sexta-feira, 3 de outubro de 2025

S. Serafim de Sarov. Vida e ensinamentos deste famoso staretz russo. Com um vídeo valioso.

S. Serafim de Sarov e da Rússia ora por nós pobres pecadores arrogantes ocidentais!
 Os russos S. Serafim Sarov (1759-1833), S. Sérgio de Radonega (1314-1392), Alexandre Nevsky (1221-1263) e  S. Silouane de Athos (1866-1938), são dos mais venerados santos no mundo ortodoxo, e podemos encontrar ícones seus espalhados por todo o planeta, e logo orações e intercessões entre as almas e mundos. Vamos deter-nos hoje em S. Serafim de Sarov, com esta breve contextualização prefacial, e ouvir uma  pequena mas razoável gravação sobre a sua vida e sobretudo ensinamentos.

 Este vídeo sobre a vida e obra de S. Serafim de Sarov foi gravado a partir do livro de Michel Evdokimov, padre ortodoxo (recentemente falecido com 95 anos), intitulado Prier 15 jours Avec Seraphim de Sarov, publicado em 2016, mas já lera duas obras valiosas: Seraphim de Sarov. Sa Vie, par Irine Gorainof. Entretien avec Motovilov et Instructions Spirituelles, 1979, utilizada para este prefácio,  e outra editada por Bubba Free John, intitulada The Spiritual Instructions of Saint Seraphim of Sarov, Los Angeles, 1973. Igualmente cultuei-o ou invoquei-o através do seu belo ícone em algumas igrejas ortodoxas. Há informações valiosas sobre S. Serafim de Sarov na obra de E. Behr-Sigel, Priére et sainteté dnas l'Eglise Russe, 1950, já traduzida em português.

 Prokhor Mochnine nasceu a 19 de Julho de 1759, em Kursk, numa família de artesãos e construtores, fortes e piedosos. Deixando para o irmão mais velho a continuidade dos negócio da família, partiu para o mosteiro de Grottes em Kiev para receber a certeza de qual seria a sua vida. E aí Dositeh, um velho staretz (ancião), donde o starchestovo, cuidar das almas), discípulo do famoso restaurador do monaquismo ortodoxo russo Paisius Velichkovsky (1722-1794), confirmou a sua vocação e indicou-lhe o mosteiro de Sarov. Regressado a Kursk partiu cedo, aos 18 anos, com a bênção da mãe Ágata, para o caminho dos monges-ascetas e chegou a 20 de Novembro de 1778 a Sarov  em busca de ensinamento e aperfeiçoamento, sendo bem recebido e sentindo-se bem, fazendo o seu noviciado e exercendo várias obediências ou cargos, destacando-se como carpinteiro, pois era muito forte, alegre e com jeito manual.

  Torna-se monge a 13 de Agosto de 1786 recebendo o nome de Serafim, que significa espírito celestial flamejante. Depois passa a diácono. A sua natureza mística, a capacidade de comunicar sabedoria, alegria, graça nos sermões ou nas conversas, brilhavam.

Pediu então para se retirar para uma cabana a seis quilómetros do mosteiro onde vai então praticar intensamente a vida da oração e da ascese durante dez anos, cultivando uma pequena horta, convivendo com os ursos, como virá a ser representado em ícones, até que em 8 de Maio de 1810 os monges  e o superior conseguem que ele volte, por obediência, para o mosteiro buliçoso de Sarov...

  Pede porém para ficar recolhido numa pequena cela em oração e ascese sóbria, onde lhe levam uma refeição por dia, em geral de aveia com chucrute, mas onde vai recebendo as graças divinas de visões celestiais e angélicas, e a luz, o amor, o discernimento, o Espírito santo. Por vezes comenta em voz alta os Evangelhos e os monges vem-no escutar emocionados do lado de fora da cela. Finalmente, ao fim de 35 anos de caminho espiritual, está pronto para poder abrir a sua cela a qualquer visitante ou pessoa necessitada, e inicia a fase final de grande transmissão espiritual às pessoas, a mais famosa foi a transfiguração luminosa que partilhou, na floresta sentado no chão, com Motovilov, a qual este descreve belamente (como ouvirá no vídeo) nas suas famosas Conversas, actualmente um dos grandes clássicos da literatura espiritual e mística.

