quinta-feira, 9 de junho de 2022

Frei Aleixo de Amarante, um noviço mas mestre dos sentidos espirituais, e da Tradição Espiritual Portuguesa, na Goa quinhentista.

  «Era Mestre de Noviços em Goa o padre Frei Simão das Chagas, de quem, quando havemos de falar adiante, quando chegarmos à Cristandade de Solor, aonde por muitos títulos pertence [está citado no 1º Livro da Vida do S. Arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires] Veio-lhe pedir o hábito de Irmão Leigo um mancebo de boa presença, natural de Amarante. Sendo recebido pelo Prior, encomendou o Mestre aos Noviços, que tivessem cuidado de fazerem Oração por ele; porque lhe via jeito de haver dar um bom filho de S. Domingos. Como se ora profecia, assim foi o bom Leigo adiantando [-se...] em todo o género de virtude. De sorte, que era um exemplo de humildade, de devoção, & caridade.
 
E conta o Padre Frei António da Visitação, que sendo Enfermeiro no Convento de Goa, depois de cansar todo o dia em servir doentes, descansava à noite em fervorosa Oração. E tal, que foi fama, e coisa havida por muito certa, que uma noite lhe pareceu o Bem-aventurado S. Gonçalo [1187-1259], santo de sua terra [Amarante], acompanhado de uma suavidade de cheiro tão extraordinário, que junto à novidade da visão ficara o pobre Leigo todo transportado, e tornando em si, gritara tão alto, que acudirão os frades. E perguntado pela causa, não sabia responder oura coisa, senão: - Ó que suaves eram! Não tem a Terra coisa semelhante! [Ó margens, veigas e hortos do rio Tâmega...]
Era um dos que o acudiam, o Padre Frei Tomé Cardoso, que pouco depois foi Prior de Goa e contava o caso como se fora quase presente, e do Leigo tinha grande opinião. Este Irmão veio a adoecer e estando na enfermaria e na mesma cela em que estava o P. Frei Paulo do Espírito Santo, chamou uma noite pelo Padre [Paulo], e perguntou-lhe o que queria dizer, Laudate Dominum de coelis [Louvai o Ser Divino, ou Senhor, dos Céus].
Contava este Padre, que na hora em que lhe respondera com a declaração [explicação-tradução], dera o bom Leigo dois grandes suspiros, e traz eles a Alma [dar a alma ao mundo espiritual e à Divindade]. E porque a doença não era de qualidade que prometesse fim tão breve, julgou a piedade [a docta pietas de Erasmo], dos que conheciam seu Espírito, que as palavras do Salmo foram chamamento do Céu, e juntamente efeito de o levarem traz si. Era o nome deste Irmão, Frei Aleixo», e passados este séculos vimos nós saudá-lo e com ele comungar no amor e louvor, devoção e abnegação que ele tão heróica e agraciadamente viveu na Índia portuguesa quinhentista.
Que justificação apresentarei eu para ressuscitar este Irmão Aleixo, salvando-o do esquecimento centenário, num dia em que limpando um exemplar truncado da Terceira Parte da História de S. Domingos, particular do Reino e Conquista de Portugal, por Fr. Luis Cacegas, da mesma Ordem & Provincia & Cronista della. Reformada em Estilo & Ordem & Ampliada em Sucessos & Particularidades, por Frei Luís de Sousa, Filho do Convento de Bemfica, de 1678, subitamente uma página (331) aberta, qual Istixara persa [abertura à sorte de um livro tido como sagrado e oracular], quis sussurrar-me esta história de vida exemplar mas ignota de um membro da Tradição Espiritual Portuguesa?
Apontar as minas e as fontes cheias de ensinamentos espirituais que encontramos em muitas vidas de religiosos e leigos registadas em crónicas e livros, descontados os casos mais miraculosos e mistificados, neste caso para realçar o discernimento de espíritos do padre frei Simão das Chagas que conseguiu intuir as qualidades anímicas que amarantino irmão Aleixo continha, a sua mestria na oração pelos outros, pedindo mesmo aos seus discípulos ou noviços que orassem, ou pedissem as bênçãos espirituais e divinas sobre o recem-chegado irmão leigo ou ajudante para todos os trabalhos Aleixo.
E em Frei Aleixo, primeiro, a sua capacidade de servir abnegada e incansavelmente o próximo, em especial os doentes, bem como a sua capacidade forte de oração, pois mesmo cansado ao chegar à sua cela, em vez de se deitar sobre o catre, lançava-se na oração ferverosa, ou seja ardente, plena de amor, de bhakti. Caracterizam-no pois assim com um bom exemplo «de humildade, de devoção e caridade...»
 Mas destacaremos sobretudo ainda a sua capacidade de ter ou merecer os sentidos supra-sensíveis bem activos: tanto o olho espiritual, o 3º olho, vendo o Santo da sua terra natal, como o olfacto subtil e espiritual, no caso com as suavidades perfumadas que captou.
Também a sua morte, é bem instrutiva, pois parece manifestar outro sentido do corpo espiritual, a audição, embora pudesse ter visto as letras do apelo à oração dgraças, quando ouve esse chamamento de louvor, quem sabe se pronunciado ou trazido por Anjos ou por sacerdotes mestres, à Divindade dos céus, e deixa o corpo físico e vai atrás ou na esteira desse eco, rumo à fonte, em corpo espiritual. 
Eis-nos uma vida bem valiosa do passado, com alguns momentos bem luminosos, e que, já que não os podemos ver e rever, ao menos que os meditemos ou imaginemos mesmo, para que resultem inter-acções luminosas, neste Corpo Místico da Humanidade que a todos nos une, também denominado hoje Campo Unificado de Energia Consciência e Informação e no qual podemos ser bem inspirados e fortalecidos no Caminho, Verdade e Vida, para que a Humanidade se liberte mais das manipulações e alienações e desperte espiritualmente e irmãmente....

