terça-feira, 12 de março de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. II: A Loja Branca.

                         
                                                          A LOJA BRANCA
«Com o nome "Loja Branca” tentou-se denominar em linguagem corrente o círculo de Auxiliares espirituais, e manteremos portanto essa designação, mesmo que os assim designados, apesar de a deixarem utilizar, de modo algum a aplicam a si próprios.
O seu pleno isolamento  do mundo exterior quotidiano parece poder justificar que se aplique à sua comunidade puramente espiritual o conceito de "Loja", o qual se tornou conhecido com a Maçonaria.
Trata-se da união mais singular deste planeta e entre os seres humanos não se encontra qualquer forma de associação de natureza  semelhante que possa oferecer uma comparação, e  mesmo que apenas num sentido figurativo.
Os membros desta união só se aproximam externamente e fisicamente em raros casos  de  necessidade forte e também quase nunca escrevem cartas entre si.
Mantêm-se no entanto em incessante ligação espiritual, em contínua partilha de pensamentos, em verdade numa absoluta comunalidade anímica...
Esta união não possui quaisquer lei exterior.
Cada um dos seus membros é igual aos outros e, portanto, cada membro conhece a posição que lhe foi reservada, a qual resulta da diversidade da natureza espiritual de cada um.
Todos porém subordinam-se voluntariamente a um "Regente" espiritual comum.
Este "Líder" não é "eleito" nem "nomeado" e, todavia, jamais um membro da união terá dúvidas quanto a quem seja este “Chefe”.-
A "admissão" nesta comunidade não pode ser obtida por lei, nem  por fraude ou imposição.
Leis espirituais ocultas e certas disposições espirituais que essas mesmas leis geram na natureza humana decidem por si só se um indivíduo está indicado para tal "admissão", e nenhum poder deste mundo poderá em tal caso impedir a sua “admissão”.
Os admitidos não estão vinculados porém por nenhum voto, nem nenhuma promessa...
Eles próprios são para si Lei e Norma!
Por nenhum sinal exterior, por nenhuma particularidade comum no modo de viver são reconhecidos os membros desta Comunidade espiritual.

Eles próprios, contudo, mesmo que desconheçam completamente as feições uns dos outros, reconhecem-se entre si - e sem precisarem de qualquer “sinal, palavra ou toque” - e, se for necessário, encontram-se um com o outro na vida exterior.
Devido à sua natureza esta união deverá permanecer oculta enquanto tal ao mundo exterior, se bem que muitos indivíduos e por vezes até povos inteiros estejam sob o seu influxo espiritual.
Nenhum caminho de ascensão aos objectivos supra-materiais mais elevados  foi trilhado sem que um dos membros desta união, ou  eles como um todo, tenham assumido o comando inperceptivelmente.--
Na grande maioria dos casos os que são guiados espiritualmente não sabem nem pressentem este influxo inperceptível, ao qual devem o seu melhor.
  Todavia onde se encontram indícios de despertar espiritual, então o influxo de auxílio espiritual é mais sentido,- só que ele é quase sempre atribuído, seja por desconhecimento seja movido por representações supersticiosas, a poderes supramundanos...

A imaginação poética de todos os tempos e povos deve a esse erro de interpretação, ainda assim  uma quantidade enorme das suas plasmações criativas.