 Ouviremos então no vídeo alguns desse momentos de satsanga ou companhia da verdade com Motovilov, bem como outros ensinamentos dele ou do que algumas pessoas contaram. Na linha da tradição hesicasta, da oração do coração, que utiliza a frase "Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, tem piedade de mim, pecador", S. Serafim de Sarov recomendava tentar repeti-la o mais possível e, enquanto se reza, estar-se à escuta de si mesmo, tentando recolher-se a mente e reuni-la ao coração. 
No começo deve-se orar com a inteligência activa pronunciando-se separadamente cada palavra, o que é bem frutuoso, digamos. «Depois, quando o Senhor tiver aquecido o teu coração pela sua graça, em união com o Espírito, a tua oração fluirá sem interrupção, e estará sempre contigo, alegrando-se e alimentando-te». Ou mesmo que tal não aconteça tanto, nos nossos dias tão mundanizados, diminuirá a necessidade de falar com os outros, «ao lembrares-te da presença de Deus e do seu nome». 
                                        
Saibamos, pois dispersar-nos menos e ligar-nos mais ao Espírito em nós Divino e, invocando as bênçãos alegres e flamejantes de S. Serafim de Sarov, e na amizade e unidade perene russo-portuguesa no corpo místico da Humanidade multipolar e fraterna, avançar creadora e libertadoramente com empatia e alegria, palavra com que ele saudava cada pessoa que recebia ou recebe hoje subtilmente...

                         

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Uma oração russa ao Anjo da Guarda, em russo, inglês, francês, espanhol e português, e com cinco ícones do Anjo da Guarda e uma pintura de Nicholas Roerich

Esta oração em russo, colhida no Vk.com, a alternativa russa ao Facebook, foi traduzida pelo Quilbolt, para as quatro línguas, recriando eu bastante a portuguesa.

Молитва ангелу-хранителю, чтобы укрепил веру и избавил от уныния в моменты неудач. 

Покровитель мой, мой ходатай пред лицом Бога Единого христианского! Святый ангеле, к тебе взываю с мольбой о спасении души своей. От Господа мне испытание веры снизошло, окаянному, ибо возлюбил Отче Боже наш меня. Помоги, святый, перенесть испытание от Господа, ибо слаб аз есмь и боюсь не выдержать страданий своих. Ангеле светлый, низойди ко мне, ниспошли на главу мою мудрость великую, чтобы внимать весьма чутко слову Божию. Укрепи веру мою, ангеле, дабы не было предо мной искушений и испытание свое аз бы прошел. Как слепец идет по грязи, не ведая того, аз же пойду с тобой средь пороков и мерзостей земных, не поднимая очи на них, но зря лишь на Господа. Аминь. 
 Prayer to the Guardian Angel to strengthen faith and deliver from despair in moments of failure.
My patron, my intercessor before the one Christian God! Holy Angel, I call upon you with a plea for the salvation of my soul. From the Lord, a trial of faith has come down to me, the wretched one, for our Father God has loved me. Help me, O Saint, to endure the trial from the Lord, for I am weak and afraid I will not withstand my sufferings. Bright angel, descend upon me, bestow great wisdom upon my head, that I may listen very attentively to the word of God. Strengthen my faith, angel, so that I may not be tempted and may pass my test. As a blind man walks through mud, unaware, so shall I walk with you amidst the vices and abominations of the earth, not lifting my eyes to them, but only to the Lord. Amen.
                                                