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Reflexões sobre ensinamentos espirituais do mestre alemão Bô Yin Râ, com três pinturas da sua autoria para contemplação.

As pessoas esquecem-se que ao nascerem na Terra são chamadas a despertarem espiritualmente, e que se não o fazem podem ser então algo vãs as suas passagens terrestres, pois estarão menos capacitadas para vivenciarem o post-mortem conscientemente.
Ora o despertar ou ressuscitar espiritual não exige tantas asceses e sacrifícios, seitas, iniciações e magias mas sim vida justa e saudável, compreensão e sábia utilização das nossas forças animais e psíquicas e ainda abertura às forças luminosas e aos seres dos planos elevados ou espirituais a que temos acesso pela nossa meditação e coração.
Há que reconhecer que a busca do conhecimento é grande em muitos
seres embora se limite na maioria a esforços intelectuais  e só em poucos atinge o seu nível verdadeiramente espiritual, vivenciado, libertador e perene, e que é o do conhecimento directo por união, interpenetração ou fusão do observador, do observado e do que é assim conhecido, algo chamado samadhi na tradição indiana yoguica, e que se considera como o resultado final da meditação bem conseguida.
Embora caminho da realização espiritual seja sempre individual (ainda que a relação polar ou de alma complementar possa acontecer), isto é
trilhado por nós, e em nós, não estamos sós no universo e neste plano físico e assim há  que discernir as influências e inspirações subtis que nos podem chegar as quais se baseiam   na existência de espíritos invisíveis não humanos, de espíritos humanos (desincarnados, nomeadamente antepassados, e incarnados, nestes se destacando os amigos) e os seres espirituais superiores, seja mestres e anjos e arcanjos,  já que todos eles podem influenciar-nos, seja por inesperados acontecimentos, azares ou sortes, que nos acontecem, ou quando nos põem em contacto com o que desejamos ou necessitamos para o nosso desenvolvimento espiritual.
Podem também a
bençoar-nos a partir da sua acção na nossa interioridade profunda, muitas vezes de modo inconsciente para nós, com as influências que nos fazem escolher o livro que precisamos ou abrir na página mais apropriada, ou apressar ou atrasar o nosso andar, ou receber as intuições que clarificam a nossa compreensão e impulsionam o desenvolvimento do amor e da consciência espiritual.
Nos esoterismos, ocultismos e espiritualismos actuais há vários erros
e mistificações que podem desviar, iludir ou prender as pessoas  desejosas de conhecerem os secretos e mistérios dos mundos subtis e da vida e que os instrutores pretensamente sabedores deteriam, quando o que é necessário é simplesmente uma mudança de orientação da vontade que permita o acesso ao aspecto ou conteúdo espiritual ou perene da vida. No fundo trata-se de uma mudança do estado de consciência que deixa de ser superficial e identificado apenas ao corpo e à mente, e que passa a vivenciar a interioridade do amor e da luz e o corpo espiritual, ou seja, uma pessoa está mais ciente ou unida com a dimensão subtil espiritual.

Mais que saberem-se muitos esquemas de iniciações, graus, rituais e fabulosas proezas, vale mais trabalhar e viver com humildade e reconhecer que devemos estar abertos às ajudas do mundo espiritual, as quais nos impulsionam no despertar da nossa consciência mais funda, consciência esta nova tanto pelo seu conteúdo como pela maneira de estarmos conscientes de nós próprios, já não tão superficial e  cerebralmente, mas com todo o nosso ser e a tempo inteiro, nessa interpenetração ou unidade do nosso ser trino de corpo, alma e espírito e que fende, atravessa ou vai além das aparências, a maya da tradição indiana, e se religa ao espiritual e ao divino.
Quando se fala nos tratados místicos da união da alma com Deus, e que alguns santos ou santas teriam conseguido, no fundo trata-se da unificação do nosso corpo e mente com o nosso espírito e deste com o espírito da Divindade, algo que implica não  rituais, cerimónias, iniciações e saberes ocultos mas sim e sobretudo devoção, silêncio, aspiração, meditação e amor.
E também a capacidade de rejeitarmos ou excluirmos o que nos afasta de permanecermos conscientes do nosso espírito eterno, ou de conseguirmos ou merecermos mais a estabilização no espírito, algo bem difícil seja com tanta informação intelectual como desinformação política. É por esta união espiritual e em certo grau divina, valorizada e perseverantemente demandada ou cultivada hora a hora, que conseguimos vencer as forças negativas ambientais, televisivas e da internet ou mesmo das entidades subtis que procuram constantemente prender, influenciar, arrastar e diminuir os seres humanos.
Esta abertura interior espiritual no silêncio não se vai manifestar em ouvir vozes ou assumir missões mas simplesmente em aumentarmos a nossa capacidade de amar o que nos rodeia e compreendermos mais inclusivamente, embora possa haver, nas profundezas da alma evoluída e já em estado de amor espiritual, comunicações  vindas dos níveis elevados do Universo.
O avançar no caminho espiritual assenta pois em grande parte numa confiança no nosso interior e no auxílio do mundo espiritual e a consequente libertação em relação a receios ou medos que tantos seres, grupos, instituições e meios de informação, sobretudo nos noticiários, tentam gerar nas pessoas enfraquecendo-as amedrontando-as, dominando-as, quando o que é necessário é a fé vitoriosa activa nos pensamentos, palavras, actos, meditações e  inspirações e que  gera a diminuição de receios e ilusões seja em nós e seja em quem nos rodeia ou com quem nos relacionamos.

