terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Breve ensaio sobre o Amor, já com uns anos e hoje finalizado e dinamizado.

                                      
Para mantermos o Amor, temos de o conservar vivo ou acesso, pois é ígneo, no nosso ser interior, na nossa interioridade mais íntima, e inextinguível mesmo que sob as maiores adversidades.
Devemos contrair ou controlar a nossa exteriorização dispersante, hoje tão intensificada pelos meios de informação e a internet, e assumirmos com força persistente a circulação divina que liga a terra e o céu nos seres humanos, seja pela vida harmoniosa no campo telúrico-celestial ainda natural, seja por lembranças e orações, mantras e meditações, gestos e sentimentos, plena atenção e actos...
Recebemos o Amor como dádiva que desce do alto, da Fonte Divina e do Sol, e que brota por dentro da alma e do peito e manifestando-se mais intensamente no relacionamento afectivo, na abnegação, na reciprocidade, na gratidão, na adoração.
Quando decidimos abrir mais as comportas da alma ao oceano do Amor este fluir apropriadamente mais e compreendemos quão importante é circularmos  natural e eticamente nos ambientes e universo, numa intencionalidade do bem e da verdade, e que então amarmos, sermos e darmos é o swadharma, o nosso dever e missão, que brota em interdependência sábia, justa e por vezes até inspirada.
Face às imperfeições e choques, defeitos e desilusões, crimes e mortandades, quem aspira e quer ser um espírito fiel do Amor deve situar-se acima dessas limitações e não se envolver demasiado criticamente nelas, pois assim é que poderá passar mais dos fenómenos sombrios do transitório para a luminosidade essencial de sermos centelhas do Amor divino, chamados a sermos luzes no mundo, desprendidas e incorruptas das ignorâncias facciosas e maldosas.
Como os seres têm vários corpo ou revestimentos, visíveis e invisíveis, físicos, subtis e espirituais, há que lembrar-nos que o centro ou núcleo deles é a pérola perdida ou esquecida do espírito, do amor, da paz e serenidade; e logo procurarmos unificar e mergulhar nas águas anímicas até chegarmos a ver tal estrela brilhante íntima , o que acontece sempre por graça dela e do Alto e Divino, embora sempre para tal seja preciso o esforço, a dádiva, a oração, a aspiração.
Amor, o conquistador; Amor, a Presença Divina; Amor, o cerne de quem somos, Amor, o Logos spermatikoi (a Inteligência Amorosa subjacente) que une todos os seres.
Procuremos nestes tempos tão bárbaros e manipulados, de tanta decadência do Ocidente da dignidade humana e dos seus direitos, por culpa de tanta corrupção e traição dos dirigentes políticos, preservar o fogo solar do amor divino brilhando desde o mais íntimo de nós e inextinguível, invencível.... 
Aum Agni Om Ignis Aum...

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Diálogo com Aleksandr Dugin:"Política Externa como Guerra Espiritual", por Edward Stawiarski, 25.XII.2023, e aperfeiçoado nesta edição em português.

                                   

Política Externa como Guerra Espiritual: Diálogo com Aleksandr Dugin, por Edward Stawiarski.   25.12.2023. Pelo seu interesse quanto ao embate entre o ser espiritual e a modernidade anti-tradicional, foi extraído da rede social alternativa vk.com, e  melhorado nesta edição em língua portuguesa.

«Filósofo, místico, estratega político, boémio radical e guru geopolítico russo, Aleksandr Dugin é notoriamente conhecido, mas poucos no Ocidente sabem muito dele. Descrito por alguns [erradamente...] como o cérebro do presidente russo Vladimir Putin, Dugin é frequentemente retratado [manipuladoramente...] pelos meios de informação ocidentais [russófobos] como uma figura rasputinesca, com um controle perigosamente assustador sobre a elite política e intelectual da Rússia.
Embora pudesse s
er verdade, como afirmam inúmeros artigos, [mas não é...] que Dugin tenha muito a ver com a actual estratégia geopolítica da Rússia na Ucrânia, menos exploradas são as crenças-ideias religiosas e espirituais entretecidas na sua filosofia. Essas crenças-ideias são informadas, por um lado, pelo perenialismo e pelo tradicionalismo esotérico do intelectual francês René Guénon, que tentam sintetizar a metafísica oriental com a filosofia ocidental e, por outro lado, pelo Cristianismo Ortodoxo Russo.
A filosofia política de Dugin tem como
objetivo a criação de um mundo multipolar no qual os EUA não sejam mais a única superpotência mundial. Ele também prevê uma quarta teoria política que não seja capitalista, comunista ou fascista, mas uma compilação totalmente nova que adote as boas facetas de todos os três sistemas. Mas, ao contrário da maioria dos teóricos políticos, as suas crenças estão imbuídas de hermenêutica oculta e mística. Aqueles que não se familiarizarem com suas crenças-ideias espirituais estarão condenados a uma compreensão superficial e sem alma de sua influência.
Entrevistei Dugin em
fevereiro de 2022 - algumas semanas antes da invasão russa na Ucrânia - e pedi que ele explicasse o seu Cristianismo e como tal influenciou a sua filosofia. Esse é um tópico que o interessa muito, e sua resposta refletiu a intensidade de seu interesse.
                                      
Dugin disse-me que o seu caminho para o Cristianismo se deu em três etapas importantes. A primeira foi o seu batismo quando era criança, a pedido de sua bisavó. Mas não deu muita atenção à fé enquanto crescia sob a influência de uma sociedade comunista e de um pai ateu.
O segundo
estágio ocorreu aos 18 anos, quando  entrou num círculo de radicais russos clandestinos que pretendiam rejeitar as máximas utópicas e os mitos do comunismo. Eles apresentaram ao jovem Dugin o mundo alienígena do tradicionalismo esotérico por meio de René Guénon (1886-1951) e Julius Evola (1898-1974), e tais ensinamentos  preencheram o seu vazio espiritual. O tradicionalismo esotérico defende que todas as civilizações e povos devem retornar ao espiritualismo dos seus arquétipos culturais tradicionais - os russos são cristãos ortodoxos naturais, por exemplo. Para Dugin, foram Guénon e Evola que lhe deram o alicerce a partir do qual começou a criticar a modernidade e a analisar profundamente o Cristianismo Ortodoxo Russo.
                                                                  
                                                    René Guénon (1886-1951) e Julius Evola (1898-1974).
Dugin disse que, durante o final do período soviético e nos primeiros cinco anos da década de 1990, não conseguia conciliar a "verdadeira tradição com o cristianismo intelectual" e que estava desanimado com a perspectiva dos crentes cristãos seus contemporâneos. Por fim, entregou-se à humildade de aceitar a Ortodoxia, submetendo-se à sua disciplina religiosa para ter acesso aos sacramentos.