A superstição foi sempre uma amiga do escritor, porque a Verdade nua é demasiado austera e simples para que se possa deixar enfeitar com os sumptuosos panejamentos da fantasia do poeta.
Não menos importante foi a interpretação incorrecta desta sentida ajuda espiritual que vinha, do círculo silencioso dos "Irmãos mais velhos" da Terra,  para o enriquecimento  das sagas religiosas do mundo.-
De tempos a tempos houve algumas pessoa conscientes da existência e acção da Comunidade invisível e contudo ligada a seres reais terrenos, - mas outros de novo soterraram os vestígios descobertos com dúvidas de todo o tipo, pelo que por fim só o murmúrio da lenda testemunhava que noutros tempos se soubera mais destas coisas, - que muitas pessoas tinham tido experiências significativas...
Nos nossos dias, algumas almas com uma disposição demasiado fantasiosa obtiveram conhecimento da existência da Comunidade, mas a simplicidade da sua essência e da sua acção espiritual satisfizeram tão pouco a capacidade imaginativa ricamente colorida destes entusiastas, que acharam necessário embelezarar os seus relatos com acessórios bizarros, e representar os Irmãos "mais velhos" (- porque espiritualmente mais velhos -) da humanidade como semideuses, ou no mínimo como grandes magos " que há muito sabiam" tudo o que a ciência moderna tenta ainda descobrir, e dotaram-nos generosamente até  de todos os poderes fantásticos com que os escritores de histórias exóticas sonharam.
É evidente que neste caso, com boas intenções, se quis e permitiu-se santificar os meios pelo fim desejado, procurando-se aumentar os pressentidos seres Inacessíveis muito acima de tudo o que é humano, no que se era confirmado por apropriados prodígios de faquir de mau gosto, pelos quais se acreditava que quem os perpetrava pertencia à "Loja Branca" ...
Os que porém deveriam ser nomeados com esse nome:- os verdadeiros portadores da Luz Primordial, - os Sacerdotes do Templo da Eternidade nesta Terra,- rejeitam naturalmente todos os efeitos deslumbrantes com a mais intransigente  determinação .

Eles sabem que são Homens iguais aos outros Homens e que apenas através da sua idade espiritual mais avançada permite-lhes exercer as funções da posição que ocupam na estrutura por degraus da hierarquia espiritual e fazer chegar até aos seus semelhantes os poderes espirituais, dos quais são transmissores [Lenker], - e não criadores!

A realidade mostra porém uma imagem bem mais digna e sublime, do que aquela que a mais colorida e lustrosa fantasia alguma vez poderia conceber...
O silencioso actuar dos membros da união estende-se a todos as áreas da evolução espiritual da humanidade.
Pelas suas mãos passam fios que frequentemente terminam nas mais altas expressões da criatividade humana, nos mais elevados desenvolvimentos do poder humano...
Conseguem na verdade mover montanhas sem mexer a falange de um dedo, porque a Vontade deles, através do mais puro conhecimento espiritual e purificada de todos os desejos pessoais, está por detrás de muitas vontades, que utilizam e movem outros cérebros e mãos!
Mas para as artes de faquir não há em verdade qualquer lugar no agir dos “Irmãos mais velhos" da Humanidade!

Eles trabalham simplesmente de um puro modo espiritual na realização do incomensurável plano de evolução, que uma lei cósmica eterna estabeleceu para a humanidade, e o seu trabalho não conhece qualquer interesse particular pessoal, nem qualquer preferência individual, mesmo que tal fosse justificável pelo motivo mais ideal.
Quem procura grandes "prodígios", não os encontrará aqui!
Os acontecimentos reais no agir dos "Irmãos mais velhos" podem  ainda assim ser por vezes verdadeiramente "prodigiosos", mas quanto mais merecerem esse atributo, mais protegidos permanecerão de olhares exteriores.-

No círculo de influxo deste agir espiritual encontra-se contudo cada ser humano terrestre que quer muito no seu coração alcançar nesta existência terrena o estado mais avançado que lhe é possível de desenvolvimento  espiritual.
Quanto mais pura a sua vontade é, - quanto mais liberta ela estiver de desejos egoístas, - tanto mais claro poderá ser nele o fluir do Espírito, e tanto mais forte sentirá rapidamente esse "in-fluxo" em si.
 
Inúmeros sentem-no, sem pressentir donde ele vem...»

segunda-feira, 11 de março de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap.I: A Morada de Deus entre os Seres Humanos.