É pois cada ser, na união interior com a luz do seu espírito, que luta pelo bem, a justiça e a verdade e se abre ao Ser Absoluto e eterno, que pode ora em dinamismo consciente ora pela oração e meditação, fazer com que as influências divinas entrem mais na sua alma e existência terrestre, vencendo-se a si própria primeiro e ajudando depois, mais por irradiação natural e silenciosa do que por proselitismos e falsas posições de grandes mestres, as pessoas a libertarem-se de ignorâncias, medos e egoísmos, pela boa disposição imperturbável, pelo riso, a coragem, a lucidez, a criatividade, a solidariedade, a sabedoria e o amor.
Vencer-nos a nós próprios nos nossos primarismos de reacção, ou nos desejos animais, implica a humildade da nossa natureza animal, por vezes tão egóica, aceitar ser ultrapassada ou orientada por uma manifestação crescente da nossa interioridade espiritual e amorosa de modo a que a união da consciência da alma humana animal com a consciência humana espiritual se vá estabelecendo e com efeitos válidos para a vida depois da morte, ou mesmo para a eternidade.
É para esta auto-realização, para esta unifi
cação amorosa do ser humano animal com o ser humano espiritual, no meio de tantos conflitos, lutas e manipulações, que somos chamados, se verdadeiramente queremos despertar nos níveis espirituais e receber as graças e bênçãos da Divindade viva em nós. Possa tal acontecer. Aum!

domingo, 5 de junho de 2022

Augustin de Livois. Alertes Santé. A saúde hoje. Em francês, da página gratuita "Alertes Santé".

 Um excelente artigo de Augustin de Livois, fazendo o ponto da situação das recentes pandemias e endemias, medidas governamentais e vacinas ARN e seus efeitos. Quem o quiser traduzir e publicar fará um bom serviço público, pois Bill Gates, OMS e Companhia continuam a "ameaçar" com novos vírus e vacinas, e está-se a confirmar que as ARN são demasiado perigosas dado o número enorme de efeitos secundários graves....
Acautele-se, use de preferência a alimentação natural, biológica ou orgânica, e exercite-se bem em todos os níveis, meditando e despertando o amor e a ligação à Natureza e à Divindade. Aum Hygea!

9 décès sur 10 du covid 19 touchent des personnes vaccinées

Chère amie, cher ami,
La plupart des personnes que je connais ayant reçu une injection ARN contre le covid 19 ont eu le covid 19.
Le nombre de doses ne semble pas avoir fait de différence majeure.
Il ne s’agit que de personnes autour de moi.
Ce n’est pas significatif.
Mais un rapport des autorités britanniques confirme cette impression. Au Royaume-Uni, 9 décès du covid sur 10 surviennent chez des personnes ayant reçu leur schéma vaccinal complet.[1]
Ce chiffre n’est pas vraiment une surprise.
En effet, il faut tout de même rappeler que, vaccinés ou non, ceux qui meurent du covid 19 sont souvent très âgés et/ou très malades.[2]
Ils ont généralement plus de 75 ans et ont souvent des comorbidités : cancer, obésité, maladie dégénérative, etc.[2]
Le covid 19 a touché des personnes très fragiles que le vaccin n’a pas réussi à protéger.
Jusque-là, rien de très étonnant.
Le covid 19, depuis le départ, ne tue, sauf exception tragique, que des personnes qui risquaient déjà de mourir dans les semaines ou les mois suivants.
Il n’y a pas eu d’hécatombe chez les autres catégories de population.
Comme le rappelait Didier Raoult dans une interview de février 2022, il y a eu moins de morts chez les moins de 65 ans en 2020 qu’en 2019 et en 2018.[3]
Est-ce à cause des confinements qui ont diminué les accidents de la route ?

À quoi sert le vaccin contre le covid 19 ?

S’il ne joue pas vraiment sur la mortalité, la question est de savoir si cet outil ARN est vraiment utile.
Les données anglaises montrent que le vaccin n’empêche pas ou peu les personnes fragiles de mourir du covid 19.
Par ailleurs, le virus a continué à circuler malgré les vaccinations de masse. Peut-on, dans ce cas, affirmer qu’il a réellement un effet sur la contagion ?
Certains scientifiques pensent même que les vaccins auraient au contraire favorisé la mutation du virus…[4]
On sait en outre que le vaccin perd rapidement en efficacité.[5]
On sait aussi qu’il cause de nombreux effets secondaires.[6]
Où se trouve le bénéfice ?