Essa submissão acabou levando-o ao terceiro estágio: juntou-se a um pequeno ramo da Igreja Ortodoxa Russa, que, embora ainda em comunhão com o Patriarca de Moscou, praticava o antigo rito das reformas pré-Niceia. O velho rito atraiu a sua aspiração pela tradição e assemelha-se ao remanescente de tradicionalistas católicos que prefere a liturgia, as disciplinas e os sacramentos anteriores ao concílio Vaticano II. Dugin deixou-me claro que sentia uma grande semelhança entre o seu retorno à Igreja e o do tradicionalista guenoniano americano e sacerdote ortodoxo, Seraphim Rose (1934-1982), que foi batizado como metodista e se converteu do ateísmo.
                                    
Alexandre Dugin explicou que escolheu o Cristianismo Ortodoxo em vez do Catolicismo e do Protestantismo porque vê a Igreja Ortodoxa como incorporada ao mito da Rússia e como parte de uma tradição da qual ele não consegue se desvincular. Essa resposta levou a uma pergunta mais complicada: como  concilia  o absolutismo dogmático do Cristianismo com a abordagem aberta em relação às religiões orientais adotada pelo tradicionalismo esotérico, que poderia ser visto como indiferentismo-relativismo paraa mente ortodoxa?
                                 
Dugin respondeu que Evola e Guénon o ensinaram a respeitar as diferentes religiões sagradas e a não comparar as diferenças entre elas, mas sim compará-las com a Modernidade. Tudo que é antimoderno é bom, disse Dugin; ver as diferentes tradições religiosas em união com esse princípio permite que ele reconcilie tradições não cristãs e não ortodoxas. No entanto, ele admite, de forma paradoxal, a crença-ideia de que é preciso concordar totalmente com os ensinamentos da sua religião cristã, incluindo o seu ênfase de que todas as outras religiões estão erradas [algo discutível...]. Dugin indicou que ele contorna esse difícil problema encontrando pontos em comum ecuménicos. E afirmou que, por exemplo, se um católico vive plenamente a sua tradição religiosa, então é possível encontrar pontos em comum com outras religiões tradicionais, numa oposição mútua à Modernidade.
                                         
Dugin disse que sua abordagem para promulgar
sua filosofia de antiliberalismo e eurasianismo não é tão focada no Cristianismo quanto as suas outras ideias. O seu objetivo sempre foi criar uma linguagem filosófica que seja universalmente adaptável a todas as religiões, culturas e povos, independentemente das suas crenças religiosas. Para fazer isto, ele apela à ideia de Guénon de uma luta comunitária contra o mundo moderno. (E neste sentido bem mais longe foi ainda Jules Evola, com o seu valioso livro Revolta contra o Mundo Moderno).

Na opinião de Aleksandr Dugin, o Cristianismo é uma religião sagrada entre muitas existentes no que ele chama de "um tempo historicamente escatológico e apocalíptico" e, portanto, ele não deveria estar a lutar contra outras religiões, mas contra a Modernidade. Todas as forças devem ser usadas "para lutar contra a realidade ocidental escatológica moderna", que, segundo ele, não é apenas anticristã, mas também, em suas raízes, contra a tradição ocidental (ou seja, contra si mesma) e, portanto, ameaça todos os paradigmas religiosos.

Tendo permitido que Dugin deixasse claro que adota uma abordagem ampla e ecuménica, eu diria que, na verdade, ele enfatiza mais o cristianismo e o seu papel na luta contra a modernidade ocidental do que gosta, por razões pragmáticas, de declarar publicamente. Dugin  baseia-se fortemente na visão cristã do Apocalipse [um falso texto de S. João, provindo de imaginativos zelotas cristãos] e acredita que estamos a viver na era do Anticristo. Esta visão é essencialmente cristã e é por isso que Dugin expressa com veemência a ideia de que os cristãos devem combater a modernidade ocidental. É importante mencionar aqui que ele vê o inimigo como a modernidade ocidental, não o Ocidente em si, e que o cristianismo desempenhará um papel importante na derrota desse inimigo.

A civilização cristã não existe mais, na opinião de Dugin. Ele explica que essa desintegração ocorreu em vários estágios. A primeira foi o Grande Cisma, em 1053, do qual ele vê os dois ramos autênticos da Igreja Cristã, a Oriental e a Romana.
Em seguida, a Igreja Ocident
al tornou-se mais individualista e preparou um caminho para o liberalismo. De acordo com alguns, como Alain de Benoist, o cristianismo, por meio de um defeito inerente em sua concepção da salvação individual da alma, introduziu o perigo do individualismo no pensamento ocidental. Aqui, Dugin tem o cuidado de enfatizar a sua discordância com essa visão. Apesar de sua ênfase na salvação individual, "o cristianismo não destruiu o espírito comunitário", tal como é visto na Igreja Ortodoxa Oriental, disse Dugin. Em vez de ser uma criação do cristianismo, o liberalismo é a sua perversão.
A queda da Igreja Romana Ocidental no li
beralismo seguiu o padrão da promoção da [filosofia do] nominalismo por Guilherme de Ockham e pelos monges franciscanos no final da Idade Média, padrão que, segundo Dugin, criou uma "antropologia protoliberal e uma sociedade protoliberal" e culminaria no seu apogeu no protestantismo. Esse protestantismo e a sua ética de trabalho levaram ao capitalismo, conforme descrito por Max Weber em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1903), e ao que Dugin chamou de criação de "uma sociedade totalmente secular e hedonista". Essa sociedade, na visão de Dugin, destruiu a religião, deu início a um estado puro de degenerações pós-culturais e está a tornar-se um mundo tecnológico pós-humano [ou transhumanista-infrahumanista, anti-ordem  natural cósmica].
Foi nesse momento que sugeri a Dugin u
m motivo de optimismo:  a partir de uma perspectiva reprodutiva e demográfica, parece que o secularismo pode acabar diminuindo, pois as famílias religiosas têm mais filhos do que as ateias. No entanto, Dugin rejeitou esse meu optimismo, considerando-o um exemplo da falsa esperança anglo-saxónica de que um número maior de pessoas resolverá por si só os problemas espirituais. Os cristãos, argumentou ele, deveriam concentrar-se em salvar almas [embora já Erasmo no séc. XVI dizia que os cristãos antes de querem converter turcos ou lapões (e isto por indicações do seu confabulator Damião de Goes) deveriam converter-se verdadeira ou profundamente.]
                                          
