segunda-feira, 8 de maio de 2023

Poesia do Caminho espiritual. Escrito não há muito tempo e avistado e concluído hoje.

Mosteiro dos Jerónimos. Anjo de música subtil, inspirai-nos...


Escreve com toda a alma
aberta ao som subtil e misterioso.
Toda a vida é cruzada arduamente
   agora é a hora da harmonia Divina.

Tão curta é a vida humana
para a grandeza potencial espiritual,
pois poucos  mergulham e agarram
a chama do Amor e do Espírito.

Com a idade e a não-ambição,
com o silêncio e a gratidão,
é possível sentir Deus no interior,
não nos dispersando no exterior.

Portanto, mantém-te calmo e em ligação
e a alma brilhará tanto como o teu coração.


domingo, 7 de maio de 2023

Dia da Mãe de 2023, e do baptismo meu por ela e do meu dela, em 2003. Lux, Amor; e viva a Divindade, fonte de todos nós!

Assim como as mães nos dão à luz na Terra e depois nos amam, alimentam, protegem, ensinam as primeiras letras, educam, inspiram e apoiam, com grande amor e invencível paciência, assim chega a nossa altura de as dar à luz dos mundos subtis e espirituais, rumo à Divindade, quando as ajudamos a partir da Terra chegado o termo da sua peregrinação e missão nela.
Foi em 6 de Outubro de 2003, com 84 anos, depois de ter acompanhado muito bem o marido, gerado e educado nove filhos (e depois netos e netas), e ajudado muita gente, que a minha mãe Maria Higierna Noronha Lencastre da Veiga Teixeira da Mota, foi chamada para o além espiritual e Divino, no meio da família e depois de eu a ter acompanhado ou impulsionado com orações nos momentos finais. Coube-me a mim, o não casado e que lá passava vários dias, ficar a velar o seu corpo de noite, na sua e nossa última casa de família, e assim foi: fiquei a dormir na cama ao lado dela. 
E entre orações e meditações, antes de o cérebro se adormecer, escrevi este texto, que resolvi transcrever em amor e homenagem a ela neste dia da Mãe de 2023, vinte anos passados da desincarnação, mas não de  separação no mundo subtil, de onde os sonhos algo desvendam ou enigmatizam de acontecimentos, ligações e mensagens que vão sucedendo, esperando escrever ou transcrever dela ainda algo para posterioridade na web. 
 
                                
 A fotografia mostra a mãe segurando-me nas mãos, um mês depois de ter nascido, no dia do baptizado, com a madrinha, a prima Quió (filha do tio Zé, irmão mais velho do meu pai) à sua direita, e o padrinho, o eng. Manuel Sá e Melo, casado com a tia Magló Noronha e Távora, ainda nossa prima, atrás dela. Em baixo, sentados, a minha irmã Gica e o meu irmão Zé. Na varanda da casa em Lisboa. O pai identificou e datou o acontecimento nas costas da fotografia. 
 
                                               
 