A-t-on sauvé les hôpitaux grâce aux vaccins ? 

Le rapport britannique nous explique que les injections à ARN permettent de limiter les hospitalisations.[1]
C’est aussi la position des autorités sanitaires françaises et des médias officiels.[7]
Nos hôpitaux étant dans un triste état, c'est un argument important en France.
En effet, en 2020, au cœur de la crise sanitaire, toutes les mesures restrictives de liberté (confinements, couvre-feu, masques, etc.) avaient été prises au nom du fait qu’il fallait “sauver l’hôpital”.
En 2021, quelques mois plus tard, on apprenait que les patients covid 19 n’avaient représenté que 2% des patients hospitalisés et 5% des réanimations.[8]
Le vrai problème n’est-il pas que l’hôpital public est totalement saturé ?
Malgré cela, le nombre de personnels soignants et le nombre de lits a continué à baisser durant la crise sanitaire.

Un combat autour des données 

En s’appuyant sur les données britanniques citées plus haut[3], un journaliste indépendant, après de savants calculs, arrive à la double conclusion :[9]
1/ que 91% des décès liés au covid 19 chez les adultes frappe des personnes vaccinées ;
2/ que la vaste majorité des hospitalisations est également chez les vaccinés.
L’article a fait un peu de bruit sur Internet et a été contesté par un article de l’AFP en des termes assez confus.[10]
Dans les deux articles sont mis en avant de nombreux tableaux, des graphes et des équations.
L’AFP se donne un mal fou pour vous convaincre que les injections ARN expérimentales contre le covid 19 sont bonnes pour vous.
Mais beaucoup de personnes, vaccinées ou non, doutent toujours…

Effets secondaires : peu de données mais de nombreux témoignages 

Officiellement, en France le vaccin a sauvé de nombreuses vies et les effets secondaires liés aux vaccins sont limités.
Mais en attendant, les centres de pharmacovigilance sont débordés depuis le début de la campagne d’injection à ARN.[11]
Par ailleurs, les témoignages sur les effets secondaires affluent sur Internet.
Ainsi Eloïse, une jeune maman, a subi une infection aiguë du rein à la suite de sa vaccination.[12]
Sa vie est devenue un calvaire. Elle a été totalement incontinente et en a eu pour 8000 euros de frais médicaux ! Elle a décidé de porter plainte.
Elle s’est confiée sur les réseaux sociaux et a réuni en moins de deux semaines plus de 450 témoignages sur les effets secondaires très incommodants liés au vaccin.[12]

Le point de vue d’un économiste 

Aux Etats-Unis, de nombreux observateurs essaient également de tirer un premier bilan de la campagne de vaccination anti-covid.
Les débats y sont souvent âpres et très politisés.
L’économiste Mark Skidmore, de l’université du Michigan, a tenté de faire la part des choses en regardant les données disponibles sur la mortalité de ces dernières années.[13]
Pour lui, il est évident que la campagne de vaccination a plutôt tué plus de personnes qu’elle n’en a sauvé.
Il s’appuie sur les données officielles VAERS, l’organisme américain qui recueille les signalements liés aux effets secondaires des vaccins (en général).
Il estime que les injections à ARN contre le covid 19 auraient causé entre 215 018 et 391 410 décès aux Etats-Unis.
Il y aurait eu 1,1 millions d’effets secondaires graves et 2,3 millions d’effets secondaires moins sévères. Les plus courants sont les myocardites, les thromboses, les crises cardiaques et les AVC.[13]
Il précise toutefois qu’il a vu un biais politique dans ces recherches : les républicains signalent 4 fois plus les effets secondaires que les démocrates.
Mais même en s’en tenant aux hypothèses les plus optimistes, le vaccin contre le covid 19 aurait tué plus de 100 000 personnes.
Ces chiffres semblent par ailleurs confirmés par certaines mutuelles et maisons funèbres américaines pour qui l’année 2022 aura été nettement plus meurtrière que 2020 ![14]

Faut-il encore se soucier du covid 19 ?

Vous me direz peut-être que l’été arrive, que le gros de l’épidémie de covid 19 semble être passé et que désormais il faut passer à autre chose.
Comme j’aimerais être d’accord avec vous !
Mais avant que la vie ne redevienne comme avant, j’ai quelques questions pour nos dirigeants:
  • Les hôpitaux publics sont saturés tous les hivers depuis 10 ans, comment avez-vous prévu de les désengorger ? Que va-t-il se passer cet hiver ?
  • Quel accompagnement médical est prévu pour toutes les personnes dont la vie est gâchée par les effets secondaires liés aux injections ARN ? 
  • Quelle compensation financière est prévue pour ces victimes ? Quand va-t-on publier l’ensemble des données sur les effets secondaires ?
  • Est-il vrai qu’une partie seulement de la population a été vaccinée, l’autre ayant reçu un placébo ? 
  • Allez-vous interdire les financements privés pour l’OMS ? Quand les états reprendront-ils le contrôle sur la gouvernance de cette institution ? Quand cesserons-nous d’être influencés, voire dirigés par la Fondation Bill Gates ?[15]
Tant que ces questions n’ont pas été réglées, le covid 19 ou les virus suivants resteront un problème du quotidien.
L’arrivée de l’été ne suffira peut-être pas à changer les choses…
Naturellement vôtre,
Augustin de Livois
Do valioso mestre alemão Bô Yin Râ
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sábado, 4 de junho de 2022

Bô Yin Râ, on the unification of soul's powers. Short essay on the Path of the Light.