Dugin acredita que os ocidentais, em particular, têm a obrigação de combater a força do Anticristo - a modernidade - já que foi o Ocidente que criou a modernidade. Ele descreve essa luta como uma guerra espiritual na qual "não devemos vender as nossas almas ao Anticristo", mas estar dispostos a "lutar até o fim e morrer para vencer com Cristo".
A disposição de
lutar contra a modernidade é mais importante do que a probabilidade de vitória, disse Dugin. Deus "aprova-nos" e salvará os que forem testados na batalha espiritual. Essa luta deve ser dirigida para o que Guénon chamou de "Reino da Quantidade", que, segundo Dugin, se manifesta hoje como "liberalismo, cultura LGBT, inteligência artificial, bancos e capitalismo".
                                             
As dramáticas declarações religiosas de Aleksander Dugin certamente evocam ideias milenares. Em minha opinião, no entanto, elas são os [ou dos] exemplos mais claros do poder da fé cristã que anima a sua filosofia política e espiritual radical.
A vitória nessa batalha es
piritual contra a modernidade abriria caminho para a "quarta teoria política" de Dugin, que suplantaria os três sistemas políticos da modernidade: fascismo, comunismo e democracia liberal. A quarta teoria desconstruiria cada um desses sistemas apenas nos seus elementos positivos, e as respectivas combinações seriam moldadas de acordo com as tradições de cada civilização. A política nesse sistema não seria focada no materialismo individual, na luta de classes ou no nacionalismo, mas sim no que o filósofo alemão Martin Heidegger chamou de Dasein, ou ser em sua particularidade [ou no devir da sua specificidade].
                    
Como os Estados Unidos controlam uma força esmagadora no mundo, vivemos em um mundo unipolar. Dugin acredita que essa hegemonia deve ser quebrada para permitir diferentes "polos" da civilização mundial. Os exemplos incluem os polos islâmico, eurasiano (russo) e chinês, cada um incorporado a sua própria tradição civilizacional. Essa multipolaridade é uma alternativa ao globalismo; ela permitirá a diversidade sociológica e acabará com o absolutismo político em favor do relativismo cultural.
                               
A Ucrânia representa o Ocidente liberal, na opinião de Dugin. Isso está perfeitamente representado no apoio ou endossamento por Dugin de uma carta-epístola, escrita pelo oligarca cristão devoto e executivo dos meios de informação Konstantin Malofeev [n.1974], que descreve a entrada russa no Donbass como "um novo estágio na vida de uma Rússia milenar". Malofeev continua descrevendo Kiev como tendo sido "levada [ou tornada] cativa pelas forças do inferno". Com base nessa avaliação, ele considera o conflito como um meio de restaurar a justiça histórica numa "terra sagrada para todo o povo russo", e que é o catalisador de "uma nova grande Rússia". Após a publicação dessa carta, o Departamento de Justiça dos EUA apresentou acusações contra Malofeev por tentar, violando as sanções, criar novos meios de comunicação em vários países europeus. O FBI também emitiu uma declaração dizendo que Malofeev "continua a administrar uma rede de propaganda pró-Putin e recentemente descreveu a invasão militar da Ucrânia pela Rússia em 2022 como uma "guerra santa'".
                          
A carta de Malofeev demonstra como os russos e como Dugin veem o conflito na Ucrânia: como uma guerra santa que expurgará a modernidade da esfera eurasiática e acabará com o que René Guénon descreveu como Kali Yuga - o conceito hindu para uma era decadente de conflitos e pecado. É essa a profunda motivação religiosa e espiritual que está por trás da campanha da Rússia na Ucrânia a qual tem sido perigosamente ignorada pelos analistas ocidentais forçando-os a interpretar mal os motivos russos.
Na medida em que Dugin influencia [muito
relativamente...] Putin e outros líderes russos, essa influência é profundamente religiosa e enquadra os acontecimentos como uma batalha entre as ideologias da modernidade e do tradicionalismo. A conclusão deste conflito terá, sem dúvida, consequências inimagináveis sobre a religião, a cultura e a geopolítica nos próximos anos. A filosofia de Alexandre Dugin [e certamente entretecida na da sua filha Daria Platonova Dugina, com quem muito dialogou] está a deixar a sua marca ou cunho no mundo, bem diante de nossos olhos.»

domingo, 24 de dezembro de 2023

Why Bô Yin Râ is an important master and how he sees the "spiritual rebirth", in Jesus's teaching.

 Bô Yin Râ is one of the most important spiritual teachers from the XX century, even if only a few persons know him, or have read his books or contemplated his  paintings, drawings and ornaments.

Why is he so important, you will ask? Well, I will give you a few examples of his value: 1º he was a painter with such incredible capacity to catch and share his spiritual visions in a so beautiful and inspiring way. He made around 200 hundreds paintings in his life, from 1876 to 1943,  in the Mediterranean and mostly in Germany, - where he was born as Joseph Anton Schneider Franken, in a family of farmers - and Swizerland, and received his original spiritual name of Bô Yin Râ, in which the letters are like spiritual antenns,  after his stay in 1912 in Greece.

2º He affirmed to be a master, to have been initiated, in Greece, by  the primordial Masters of Mankind and so he could transmit the highest and most appropriate teachings in the first decades of the XX century. These masters have their center in the spiritual level of the Himalaias, which is called Himavat. It is from this inner Orient that come the highest spiritual currents to Mankind, he said.

 Himavat

3º He wrote 44 books of  very deep and harmonious knowdlegde that are now translated in some languages and many available online, in which he gave  new spiritual explanations  about the masters, the path, what super-sensible or spiritual experiences are important, the difficulties,  karma, the life after death,  the Cosmic manifestation, the unity of religions, love, war, the magic of the word, the true life and teachings of Jesus, etc.