«Mãe, notre mère, nossa originadora e geradora, partiu há poucas horas deste mundo e casa para os planos espirituais.
Sua alma voga agora luminosa pelos mundos espirituais, embora o seu corpo jaza na cama ao lado parado e com a boca até apertada, sinal de que o seu Verbo agora é outro, o de Cristo, com quem se configurou tanto em vida (bondosa e prestativa) como agora na morte, serena e harmoniosa.
Se me aproximo mais do seu corpo serenamente estendido, sinto o amor e a gratidão por tudo o que fez ou transmitiu, foi e deixou.
- Mãe luminosa, mãe divina, diz o meu peito se o consulto em silêncio ou em receptividade orativa.
Numa casa tão bela, limpa e harmoniosa (no que era ajudada ora pela Rosa ora pela Verónica), só posso também compor o ambiente à sua volta e estar mais atento à harmonia dos locais em que vivo e assim trouxe os dois vasos de flores da sala para o lado do seu corpo (tanto mais que sabemos que as energias subtis das flores lhe fazem bem).
"Aqui atingiu a grande calma, o Mahanirvana, minha mãe", reza a lápide que traço no akasa (éter), neste momento.
A camisa aos losangos pretos e brancos lembra-nos que a vida é um caminho iniciático (de harmonia de polos opostos mas complementariáveis. (Posto) sobre o seu ventre, um ícone de Cristo com o livro sagrado da Lei (ou Dharma ou Amor) na mão lembra-nos o Verbo Infinito que perpassa por nós (e que devemos cultivar criativamente...)
Que privilégio este de dormir com a mãe ao lado, o corpo sereno, a alma liberta e poder passar a noite em orações e talvez viagens astrais mais conscientes.
Quem saberá o que nos reserva esta noite da sua entrada no mundo espiritual e despedida de nós fisicamente?
Adeus, mãe, que vais partindo e elevando-te para o mundo espiritual!
És uma alma luminosa, filha de Deus, amiga dos antepassados e mestres que agora te escoltam para o mundo espiritual. Carlos, Graça (dois irmãos) e o Pai recebem-te. Não estás só, ó neófita, no caminho que entraste, a luz de Deus abençoa-te e os Anjos guiam os teus voos rumo à Montanha Sagrada de Deus.
Mãe, Mãe, os teus filhos te saúdam com gratidão: avança para Deus.»

                                                    

No dia seguinte ainda acrescentei no reverso da folha: «Já nove da manhã. Acendo uma vela nova no altar do seu corpo, dois ramos de rosmaninho (colhidos de fresco), o ícone de Jesus está ao longo do seu corpo, bem como a fotografia (tirada em Panjim, Goa), dos seus avôs, mãe e tios (Noronhas, ao lado).
Deitando-me às 2:40 ao seu lado, na sua cama, acordei uma duas vezes, virando-me então para o seu lado. Sonhos leves, um deles na nossa antiga casa de família...
9:40, há certa fraqueza ou vazio no estômago. A vela a arder, as flores dos dois vasos, a fotografia da família, o ícone de Jesus e a alfazema acompanham-na.
"Mãe, Mãe, Mãe", repito algumas vezes em mente e alma...»

Bênçãos luminosas, gratidão divina, Lux, Amor!

sábado, 6 de maio de 2023

Poesia espiritual. 10 de Junho de 2016, noite.




I
Em cada segundo,
tinges-te de cores,
talhas-te em formas
sobes ou desces,
ensombras-te ou clarificas-te.
 
Mas se queres avançar
para a Luz da Verdade Divina
ouve a Voz da Consciência,
pratica a acção valerosa,
vence a inércia,
une-te ao espírito,
Sê mais com a Divindade.
 
II 
Pessoas com quem vai falando
e energias e ideias trocando
estímulos a despertarem mais
a nossa alma espiritual,
esta demanda ardente do Graal.

Tanta gente com seus caminhos
tanta sabedoria e experiência nascente.
Uns poucos sentem mesmo a Presença
que muitos falam, inventam e vendem.

Algumas almas mais puras,
solitárias nas suas cores rosadas,
frágeis mas alegres,
inteligentes e flores,
braços estendendo-se para nos tocarem.

E o mistério  da Divindade,
esta chama ardente na noite
que nos faz orar e meditar
e por ele próprio chamar,
Espírito em nós, que se quer revelar.

III
O meu coração por vezes
dispersa-se, ou melhor,
a mente, dilapidada no exterior,
faz com que o coração submirja
e resta a actividade mental
trabalhando sem a chama 
do coração ardente,
que nos liga ao Espírito e ao Anjo.

Cada vez mais Portugal se vai
dissolvendo no consumismo internacional
e já pouco resta para sentir
que seja da raiz portuguesa
e florescência divina.
Temos então que nos erguer bem
e meditar e orar melhor.
Assim seja.
Noite 10 de Junho 2016, 1:28.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Poemas do Caminho espiritual. Abril, 2023

 
Quando começo a meditar
e sinto a aspiração a Ti crescer,
 só posso exprimir na voz
o que de amor consigo gerar,
ou o que a Tua graça fizer chegar.