The unification of the soul's powers, or of the instincts and desires, thoughts and emotions, is paramount on the spiritual teachings of most of the masters, as per example in the ones of Bô Yin Râ (1876-1943). 


In all his twenty two books, called Hortus Conclusos, he tries to help us in the approach of the spiritual realization; and in one of them, probably the most important, The Book of the Living God, he describes our soul as a kind of cloud, made of myriads of points of light and energy, each one trying to do or accomplish his own will, and says that our task is to control them, to unify all their wills under our own will, what is not easy at all but it is a pre-condition to have acess to the true spiritual realm.
So we can say, in a certain way, that Bô Yin Râ wrote his books to teach us how to do that unification in different ways, the main one being the regular pratice of feeling ourselves as a sea of myriads of light points within the physical body and unificating our own consciousness and will with the will of these tiny points of light already having a kind autonomous will, that should be then controled, tamed, yoked, yoga....
A disciple of Bô Yin Râ's teaching and teacher of a friend, Monique, said that you can compare this animic forces with several I 's  inside the body and you must unify them under one will power. And he thinks that all, or many, of those I's are of deceased people who have so a certain life inside your body. 
Monique thinks that may be every person has several I's, because our character is composed of different will powers. And so in her meditative pratice, she tries to do the experience of having only one goal or objective of concentration, in order to get nearer to the unification and to the Light. And she feels that is her way to pass beyond all those different I's and will powers. 
It is an example of the needed concentration and unification power applied in the spiritual pratice, although Bô Yin Râ just says that the variety of animic energies that people possess don't mean reincarnations, nor different I's in us, but just psychic energies that were already in action in former times and persons, anding search still in our days to realize themselves, or be accomplished and liberated by us.
Bô Yin Râ points the fact that the control of thoughts is very needful for entering within the soul, to feel it, and if arrive to create silence we will then listen to a kind of a subtle inner voice, of the spirit, or we will see in that inner serenity the opening of the famous lotus jewel, from which we can contemplate the star of the spirit or even some rays and blessings of spiritual forces or of the Divine and Primordial Being...
I would say that this unification is mostly done in tree ways: 1º by a harmonious, lovely and creative life, under the aspiration to our highest spiritual evolution possible and so under the Logos, or Truth, Love and Justice Divine.  2º by our moments of recollection, or by the spiritual pratices where we try to control the thought waves (yoga chitta vritti nirodha, as the sage Patanajali - mentioned by Bô Yin - Râ, says at the beginning of his Yoga Sutras), the desires and distractions, or the left hemisphere constant activity, or the intellectual or mind pursuit that is going on all the time. 3º by the love, will power and compassion manifested in our awakened and unified being (body-soul-spirit) and life (words, feelings, thoughts, actions, intentions, human relations and spiritual marriage.)
This unification is the hard work on the path (as Paracelsus said ad astra per aspera) but each time we do it, it has good effects in creating a stronger link and channel with our spiritual dimensions, as we have subdued some of the small wills inside ourselves, at least for some time, giving us some consciousness of our true identity, per example, in Indian tradition mentioned as Sat Chit Ananda, Being, Consciousness, Beatitude...
In the extraordinary work of Bô Yin Râ we find many views, ways and exercises given to  us to help that unification of thought's waves, or points of animic energies, and enter in the inner temple, and so we will point now five ways:
1- The ones given in his books on  Prayer, Mantras, Funken, with spiritual affimations or sutras made by him.
2 - The classical mantras from Indian tradition, mentioned by him, like the Tat twam Asi,  Aham Brahmasmi, Jivatman, Aum,  Om Mani padme hum and few more.
3 - He sugests also to use great spiritual phrases, like the ones from Jesus sayings, and he explains how they should be assimilated deeply with all our being...
4 - The contemplation of his paintings (ou also from others), the complete immersion with them, without analysing it, but feeling it within us, or we in them, merging with colors, forms, rythms and spiritual dynamism and reaching a spiritual experience.
5 - The comunnion with Nature and its beings and events, done deeply, coming naturaly, spontaneously, like seeing a sun rising or contemplating a beautiful flower, tree or lake, either assimilating that the spiritual light reflected by them, either in moments where there is the merging of the separativism and differences into a unity, that we could say, are some kinds of samadhis, or sameness of the soul and unification in a broader unity...
Each person should discover what are the most suitable ways to himself or herself, and persevere. And, in the end the river will enter into the Ocean of the Divine or, as Bô Yin Râ extols so much, in the realization of the living God in us. So,  may auspicious pratices and  blessings from the inner and Divine realms reach us... Aum....

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Luís de Castro Norton de Matos: "O Espiritualismo Oriental de Rabindranath Tagore". Revista Contemporânea, de José Pacheco.1927.