4ª He was critical of the intelectual approaches to spiritual life, like  the scientific explorations, or the possibility of a science of the Spirit,  and so he explained how most of the informations given by esoteric groups  are generally incorrect, inadequate and even nefarious to the disciples and searchers. He wrote  critically about Theosophy,  Blavatsky and of mediunship, warning people about the dangers of the pratices of channeling whatever comes, and of occult exercices, astral travels, old magic secrets, fastings, regressions by hipnotism and past lives, one of the most controversial aspects of his teaching, as he considers as not the rule the need of reincarnation, etc.

 These criticisms of would become the main stream on New Age teachings and activities are probably an important factor in not becoming in our days so read (or so comercial) as he was in his times, when people coming out of the I great War, and wishing to go beyond materialism and normal superficial Christianism, were very eager and enthusiastic to read and assimilate his words and spiritual teachings.

On the search and union of God, he was adamant that the Divine Being can be contacted only within the soul, and that is indeed a deep and perseverant process for all life: beginning by having a balanced and creative life, striving to unify  thoughts, acts and sentiments, and so to have control of them,  achieving the needed self-transmutation and empathy in order to have supersensorial or unitive experiences  and so to feel in the individual spirit that each one his, and in the spiritual organism that potentialy has, as well as the spirit of God,  or the realization of the living God within.

In these days of Advent and approching Christmas, so darkened in sadness and soaked in blood by what is happening in Palestine, let us meditate one of the highest mysteries of the spiritual path, about which very few persons have right ideas or true experiences, because since long have lost their ways to the deeper inner knowdledge and  most of the teachers who are teaching, and some very famous, are just half blind ones, pretending to be enlightened or sat gurus, leading blinds or craving ones in unimportant directions, many times exploring  their emotionally needs and weakening their true realization.

So, we will listen Bô Yin Râ on the mystery of being reborn again, spoken by the old masters sometimes as initiation, and specially by Jesus in his famous words: «If you want to enter in the Kingdom of God, (or in the spiritual and divine worlds), you have to reborn again,» or «be born by the water and spirit», where he is not speaking of the baptism in water and rivers, but in the spiritual realm of the primordial waters or energies of the spirit.

In some passages of his books, or opera omnia, called Hortus Conclusus, Bô Yin Râ speaks about so important rebirth, but  the most explicit and didactic passage is  in the book Wisdom of John, in fifth chapter, The pure Teaching, the one entrusted by Jesus to his most intimate disciples.  Let us listen this initiatic teaching:

«A human spirit can not enter in any spiritual world of the manifestation  - and all that lives in the realm of the Spirit is only aprehended as a spiritual manifestation - unless he is born into it.

 Originaly, the human spirit is given birth eternally at the most intimate of this "Realm  of God", engendered by God, but he lef the spiritual organism born of God - to keep this image - in the innermost  of the realm of the Spirit, where this organism has been merged another time in the potentiality of the Godhead. So an individual ‘rebirth’ must occur if one day the human spirit will  find himself conscious and active in that "realm of God".

Before the human spirit, even if he has attained the highest degree of development by his earthly life, is only conscious of himself  and of his Living God,  And he finds himself after the death of his earthly body  only in the lower spiritual worlds, for wich the correspondent organism has been preserved, even after his fall in the world of the animal manifestation, in a embryonic state,  - and it constitutes the only form of spiritual existence that he still posseses  and that he has the faculty to develop by his actions or behaviour during his terrestrial life.

About this higher and ultimate aim of life the author [St. John] of the ancient message of Master says: "When someone  is not reborn of the water in the spirit" - of the spiritual seed - "he can not enter the Kingdom of God".

To confirm and clarify these words he lets the Master says another time: "What is born from the  flesh, that is flesh, and what is born of the spirit, that is spirit."

In order that no doubt exists that here it is the achievement of generation of a real organism,  as also of the flesh, so of the Spirit...

But the only  ones of this earth that, already during their terrestrial life  attain this  "rebirth" in the Spirit, and thus, simultaneously  live and act consciously in the world of the terrestrial manifestation and in the  inmost realm of the Spirit, are the  Bearers of the Primordial Light, from whose the Master of Nazareth was one.»

So, the teaching is simple, we have a embrionary spiritual body with which we can't reach  the higher spiritual levels or realms of the Cosmos, and that is developped by a right way of living and by the inner spiritual path of connecting ourselves with our individual spirit and then with the Divine being in our own face or personnal relation, in certain way in India called ishta devata

This two  realizations, already so rare to be seen in normal beings, should be culminated with the true initiation on the spirit, being born again in a spiritual body of the highest quality and capacity (which form he hints in the book Welten, or Worlds, to be as a star), something only seen in the true masters, through their connection with the Father, as Jesus said: "I and my Father are one. Who sees me, sees also the Father", or "Truly who has sent me is with me, and he does not forsake me, because I always do what pleases him", culminating with the "I am the path, the Truth, the Life. No person comes to the Father except through me", a so foundational saying, or even a mantra, of Jesus, well explained by Bô Yin Râ, in this way: "For the spirit born identity, and which he calls the Son, and he experiences as his proper self as a Bearer of Primordial Light, remains the same reality for every human spirit, and only in his Son can any human spirit ever find eternal life within the world of Spirit."

So let us  have deeper communion with compassion-love, the individual Spirit, or the Son in us, the Masters or bearers of the Primordial Light and the Divine Being, for the well being of Mankind and of the Cosmos!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

A poem to Christ, to the Logos Iswara and to the Absolute, felt and written in Ramakrishna Mission, Kolkota, 1995

Oh Thou, Lord of my heart,
Wilt thou come to me
and dispel all doubts
that as a mist surround my heart?

Oh Thou, Lord of my life
Wilt thou wide open my soul
to thy currents of energy,
full of Love and Peace?

Crossing the boundaries of the Manifestation,
we walk as pilgrims of the Truth.
Master, can thou show us the way,
or are you the Way and theTruth?


Oh Christ, Christ, mantram of my soul.
Are Thou manifesting in all beings
and we just call You by different names,
or are they different manifestations of the Absolute?


Hast Thou become Jesus of Nazareth,
or do you in Jordan anointed him
and through him Thou spokest,
Thou, the Logos-Ishwara of this solar system?

Thy mistery is infinite as the eternity
I just have to surrender my self to Thee,
Absolute Truth and Being
whatever the name and form Thou usest.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Diário de Calcutá, 1995. Iniciação e diálogo com Swami Ranganathananda, vice-presidente da Ordem de Ramakrishna. E outras anotações.

