sexta-feira, 19 de junho de 2020

Amizades, Amor, Alma gémea, Graal e o Caminho Espiritual... Textos e vídeo...

A escrita é primacialmente uma invocação de mais amor e  conhecimento. Não sabemos bem o que vamos escrever ou que a nossa alma (e até a anima mundi) vai fazer aflorar da memória ou do campo unificado de energia-consciência-informação à nossa capacidade de associação construtiva, iluminante, mas começamos a escrever e depois no fim está a primeira recolha e sedimentação em palavras, ideias, sentimentos e intuições. Que poderá depois ser bem aprofundada...
Podemos dizer que alguns escritos são essencialmente cartas de amor e de gnose em busca da Sofia, da Sabedoria, seja Celeste, Santa, a Hagia Sophia, o Eterno Feminino, seja humana, esta tanto amiga, querida e amada como mais a mítica alma gémea, incarnada ou nos planos espirituais. 
É o caso desta carta de amor poema, bem intensificada nos comentários finais em que abordei os mistérios da alma-gémea,  Amor, caminho espiritual,  coração,  Espírito e  Graal, dos quais ao longo da vida  tenho tido alguns vislumbres ou toques, aos quais estou muito grato.
Segue-se a leitura de um poema manuscrito há meia dúzia de anos, na serra do Gerês transmontano (em 2014), agora germinado nos comentários desta sua perenizante gravação transmissão de treze minutos, com o mesmo fundo ou écran de um Graal iraniano e uma pintura do valioso pintor e mestre alemão Bô Yin Râ, autor também da pintura incluída nesta apresentação
Lux, Amor, Coração, Espírito divino, Graal.
                       

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Conto espiritual escrito em 1984 nas faldas do Marão duriense, em Fontes. Gravação em vídeo.

Eis um texto escrito acima do rio Douro pela Régua, nas faldas do Marão, junto a Fontes, quando a grande amiga Dalila Pereira da Costa me oferecia a estadia numa casinha de antigo feitor, sem água nem luz, para eu passar umas semanas nas épocas do meu aniversário a 13 de Agosto. Na época dava aulas de Agni Raj Yoga no restaurante Suribachi, no Porto, e era ideal seguir de lá para o Douro e o Marão.
 Dos muitos diários que escrevi ao longo dos anos, e agora reordenados, há registos valiosos  de encontros e diálogos,  de meditações e reflexões,  de subidas da montanha e peregrinações, de poemas e contos, de ensinamentos de meditação e de yoga e das aulas e alunos. Mas também em folhas soltas não incluídas em diários, e é o caso desta, com a indicação de "Fontes, Marão, Julho de 1984", e onde se encontram vivências, intuições e criações com  valor para serem transcritas.
Resolvi ler o texto, escrito então de um fôlego, hoje dia 18.VI.2020, pela primeira vez desde a data do seu nascimento, gravando tal acto em vídeo. Fatalmente introduzi algumas melhorias ou expansões conscienciais derivadas do meu amadurecimento a vários níveis. Espero que uma mão cheia de pessoas goste da gravação. O fundo é sempre o mesmo: um Graal persa e uma pintura de Bô Yin Râ. Apesar dos acrescentos, partilho a fotografia do manuscrito como  documento do momento matricial, imaginal, montanhístico e espiritual agora ressuscitado e assim preservado do frágil destino das folhas soltas ou de milhares de textos inéditos. 
 A epigrafe inicial foi extraída da oração ou mantra Templário, abreviada, que diz, traduzindo do latim, Não a nós, não a nós mas ao Teu nome (ou vibração ou consciência) seja dada a glória (ou Luz). 
Saibamos nós ir melhorando a qualidade luminosa tanto do nosso ser (por uma vida harmoniosa) como da nossa visão interior (pela pureza e amor, silêncio e contemplação), na comunhão das correntes e bênçãos divinas.....

                         

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Conto espiritual: da rosinha da alma à rósea cruz no coração, gravado em vídeo.

"Uma História" escrita há já bastantes anos, numa folha solta de um bloco, reencontrada em reordenamentos, e lida, com  acrescentos do momento, ao ser gravada em vídeo na manhã de 17.VI.2020. 
O fundo da gravação, uma pintura de Bô Yin Râ, mantêm-se em toda a gravação. Gravei em seguida mais dois textos antigos (mais rápido que transcrevê-los...), com acrescentos, e vão estar no canal do youtube.
                                          
 
A leitura é de cerca de dezassete minutos e ficou razoavelmente bem e vale a pena ouvi-la, pois é luminosa e benfazeja...
                          

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Invocação da Sabedoria, Hagia Sophia, Eterno Feminino, em nós e no Graal do coração.