Estou em mim mesmo,
atento ao som do ambiente
e lanço no espaço
flechas de amor
em nome e mantras sagrados
iluminando o espaço circundante.
 
Entre crises, inflações e conflitos
Como não lutar, orar, cantar, meditar, 
pois só assim o coração arde e brilha
e a alma em luz se desvenda e irradia? 
 
Cada dia é um desafio de criatividade
na busca de soluções harmoniosas,
cada um energetizando-se a seu modo
as diferentes naturezas se manifestando,
ora calma ora conflituosamente se dando.
 
O que comes, ouves, vês e lês,
o que fazes, pensas e dizes,
será verdadeiro e harmoniza-te,
ou desequilibra-te, engana-te 
e vais pela estrada semi-manipulado,
no diálogo sem escuta e discernimento
e nem da luz interior reconhecimento.
 
Quantos demandam a pura verdade
e cultivam a meditação e a consideração?
Quantos escapam às narrativas oficiais
e independentes, lúcidos e livres avançam?
 
Medita bem as tuas opções:
ao que te associares te tornarás,
do que repudiares te libertarás.
e o teu corpo espiritual afectarás.
 
Sê pois justo, fraterno e libertador,
 buscando o teu ser espiritual no interior
e a acção sincera no exterior,
e a presença divinal te abençoará.
 
Ao acordares a meio da noite
medita, reza e canta com ardor,
e inflama-te no ser amor,
 invocação ardente da Divindade,
 desvendação  espiritual do Ser.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Uma carta do Irmão Lourenço, teósofo e da escola Arcana: vida e ensinamentos. Os livros da FEEU e do dr. Treiger em Portugal. Uma sua carta.

O ambiente e fraternidade no começo da República no Arsenal da Marinha.
 O irmão Lourenço, como era conhecido o engenheiro eletrónico Manuel Lourenço, foi um membro destacado do espiritualismo português desde os anos vinte e trinta, já que tendo trabalhado nas Oficinas do Arsenal da Marinha, ao Terreiro do Paço, encontrou lá uma iniciação não só operária e fraterna, pelo que era um simpatizante do partido Comunista, e só bastante mais tarde - numa vida esforçada - se tornando engenheiro, mas também a iniciação espiritual por parte de José Racalho que foi um ocultista e teósofo espanhol, bom conferencista, que o acompanhou e estimulou, dotado de certos poderes psíquicos, como Irmão Lourenço me narrou algumas vezes, nomeadamente o sair em corpo subtil para ajudar pessoas que, tendo morrido, precisavam de ser mais despertas e clarificadas ou esclarecidas, ou libertas de apego aos ambientes a que estavam demasiado ligadas
Maria O'Neill, a 2ª mãe do Irmão Lourenço, já que não tenho fotografia dele.
                                     