                                           

Calcutá [Kolkota]. No Ramakrishna Mission Institute of Culture. Domingo 19 Novembro, 1995 [já após alguns meses na Índia]. Meditação matinal com bastante luz e cores, revolvendo ou rodando a certo momento. Mas como sabermos se é a luz do espírito, ou se é de Deus, ou se não será de ambos, e se vem de baixo ou de cima, de fora ou de dentro, ou se não será dum plano espacial acima da nossa tridimensionalidade?

Fim do dia, já 23:00. Comecei a jejuar a seguir ao almoço para estar bem preparado para a iniciação matinal com Swami Ranganathananda [1908-2005, e então vice-presidente da Ordem de Ramakrishna]. Assim é de facto. Resolvi-me a ligar-me mais com o mestre Ramakrishna (1836-1886) e quem sabe com Deus, embora tenha tido alguma indecisão hoje, pensando se precisava ou valia a pena.
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A conversa com certas pessoas limpa ou extrai mais energias da aura e do chacra da garganta do que com outras. Não percebi bem ainda qual o factor principal: se depende mais da intensidade emocional da minha conversa e entrega, se da receptividade, abertura e assimilação da outra pessoa, ou ainda da sua falta de energia e logo tendência a retirá-la mais de nós.

Sobre Deus pensei que Ishwara, Cristo, Krishna, podem ter por detrás ou de dentro de si  o mesmo Ser divino responsável por este sistema solar e que se manifestou nesses seres mais especialmente.

Dia 21. Meditação matinal com bastante luz e cores.
Meditação é descer a mente ao coração.
Yoga é a suspensão das ondulações mentais.
Meditar é sentir e realizar estados internos de ligação, identificação e comunhão superior.
Durante uma concentração no começo ou primordialidade da manifestação Divina, vejo no olho espiritual uma imagem das montanhas nevadas ao longe emergindo das nuvens.
Sonhos com animais e suas pequenas lutas de sobrevivência, ou foi apenas simbolismo da água capturar o coelho (da prolificidade, ou o coelhinho branco de peluche?). E cães sabendo já que se fala mentalmente.
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Repetir mantras é difícil e ainda assim o que me surgiria então mais é  Cristo.
Ontem (dia 20) fui iniciado colectivamente com cerca de 150 pessoas [pois não é frequente o vice-presidente que as transmite vir aqui a Calcutá] no mantra [e corrente espiritual] de Ramakrishna ou, mais correctamente num dos mantras, pois haverá certamente variações nos bijas ou sons sagrados iniciais, conforme as pessoas e que provavelmente o swami Ranganathananda intuirá]. Embora não me sinta muito vocacionado para o repetir e as iniciações assim com tanta gente quase não o são, é um facto que antes da iniciação, na meditação colectiva, fiz as ligações a Deus, a Ramakrishna e aos antepassados e amigos já falecidos, e correu bem com bastante luz e felicidade interior.

Talvez hoje tenha notado mais imagens subtis a quererem aparecer no olho espiritual bem como luz branca e de outra cor. Vejamos nos próximos dias. Estive foi mais desperto de noite.
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Dia activo com o meu professor de sânscrito Satchitananda Dhar, que vem aqui ao Instituto quase todos os dias uma hora e tal, duas, para trabalharmos. Revemos a tradução que fizemos dos Bhakti sutras, de Narada, um texto clássico da Bhakti, ou amor devocional indiano. A ver se um dia o consigo dar à luz bem comentado.

                              

A criança aqui ao lado na hospedaria do Instituto de Cultura reage às febres fortíssimas, possivelmente da malária.
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Visita ao vice-presidente da Missão Ordem de Ramakrishna, o swami Ranganathananda que nos convidara para estarmos na sua habitação por volta das 17:00. Ainda meditámos um pouco.
Desiludida com a sua iniciação [pois fomos iniciados num grupo grande], Dana [a investigador romena do Budismo e companheira de algumas conversas e saídas com mais 2 ou 3 investigadores que aqui estão], tê-lo-á dado a entender a um swami ou monge da Ordem, o qual avisou o secretário de Ranganathananda, que 
resolveu então convidar-nos visitá-lo e a dialogar, diminuindo assim uma certa impessoalidade e rapidez da iniciação, embora cada um tenha recebido o mantra individualmente de boca a ouvido.

Já com 87 anos está semi-deitado numa cama, e visto de longe pela porta entreaberta parece zangado ou severo [pois a sua expressão é em geral grave], enquanto vão entrando algumas pessoas para o saudar.
De perto vemos os olhos mais fechados e a face com pior circulação. Magro, alto, dedos belos compridos, fala sem cessar, não ouvindo já bem todas as perguntas, talvez por isso encadeando umas nas outras as frases. Acaba porém por conversar connosco, embora algo mundanamente, sobre os países que visitou, os livros que escreveu, as fotografias que eles contêm e onde se podem comprar. 
Elogia os livros, maravilhosos, muito bem realizados.
Pergunto-lhe que países mais gostou? - «De todos. Com que respeito nos receberam na Grécia.» E no México, quando após uma conferência, estando já toda a gente de pé e a sair, alguém lhe pediu para recitar uns textos ou orações em sânscrito. Regressaram todos aos seus lugares e pronunciou-os então cerca de vinte minutos, sendo muito apreciados».
                                        
Quando fala do Ocidente, observa-se já um pouco do nacionalismo [ou supremacismo] vedântico indiano, pois critica-o sempre. Assim, por exemplo, Platão e os outros filósofos gregos tiraram tudo dos Upanishads. Estes textos foram os primeiros do mundo a descobrir cientificamente a verdade sobre a alma e nós próprios. Ainda contesto um pouco dizendo que Gregos e Indianos têm raízes comuns [pois são povos indo-europeus e tiveram os seus mestres e poetas videntes] e que mesmo já no Egipto se estudara a alma, mas ele reafirma a prioridade indiana.

Quanto ao Cristianismo ataca-o citando Arnold Toynbee:  no séc. IV ainda estaria no caminho certo, mas depois começara a desviar-se, culminando com "milhões" de mortos, nomeadamente as bruxas queimadas, tendo ele estado em Toledo, Espanha, no local ou praça em que se realizavam os mortíferos autos de fé.
Dirá ainda que o Cristianismo pode ganhar em contacto com a Índia e receber aí a sua correcção total. Três frases de Jesus bastam para construir uma religião racional e verdadeira: «Sede perfeitos, como o vosso pai Celestial que está no Céu», «Bem aventurados os puros do coração porque esses verão a Deus», e outra não tenho já a certeza se terá sido o «amai a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a vós mesmo».