A invocação e culto do aspecto Feminino da Divindade é realizada pouco conscientemente, fazendo-se mais pelas derivações de Maria em tantas Nossas Senhoras e pela Santas no Cristianismo, por Fátima e sua descendência feminina no Islão e pelas várias Deusas dos panteões de outras religiões, das quais destacaremos a Grande Deusa, Ísis, Demeter, Vénus, Amaterasu, Kwan Yin, Radha, Kali, Shakti Devi e Iemanjá.
Sentiu-se e intuiu-se, e foi ensinado pelos sábios mais clarividentes, tal aspecto sob diferentes designações, entidades e qualidades, tais como, para alem das já nomeadas, o Eterno Feminino, o Espírito Santo, a Fecundidade, a Maternidade, a Preservadora, a Fertilizadora, o Amor, a Sabedoria, o Espírito Santo, a Beleza, e ainda como tipos arquétipos de mulheres tais como a sacerdotisa, a mãe, a amante e amada, a curadora, a ensinante, etc.
Todavia, a sua adoração e invocação pode e deve ser feita interiormente e sem estarmos condicionados por imagens corporais, fatalmente limitadoras da grandeza e subtileza  imensa do Espírito feminino, fundamental para a Unidade Divina Primordial se poder manifestar seja no Cosmos seja agora em nós, ajudando-nos no caminho da Unidade...
                                    
Ao longo dos anos dediquei-lhe algumas, não muitas, meditações, cantos, orações, poemas, invocações. Eis uma, com a quadra final, e uma sugestão musical, acrescentadas hoje:
                              
                                        «Ó Sabedoria,
Mãe dos Deuses
Cimo da Minha Alma
Amor Infindável,
Eu invoco-te.

E Tu respondes rapidamente:
- Estou sempre contigo.
Uns chamam-me Anjo da Guarda,
Outros Espírito Santo
ou ainda a Santa Sophia.

Manifesto-me em tudo isto e para além
de toda a manifestação
Sou a mulher na Divindade Absoluta.

Ama-me que eu te amarei,
Chama-me que eu te elevarei
Concentra-te intensamente
e nascerei em ti como Amor.
Medita calmamente
e banhar-te-ei de luz e paz azul
do meu manto compassivo cósmico.

Ó peregrino, escuta-me:
Envoltos nas trevas dos mundos,
identificados com os corpos animais
poucos seres humanos me procuram.
E contudo eu desvendo-me a todos
os que aspiram à mais alta Luz.

   
Virei sobre os vossos esforços
e cobrir-vos-ei de chamas.
Brotarei dentro de vós
como o Sol Divino do Amor.

Ouve-me, ó peregrino:
Entre as principais energias divinas
Eu sou a Sensibilidade
Omnipresente nos mundos.
E posso ser na tua Consciência em ti. 

Não me personalizes numa bela mulher
ou num anjo todo poderoso.
Antes venera-me, respeita-me em ti,
como a tua alma feminina divina,
E crescerás na pureza, lucidez e harmonia.

Procura-me no teu peito ardentemente,
Bem dentro do teu coração espiritual,
Então sentir-me-ás verdadeiramente
como o fogo do amor do  santo Graal. 

                

sábado, 13 de junho de 2020

Dia de S. Antonio, em tempo de "pandemia", com imagens e orações tradicionais e espirituais.

 Sem que as habituais festividades religiosas, artísticas, musicais, conviviais e gastronómicas do tradicional dia de S. António se possam realizar (embora interiormente alguns devotos o invoquem e festejem), devido às medidas de contenção face a possíveis afectações pelo vírus corona, resolvemos partilhar um  pequeno altar popular, tradicional e espiritual, com imagens, destacando-se a pintura de Maria de Fátima Silva, da Ericeira (com os pés do húmus e da humildade e a veste branca e a criança da pureza do coração e da visão, mais o verde da esperança do manjerico biológico), e livros e orações, no caso a mais famosa de S. António, retirada do seu evangelho piedoso, os Cultos de Devoção e Obséquios..., em nova impressão, acrescentando uma prece escrita por mim, directamente para a folha rosa fotografada, há minutos desta manhã antoniana.
Possam S. António e, acrescentemos, Fernando António Pessoa, nascido neste dia, bem como outros seres especiais das tradições que mais cultivamos, e os seres representados na última fotografia, estar bem activos e luminosos enquanto espíritos mais ou menos despertos nos mundos espirituais e assim mais vizinhos ou internos das correntes e bênçãos da Divindade,  inspirarem-nos ou fortificarem-nos conforme as necessidades e merecimentos de cada um.
 
