões e ilusões humanas, como estando ao mesmo nível que as indicações ou orientações dadas por Bô Yin Râ nos seus livros..