Considera que é a Índia que hoje no mundo está a dar ou partilhar mais a espiritualidade.
Perguntando-lhe eu se estávamos desde a data da morte de sri Ramakrishna  na Satya Yuga ou Era da Verdade, ele replica que sri Ramakrisha, tal como os outros grandes seres, fazem sentir a sua influência por séculos e só agora passados mais de cem anos é que se começam a sentir. [Eis uma hipótese que pode manter mais fervor nos adeptos de movimentos de mestres falecidos não há muito tempo, mas que frequentemente não se realiza assim tanto.]
Uma das respostas dad
as será boa, pois alude à plasticidade anímica. Quais os efeitos da meditação?  « - Dar novas forças e molde à procura da alma e da sua felicidade».

Já a sua constante afirmação da superioridade da Vedanta [o principal sistema filosófico e espiritual - darshana - na Índia] em relação às outras vias religiosas e espirituais mundiais, confirma um certo supremacimso-fanatismo vedântico e indiana, [que se pode compreender face à riqueza das suas tradições espirituais, nomeadamente do Vedanta, Advaita, sem Deus pessoal nem eu distinto do Eu divino,  Dwaita, com espírito individual e possível ligação  à Divindade pessoal, e sobretudo às suas tão numerosas grandes almas, os mahatmas, gurus e yogis, que sob a inspiração dos Himalaias e do Ganges, e dos seus deuses, cultos e práticas, tão luminosas vidas realizaram e testemunho, livros e tradições deixaram.]

Um dos cadernos bem cheios de transcrições, anotações, ensaios da estadia de cerca de nove meses (os outros três dos doze de 1995 em peregrinações) em Kolkota, no Instituto de Cultura da Missão de Ramakrisna, então dirigido pelo sábio e afável Swami Lokeswarananda. Fotografia do grande místico sri Ramakrisna Paramahamsa.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Leonardo Coimbra, "A Alegria, a Dor e a Graça". Hermenêutica do seu princípio por Pedro Teixeira da Mota. Vídeo e texto.

Leonardo Coimbra (1883-1936) , apesar de já ter sido muito estudado e sobretudo analisado, continua bem merecedor de outras aproximações menos secas e redutoras, e que consigam revelá-lo na sua dimensão perene espiritual e operativa. Neste sentido li e comentei a 17 de Dezembro de 2023 as primeira nove páginas d' A Alegria, a Dor e a Graça, tal como pode ouvir no vídeo inserido no fim deste texto, que será agora reforçado pela transcrição das ideias e frases mais significativas, de novo comentadas por mim.
A Alegria, a Dor e a Graça, dada à luz no Porto na Renascença Portuguesa em 1916,  é uma obra de filosofia perene, sempre legível e actual, pesem algumas redundâncias estilísticas e emotivas, e eis o seu começo prometaico, desafiante, iniciático, interpelativo:
"As almas verídicas (porque há aparências, esboços de alma) nutrem-se dum único alimento – o Absoluto.
Procurar a substância, o íntimo das coisas, o que é, para além do que aparece, eis a ansiosa tarefa das almas».
Comentário: Estas almas que verdadeiramente vivem, se alimentam e alegram na comunhão com o sagrado, o divino, o infinito, o absoluto, são raras. O mundo abastece demasiado as pessoas com alimentos materiais, digitais, informações e manipulações, conflitos e competições, ambições e egos, o que gera pouco tempo ou predisposição para a respiração, meditação e comunhão com o Absoluto, o Espírito, a Divindade, no que podemos sentir ou intuir.
O Absoluto foi para a maioria das pessoas, infelizmente, neagdo, coisificado, afastado, ou até demasiado abstraizado nas e pelas discussões filosóficas, metafísicas, religiosas e só para poucos ele é o fermento mais íntimo e importante do Universo, o pão da vida que alimenta verdadeiramente as almas que o demandam nas suas cogitações, orações e meditações e no seu quotidiano, enquanto seres que tentam despertar e ser na harmonia e eixo da terra e o céu...
Leonardo Coimbra indica onde encontramos o absoluto, o divino, o infinito: no interior ou íntimo das coisas e dos seres. É portanto nossa missão e tarefa procurar esse Absoluto ou Divino que nos substancia interiormente.
Não especifica se essa substância do Absoluto é uma só e a mesma em tudo e todos, ou se está individualizada em cada um, tal como a filosofia indiana muito aprofundou, que Leonardo conheceu, citou e apreciou, pesem em contrário alguns seguidores da escola da Filosofia Portuguesa que nunca gostaram de tais ligações com as filosofias e tradições espirituais orientais, e encontrei-os no caminho.
Aliás Leonardo no 3º e 4º parágrafo vai-nos secundar, ao escrever: «O homem comum vive numa concha, formada dos seus hábitos, depósito dum secular arranjo social.
Não se interroga, não pressente, que em torno dessa concha marulha um Oceano infinito removido de infinitas actividades e formas».
E que portanto é um erro fazer limitações, fronteiras, nomeadamente entre Leste e Oeste, Oriente e Ocidente, ou ainda definir como vazio o que a sua visão não consegue discernir ou não quer abraçar. Como também são ilusórias muitas das concepções feitas ou aceites pelas pessoas quanto aos seus deveres, pelas quais frequentemente se acomodam e se paralisam, ou então se excitam e agem erradamente, perseguindo a sua aparência de Absoluto, limitado e tantas vezes opressivo ou mesmo violento.
Este Absoluto, o infinito, a universalidade ou mesmo a Divindade, sempre foi demandada e intuída por diferente seres ao longo dos tempos e temos obrigação de os estudar e conhecer um pouco para aprendermos a sintonizarmos ou mesmo alimentar-nos melhor Dele, ou seja, para estarmos mais na demanda e na vivência da Verdade e da Harmonia. E Leonardo Coimbra é um elo importante dessa demanda e realização na Tradição Espiritual Portuguesa.
Destaca Leonardo em seguida um núcleo energético importante ou fundamental na vida humana, a Alegria, e vai-nos relembrar alguns momentos ou circunstâncias em que ela está bem presente como alimento, ponte ou portal para o Absoluto, para o Divino:
«A alegria duma manhã é a expressão das vidas que despertam, do grande abraço de luz que as enlaça e acorda?
Não será antes, muito simples e imediatamente, o espectáculo, sem cessar renovado da criação?
O que é uma manhã?
A obra dum Fiat arrancando ao Céu um Mundo. Que imenso Escultor é esse, que aí surge a talhar o Mundo?»
Eis Leonardo a tentar despertar-nos para o valor da aurora, do nascer do sol, da manhã, e como diariamente somos co-creadores do Mundo que ajudamos a concretizar-se pelos nossos esforços, aspirações abnegações. Uma imagem atraente é mesmo oferecida: vede a manhã como uma entidade que vos quer abraçar, ou como um potencial ainda informe ou mesmo caótico, que se quer formar, desabrochar, elevar.
Dirá mesmo sobre «a Alegria da Aurora. As vidas não despertam, renascem; eis porque cada alvorada é inédita, sem par.» Quantos conseguimos diariamente, ao acordar e levantar, adoptar ou abraçar do íntimo este ensinamento madrugante de Leonardo?
Lembremo-nos então mais da alba ressuscitadora, sobretudo quando estamos enfraquecidos ou desanimados, tanto mais que logo a seguir Leonardo afirma, na linha da sua visão Criacionista, que tanto teorizou (o seu 1º livro, O Criacionismo, nascido como tese, sem sucesso, no concurso para Professor da Faculdade de Letras de Lisboa), e convidando-nos a participar por auto-consciência operativa ou dinâmica nela:«O Mundo sai do Caos todas as manhãs. Louvores à primeira Alegria, que é a perpétua vitória sobre a Morte, a renovada e eterna Criação.»
 Após este hino ao Sol invicto, Leonardo observa no canto das aves, dando o exemplo da cotovia, e no sorriso puro ou inocente dos bebes, a Alegria da participação na Unidade Maternal do Universo e da Natureza, e no fundo apela a que não se perca a criança eterna interior, com o seu sorriso originário de bondade, esperança e confiança, dando em seguida exemplos comoventes de como a criança pode ser realmente coroada como imperador do mundo, pelos seres que a sabem ver, sentir e respeitar, partilhando mesmo um caso verídico, dos que sabem "pôr a alma acima do corpo", ou "refazer a realidade perante a fraqueza da aparência", passado com um salvador de náufragos nas praias da Póvoa do Varzim, o famoso Cego do Maio, numa descrição bastante comovedora da sua interacção com uma criança, e que espero que seja sentida ao ouvir a sua leitura no vídeo...
Saudemos Leonardo Coimbra, Sant'Anna Dionísio, seu discípulo directo (e por quem fui de certo modo iniciado no ser ígneo e de amor-sabedoria de Leonardo Coimbra), e o Cego de Maio e sua criança. Que eles, ou os valores e ideais que eles demandaram e realizaram, nos inspirem sempre! Aum, Amen, Hum...

