Quando demandamos a Verdade, temos de ser bastante humildes e corajosos, para perseverarmos por entre tanta conflituosa aproximação a ela. Se a verdade científica, histórica ou factual une o sujeito com factos e objectos exteriores, já a verdade filosófica, religiosa e espiritual exige a ligação no mundo interior da nossa alma ou personalidade, com o espírito, com a Verdade (com letra grande), com a Divindade.
Se desenvolvermos mais em nós a natureza religiosa ou espiritual admitimos tanto a existência de Deus como Ele ter inspirado ou manifestado-se a alguns seres e portanto acolhemos a Revelação, as Escrituras sagradas dos diversos povos mas que contudo no decorrer da sua história humana foram bastante alteradas por diversas razões e assim se perdendo muitas vezes o que os mestres de melhor transmitiram. Ficaram contudo bem registadas algumas das iluminações por eles obtidas e o nosso trabalho não é meramente acreditar nelas mas sim tentarmos senti-las interiormente, dentro do templo do nosso coração, ou mesmo contemplá-las no nosso olho espiritual.
A Tradição indiana, ou Sanata Dharma, e mais específicamente a Vedanta, derivada dos Vedas e das Upanishads, conseguiu preservar muito bem algumas dessas realizações e concentrou-as mesmo em afirmações que, se meditadas bem, podem provocar a nossa vivência co-criadora delas.
Tat Twam Asi, é uma delas e significa Tu és Essa, ou Ela, ou Isso. E quer-se dizer que és o espírito, a realidade suprema.
Próxima desta realização está a que exclama Aham Brahmasmi, Eu sou Brahman, Eu sou a Realidade suprema, ou Eu sou um com a Realidade Suprema, com a Divindade.
Estas grandes afirmações ou mahavakias devem ser meditadas e realizadas com sensibilidade, humildade, aspiração, amor.
Não se estranhe a dimensão elevada delas, se as entendermos como sendo nós a afirmar-nos como tal, no que poderia ser uma megalomania, pois elas devem ser realizadas como a voz divina que ouvimos em nós afirmando tal identidade. Ou ainda a transparência do nosso espírito à voz ou palavra do Logos, da Divindade ma Manifestação.
A ultrapassagem da diferença ou distinção entre o sujeito e o objecto, que caracteriza em grande parte os estágios mais elevados do Yoga, os do samadhi, está na base desta potencialidadade que devemos desenvolver criativamente, e sabemos como certas pessoas pela beleza, o amor, a aspiração, a arte, a voz, a fé conseguem libertar-se das limitações ou limites corporais, psíquicos e sociais e vivenciam mais ou mesmos plenamente a unidade consigo mesmos espíritos de origem divina, com outro ser, com os campos morfogenéticos que a tocam, com o mestre, com Deus, e a sua inefabilidade, a sua inexpressividade pela mente, a razão, a escrita.
Assim oremos, meditemos e mantrizemos criativamente no templo da nossa alma, para que o fundo e altura espiritual dela se unam no milagre da Unidade.

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