  Prière à l'Ange Gardien pour qu'il renforce la foi et délivre du découragement dans les moments d'échec. 
Mon sang, mon intercesseur devant le Dieu unique chrétien ! Saint Ange, je t'invoque avec supplication pour le salut de mon âme. De Dieu m'est venue l'épreuve de la foi, à moi, misérable, car notre Père Dieu m'a aimé. Aide-moi, saint, à supporter l'épreuve du Seigneur, car je suis faible et j'ai peur de ne pas pouvoir endurer mes souffrances. Ange lumineux, descends vers moi, envoie sur ma tête une grande sagesse, afin que je puisse écouter très attentivement la parole de Dieu. Renforce ma foi, Ange, afin que je ne sois pas tenté et que je puisse surmonter mon épreuve. Comme un aveugle qui marche dans la boue sans le savoir, ainsi j'irai avec toi au milieu des vices et des abominations terrestres, sans lever les yeux vers eux, mais en regardant seulement le Seigneur. Amen.
 Oración al Ángel de la Guarda para que fortalezca la fe y libere de la tristeza en momentos de fracaso 
¡Mi derramador de sangre, mi intercesor ante el único Dios cristiano! Santo ángel, a ti clamo con súplica por la salvación de mi alma. Del Señor me vino la prueba de fe, a mí, pecador, porque el Padre, nuestro Dios, me amó. Ayúdame, santo, a soportar la prueba del Señor, porque soy débil y temo no poder soportar mis sufrimientos. Ángel de luz, desciende a mí, envía sobre mi cabeza una gran sabiduría para que escuche con mucha atención la palabra de Dios. Fortalece mi fe, ángel, para que no haya tentaciones ante mí y yo pueda superar mi prueba. Como un ciego camina por el barro sin saberlo, así yo caminaré contigo entre los vicios y las abominaciones de la tierra, sin levantar mis ojos hacia ellos, sino mirando solo al Señor. Amén. 
   Oração ao Anjo da Guarda, para fortalecer a fé e livrar do desânimo em momentos de fraqueza.
Meu preservador do sangue no Graal do coração, meu intercessor diante do único Deus de todos os seres vivos e despertos! Santo Anjo, a ti clamo  suplicando que me fortaleças no caminho da salvação ou realização espiritual da minha alma. Chegando-me dificuldades e provações da fé, devidas à minha instabilidade e fragilidade, que Deus nos inspire intimamente. Ajuda-me, santo Anjo, a suportar as provações do Mundo, pois na nossa fragilidade podemos desanimar sob os nossos sofrimentos. Anjo luminoso e subtil, desce sobre mim, cobre a minha cabeça  com a tua presença e a sabedoria, para que possa discernir o melhor caminho ligado a  Deus. Fortalece a minha fé, querido Anjo, para que atravesse as tentações e passe luminoso e unido a Deus por entre todas as provações. Como um cego que caminha por entre veredas enlameadas sem escorregar nelas, assim possa eu avançar contigo por entre os conflitos, defeitos e vícios terrenos, sem me prender neles, e antes agindo criativamente com o olhar e a aspiração àa Sabedoria, o Amor, à Justiça, à Humanidade multipolar, à comunidade e corpo místico da Igreja e de Deus. Amém.
 Anjos da Guarda e Arcanjos nacionais, inspirai-nos no nosso orar e meditar, agir e falar...

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Uma mandala octogonal luso-tibetana mágica. Boa para se contemplar e ao espírito se identificar.

                                                 \

  Já, jade, Jagat, Dabchad, Dharani, santa Sophia,

aqui e agora dos Himalaias ao aurífero Tejo.

Tajas, Tat Sat, Tomar charola flamejante, 

Sete mansões ardentes, casa do santo Espírito,

Espelho mágico preparado, óctogono polido,

Rezas, mil braços da Divindade irradiando:

Deus, Espírito, Lux e Amor 

Paz, Pureza, Força e Saúde,

que queres ser, criar, manifestar em Verdade?

Sê estrela brilhando o melhor que possas,

co-creador com Deus de Amor e Liberdade. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Alexander Dugin comenta o dito "a Rússia é um tigre de papel", soprado recentemente nas Nações Unidas pelo catavento Donald Trump.

 O filósofo Alexander Dugin, com a sua notável capacidade de visão geo-estratégica mundial e russa, comentou nestes dias do S. Miguel de 2025 as últimas declarações de Donald Trump acerca da Rússia, proferidas no seu discurso, como quase sempre de frases soltas, narcisista e imperialista, nas Nações Unidas.  

Desde há muito crítico da suavidade com que a Rússia respondeu aos ataques da NATO, dos USA e da Ucrânia, exigindo melhores e mais duras estratégias  Alexander Dugi tem reclamado como sendo necessária também a consciencialização por parte da população que a Rússia está verdadeiramente em guerra e não se pode distrair, superficializar nem liberalizar-ocidendalizar mas antes, unida, guerreira, agir sacrificialmente pela Justiça, a Mátria, a Tradição, a Religião, a Multipolaridade. 