                                 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

"A Visão e o Legado de Daria Dugina", no dia do seu 31º aniversário, por Constantin von Hoffmeister. Versão portuguesa.

A grande alma Daria Platonova Dugina, no seu 31º e 32º aniversários, já no mundo espiritual, mas invocada e celebrada no coração de muitos Fiéis do Amor. Aum, Amen, Om..
Neste texto publicado hoje 15 de Dezembro, dia do nascimento de Daria Platonova Dugina, intitulado a Visão e o Legado de Daria Dugina, o jornalista e politólogo Constantin von Hoffmeister partilha a sua visão das ideias e objectivos da vida, luta e morte de Daria Dugina. Resolvemos traduzi-lo do inglês, extraindo-o do Vk.com, e partilhá-lo, com breves acrescentos entre [..], já que resume razoavelmente certos aspectos da sua e nossa gesta pela multipolaridade fraterna e justa  da Humanidade, na sua perene Tradição cultural e espiritual, e contra a opressividade do liberalismo oligárquico da Nova Ordem Mundial,  à qual infelizmente a maioria dos governantes ocidentais estão vendidos e, consequentemente,  os meios de informação que tentam manipular e alienar as pessoas do discernimento verdadeiro das vias  da justiça e do amor, da ecologia e fraternidade, do auto-conhecimento e da realização espiritual e religação divina.
 "O fundamento da Quarta Teoria Política é o Dasein, o vir a Ser; a essência da Quarta Teoria Política é a visão do Sagrado; a substância profunda da Quarta Teoria Política é a realidade da Alma espiritual."             René-Henri Manusardi.
                                                                                 
 «Ao comemorarmos Daria Dugina, que faria hoje trinta e um [ou dois] anos, recordamo-la como uma figura [uma alma imortal] profundamente embebida na paisagem política e filosófica [e espiritual] da Rússia contemporânea [e perene]. 
                                             
No seu percurso [de estudiosa e ] profissional, Dugina transformou-se numa porta-voz do Eurasianismo. Falou frequentemente da Europa como uma "Rimland" (terra intermediária, expressão provinda de Nicholas John Spykman) apanhada entre as esferas de influência americana e eurasiática, e defendeu um império liderado pela Rússia para contrariar o domínio ocidental. Esta visão de um império era vista por Daria Dugina como uma aliança voluntária que defenderia a soberania dos seus membros, sublinhando as raízes eslavas orientais partilhadas por russos, bielorrussos e ucranianos, ao mesmo tempo que reconhecia a crescente resistência a esta ideia, particularmente na Ucrânia.
Os seus textos abordavam frequentemente o declínio do liberalismo, celebrando o que considerava ser o fim de eras simbolizado por certos líderes e esperando uma reorientação do foco global norte-americano sob Donald Trump [provavelmente ingenuamente]. Daria Dugina tinha a visão da Rússia como uma "ilha de liberdade" contra o que considerava ser o totalitarismo da democracia liberal. A sua Rússia ideal misturava a economia de esquerda com o conservadorismo de direita, uma combinação que ela acreditava ser única e adequada ao contexto russo, apesar das suas aparentes contradições face ao pensamento político ocidental.
Daria Dugina Platonova acreditava que vivíamos na Kali Yuga [a idade Negra ou era das Trevas], na visão cíclica tradicional da Índia das quatro eras e recontextualizada por alguns filósofos perenialistas, tais como René Guénon (1886-1951), Julius Evola (1898-1974), Ananda Coomaraswamy (1877-1947), Titus Burckhardt (1908–1984) e actualmente Alexandre Dugin], uma era mundial que significava o fim de vários paradigmas culturais e ideológicos. Considerava este período como caracterizado pela decadência dos valores tradicionais, um fenómeno que associava à ascensão do liberalismo e à fragmentação do espírito humano e da cultura que o acompanhava.   [Entre nós Antero de Quental já na sua época diagnosticou tal e defendeu uma Ordem dos Mateiros, que preservasse os valores tradicionais espirituais.]