Luís de Castro e Almeida Norton de Matos foi um diplomata e historiador, nascido na Vila de Dona Maria Pia, em Santo Antão, Cabo Verde, a 24 de Janeiro de 1903, vindo a deixar a Terra, em Lisboa, a 6 de Janeiro de 1968. Era filho do Dr. Arnaldo Mendes Norton de Matos e sobrinho do General José Norton de Matos. Em jovem teve uma boa abertura Rabindranath Tagore e à espiritualidade indiana que deu um fruto, hoje ignorado pela maioria das pessoas.
Em 1926 ele conseguiu publicar um texto O Espiritualismo Oriental de Rabindranath Tagore na Revista Contemporânea, e embora ninguém mencione ele pode ter sido amigo de Fernando Pessoa, um dos principais colaboradores da revista, que certamente leu este texto, editado em 1927 numa separata que leva a seguinte dedicatória: «Ao meu querido amigo José Pacheco. Este trabalho foi escrito para ser publicado, em artigos, na Contemporânea. Por amável resolução do director desta revista, o grande artista José Pacheco, publicou-se esta "plaquette". O Autor»
Quando manuseamos a separata vemos que na 1ª parte seleccionou bons ensinamentos da Gitanjali e na 2ª parte do livro Sadhana, ou Realização da Vida, com uma compreensão boa das subtilezas da espiritualidade indiana, embora tenha de certo modo errado uma ou outra vez na tradução ou na conceptualização.
O começo é bastante órfico: «Rabindranath Tagore é o maior poeta e profeta da Renascença Indiana, tendo, como profeta, o duplo interesse de ser um filósofo espiritualista e místico, o ostiário duma nova e oriental redenção bramânica.
Em quase todos os aspectos da sua obra, como dramaturgo, novelista, músico, poeta e filósofo, é um educador religioso, um dos mais estranhos apóstolos da civilização indiana; quase todos os seus escritos, cujo espírito é o de Vaishnava «que idealiza e espiritualiza todas as relação da vida», são de devoção exortatória e mística.»
A sua apreciação da filosofia védica, bramânica e vedântica tem certas limitações, patentes na sua caracterização da Trimurti: Brahma, Vishnu e Shiva, mas são em geral acertados os comentários às transcrições de extractos de Rabindranath...
Quais são são as melhores transcrições feitas por ele, da 1ª parte, da Gitanjali: talvez a sua tradução do I poema, curiosamente o único sublinhado na 1ª linha por Fernando Pessoa no seu exemplar, hoje na casa Museu Fernando Pessoa: «Fizeste-me infinito - meu Deus, como era teu desejo!
Senhor dai-me força para suportar facilmente as muitas alegrias e tristezas; a força precisa para que o meu Amor seja abundante em serviços proveitosos;
Dai-me força para suportar facilmente as muitas alegrias e tristezas;a força precisa para que o meu Amor seja abundante em serviços proveitosos;
Dai-me força para nunca abandonar o pobre; para nunca me curvar a um poder iníquo;
Dai-me, Senhor - força para erguer o meu espírito acima das futilidades quotidianas; a força para, com amor, submeter a minha força à tua vontade».
Tagore protesta contra o falso conceito de alguns filósofos da Europa que sustentam que o Brahman da Índia é uma mera abstração, a negação de tudo o que existe no mundo; numa palavra, que o ser infinito só se encontra nas metafísicas.
Este princípio os índios nunca o aceitaram porque defenderam sempre a ideia da presença do infinito em todas as coisas que têm sido a sua inspiração. «Tudo no mundo é cercado [coberto, velado] por Deus» Içavasyamidan sarvam yat kincha jagatyan jagat. [Isha Upanishad, v.1]
A doutrina do Upanishad é cânon moral de Tagore:« O ser que, na sua essência, é a luz e a vida de tudo, consciência universal - chama-se Brahman. Sentir tudo, ser consciência de tudo, é o seu espírito: estamos imersos na sua consciência, corpo e alma...». 
E conclui com as aproximações bem poéticas e espirituais ao mistério da morte, de Tagore, ainda que sem grandes certezas:«Não me perguntem o que tenho para levar! Parto para a minha viagem com as mãos vazias e a esperança no coração...»

Já na segunda parte Luís Norton de Matos aproxima-se do livro mais espiritual e yoguico de Rabindranath Tagore, a Sadhana, ainda não traduzida entre nós mas à qual já consagrei um artigo neste blogue, e ora transcreve ora comenta, duas ou três vezes com pouco conhecimento, tal como quando considera que na Sadhana «Tagore subordina-se inteiramente ao espiritualismo búdico, construindo, aliás, um novo sistema filosófico» e que «os oito capítulos da obra são os oito aspectos fundamentais da realização da vida no espiritualismo sistemático de Rabindranath Tagore», dedicando uma súmula de duas a três páginas a cada um dos capítulos, e que traduziu assim: - Posição relativa do Indivíduo em face do Universo. O Eu consciente. O Problema do Mal. O Problema do Eu. Realização no Amor. Realização na Acção. A realização da Beleza. A realização do Infinito. 
                                   

A súmula mais curta e incisiva, não sabemos bem porquê, é a do V capítulo, Realização no Amor, poucas linhas. Ei-las: «Um profeta indiano disse que o mundo nasce do amor, pelo amor é mantido, no sentido do amor se move.