O núcleo do seu texto centra-se na afirmação de Trump de que a Rússia seria um "tigre de papel",  observação complexa de ser entendida na sua causalidade e intencionalidade: quereria com isso Trump dizer que militarmente a Rússia não é muito forte e pode ser derrotada facilmente, ou mesmo que europeus e ucranianos não terão dificuldade de a derrotar, não sendo necessário uma intervenção directa norte-americana, que contudo pela beligerante NATO está sempre presente indirectamente, ou foi tal afirmação apenas uma das suas impulsivas valorizações da grande América imperialista?

 Alexandre Dugin irá contextualizá-la dentro do estado da sociedade russa, embora talvez de um modo excessivamente crítico das orientações militares, geo-estratégicas e ideológicas do Kremlin e de Vladimir Putin, para ele (e para outros estrategas russos) demasiado contemporizador ou suave, algo que espantará a  população ocidental alienada (e a portuguesa amilhazada) pela demonização que os meios de informação têm feito sobre um dos melhores líderes mundiais, Vladimir Putin, que na realidade tem evitado os alvos civis ucranianos  e os perigos para os soldados russos. 

Por outro lado, mostra tanto optimismo (talvez ilusório) quanto à intencionalidade de Donald Trump como confiança no povo russo e na sua liderança,  e terminará no fim com um apelo enquanto elo ou mestre da Philosophia Perennis, tão presente, ainda que mais enraízada na tradição cristã ortodoxa,em Soloviev, Berdiaeff, Bulgakov e Florensky e a que podemos juntar a sua filha Daria Dugina (muita luz e amor na sua alma!).

Esperemos que os coligados mais beligerantes ou warmongers ocidentais não se excitem com a ideia da fragilidade russa,  nem se auto-sugestionam e a tentem propagandear ("a Ucrânia está ganhar", repetem os vendidinhos Milhazes e Rogeiro), e avancem em mais opressivas e contraproducentes sanções da UE e dos USA, e  na participação da NATO nos ataques à Rússia do regime banderita de Kiev, que deveria quanto antes desnazificar-se e neutralizar-se para bem do seu povo tão sacrificado à oligarquia infrahumanista ocidental  que o está a usar contra a fraternidade eslava, a Rússia tradicional e a multipolaridade. 

                                 

 Oiçamos então o pai da tão notável filósofa martirizada Daria Dugina:

                                   
«O dito de Donald Trump acerca da Rússia ser um "tigre de papel" é certamente insultuoso. E, claro, falso. No entanto, ele atingiu um ponto sensível.
 No início da Operação Militar Especial, demasiado na Rússia  se 
havia tornado um simulacro [ou falsa aparência]. Somente quando confrontados com uma guerra real e brutal começamos a perceber gradualmente o quão negligenciado tudo estava — sobretudo na esfera militar, e em especial na sua liderança. Os exemplos são claros.
Não em Trump — pois que ele primeiro lide com a completa degeneração de sua própria sociedade, onde as coisas estão muito piores — mas aos nossos próprios olhos russos, as palavras "tigre de papel" não são totalmente falsas ou mera propaganda. Tivemos, criticamente, muita imitação; nós parecíamos ser o que não éramos. Descobrir isso foi perigoso. Contudo, veio à superfície.
Olhando para trás, e com certas ressalvas, há algo em tal julgamento incisivo que não pode ser descartado com a frase "não existem ursos de papel." De papel, pode-se cortar qualquer figura. As possibilidades de simulacros são vastas.
Ainda assim, eu tiraria outra conclusão dessa acusação hostil. Se, em certa medida, éramos um "tigre de papel" no início da Operação Militar Especial (certamente não completamente), agora com certeza não somos. Mesmo então, não éramos totalmente assim. Éramos um urso vivo e real, mas adormecido. Sobre o seu sono piscava um desenho animado grosseiro - esse era o simulacro. As elites hesitaram em acordar o urso, acreditando ser muito arriscado e pensando que poderiam gerir com o cartoon [ou simulacro animado].
Agora tornou-se claro que, sem verdadeiramente acordar o urso, não podemos vencer esta guerra. Meios puramente técnicos não serão suficientes. Tentamos, e falhou. Então, precisamente agora, um curso [ou caminho]foi traçado para se passar do simulacro à realidade; uma operação para despertar o povo está em marcha.
Os dois grandes desafios - Vitória e demografia - só podem ser enfrentados através do despertar, através da transição da imitação para a realidade. Esta foi a mensagem de Andrei Belousov quando assumiu o cargo de Ministro da Defesa: erros podem ser cometidos, mentiras não podem.
Não somos um tigre de papel. Não mais.
No entanto, isso requer 
ainda uma prova histórica firme.
Acredito que o Ocidente, que provocou esta guerra, reuniu através de seus serviços de inteligência e redes certas informações secretas de que o "tigre" era "papel." Isto não era totalmente verdade, mas também não era totalmente falso. A autenticidade pairava na borda da falsificação. A diferença estava na nuance, em poucos pontos percentuais.
Suportamos o momento mais difícil, quando o bluff desmoronou, e agora estamos claramente estabelecendo-nos - no campo de batalha e em casa, na diplomacia e na construção de um mundo multipolar - como algo real, sério e poderoso.
Ainda assim, vestígios do "papel" permanecem. Não de forma desastrosa, como antes, mas permanecem.
Se, ao rotular a Rússia como um "tigre de papel," Donald Trump estiver de fato a sinalizar uma retirada do apoio direto à Ucrânia, as coisas ficarão um pouco mais fáceis para nós. Mas devemos alcançar a Vitória em todas as circunstâncias - mesmo que não fique mais fácil, mesmo que fique mais difícil.
Vivemos num ponto de viragem na história. Estamos quebrando-o - e ele está tentando quebrar-nos. As balanças da Vitória oscilam.
Agora é vital voltarmos para a ciência e a educação. E a filosofia. Aqui estão as chaves para a autenticidade.
Hegel disse que toda grande potência deve ter uma grande filosofia. Sem ela, o próprio poder torna-se um simulacro - um "tigre de papel." Despertar significa o 
despertar do espírito.»

Saibamos e consigamos então nós, russos e filorussos, vencer os simulacros infrahumanistas e hegemónicos do Ocidente político corrupto e opressivo, pela acção abnegada e pela criatividade e o esforço filosófico, religioso ou espiritual, de modo a assim despertarmos a nossa consciência do Espírito, na multipolaridade equitativa e fraterna, e na religação criativa e libertadora de cada pessoa e da Humanidade à Divindade...

domingo, 28 de setembro de 2025

Nicholai Roerich, "Agni-Vidya", ou Conhecimento do Fogo, 1ª parte. Leitura e tradução em simultâneo, comentada por Pedro Teixeira da Mota. Esta é a primeira parte das quatorze...

                                             

Leitura da página terceira até ao começo da décima primeira do livrinho Agni-Vidya, publicado no Roerich Adhyayan Parishad, New Delhi, por Svetoslav Roerich, sem data mas provavelmente nos anos 80-90, o qual, quando traduzia textos em sânscrito com o professor Satchitananda dhar  no Institute of Culture da Ordem de Ramahrishna, em Calcutá, em 1995, me foi oferecido por Elena, que ivestigava também no Instituto e foi curadora no Urusvati Himalayan Research Institute, em Naggar, Kullu Valey, fundado pela família Roerich, e que seria o recipiente das magras receitas da venda do livrinho. 

"From heart to heart!" 

 
Irei lê-lo e traduzi-lo, apesar do seu diminuto tamanho físico mas não espiritual, com temperança espaçada, em 14 partes ou vezes, como pode encontrar e ouvir neste meu canal do Youtube. Vale a pena ouvir, pois há partes muito boas e alguns comentários meus com algum valor. A obra é tanto um hino às teofanias ígneas, como um reportório das realizações espirituais ígneas e do coração ardente ao longo dos séculos em várias tradições, e em especial no cristianismo, transmitindo alguns ensinamentos valiosos para quem demanda a entrada no templo do coração

   

sábado, 27 de setembro de 2025

A demanda da Verdade, as Revelações Divinas, as Mahavakias indianas:Tat Twam Asi, Aham Brahmasmi

                           

Quando demandamos a Verdade, temos de ser bastante humildes e corajosos, para perseverarmos por entre tanta conflituosa aproximação a ela. Se a verdade científica, histórica ou factual une o sujeito com factos e objectos exteriores, já a verdade filosófica, religiosa e espiritual exige a ligação no mundo interior da nossa alma ou personalidade, com o espírito, com a Verdade (com letra grande), com a Divindade.