Altar mural pessoal com representações de S. António e o menino ou o espírito íntimo, de Maria de Fátima Silva; caligrafia persa de poema de Hafiz; o humanista e defensor dos direitos humanos e grande amigo de Erasmo, o cronista Damião de Goes; pintura do meu bisavô materno Higino da Costa Paulino; Erasmo de Roterdão (de quem publiquei  o seu Modo de Orar a Deus); Egas Moniz (fiel do Amor, dos cavaleiros de Entre-Douro e Minho e um dos fundadores de Portugal, aio mesmo de D. Afonso Henriques); fotografia minha de criança; espiga de milho e terços internacionais; gravura do Arcanjo de Portugal (que não é S. Miguel, e que deveríamos sintonizar mais frequentemente com ele e o nosso Anjo): e prato mandala iraniano oferecido por Farnoush Fadayan Motlagh, discípula do mestre sufi Dr. Tabande, da linhagem de Nur Ali Shah e com quem eu dialoguei, estando no youtube a nossa conversa espiritual. Possam as melhores correntes de Luz e de Amor divinos passarem por estes seres até nós. Om, Amen, Hum,

quarta-feira, 10 de junho de 2020

O trânsito extático de Maria Madalena, em 22.VII. Pintado em 1664 por Josefa de Óbidos.


                               
É ainda hoje uma história mal conhecida e contada a de Maria Madalena, discípula de Jesus, ou seja, sabe-se pouco e incertamente (embora nas últimas décadas uma imaginação frondosa tenha-se desenvolvido), e cedo foi sujeitada ou resumida, nas referências dos primeiros padres da Igreja, biografias, sermões e na arte, a duas caracterizações principais: Madalena, a Pecadora, e Madalena, a Penitente...
As fontes evangélicas eram escassas: Marcos, 16, 9-11,  Lucas 8, 2-3 e João 20, 1-2, 11-18. 
A caracterização rápida na descrição da ressurreição no evangelho segundo S. Marcos,  de Jesus ter expulso dela sete demónios deveria até corresponder mais a problemas psíquicos de que à má vida sexual da futura penitente, que depois de tal cura passou a fazer parte da comunidade de Jesus e estaria presente na crucificação e morte na Golgota, vindo ainda a  testemunhar a legendária ressurreição, quando se preparava para o ir ungir. 
A essa caracterização algo masculina ou brusca de S. Marcos, vem  depois a transmitida por S. João, o discípulo mais amado (sem falarmos talvez na discípula Madalene), que valoriza ser ela o 1º ser que o viu e que tentando-lhe tocar recebeu a tão citada resposta,  "não me toques", noli me tangere, pois Jesus dirigir-se-ia para o Pai em primeiro lugar, tema que aliás também veio a ser bastante cultivado artisticamente.
Houve outras Marias com quem foi confundida: a dita pecadora que vem beijar-lhe e lavar-lhe os pés no banquete dum fariseu, o qual queixando-se a Jesus da sua má vida, recebeu o poderoso ensinamento: «Perdoados lhe são os seus pecados, que são muitos, porque ela muito amou», tal como nos relata Lucas, VII,  e Maria de Betâmia, a mais amorosa e mística, que ungiu com o dispendioso nardo os pés de Jesus pouco antes da Paixão, em cena descrita por  João em XII, 1-8.
Será  um dos primeiros padres da Igreja, Tertuliano, que as confundirá numa, nisso seguindo-o o papa Gregório o Grande, e em seguida a generalidade da Igreja Católica.  
 Já outros padres da Igreja mais sábios como Orígenes e depois toda a Igreja Ortodoxa, distinguem-nas bem, sendo festejada a 22 de Julho e tendo sido ao longo dos séculos patrona de muitos ascetas e conventos, onde as suas representações em estátuas ou pinturas serviam de algum modo para que a sexualidade masculina tivesse alguma imagem da doçura do amor em que se sublimasse, tal como podemos ver no Convento da Arrábida.
Contudo, pesem as vicissitudes da sua vida misteriosa tanto nos seus possíveis prazeres como nos sofrimentos, chegaram-nos ecos de que ela seria a discípula preferida ou mais próxima de Jesus, invejada ou menosprezada por alguns. Estão neste caso dois dos evangelhos gnósticos encontrados em Nag Hammadi. Nas últimas décadas, contudo, ampliou-se e exagerou-se tal eco e, infundadamente, são às centenas os livros que fazem de Maria Madalena, a mulher de Jesus, gerando-se uma descendência feminina que teria vindo para a Europa. Sem entramos nestas mistificações, convenhamos  que era um ser de muito afecto e que terá sido orientada pelo mestre Jesus para realizações mais espirituais divinas de tal amor. 
Quanto à sombra dos pecados que a perseguiria e quanto às ásperas penitências a que se obrigaria ou se castigaria, há campo aberto para todos, desde os mais moralistas e ascetas aos mais místicos do amor ou mesmo libertinos... 
São milhares as imagens artísticas de Maria Madalena, desde a pintura e a gravura às esculturas nos mais diversos materiais, devendo-se relembrar a sua inclusão ou participação nas famosas esculturas do Menino Jesus Bom pastor, belas peças em marfim indo-portuguesas desde o séc. XVII.
Entre a nossa criatividade artística devocional a pintura de Maria Madalena, de 1664, pela Josefa de Óbidos (1630-1684), filha de um pintor português de Óbidos e que sabia do amor versus penitência pelas suas estadias em conventos e igrejas, tendo gerado cerca de 150 pinturas, dá-nos até uma possibilidade de leitura diferente da rotineira  caracterização dualista pecadora-penitente agarrada a uma caveira ou a uma cruz que contemplaria e à qual oraria, arrependendo-se do que fizera.
                            