No amor, num dos seu polos, encontrareis o pessoal, no outro, o impessoal. 
Se Deus fosse absolutamente livre - escreve Tagore - não teria havido criação. O ser infinito impôs-se o mistério do finito. 
Em Deus - que é Amor - o finito e o infinito se unificaram!», e realça assim discretamente como o verdadeiro amor é sacrificial.
A súmula do VI capítulo, Realização na Acção, é das mais longas com cinco páginas e alguns parágrafos bem valiosos: «O ser infinito invade tudo, é um bem inato em tudo».
«Procurar Deus apenas na contemplação extática é um erro; é diminuir o poder de Deus, limitando-o.
O êxtase e a contemplação são necessários ao espírito, purificam a alma; Deus está connosco na calma e silêncio dum solene confronto místico; mas Deus é activo, desde que o mundo foi criado, saindo Ele do seu profundo e infinito alheamento.
Não basta, pois, contemplá-lo no isolamento - é preciso acompanhá-lo na sua permanente evolução vital.
"Quaisquer obras que produzas, consagra-as a Brahman"
O espírito deve dedicar-se a Brahman através de todas as actividades.»
O capítulo VIII A Realização do Infinito, contém alguns passos valiosos, embora iniciado com um erro pois traduziu "Man becomes true if in his life he can apprehend God; if not, it is the greatest calamity for him", por " O homem torna-se perfeito se na sua vida possuir Deus; a maior calamidade que lhe pode advir é não possuir Deus", quando na realidade o que se trata é mais de compreender, realizar, sentir e não tanto "possuir".
Mais à frente transcreve - «"Nada se poderia mover, nada poderia viver, se a energia do ser infinito não enchesse o Céu" - são palavras duma escritura sagrada.
Nos nossos prazeres materiais o limite depressa se descobre; o contrário sucede em todos prazeres da ordem intelectual e moral em que a margem é mais larga, o limite mais distante.
Numa líricas dos Vaishnavas] [devotos de Vishnu e seus avatares], um amante diz à sua amada: "Eu sinto como se tivesse contemplado a beleza da tua face desde que nasci e os meus olhos ainda estivessem famintos, como se eu te tivesse apertado ao meu coração por milhões de anos e o meu coração ainda não estivesse satisfeito». Eis uma bela afirmação que alguns cavaleiros ou cavaleiras do Amor sentiram, ou tentaram realizar ou desabrochar, ao longo dos séculos...
«O ser humano não é perfeito; naquilo que é, é pequeno, mas no seu seu ser (in his to be) [talvez melhor, "no seu querer ser" ou "vir a ser"]. O polo finito da nossa existência tem o seu lugar no mundo das nossas necessidades, onde nos ocupamos a alargar as nossas posses.
Noutro sentido, a nossa existência marca a direcção do infinito, a alegria da libertação.
Só neste sentido devemos viver, porque a nossa função não é a de possuir materialmente - é a de devir, é a e ser (to be).
Ser o quê? - pergunta Tagore - «Ser um com Brahman, porque a região do infinito é a região da unidade. Por isso os Upanishads disseram: If man apprehends God he becomes true...»
Pela nossa actividade intelectual não poderemos conhecer Brahman, porque, sendo o nosso conhecimento parcial, por ele não podemos obter o conhecimento de Deus que é a perfeição completa. dDa mesma forma e pela mesma razão, as palavras não podem descrevê-lo.
Deus só pode ser conhecido pela nossa alma, pela alegria [ananda], pelo Amor. Noutros termos: estabelecemos a relação com ele pela união - união do nosso ser todo.»
Depois destes apelos da descoberta íntima e do desenvolvimento do Amor à Divindade, à natureza, aos seres, Norton de Matos vai concluir o seu trabalho com uma citação de Buda e no fim o 1º verso de Gitanjali, com que iniciara este seu texto para a revista Contemporânea e que curiosamente fora o único que Fernando Pessoa sublinhara no exemplar que lera e se encontra hoje na sua Casa Museu:
«Buda pregou a necessidade dos homens se libertarem da escravidão de Avidya. Avidya é a ignorância que obscurece a consciência, que nos priva de relações espirituais com o mundo exterior, que provoca o orgulho e nos materializa. Quando o ser humano atinge a verdade e sente a sua alma, desperta em consciência perfeita, torna-se [em certa medida um] Buda.
Rabindranath Tagore sente em si este poder de divinização.» *

* Vid.Gitanjali, poem I: "
Thou hast made me endless, my God. That is thy pleasure" e que traduziremos nós: "Fizeste-me sem fim, meu Deus. Tal é a tua vontade de felicidade." Ou entusiasmo... 
Sem dúvida um verso muito rico de possíveis realizações e leituras...
 
                                Aum Jaya Guru, Aum Jaya Aum

terça-feira, 31 de maio de 2022

Um poema matinal, espiritual. Erga-se acima das narrativas e televisões, liberte-se, oriente-se, ilumine-se.

 

No meu ser há duas aves,

cada uma canta  sua melodia

e eu só tenho que discernir

por onde cada uma vai a seguir.