   1º capítulo, “A morada de Deus entre os seres humanos”, da obra do mestre alemão Bô Yin Râ, O Livro de Deus Vivo. Tradução portuguesa, versão de 3-II-2020, e de XII-2023, por Pedro Teixeira da Mota. Alguns direitos de tradução...

  « Já nos tempos antigos veio  do Sol nascente em direcção à terra do Poente uma mensagem silenciosa e pôs diante dos olhos num tipo de imagens proveniente da fé cristã, uma estranha e espiritualmente unida comunidade de sábios Activos,- mas os homens do mundo Ocidental não souberam interpretar o que os atingia desse modo.- - 
 
O véu da saga tecia-se sobre o "Santo Graal" e a sua nobre “Cavalaria"...
Um conhecimento cheio de alento submergiu-se sob um obscuro mito,- tornou-se uma  saga poética religiosa num cenário fantástico.- 
 
Entretanto, nos nossos dias, aventureiros mistagogos, através de associações fantasiosamente elaboradas, proclamaram diante de todo o mundo que, nas recônditas profundezas do Oriente, viveriam recolhidos seres ocultos, embora as fábulas demonstrassem simultaneamente, e contra a vontade deles, que embora esses mensageiros soubessem da existência de seres ocultos, mas que não tinham visto nenhum deles, - pois se os tivessem visto negariam que certos faquires  miraculosos e homens santos bizarros com quem se depararam fossem membros desse circulo espiritual...
 
Mas como no inconsciente de muitas almas conservavam-se os derradeiros pressentimentos obscuros de uma possível ligação espiritual com um santuário impregnado de espírito divino,  escondido ainda algures nesta Terra, em breve apareceram crentes que esperavam alcançar tal ligação.
Infelizmente procuravam por caminhos falsos e nestes caminhos enganadores procuram ainda. --
De fragmentos de conhecimento  ao longo do caminho, empilharam um edifício quimérico e chamaram-no "Ciência" do Espírito, – inconcientes da ilusão em que caíram, a de que o verídico Conhecimento do Espírito da Eternidade se aprenderia tal como os conhecimentos intelectuais terrenos.
Vivem como ascetas, para, assim o entendem, se "espiritualizarem", - mergulham numa obscuridade nocturna e venenosa duma mística proveniente duma atmosfera febril da quente selva tropical, -  e sentindo-se encantados por instruções antigas ou novas  para alcançar “poderes ocultos", procuram-nos toda a parte - e crêem que, dessa forma se podem aproximar, daqueles que para isso tudo só podem ter um sorriso compassivo, cheio de perdão e compreensão.
Ninguém quer entrar nos trilhos escarpados que levam aos cumes ensolarados da "Grande Montanha", e todos se dirigem por estradas largas e poeirentas em direcção aos locais de peregrinação há muito profanados, no seio de vales sombrios...
Muitos sonham-se já no caminho para os Guias sóbrios e claros do reino da Alma, e então procuram através das florestas para, - descobrirem um "santo" ...
Outros acreditam que as doutrinas religiosas dos orientais são idênticas à Sabedoria desses Guias silenciosos e ocultos...
E por isso dizem para si mesmo com razão:
"Também entre nós houve, em tempos idos, videntes e sábios, também nós temos os nossos livros sagrados da mais longínqua antiguidade!
O Divino é porém  em toda a parte o mesma!
Porque razão deveríamos nós, os filhos do Ocidente, procurar agora a nossa salvação apenas no Oriente?!- " 
 
Falam verdade, - pois, se só se tratasse daquilo que as pessoas, de corações piedosos, podem em toda a parte aprender a sentir em si mesmas, - se só se tratasse  de ensinamentos antigos, que ainda contribuem para definir as concepções religiosas no Oriente, - então todo o que procura encontraria a paz por si mesmo e nos  ensinamentos sábios que lhe foram legados pelos videntes e profetas do seu povo.
 