Vemos então em vez disso Maria Madalena como sacerdotisa do Amor, paramentada ou vestida como tal, semi-desnuda e de cor de rosa, a cruz como eixo e coluna do mundo, coroada de flores e de longos cabelos soltos, em êxtase (pois trata-se do seu rapto final aos céus), com a auréola do espírito, ou de iluminada e santificada, no momento que foi chamado também o beijo da morte, ou da realização da imortalidade pelo Amor, rodeada só de Anjos, os mensageiros da Luz e do Amor Divinos...
Não há tristeza nem choro nos Anjos e vemo-los claramente como elos da Luz dourada que vem do mundo Divino e exercendo a sua missão de acompanhantes e transmutantes vibratórios do momento da morte.
O pulsar  do coração amoroso de Maria Madalena é ascultado muito subtilmente no pulso da mão direita por um Anjo, que parece estar realmente num esforço de sensibilidade para captar tal subtil sopro vital pulsante, enquanto que um outro grande Anjo, talvez o seu da Guarda, apoia o seu pescoço semi-tombado com uma mão, enquanto que com a outra  deposita ou segura uma vela que passa  pelos dedos de Maria Madalena que, já lassos ou abandonados, não mantêm a verticalidade da chama.
Será que o Anjo da Guarda está a pôr ou a fortalecer a vela, ou luz da fé e da esperança de Madalena nesse trânsito sempre difícil, ou significa que ele está a receber ou a orientar esse lume espiritual que se exala dela e que será atraído por um caminho aberto para o Céu, ou nível do mundo espiritual a que terá acesso, pelos cantos e movimentos coloridos e emotivos dos anjos e anjinhos?
Eis uma belíssima pintura propícia à contemplação harmonizadora e iluminante, ou mesmo à prática da arte de bem morrer, tão valorizada por místicos e humanistas (como Erasmo), ou não tivessem dito os antigos gregos na Antologia Palatina e depois entre nós, em poesias, Antero de Quental, Joaquim de Araújo e Fernando Pessoa (este interrogando-se também em prosa), "Morrer é ser iniciado"?
Saibamos pois morrer em vida e iniciados no Amor renascer espiritualmente...
Anote-se, para concluirmos oiro sobre azul, que Josefa de Óbidos realizou, tal como Maria Madalena, o seu trânsito ou êxtase final no mesmo dia do ano,  22 de Julho, em que ambas se celebram, podendo-se assim imaginar que ela também se representou a si mesma, em alguma proporção sibílica ou clarividente, nesta pintura tão sagrada e comungante...

Mandalas pessoais, desenhadas durante um Congresso em 2009.

Desenhar mandalas espontaneamente é um acto introdutor de dinâmicas de contacto com o não-consciente e que servem até para face a um confronto externo que nos afecta reagirmos com forças interiores nossas que se exprimem nesses desenhos, trazendo ao de cima símbolos, diagramas, energias, mensagens que protegem a nossa aura e ser desse impacto a que estamos sujeitos por ter de ouvir alguém, aproveitando até a ocasião para se utilizarem ou transmutarem algumas energias que estejam em maior vibração...
Nesta mandala o mantra ocidental ou som de oração IAO (repita-o e sinta-o interiormente ligando o céu e a terra...) foi tecido ou discernido numa estrela de oito pontas, em baixo com seres abertos e aspirando, quais aves voadoras e elevantes para o espírito estrela...


A nossa capacidade de vermos e sentirmos a dimensão de profundidade num desenho ou pintura estimula ou está em sintonia com o ver subtil e portanto com o olho espiritual, que todos deveremos desenvolver como um sentido essencial do nosso corpo espiritual ou de glória.... 
Isto pode realizar-se em qualquer desenho simples, ou numa flor, ou no contemplar do céu e do horizonte, ou sobretudo no de pinturas realizadas por quem já via ou vê com o olho espiritual e deixa sinais e linhas de força na sua obra...