Recebeu também bastante apoio geral e espiritual, de quem dizia que fora a sua segunda mãe,  Maria O'Neill, 1873-1932 e que nascera de um nobre irlandês e de uma filha de um general, e que veio a ser a avó do famoso poeta Alexandre O'Neil,   e que foi uma escritora bastante precoce, uma feminista, jornalista, pedagoga, autora de muitos livros para crianças, teósofa e, nos últimos anos, sobretudo empenhando-se na causa espírita, tendo colaborado em numerosas publicações e organizações tanto cívicas com espiritualistas.
O irmão Lourenço foi membro da Sociedade Teosófica e o introdutor nela, creio, dos ensinamentos de Alice A. Bailey e da Escola Arcana fundada por ela, sendo o responsável de reuniões às quintas-feiras e aos Sábados à tarde, na cave da Rua Passos Manuel, nas quais ainda participei algumas vezes.  De facto, a 1ª tradução em Portugal de um livro de Alice A. Bailey foi o 1º volume do Tratado dos Sete Raios: Psicologia Esotérica, que ele editou ainda à sua custa, embora a sua tradução enfermasse de vários erros derivados de ter traduzido da tradução em francês, língua que não dominava. Conheci-o nessa altura, por indicação do meu pai, que era também engenheiro civil e militar, e ainda fiz circular vários exemplares da obra. 
Acabei por ser eu a avançar na tradução o 2º volume, A Astrologia Esotérica, já directamente do inglês, e a carta que transcrevo em seguida fala nisso, tendo sido publicada  mais tarde no Brasil, pela Fundação Educacional e Editorial Universalista, FEEU, colaboradora e distribuidora da Fundação Cultural Avatar, esta fundada em 1973 e dedicada aos ensinamentos espirituais de vários autores, e primacialmente do casal russo Nicholas e Helena Roerich e o seu Agni Yoga (pelo contactos de Jayme Trager, Vladimir e Tamara Bodegar e Sina G. Fosdick), de Alice A. Bailey e de Inayat Khan, e que na altura, além dos editados pela Editora Pensamento, eram dos poucos com mais qualidade acessíveis aos leitores de língua portuguesa. Conservo algumas cartas, embora já de 1984, do dr. Jayme Traiger, filho de russos emigrados para o Brasil, médico, depois homeopata e depois psiquiatra, e fundador e director da Fundação Cultural o Avatar bem como dos seus Boletins de Estudos de Ciência Espiritual O Avatar,  estes com as habituais exposições didácticas espirituais por vezes algo superficiais e muito tingidos pelas ilusões da entrada e grandes transformações espiritualizantes da Nova Era de Aquário, que aliás tanto Nicholas Roerich e Alice A. Bailey parecem ter também optimisticamente admitido ou sonhado.
O Irmão Lourenço, já na altura viúvo mas com uma filha, recebeu-me várias vezes na sua casa, em geral aos Domingos de manhã, num bairrozinho típico atrás da igreja de praça de Londres em Lisboa,  dando-me uma certa iniciação forte no caminho do não-egoísmo e humildade, e ainda na meditação  e na mentalidade de serviço, já que ele era de facto uma pessoa com uma sensibilidade imensa contra o egoísmo, a ganância e as injustiças e muito aberto à consciência e vivência fraterna entre os seres. Fiz chegar até ele algumas pessoas para sentirem e receberem o seu entusiasmo esotérico e fraterno, por vezes meditando-se e sentindo-se bons resultados intuitivos da nossa dimensão espiritual ou mesmo dos seres e ligações invisíveis que nos abençoam. Foi o caso do meu irmão Luís, ou mais tarde de Maria, como registei em diários.
Estava ligado a outras personalidades da época que se movimentavam no meio sobretudo teosófico e espiritual português, ainda que tivesse por vezes  discussões fortes com outros membros  mais fortes na afirmação das ideias das suas personalidades-individualidade, ou então menos receptivos aos ensinamentos de Alice A. Bailey, ou que ela terá recebido do denominado mestre Tibetano, ou Djwal Kull, e que de facto são frequentemente tão respeitantes a dimensões tão elevadas e distantes do nosso plano físico que são completamente improváveis, fora da vivência pessoal de cada um, e logo relativas para os outros.
Das pessoas suas amigas convivi mais com Marcelle Costa Pina, ligada ao ensinamento da Cosmogonia d'Urância e à revista Ondes Vives de Jean Claude Salemy, que eu ainda contactei em França; e com Mário Pinto, que fundara a revista Infante Mensageiro, policopiada, no Porto, onde ainda colaborei num dos últimos números já que nos anos 80 e começo de 90 aí habitei e ensinei meditação, Yoga  e caminho espiritual. O coronel Rocha de Abreu, era outro amigo (e peço desculpa dos que não nomeei), mas só me encontrei umas duas ou vezes com ele e não sei se terei anotado algo do diálogo, embora tenha uns pequenos cartões com ensinamentos, meditações, orações que ele distribuía também no seu afã de espiritualizar o meio português
Após muitos anos de trabalho abnegado, o irmão Lourenço deixou a Terra ao ser atropelado por um carro,quando seguia com uma das suas fiéis participantes no ramo teosófico, a Josefina (muita luz e amor , para os dois) e como nada encontramos na web que fale dele, e merecia-o pela sua vida tão abnegada e entusiástica pela causa espiritual e fraterna, e porque foi um dos meus primeiros instrutores ou, se quisermos, discípulos dos Mestres, eis um pequeno contributo, a que espero juntar outro.
A carta é valiosa na auto-caracterização de si próprio, mostra as tendências um pouco exclusivistas de alguns grupos esotéricos, no caso a Eubiose, de Sintra, e da Escola Arcana, em Geneve, algo que eu senti também pouco depois desta carta quando os conheci num dos seus encontros-conferências anuais, como ele menciona, desiludindo-me de tal via e partindo inesperadamente para a Índia à boleia em busca da tradição espiritual e yoguica viva e não de intelectualizações e construções quase incomprováveis e algo elitistas.
«Lisboa, 8/III/ 1977

