No seguimento de várias reuniões em Portugal do movimento da Iniciativa Planetária, realizou-se finalmente o Festival O Mundo que Nós Escolhemos em Bruxelas e como eu tinha um tio na cidade foi-me mais fácil viajar e vivenciar algumas alternativas ecológicas, agrícolas, psicológicas e espirituais, dando conta ao Afonso Cautela do que se passara nos três dias do festival. Enviei outras cartas, tal por exemplo para o Pedro Cavaco, da revista "Urtiga", e fiquei com registos no diário e descrições inéditas.
«Salvé Estimado Afonso.
Daqui de Bruxelas te envio o catálogo do Festival que decorreu durante três dias (27 a 29 de Maio) no Grande Palácio, do Parque das Exposições, em Bruxelas. Por ele terão passado cerca de 20 a 30 mil pessoas, segundo conversa que tive hoje com os dois organizadores, Anna Maes e Michael Bouwaert. Se conseguires fazer alguma notícia do que se passou, o catálogo é fidedigno, pois apenas no domingo Michel Daddio, dos USA, não veio para a meditação criativa, tendo sido substituído pela exibição do filme, com uma prévia meditação, de Pattee Rowena, artista interessantíssima na sua compreensão dos movimentos da espiral do Universo.
O debate de domingo, ponte quente ou culminante do festival, [animado por Michael Greenman] só não contou com a participação de Thomas Okelo Odongo [Secretário Geral do Grupo de Estados A.C.P., professor universitário no Quénia]. Foi um momento e convergência de energias diversas sobre a resolução dos problemas mundiais, desde a serenidade de Donald Keys, a simplicidade de [Peter] Schmidt e a honestidade e amor de Michael Lindfield, à "agressividade" e eficácia de Ben Benson e ao materialismo de Raymonde Dury, o que, junto às perguntas suscitadas, proporcionaram momentos de afirmação de ideias chaves, tais como a necessidade de simultaneidade da revolução interior e exterior, agir a partir do amor e do dar e não a partir do medo. Deixar de ser um ego vazio sempre a querer encher; pressionar os cientistas a afirmarem a sua não utilização [pelos Estados] para fins destrutivos; pressionar os chefes de Estado, através de actividades das crianças, a pararem a corrida aos armamentos, etc.
Os stands [cerca de 500] estavam de modo correspondente ao do plano organizador e do catálogo, inserindo-se entre eles, no sábado e domingo, alguns dos grupo mais ecológicos e políticos, e de menos recursos que lhes permitissem as bancadas de exposição.
Destacaram-se pela sua irradiação as actividades de Ben Benson, o grupo de Findhorn, a Associação Éveil a la Conscience Planetaire, da France, o grupo espiritual Eckankar, o Instituto de Síntese Planetária (de Geneve), a Fraternidade Branca Universal (da França, do Mestre Omraam Aivanhov), a comunidade holandesa de agricultura natural, [biológica e ainda hoje produtora] inspirada em Nataraja Yogi, Yakso, etc.
Durante o Festival decorreram demonstrações de Tai Chi Chuan, relaxação coreana, concentração, danças sagradas, jogos, percursos de labirinto, etc. Um stand expunha à venda por doação, os desenhos feitos pela criança, das escolas de Bélgica, sobre o Festival, revertendo o produto para a Unicef. Um restaurante vegetariano, a Tsampa, fornecia refeições, e alguns dos stands ofereciam oportunidade de se provar quer os seus produtos biológicos, quer as suas receitas, germinados e preparados especiais.
Os networkings ou encontros sobre temas decorreram com participação activa durante os dois primeiros dias. Neles se permitiu um contacto maior com os diversos participantes, bem como uma relação e aprofundamento dos diversos métodos e experiências. Sua excelência o rei da Bélgica, acompanhado da sua comitiva,visitou o Festival. tendo manifestado o seu interesse, sobretudo no stand em que se expunham as realizações da comunidade de Findhorn na Escócia, e em conversa com Michael Lindfield, o responsável presente.
O Festival O Mundo que nós Escolhemos foi uma apresentação e um preliminar europeu do Congresso da Iniciativa Planetária a realizar em Toronto, Canada, [no final de Junho]. Se aqui a tónica foi mais de exposição e feira [de grupos e comunidades], produtos e métodos, no Canadá espera-se que uma reflexão mais concretizada possa realçar medidas apropriadas à correção dos desequilíbrios planetários. Contudo, ainda assim, soprou no Festival, de tempos a tempos, uma consciência planetária, isto quer em momentos particulares, quer nas intervenções e na atmosfera global do debate final.
Durante três dias pode-se assim ver o que de mais representativo nos diversos campos de alternativas se está a fazer na Europa e sobretudo nesta zona franco-belga-suíça, sementes duma nova era mais harmoniosa.
Se o Festival para o Mundo que Escolhemos terminou ontem oficialmente, internamente o processo continua nos que estão para isso sintonizados...
Assim segue este compte-rendu do Festival. Se o conseguires decifrar e utilizar, óptimo.
Desejo também que as actividade ecológicas estejam a correr bem por aí.
Um abraço amigo e saudações luminosas do Pedro
Om * Amen»

Sem comentários:
Enviar um comentário