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sexta-feira, 3 de outubro de 2025
S. Serafim de Sarov. Vida e ensinamentos deste famoso staretz russo. Com um vídeo valioso.
S. Serafim de Sarov e da Rússia ora por nós pobres pecadores arrogantes ocidentais!
Os russos S. Serafim Sarov (1759-1833), S. Sérgio de Radonega (1314-1392), Alexandre Nevsky (1221-1263) e S. Silouane de Athos (1866-1938), são dos mais venerados santos no mundo ortodoxo, e podemos encontrar ícones seus espalhados por todo o planeta, e logo orações e intercessões entre as almas e mundos. Vamos deter-nos hoje em S. Serafim de Sarov, com esta breve contextualização prefacial, e ouvir uma pequena mas razoável gravação sobre a sua vida e sobretudo ensinamentos.
Este vídeo sobre a vida e obra de S. Serafim de Sarov foi gravado a partir do livro de Michel Evdokimov, padre ortodoxo (recentemente falecido com 95 anos), intitulado Prier 15 jours Avec Seraphim de Sarov, publicado em 2016, mas já lera duas obras valiosas: Seraphim de Sarov. Sa Vie, par Irine Gorainof. Entretien avec Motovilov et Instructions Spirituelles, 1979, utilizada para este prefácio, e outra editada por Bubba Free John, intitulada The Spiritual Instructions of Saint Seraphim of Sarov, Los Angeles, 1973. Igualmente cultuei-o ou invoquei-o através do seu belo ícone em algumas igrejas ortodoxas. Há informações valiosas sobre S. Serafim de Sarov na obra de E. Behr-Sigel, Priére et sainteté dnas l'Eglise Russe, 1950, já traduzida em português.
Prokhor Mochnine nasceu a 19 de Julho de 1759, em Kursk, numa família de artesãos e construtores, fortes e piedosos. Deixando para o irmão mais velho a continuidade dos negócio da família, partiu para o mosteiro de Grottes em Kiev para receber a certeza de qual seria a sua vida. E aí Dositeh, um velho staretz (ancião), donde o starchestovo, cuidar das almas), discípulo do famoso restaurador do monaquismo ortodoxo russo Paisius Velichkovsky (1722-1794), confirmou a sua vocação e indicou-lhe o mosteiro de Sarov. Regressado a Kursk partiu cedo, aos 18 anos, com a bênção da mãe Ágata, para o caminho dos monges-ascetas e chegou a 20 de Novembro de 1778 a Sarov em busca de ensinamento e aperfeiçoamento, sendo bem recebido e sentindo-se bem, fazendo o seu noviciado e exercendo várias obediências ou cargos, destacando-se como carpinteiro, pois era muito forte, alegre e com jeito manual.
Torna-se monge a 13 de Agosto de 1786 recebendo o nome de Serafim, que significa espírito celestial flamejante. Depois passa a diácono. A sua natureza mística, a capacidade de comunicar sabedoria, alegria, graça nos sermões ou nas conversas, brilhavam.
Pediu então para se retirar para uma cabana a seis quilómetros do mosteiro onde vai então praticar intensamente a vida da oração e da ascese durante dez anos, cultivando uma pequena horta, convivendo com os ursos, como virá a ser representado em ícones, até que em 8 de Maio de 1810 os monges e o superior conseguem que ele volte, por obediência, para o mosteiro buliçoso de Sarov...
Pede porém para ficar recolhido numa pequena cela em oração e ascese sóbria, onde lhe levam uma refeição por dia, em geral de aveia com chucrute, mas onde vai recebendo as graças divinas de visões celestiais e angélicas, e a luz, o amor, o discernimento, o Espírito santo. Por vezes comenta em voz alta os Evangelhos e os monges vem-no escutar emocionados do lado de fora da cela. Finalmente, ao fim de 35 anos de caminho espiritual, está pronto para poder abrir a sua cela a qualquer visitante ou pessoa necessitada, e inicia a fase final de grande transmissão espiritual às pessoas, a mais famosa foi a transfiguração luminosa que partilhou, na floresta sentado no chão, com Motovilov, a qual este descreve belamente (como ouvirá no vídeo) nas suas famosas Conversas, actualmente um dos grandes clássicos da literatura espiritual e mística.
Ouviremos então no vídeo alguns desse momentos de satsanga ou companhia da verdade com Motovilov, bem como outros ensinamentos dele ou do que algumas pessoas contaram. Na linha da tradição hesicasta, da oração do coração, que utiliza a frase "Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, tem piedade de mim, pecador", S. Serafim de Sarov recomendava tentar repeti-la o mais possível e, enquanto se reza, estar-se à escuta de si mesmo, tentando recolher-se a mente e reuni-la ao coração.
No começo deve-se orar com a inteligência activa pronunciando-se separadamente cada palavra, o que é bem frutuoso, digamos. «Depois, quando o Senhor tiver aquecido o teu coração pela sua graça, em união com o Espírito, a tua oração fluirá sem interrupção, e estará sempre contigo, alegrando-se e alimentando-te». Ou mesmo que tal não aconteça tanto, nos nossos dias tão mundanizados, diminuirá a necessidade de falar com os outros, «ao lembrares-te da presença de Deus e do seu nome».
Saibamos, pois dispersar-nos menos e ligar-nos mais ao Espírito em nós Divino e, invocando as bênçãos alegres e flamejantes de S. Serafim de Sarov, e na amizade e unidade perene russo-portuguesa no corpo místico da Humanidade multipolar e fraterna, avançar creadora e libertadoramente com empatia e alegria, palavra com que ele saudava cada pessoa que recebia ou recebe hoje subtilmente...
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