                                                 Meu caro e bom Amigo e Irmão           Pedro Teixeira da Mota
Desejo-lhe boa saúde e a continuação de tão boas condições que vem mostrando em serviço prestado e que tem projectado prosseguir em escala crescente.
- Embora só tenho lido a sua carta que acompanhava o trabalho [de tradução do Trtatado dos Sete Raios, 2º Vol.)que o seu amigo foi portador, nem por isso deixamos de falar da Teosofia e afins, tendo-me ele prometido assistir ao Ramo das 5ªs fªs, pois pareceu interessado pelos nossos assuntos.
Quanto à rapaziada de Sintra tudo continua na mesma toada, i.é., eu com o meu entusiasmo, mesmo que amanhã desapareçam. Abrem-se pouco e sei ter reaparecido o Snr. que em Sintra dirigia os trabalhos lá e que foram censurados de terem aparecido na Sociedade Teosófica, dizendo que a Teosofia estava ultrapassada. É caso para dizermos – qual Teosofia?
Eu não ataco ninguém e muito menos que saiam de onde estão. O meu labor é e terá de ser construtivo e não tenho pretensões, senão com o devido cuidado de procurar (quanto me for possível) desfazer uma ou outra teia de aranha, mas nunca, de modo nenhum afastar alguém de onde esteja. Diligencio, quanto posso ser impessoal, eclético e sempre (aí - sim ponho ênfase), de agir com desapego, dada a necessidade para uma faceta a construir no meu carácter e muito precisa para o meu caminho.
- O que lhe passou pela cabeça quanto à revisão da parte não revista por si do 2º volume dos Sete Raios também me passou pela minha, mas não tinha a coragem para lhe pedir tanto, depois da dura prova da sua paciência e perda do tempo, a seguir ao trabalho que tem vindo a prestar. Claro que para mim e sobretudo para os futuros leitores da obra isso vinha maravilhosamente, mas para aliviá-la de tão grande frete pensava em falarmos ao seu irmão Luís para dividirem entre os dois esse trabalho. Estariam de acordo? [Acabei por ser eu a fazê-lo, enquanto ele preferiu traduzir a Bhagavad Gita da versão francesa de Sri Aurobindo, inédita.]
- Sobre os seus projectos na galeria Orpheu parece-me óptimo empreendimento da sua parte, pelo mostrar, além de dinamismo, grande esforço de serviço para que se conheça o que é necessário que seja conhecido – o mundo espiritual.
Quanto à participação bem sabe que os meus recursos literários são bem parcos, sobretudo para um público com elementos exigentes com bastante poder crítico, embora outra parte mais aberta às necessidades espirituais esteja apta a ouvir-nos. Contudo, não me furto a qualquer simpósio informal. É assunto para tratarmos frente a frente.
Sobre os triângulos [constituição de grupos de três pessoas e que meditam em sincronia] tenho material mas em linguagem para alunos da Arcane School. São folhas em separata que talvez se pudesse aproveitar.
A morada donde parte todo o material dos triângulos que funciona como departmento da Escola, é: World Goodwill, 18 Fincley Road, Hampstead, London, N. W. 3.
Gostaria de conhecer o que a Arcane School lhe respondeu, pois ela é um pouco exclusivista. Sobre tudo isto era admirável uma ida a Geneve por ocasião das conferências de que já faláramos em tudo isso e que talvez já púdessemos levar o trabalho concluído porque é uma fieira [termo técnico de construção, viga] imposta por eles.
- Depois de passar este fim de semana com o Dr. [Jayme]Treiger, procurarei meio de virmos a contactar mais detalhadamente, para aclarar alguns destes pontos.
- Sobre o livro que acabou de ler Cartas sobre Meditação Ocultista de A. A. Bailey, não consta estar editado em português, mas creio que os brasileiros pensam na sua tradução. É assunto para concretizar com o Dr. Treiger. [Acabei por traduzir apenas o livro Do Intelecto à Intuição, menos o capítulo final...]. Como saberá pelo seu irmão Luís, o Snr. chega a Lisboa no sábado de manhã (10:00.) e parte para Londres domingo pelas 16:00. Está firmemente ligado à Fundação FEUS [que se tornaria fundação Avatar, anos mais tarde) que publicou os livros já cá chegados e que conhece de A. A. Bailey., seu irmão irá apresentar-lhe a proposta da mesma Fundação publicar o livro [Bhagavad Gita] que ele traduziu já grande parte. 
Por hoje sem outro assunto abraça-o o amigo e irmão muito fraternalmente,
                                 M. Lourenço. »