Se desenvolvermos mais em nós a natureza religiosa ou espiritual admitimos tanto a existência de Deus como  Ele ter inspirado ou manifestado-se a alguns seres e portanto acolhemos a Revelação, as Escrituras sagradas dos diversos povos mas que contudo no decorrer da sua história humana foram bastante alteradas por diversas razões e assim se perdendo muitas vezes o que os mestres de melhor transmitiram. Ficaram contudo bem registadas algumas das iluminações por eles obtidas e o nosso trabalho não é meramente acreditar nelas mas sim tentarmos senti-las  interiormente, dentro do templo do nosso coração, ou mesmo contemplá-las no nosso olho espiritual.

A Tradição indiana, ou Sanata Dharma, e mais específicamente a Vedanta, derivada dos Vedas e das Upanishads, conseguiu preservar muito bem algumas dessas realizações e concentrou-as mesmo em afirmações que, se meditadas bem, podem provocar a nossa vivência co-criadora delas.

Tat Twam Asi, é uma delas e significa Tu és Essa, ou Ela, ou Isso. E quer-se dizer  que és o espírito, a realidade suprema.

Próxima desta realização está a que exclama Aham Brahmasmi, Eu sou Brahman, Eu sou a Realidade suprema, ou Eu sou um com a Realidade Suprema, com a Divindade.

Estas grandes afirmações ou mahavakias devem ser meditadas e realizadas com sensibilidade, humildade, aspiração, amor.

Não se estranhe a dimensão elevada delas, se as entendermos como sendo nós a afirmar-nos como tal, no que poderia ser uma megalomania, pois elas devem ser realizadas como a voz divina que ouvimos em nós afirmando tal identidade. Ou ainda a transparência do nosso espírito à voz ou palavra do Logos, da Divindade ma Manifestação.

A ultrapassagem da diferença ou distinção entre o sujeito e o objecto, que caracteriza em grande parte os estágios mais elevados do Yoga, os do samadhi, está na base desta potencialidadade  que devemos desenvolver criativamente, e sabemos como certas pessoas pela beleza, o amor, a aspiração, a arte, a voz, a fé conseguem libertar-se das limitações ou limites corporais, psíquicos e sociais e vivenciam mais ou mesmos plenamente a unidade consigo mesmos espíritos de origem divina, com outro ser, com os campos morfogenéticos que a tocam, com o mestre, com Deus, e a sua inefabilidade, a sua inexpressividade pela mente, a razão, a escrita.

Assim oremos, meditemos e mantrizemos criativamente no templo da nossa alma, para que o fundo e altura espiritual dela se unam no milagre da Unidade.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Uma carta para Afonso Cautela descrevendo o "Festival para o Mundo que Nós Escolhemos", realizado pela Iniciativa Planetária, em Bruxelas, de 1983

                                         

No seguimento de várias reuniões em Portugal do movimento da Iniciativa Planetária, realizou-se finalmente o  Festival O Mundo que Nós Escolhemos em Bruxelas e como eu tinha um tio na cidade foi-me mais fácil viajar e vivenciar algumas alternativas ecológicas, agrícolas, psicológicas e espirituais, dando conta ao Afonso Cautela do que se passara nos três dias do festival. Enviei outras cartas, tal por exemplo para o Pedro Cavaco, da revista "Urtiga", e  fiquei com registos no diário e descrições inéditas.

«Salvé Estimado Afonso.