Mas o saber e agir de tais Guias silenciosos pouco tem a ver com os ensinamentos dos povos orientais, e os Auxiliares espirituais ocultos levam mais longe do que àquele céu, que cada época cria como expressão do seu anseio religioso.-
Os Guardiões da herança primordial de toda a Humanidade são  os protectores mais poderosos de toda a espiritualidade no ser humano, e  simultaneamente os amigos mais verdadeiros do Homem na terra, cheios de compreensão e de aconselhamento.
Desde o  mais remoto tempo  enviaram eles irmãos a todos os povos da Terra, para constituirem pontos de irradiação espiritual, onde fossem necessários.
Por entre todos os povos elegeram, ao longo dos tempos, os seus Filhos e Irmãos espirituais, tal como  a lei espiritual os chamava a eleger.
Ora  a todos que assim foram eleitos, foi atribuído em plena Ásia, um local como pátria espiritual, e cujo acesso ninguém pode encontra sem ser convidado.
Os poucos, que desde o princípio dos tempos vivem ali juntos, nunca se tornam visíveis no mundo movimentado exterior.
Para esse efeito ordenam somente os seus filhos e irmãos espirituais que a lei espiritual destina como "Actuantes".
Eles próprios são unicamente os  fiéis guardiões  de um tesouro espiritual, que o Homem terreno possuía antes da sua queda no mundo da matéria física.
Eles causam aquele Poder, a partir da qual os Actuantes intervêm para o Bem da Humanidade da Terra.
Não será assim o cúmulo da tolice acreditar que estes elevados Guias sejam "budistas" ou "brâmanes",- "lamas", "panditas", ou mesmo "faquires" !?!-
Que não se pense também que se trata de uma espécie de "instruídos" numa assim chamada "Ciência" oculta!
  O que se presume nesse sentido é tudo um  engano perurbante! 

Os Irradiantes da Luz primordial são sobretudo "Criadores".
Os "mais velhos" ou os "Pais" nunca conheceram a "sede de saber", nem nunca a poderiam ter conhecido.
Os seus "Filhos" no Espírito e aos seus "Irmãos" igualmente há muito que abandonaram toda a "vontade de saber”.
Também não é certamente sua intenção converter o mundo aos ensinamentos da mística e da filosofia orientais.
A todos eles é indiferente que  "acredites" na Bíblia, no Alcorão, nos Vedas ou nos ensinamentos de Budha.
Mas em todos estes círculos de crentes eles descobrem sempre de novo os  que poderão ser Auxiliares e Guias espirituais, mesmo quando com frequência tais protegidos e aconselhados  não têm consciência dos processos necessários  que vivenciam.
Os Irradiantes da Luz Primordial não te querem dar doutrinas de crença, mas construir-te as "pontes" que te unam a ti, Homem prisioneiro do animal desta Terra,- com o  reino substancial do Espírito.
Eles mantêm-se contudo longe de cada ensinamento que quer fustigar o Homem até ao êxtase, para que ele, - já não senhor dos seus sentidos,- tenha a ilusão de que faz descer até si o Divino. -
Eles sabem também na verdadeiramente que o ser humano através do pensamento nunca poderá reconhecer o que é condição anterior a todo o pensamento e que vive acima de todo o pensamento.-
Sorriem, quando ouvem daqueles que se consideram a si mesmos Deuses disfarçados.
Permanecerão todavia invisíveis ao lado de quem quiser acolher em si o seu Deus.-
Eles são os verdadeiros  altos Sacerdotes, que estendem o cálice da bênção a todo o peregrino, que do mais profundo ardor do seu coração aspira a Deus em si.---