 

Quando eu começo a cantar ou orar

elas silenciam e põem-se  a escutar

E eu só tenho que bem inspirar e fluir

No que do meu íntimo se vai elevar.

 

Mesmo ao trabalhar estou a orar,

O meu coração está sempre a cantar,

Desde que o regue com a devoção

De dedilhar os nomes de Deus em aspiração.

 

Diante de mim passam as imagens,

ora astrais faces e movimentos,

ora banhos de luzes coloridas,

ou mesmo o vasto céu azul

de mil estrelas pontilhado.

 

Oficio no meu templo e observatório

acima das guerras dharmicas

mas as limpezas são purificações

seja em nós, seja nas nações, 

que se querem libertar das opressões.

 

Não me deixo manipular,

Por tanta informação vendida,

Ergo antes a alma ao Ser Divino 

pronunciando o Aum e outros Nomes,

E deixo que as suas bênçãos

me vão esclarecendo e orientando.

 

Cada um de nós é uma alma peregrina

Por entre mil causalidades ignoradas.

 

Ó Pedro, dá graças por poderes meditar 

E com algumas almas dialogar e unificar,

na demanda da Justiça e da Verdade

ou na comunhão do Amor e da Divindade. 

                                                                 Lisboa, manhã 31-V-2022....  Aum....

sábado, 28 de maio de 2022

Um diálogo com Agostinho da Silva, A pomba do Espírito Santo. E o poema do cedro do jardim do Príncipe Real. Primavera de 1985.

Transcrição de uma página do diário de 1985 pois, revisitando o caderno, encontrei  um pequeno registo de um encontro com Agostinho da Silva (1906-1994), valioso amigo e irmão-mestre da tradição cultural e espiritual portuguesa, com quem dialoguei muitas vezes. Preserva-se assim um testemunho da sua alma de marinheiro e descobridor de rumos utópicos mas possíveis. Que nos inspire, e muita Luz e Amor para ele.

                           

«Preparando a visita à velha Albion [para participar no European Humanity Gathering 1985, organizado pela Findhorn Foundation], venho aqui passar a casa do prof. Agostinho da Silva a hora tardia, o Sol vai-se pondo e tingindo o ar e a relva de cheiros dourados que sobem como recordações de infância às nascentes da nossa alma e fazem-nos sentir, no meio da azáfama citadina, pontos de encontro e de eternidade.

Ele está quebrantado. Sentamo-nos um pouco. Está na sua hora de descanso. Seu coração, que o serviu [quase] 80 anos, agora estremece. Dou-lhe alguns conselhos [talvez o de massajar o meridiano do coração ou estimulá-lo a partir da compressão rítmica do dedo mínimo]. Falamos brevemente. Perguntei-lhe sobre o Espírito Santo.
- "Com certeza, sem desesperança".
-  Não é exagero o V Império, não será impossível? 
- "Possível é, mas levará tempo. A pomba branca terá de atravessar muito fumo até chegar ao céu", diz, e eu, nos seus dentes já algo com falhas e num trejeito facial, vislumbro a fome e a injustiça
mundial existentes.
"Então para a pomba chegar até cá abaixo terá que atravessar muitas barreiras e dificuldades".
Sentimos um pouco então no coração este encontro inconsciente das duas forças  ou níveis [a do Espírito plenificante e a humanidade, as energias que sobrem e as que descem.]
- "Vai ser difícil mas para o bom marinheiro não custa navegar; para os outros é que será mais difícil".
Mais uns conselhos alimentares [provavelmente disse-lhe para não comer fritos, evitar açúcares brancos, diminuir gorduras animais, comer mais cereais integrais e biológicos], oferta de grissinos integrais que levava comigo, [e ele faz uma rápida] análise do Brasil. Tancredo provocando um surto transcendente [eleito presidente a 14 de Março de 1985, o já democrata e popular Tancredo Neves, na véspera da posse, foi internado com apendicite e morreu a 21 de Abril, provocando grande comoção nacional]. E aqui estou a escrever na beleza [do jardim] do Príncipe Real.» 

Transcrevo o poema dedicado às árvores e insculpido junto ao já bem centenário e tão individualizado cedro, qual coração deste aprazível jardim lisboeta, onde aos sábados se realiza um valioso mercado de produtos de agricultura biológica, tão necessária aos eco-sistemas e às pessoas, e onde o Agostinho tantas vezes passou ou esteve.

«Tu que passas e ergues para mim o teu braço
Antes que me faças mal olha-me bem.
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de Inverno;
Eu sou a sombra amiga que tu encontras
Quando caminhas sob o Sol de Agosto;
E os meus frutos são a frescura apetitosa
Que te sacia a sede nos caminhos.
Eu sou a trave amiga da tua casa, a tábua da tua mesa,
A cama em que tu descansas e o lenho do teu barco.
Eu sou o cabo da tua enxada, a porta da tua morada,
A madeira do teu berço e do teu próprio caixão.
Eu sou o pão da bondade, a flor da beleza.
Tu que passas olha-me bem e não me faças mal.»


Já em casa anoto no fim da página, após a visita e diálogo com Agostinho: "Boas meditações: Que não se percam o Amor sentido de quando em quando, a Sabedoria pensante e pensada  e a acção-vontade inflamando os corações em acções justas, luminosas. Eis uma Trindade equilibrada."