"Peço que dê ciência de tudo isso ao nosso querido Irmão Lourenço... Lux! Amor!" 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Um poema espiritual, num diário de 1990, Maio.

 Escrito em Maio de 1990, sob uma indicação: Encontros com algumas pessoas ao acaso



Discorreram-se páginas da história,
invocaram-se altas teorias,
socorreram-se os atarantados dogmas,
esbracejamos pelo não naufrágio
nas águas turvas dos hábitos.


Recolhemos memórias do passado,
Comungámos em certos momentos
em que os olhares puderam dizer amor
e sentir e admirar o ser humano real.


Cada ser tem a sua vocação
e ela é plena e autêntica,
se é sentida e vivida
        e em atitude espiritual assumida.


Cresce a consciência pela união dos 3,
corpo, alma e espírito,
Cresce o Amor subindo do desejo,
vencendo violências e egoísmos,
já sem prazeres nem sacrifícios
antes chama calma e inteligente.

Muitos mistérios rodam o mal,
não será possessão nem diminuição,
antes uma falta de consciencialização
do que é verdadeiramente o melhor.

Corremos horas e horas sem fio
Ora velando-nos ora desvelando-nos.
Caíramos por fim nas areias exaustos
enquanto os barcos aportam às praias
trazendo consigo mensagens e convites
que nos remoçam e nos fazem partir.


Aventureiros, messiânicos todos o somos
mas é em nós que temos de erguer a Luz.
Não basta a erudição nem a tradição,
é preciso a experiência e a comunhão
com o espírito, anjos, mestres e Deus.

Transmitirei ensinamentos espirituais
pelos pesquisadores descobertos,
pétalas da rosa da alma,
sangue do cálice sagrado,
raios e ondas do Sol Eterno,
       comunhão na Unidade Universal. 


Pingos Fluidos, nos jardins de Lisboa. Um poema, numa aurora de 1994.


        [1994, dum diário]   Aurora. 

PINGOS FLUIDOS

Os jardins da Lisboa recatada
são despertados pelas odisseias e laudes
desferidas pelos anónimos cantores
que, na linguagem dos pássaros,
se inebriam nos píncaros de suas visões
do resplendor solar e divino.

Quando tentamos com eles vibrar
sentimos o peso do nosso intelecto
incapaz de sublimar todo o cérebro
numa simples canção de amor e louvor.

Fremem de alegria, esfuziantes,
transmissores de ocultas mensagens
que silfos e elementais do ar
lá fabricam com o invisível Espírito.

Nós, adormecidos ou fatigados os corpos,
temos de despertar, aspirar e batalhar
para que a circulação irrompa de novo
e corpo, alma e espírito se realinhem.

Braços e coração abertos ao astro divino,
Cresce no nosso peito oculto resplendor:
Saibamos no dia vencer as limitações
e gerar belas e divinas manifestações!