                                     
A sua crítica da modernidade enraíza-se na co
nvicção de que o tempo actual representa um afastamento das estruturas hierárquicas tradicionais e da Ordem Divina [Rita, em sânscrito, ou ainda o Sanatana Dharma], com a Modernidade a conduzir a uma desintegração destes valores. Esta degeneração é mascarada por conceitos modernos atractivos mas superficiais, como os "Direitos Humanos", que ela via ou considerava como um tipo de imperialismo cultural [e que vemos, com o genocídio do povo Palestiniano, ou com mais recente a aclamação pelo ocidente dos terroristas sírios,  como foram um papagaio de papel], facilmente abandonável. Daria Dugina argumentava que tais conceitos são exclusivos das culturas ocidentais e que a sua aplicação a nível mundial sugere um sentimento subjacente de superioridade cultural ou de racismo. 
Daria Dugina discutiu regularmente a Quarta Teoria Política ["O fundamento da Quarta Teoria Política é o Dasein, o vir a Ser, a sua essência  é a visão do Sagrado e a sua substância profunda é a realidade da Alma espiritual."], considerando-a uma síntese que incorpora os aspectos positivos de ideologias passadas - a democracia do liberalismo, a solidariedade e o anti-capitalismo do comunismo e a hierarquia do fascismo - ao mesmo tempo que abordou as suas respectivas deficiências.
No que diz respeito ao género e à idade, Dugina considera que cada indivíduo, independentemente destes factores [influenciadores modernos], tem as suas formas únicas [ou pessoais] de se ligar à Tradição e desafiar a Modernidade. Daria rejeitou os valores promovidos pela juventude globalista, difundindo, em vez disso, o regresso às normas tradicionais e à realização espiritual.
Na sua perspetiva comparativista do Oriente e Ocidente, Dugina começou por ver a Europa como irremediavelmente dominada pelo liberalismo mas mais tarde descobriu movimentos anti-globalistas. Isto levou-a a distinguir entre uma Europa liberal, atlantista, e uma Europa alternativa, tradicionalista, alinhada com o Eurasianismo.
A mensagem que Daria Dugina [a dado momento  deu] aos activistas norte-americanos sublinhava a importância da utilização de meios modernos para combater o paradigma moderno, inspirando-se na noção de "homem diferenciado" descrita por Julius Evola [ver entrevistas no youtube: https://youtu.be/QiCtdi5nCoA?si=qdYK5gbsFIf8kk-Q ], que defende o envolvimento ou engajamento com a sociedade moderna, ao mesmo tempo que se preservam internamente os valores tradicionais [o que implica práticas espirituais]. Ela acreditava no empenhamento numa guerra espiritual contra a modernidade para sustentar a verdade da Tradição Perene, [e no fundo a sobrevivência espiritual do ser humano justo, sábio e fraterno.]

Daria Dugina Platonova ligou a luta política pela Quarta Teoria Política com o estabelecimento de uma ordem metafísica, afirmando que a política é [ou deveria ser, pois no Ocidente é basicamente alinhamento e oportunismo] uma manifestação de princípios metafísicos fundamentais que são a base do ser [e nisto seguia muito dois dos seus mestres e inspiradores, Pitágoras e sobretudo Platão, de quem retirou o nome iniciático Daria Platonova, seres ignorados ou menosprezados pela grande maioria dos avençados da Nova Ordem Mundial, oligarquico-sionista, que desgovernam o Ocidente, e em especial ferozmente sancionam e odeiam a Rússia.]
A posição de Daria Dugina quanto à invasão [ou melhor, Operação especial libertadora da zona mais] russa da Ucrânia foi inequivocamente de apoio. Considerou a invasão como uma manifestação do império que há muito visionava, interpretando-a como o desafio final, [ou como uma resposta corajosa e desafiante] à hegemonia ocidental. Recusava-se a acreditar nos supostos "crimes de guerra" atribuídos às forças russas, que afirmava terem sido encenados para manipular as audiências ocidentais e intimidar os ucranianos. Esta posição levou-a a ser sancionada pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha [os dois governos mais anti-russos e oligárquicos] em julho de 2022, uma medida que criticou, afirmando a sua identidade como  jornalista. [Anote-se que neste dia em que nasceu, 15 de Dezembro, é desde 1991, o dia dos Jornalistas assassinados, e neste momento Israel detém o recorde: 195 desde que começou o genocídio de Gaza.]
Daria Dugin com Vladlen Tatarsky, outro jornalista e blogger assassinado, sob o pentagrama do espírito imortal. Muita luz e amor neles!
O assassínio pelos extremistas ucros de Daria Dugina, em agosto de 2022, foi um acontecimento significativo que suscitou atenção e controvérsia a nível internacional. As circunstâncias que rodearam a sua morte foram objeto de vários relatórios e alegações, dando origem a uma narrativa complexa e multifacetada.
De acordo com um relatório do The New York Times, as agências de inteligência [secreta] dos EUA acreditam [ou melhor sabem] que partes do governo ucraniano autorizaram o ataque com bomba no carro, perto de Moscovo, que matou Dugina. Esta avaliação sugere que elementos do governo ucraniano estão envolvidos no que parece ser [ou foi inegavelmente] um assassínio político. 
 Após a morte, o presidente russo Vladimir Putin atribuiu a Daria Dugina, a título póstumo, a Ordem da Coragem, uma prestigiada condecoração estatal, pela sua coragem e abnegação no desempenho das suas funções profissionais.
 Daria, Presente
Possa a  aspiração à verdade, à justiça, à harmonia e ao Divino de Daria Dugina Platonova continuarem vivos e dinâmicos em nós, bem como a comunhão com a sua alma...
                                                         

Aum, Amen, Pax, Lux, Amor, Theos. Лус, Амор, Деус