Não vês que se trata de algo bem diferente desse esquisito e pretensioso saber da "Ciência Oculta", de que se fala ali onde, das doutrinas misticamente obscuras de todos os povos se confeccionou um cozido, e a esse prato se deu o nome de "Sabedoria divina", - "Theo-sophia"?! --
Através de semelhante "Sabedoria divina" de pobres perdidos e voluntariamente auto-enganados, com todos os "exercícios", meditações e jejuns,- com toda a pureza dos teus actos e pensamentos,- com um conhecimento de coisas que o ser humano não precisa de conhecer,- não te aproximarás nem a fina espessura de um cabelo desse objectivo, que através do sentir mais profundo do teu coração podes pressentir como  o mais alto objectivo de todas as tuas aspirações!--
Tornar-te-ás talvez um louco, talvez para ti próprio e para os outros um "santo", - mas nunca chegarás assim ao teu Deus!
Se apenas queres encontrar o que sempre podes encontrar em ti sem ajuda espiritual, então não precisas realmente de elevar o teu olhar para o "alto Oriente"!
Os que de tal lugar te guiam,- mesmo que vivam contigo no teu país, ou até na mesma casa, - têm outras coisas para te dar! -
Eles poderão criar em ti algo, que tu próprio não podes criar em ti...
Algo que se enraizará em ti, e para o qual te tornas alimento...
Algo que ainda não tens nem nunca poderias obter de ti!--
Também os Irradiantes da Luz original não o têm certamente de si próprios ! -
Devolvem-te apenas o que outrora foi teu, antes de que tivesses de perdê-lo pelo teu impulso para este mundo da matéria física.--
Os "mais velhos" dos Irmãos nunca o perderam, porque nunca caíram na queda profunda no animal humano da Terra...
Não conhecem a morte e, desde há milénios, vivem nesta Terra numa forma indestrutível provinda das forças da mais pura substância espiritual.
Nunca estiveram unidos a um corpo, igual ao dos animais, como tu e eu.
Mas criaram   nos Homens outrora caídos e que no seu tempo tiveram de se unir ao animal sobre esta Terra, do plano espiritualos seus “Irmãos”, para que estes, nascidos então no mundo terreno, pudessem alcançar o que só é possível alcançar quando se vive no corpo do animal terreno.
Por isso preparam ainda hoje futuros "irmãos" para um tempo vindouro.
O local da sua actuação nesta Terra é desde a aurora dos tempos, quando os primeiros animais humanos se tornaram portadores do Espírito humano, - lá,  onde se ergue a maior montanha da Terra, - que permanece inacessível a todo o que não for conduzido espiritualmente ao seu centro.
Aqui está em verdade a "morada de Deus entre os Homens" desta Terra!
Aqui  o reino do Espírito chega, através das forças da mais pura substância espiritual,  ao que ocorre nesta Terra física!
Daqui irradiam raios da mais pura substância espiritual para todos os  habitantes desta Terra! - 

Eu vejo porém ainda demasiados seres humanos desta Terra a procurarem em vão o Espírito, pois andam por falsos caminhos.
Só posso exortá-los a mudarem, pois a luz activa do "Oriente interior" dificilmente os poderá fecundar enquanto os seus olhos se mantiverem ofuscados pelas várias luzes de todos os tempos, - as lanternas e archotes, com os quais a humanidade caída na animalidade procurou por si própria iluminar o seu caminho.-
Na verdade, só quem, sem se distrair pelos chispas luminosas da Terra, olhar  para o "Oriente", encontrará aí nas altas montanhas a Luz viva!
Para quem a tiver encontrado, ela vai-lhe iluminar o seu caminho, até atingir a sua finalidade, -- até alcançar a sua finalidade!-»
Himavat, a santa montanha dos Radiantes da Arqui-Luz, sobre os Himalaias.

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Prefácio. Tradução de Pedro Teixeira da Mota.

                      
Prefácio do Livro do Deus Vivo, de Bô Yin Râ (1876-1943). 1ª edição alemã, 1920. Tradução colectiva portuguesa, 2000, coordenada e finalizada por Pedro Teixeira da Mota, e agora, em 2019, 2020 e 2023, corrigida e melhorada.
                             