Daqui de Bruxelas te envio o catálogo do Festival que decorreu durante três dias (27 a 29 de Maio) no Grande Palácio, do Parque das Exposições, em Bruxelas. Por ele terão passado cerca de 20 a 30 mil pessoas, segundo conversa que tive hoje com os dois organizadores, Anna Maes e Michael Bouwaert. Se conseguires fazer alguma notícia do que se passou, o catálogo é fidedigno, pois apenas no domingo Michel Daddio, dos USA, não veio para a meditação criativa, tendo sido substituído pela exibição do filme, com uma prévia meditação, de Pattee Rowena, artista interessantíssima na sua compreensão dos movimentos da espiral do Universo.
O debate de domingo, ponte quente ou culminante do festival, [animado  por Michael Greenman] só não contou com a participação de Thomas Okelo Odongo [Secretário Geral do Grupo  de Estados A.C.P., professor universitário no Quénia]. Foi um momento e convergência de energias diversas sobre a resolução dos problemas mundiais, desde a serenidade de Donald Keys, a simplicidade de [Peter] Schmidt e a honestidade e amor de Michael Lindfield, à "agressividade" e eficácia de Ben Benson e ao materialismo de Raymonde Dury, o que, junto às pergunta
s suscitadas, proporcionaram momentos de afirmação de ideias chaves, tais como a necessidade de simultaneidade da revolução interior e exterior, agir a partir do amor e do dar e não a partir do medo. Deixar de ser um ego vazio sempre a querer encher; pressionar os cientistas a afirmarem a sua não utilização [pelos Estados] para fins destrutivos; pressionar os chefes de Estado, através de actividades das crianças, a pararem a corrida aos armamentos, etc.

Os stands [cerca de 500] estavam de modo correspondente ao do plano organizador e do catálogo, inserindo-se entre eles, no sábado e domingo, alguns dos grupo mais ecológicos e políticos, e de menos recursos que lhes permitissem as bancadas de exposição.

Destacaram-se pela sua irradiação as actividades de Ben Benson, o grupo de Findhorn, a Associação Éveil a la Conscience Planetaire, da France, o grupo espiritual Eckankar, o Instituto de Síntese Planetária (de Geneve), a Fraternidade Branca Universal (da França, do Mestre Omraam Aivanhov), a comunidade holandesa de agricultura natural, [biológica e ainda hoje produtora] inspirada em Nataraja Yogi, Yakso, etc.
Durante o Festival decorreram demonstrações de Tai Chi Chuan, relaxação coreana, concentração, danças sagradas, jogos, percursos de labirinto, etc. Um stand expunha à venda por doação, os desenhos feitos pela criança, das escolas de Bélgica, sobre o Festival,
revertendo o produto para a Unicef. Um restaurante vegetariano, a Tsampa, fornecia refeições, e alguns dos stands ofereciam oportunidade de se provar quer os seus produtos biológicos, quer as suas receitas, germinados e preparados especiais.

Os networkings ou encontros sobre temas decorreram com participação activa durante os dois primeiros dias. Neles se permitiu um contacto maior com os diversos participantes, bem como uma relação e aprofundamento dos diversos métodos e experiências. Sua excelência o rei da Bélgica, acompanhado da sua comitiva,visitou o Festival. tendo manifestado o seu interesse, sobretudo no stand em que se expunham as realizações da comunidade de Findhorn na Escócia, e em conversa com Michael Lindfield, o responsável presente.

O Festival O Mundo que nós Escolhemos foi uma apresentação e um preliminar europeu do Congresso da Iniciativa Planetária a realizar em Toronto, Canada, [no final de Junho]. Se aqui a tónica foi mais de exposição e feira [de grupos e comunidades], produtos e métodos, no Canadá espera-se que uma reflexão mais concretizada possa realçar medidas apropriadas à correção dos desequilíbrios planetários. Contudo, ainda assim, soprou no Festival, de tempos a tempos, uma consciência planetária, isto quer em momentos particulares, quer nas intervenções e na atmosfera global do debate final.

Durante três dias pode-se assim ver o que de mais representativo nos diversos campos de alternativas se está a fazer na Europa e sobretudo nesta zona franco-belga-suíça, sementes duma nova era mais harmoniosa.
Se o Festival para o Mundo que Escolhemos terminou ontem oficialmente, internamente o processo continua nos que estão para isso sintonizados...
Assim segue este compte-rendu do Festival. Se o conseguires decifrar e utilizar, óptimo.
Desejo também que as actividade ecológicas estejam a correr bem por aí.
Um abraço amigo e saudações luminosas do Pedro
Om * Amen»