segunda-feira, 6 de junho de 2022

Reflexões sobre ensinamentos espirituais do mestre alemão Bô Yin Râ, com três pinturas da sua autoria para contemplação.

As pessoas esquecem-se que ao nascerem na Terra são chamadas a despertarem espiritualmente, e que se não o fazem podem ser então algo vãs as suas passagens terrestres, pois estarão menos capacitadas para vivenciarem o post-mortem conscientemente.
Ora o despertar ou ressuscitar espiritual não exige tantas asceses e sacrifícios, seitas, iniciações e magias mas sim vida justa e saudável, compreensão e sábia utilização das nossas forças animais e psíquicas e ainda abertura às forças luminosas e aos seres dos planos elevados ou espirituais a que temos acesso pela nossa meditação e coração.
Há que reconhecer que a busca do conhecimento é grande em muitos
seres embora se limite na maioria a esforços intelectuais  e só em poucos atinge o seu nível verdadeiramente espiritual, vivenciado, libertador e perene, e que é o do conhecimento directo por união, interpenetração ou fusão do observador, do observado e do que é assim conhecido, algo chamado samadhi na tradição indiana yoguica, e que se considera como o resultado final da meditação bem conseguida.
Embora caminho da realização espiritual seja sempre individual (ainda que a relação polar ou de alma complementar possa acontecer), isto é
trilhado por nós, e em nós, não estamos sós no universo e neste plano físico e assim há  que discernir as influências e inspirações subtis que nos podem chegar as quais se baseiam   na existência de espíritos invisíveis não humanos, de espíritos humanos (desincarnados, nomeadamente antepassados, e incarnados, nestes se destacando os amigos) e os seres espirituais superiores, seja mestres e anjos e arcanjos,  já que todos eles podem influenciar-nos, seja por inesperados acontecimentos, azares ou sortes, que nos acontecem, ou quando nos põem em contacto com o que desejamos ou necessitamos para o nosso desenvolvimento espiritual.
Podem também a
bençoar-nos a partir da sua acção na nossa interioridade profunda, muitas vezes de modo inconsciente para nós, com as influências que nos fazem escolher o livro que precisamos ou abrir na página mais apropriada, ou apressar ou atrasar o nosso andar, ou receber as intuições que clarificam a nossa compreensão e impulsionam o desenvolvimento do amor e da consciência espiritual.
Nos esoterismos, ocultismos e espiritualismos actuais há vários erros
e mistificações que podem desviar, iludir ou prender as pessoas  desejosas de conhecerem os secretos e mistérios dos mundos subtis e da vida e que os instrutores pretensamente sabedores deteriam, quando o que é necessário é simplesmente uma mudança de orientação da vontade que permita o acesso ao aspecto ou conteúdo espiritual ou perene da vida. No fundo trata-se de uma mudança do estado de consciência que deixa de ser superficial e identificado apenas ao corpo e à mente, e que passa a vivenciar a interioridade do amor e da luz e o corpo espiritual, ou seja, uma pessoa está mais ciente ou unida com a dimensão subtil espiritual.

Mais que saberem-se muitos esquemas de iniciações, graus, rituais e fabulosas proezas, vale mais trabalhar e viver com humildade e reconhecer que devemos estar abertos às ajudas do mundo espiritual, as quais nos impulsionam no despertar da nossa consciência mais funda, consciência esta nova tanto pelo seu conteúdo como pela maneira de estarmos conscientes de nós próprios, já não tão superficial e  cerebralmente, mas com todo o nosso ser e a tempo inteiro, nessa interpenetração ou unidade do nosso ser trino de corpo, alma e espírito e que fende, atravessa ou vai além das aparências, a maya da tradição indiana, e se religa ao espiritual e ao divino.
Quando se fala nos tratados místicos da união da alma com Deus, e que alguns santos ou santas teriam conseguido, no fundo trata-se da unificação do nosso corpo e mente com o nosso espírito e deste com o espírito da Divindade, algo que implica não  rituais, cerimónias, iniciações e saberes ocultos mas sim e sobretudo devoção, silêncio, aspiração, meditação e amor.
E também a capacidade de rejeitarmos ou excluirmos o que nos afasta de permanecermos conscientes do nosso espírito eterno, ou de conseguirmos ou merecermos mais a estabilização no espírito, algo bem difícil seja com tanta informação intelectual como desinformação política. É por esta união espiritual e em certo grau divina, valorizada e perseverantemente demandada ou cultivada hora a hora, que conseguimos vencer as forças negativas ambientais, televisivas e da internet ou mesmo das entidades subtis que procuram constantemente prender, influenciar, arrastar e diminuir os seres humanos.
Esta abertura interior espiritual no silêncio não se vai manifestar em ouvir vozes ou assumir missões mas simplesmente em aumentarmos a nossa capacidade de amar o que nos rodeia e compreendermos mais inclusivamente, embora possa haver, nas profundezas da alma evoluída e já em estado de amor espiritual, comunicações  vindas dos níveis elevados do Universo.
O avançar no caminho espiritual assenta pois em grande parte numa confiança no nosso interior e no auxílio do mundo espiritual e a consequente libertação em relação a receios ou medos que tantos seres, grupos, instituições e meios de informação, sobretudo nos noticiários, tentam gerar nas pessoas enfraquecendo-as amedrontando-as, dominando-as, quando o que é necessário é a fé vitoriosa activa nos pensamentos, palavras, actos, meditações e  inspirações e que  gera a diminuição de receios e ilusões seja em nós e seja em quem nos rodeia ou com quem nos relacionamos.

É pois cada ser, na união interior com a luz do seu espírito, que luta pelo bem, a justiça e a verdade e se abre ao Ser Absoluto e eterno, que pode ora em dinamismo consciente ora pela oração e meditação, fazer com que as influências divinas entrem mais na sua alma e existência terrestre, vencendo-se a si própria primeiro e ajudando depois, mais por irradiação natural e silenciosa do que por proselitismos e falsas posições de grandes mestres, as pessoas a libertarem-se de ignorâncias, medos e egoísmos, pela boa disposição imperturbável, pelo riso, a coragem, a lucidez, a criatividade, a solidariedade, a sabedoria e o amor.
Vencer-nos a nós próprios nos nossos primarismos de reacção, ou nos desejos animais, implica a humildade da nossa natureza animal, por vezes tão egóica, aceitar ser ultrapassada ou orientada por uma manifestação crescente da nossa interioridade espiritual e amorosa de modo a que a união da consciência da alma humana animal com a consciência humana espiritual se vá estabelecendo e com efeitos válidos para a vida depois da morte, ou mesmo para a eternidade.
É para esta auto-realização, para esta unifi
cação amorosa do ser humano animal com o ser humano espiritual, no meio de tantos conflitos, lutas e manipulações, que somos chamados, se verdadeiramente queremos despertar nos níveis espirituais e receber as graças e bênçãos da Divindade viva em nós. Possa tal acontecer. Aum!

2 comentários:

Anónimo disse...

Do hierogamus da Alma com o Espírito. Gratidão, AUM.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças pelo comentário, e desculpas pelo atraso. Votos luminosos hierogâmicos. Aum...