As pessoas esquecem-se que ao nascerem na Terra são chamadas a despertarem espiritualmente, e que se não o fazem podem ser então algo vãs as suas passagens terrestres, pois estarão menos capacitadas para vivenciarem o post-mortem conscientemente.
Ora o despertar ou ressuscitar espiritual não exige tantas asceses e sacrifícios, seitas, iniciações e magias mas sim vida justa e saudável, compreensão e sábia utilização das nossas forças animais e psíquicas e ainda abertura às forças luminosas e aos seres dos planos elevados ou espirituais a que temos acesso pela nossa meditação e coração.
Há que reconhecer que a busca do conhecimento é grande em muitos seres embora se limite na maioria a esforços intelectuais e só em poucos atinge o seu nível verdadeiramente espiritual, vivenciado, libertador e perene, e que é o do conhecimento directo por união, interpenetração ou fusão do observador, do observado e do que é assim conhecido, algo chamado samadhi na tradição indiana yoguica, e que se considera como o resultado final da meditação bem conseguida.
Embora caminho da realização espiritual seja sempre individual (ainda que a relação polar ou de alma complementar possa acontecer), isto é trilhado por nós, e em nós, não estamos sós no universo e neste plano físico e assim há que discernir as influências e inspirações subtis que nos podem chegar as quais se baseiam na existência de espíritos invisíveis não humanos, de espíritos humanos (desincarnados, nomeadamente antepassados, e incarnados, nestes se destacando os amigos) e os seres espirituais superiores, seja mestres e anjos e arcanjos, já que todos eles podem influenciar-nos, seja por inesperados acontecimentos, azares ou sortes, que nos acontecem, ou quando nos põem em contacto com o que desejamos ou necessitamos para o nosso desenvolvimento espiritual.
Podem também abençoar-nos a partir da sua acção na nossa interioridade profunda, muitas vezes de modo inconsciente para nós, com as influências que nos fazem escolher o livro que precisamos ou abrir na página mais apropriada, ou apressar ou atrasar o nosso andar, ou receber as intuições que clarificam a nossa compreensão e impulsionam o desenvolvimento do amor e da consciência espiritual.
Nos esoterismos, ocultismos e espiritualismos actuais há vários erros e mistificações que podem desviar, iludir ou prender as pessoas desejosas de conhecerem os secretos e mistérios dos mundos subtis e da vida e que os instrutores pretensamente sabedores deteriam, quando o que é necessário é simplesmente uma mudança de orientação da vontade que permita o acesso ao aspecto ou conteúdo espiritual ou perene da vida. No fundo trata-se de uma mudança do estado de consciência que deixa de ser superficial e identificado apenas ao corpo e à mente, e que passa a vivenciar a interioridade do amor e da luz e o corpo espiritual, ou seja, uma pessoa está mais ciente ou unida com a dimensão subtil espiritual.
Quando se fala nos tratados místicos da união da alma com Deus, e que alguns santos ou santas teriam conseguido, no fundo trata-se da unificação do nosso corpo e mente com o nosso espírito e deste com o espírito da Divindade, algo que implica não rituais, cerimónias, iniciações e saberes ocultos mas sim e sobretudo devoção, silêncio, aspiração, meditação e amor.
E também a capacidade de rejeitarmos ou excluirmos o que nos afasta de permanecermos conscientes do nosso espírito eterno, ou de conseguirmos ou merecermos mais a estabilização no espírito, algo bem difícil seja com tanta informação intelectual como desinformação política. É por esta união espiritual e em certo grau divina, valorizada e perseverantemente demandada ou cultivada hora a hora, que conseguimos vencer as forças negativas ambientais, televisivas e da internet ou mesmo das entidades subtis que procuram constantemente prender, influenciar, arrastar e diminuir os seres humanos.
Esta abertura interior espiritual no silêncio não se vai manifestar em ouvir vozes ou assumir missões mas simplesmente em aumentarmos a nossa capacidade de amar o que nos rodeia e compreendermos mais inclusivamente, embora possa haver, nas profundezas da alma evoluída e já em estado de amor espiritual, comunicações vindas dos níveis elevados do Universo.
O avançar no caminho espiritual assenta pois em grande parte numa confiança no nosso interior e no auxílio do mundo espiritual e a consequente libertação em relação a receios ou medos que tantos seres, grupos, instituições e meios de informação, sobretudo nos noticiários, tentam gerar nas pessoas enfraquecendo-as amedrontando-as, dominando-as, quando o que é necessário é a fé vitoriosa activa nos pensamentos, palavras, actos, meditações e inspirações e que gera a diminuição de receios e ilusões seja em nós e seja em quem nos rodeia ou com quem nos relacionamos.
É para esta auto-realização, para esta unificação amorosa do ser humano animal com o ser humano espiritual, no meio de tantos conflitos, lutas e manipulações, que somos chamados, se verdadeiramente queremos despertar nos níveis espirituais e receber as graças e bênçãos da Divindade viva em nós. Possa tal acontecer. Aum!
2 comentários:
Do hierogamus da Alma com o Espírito. Gratidão, AUM.
Graças pelo comentário, e desculpas pelo atraso. Votos luminosos hierogâmicos. Aum...
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