                                              Prefácio
« Que não leia este livro quem é virtuoso e crente!
Que não leia este livro quem nunca duvidou de Deus!
 
Este livro está escrito para os que, em árduas lutas interiores, queriam encontrar o seu Deus, mas não o encontraram...
Este livro está escrito para todos os que se debatem nos espinhos da dúvida...
A esses será auxiliar!
Ser-lhes-á um sinal do caminho!

Sabedoria Primordial é o que eu anuncio aqui.
Os poucos, que a puderam realizar, mantiveram-na secreta desde o tempo mais antigo.
Apenas raramente, apenas em horas escolhidas e apenas em símbolos obscuros se permitia falar dela nos dias mais juvenis do Mundo.
Agora   porém chegou o tempo de se falar com mais clareza, já que pessoas não escolhidas espalharam e espalham ainda no mundo imagens distorcidas desta Sabedoria.
No “íntimo Oriente” decidiu-se agora abrir aos ocidentais o "Santuário sagrado" que por muito tempo se manteve zelosamente vedado aos olhares profanos.
Quem o abre agora, está autorizado a fazê-lo.

Porém é exigido ainda um exame rigoroso a quem procura  e ninguém poderá aceder ao Templo sem primeiro o passar.
Assim, para já, deixa-se ver apenas de longe o que um dia quem for digno deverá atingir e compreender...

O que pode ser dito dos segredos do Templo, dir-vos-ei!
Se os quereis sondar, então devereis ter o cuidado de os vivenciar no vosso íntimo!
Eles só se desvendam verdadeiramente a quem, com todas as forças, consegue alcançá-los! -

Com a "leitura" das minhas palavras ganhareis pouco...
O que aqui se torna palavra deverá encontrar corações prontos: - corações que a saibam acolher e guardar em si, caso contrário em vão tal se tornou palavra! -

Ninguém, todavia, poderá pronunciar um juízo de valor ou não valor acerca do que ouviu, antes de se submeter à tão exigente prova, que lhe é proposta, se ele próprio quer entrar no Templo.-
Só aos que estão no interior do Templo é possível pronunciar juízos.

Só posso mostrar do exterior, o que um dia, no íntimo dos que tenham sido instruídos, se poderá manifestar.
Para se desvendar, requer-se uma vontade perseverante, forte e constante, e só quem força em si mesmo esta vontade, pode esperar em si próprio a confirmação das minhas palavras.
Ele encontrará o Caminho para o seu Deus vivo!
Ele encontrará em si mesmo o Reino do Espírito e os seus  altos Poderes!
O seu Deus "nascerá" dentro dele próprio!

Está longe de mim apresentar "provas".
A veracidade do conhecimento das minhas palavras, deveis vós conmprová-la!
Só em cada um de vós próprios vive o juiz silencioso, que vos confirmará o que a minha palavra desperta em vós.
Não poderíeis compreender as minhas provas, pois não trilhastes os caminhos que eu em tempos tive penosamente de percorrer ! -
Aqui também não há  quaisquer provas de "aplicação geral"!
Aqui cada um  encontra o que é para si a prova conclusiva.
em si próprio.
Não vos dou também qualquer "ciência" e anuncio qualquer "crença".
Mostro-vos apenas o que é possível mostrar, da Sabedoria do "íntimo Oriente", dos altos segredos do Templo da Eternidade!

Que as minhas palavras vos estimulem a despertar finalmente para vós próprios, pois nenhum de vós ainda sabe, - quem é!---
Bênçãos e Poder entretanto estejam com todos os que são de boa vontade e querer resistente
Pinturas de Bô Yin Râ boas para contemplação...

domingo, 10 de março de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Apresentação por Pedro Teixeira da Mota.

O meu conhecimento da obra de Bô Yin Râ surgiu há já mais de 30 anos através do instrutor de Kriya Yoga em França, Rishi Atri, aliás Jules Champhy, e que no boletim mensal da associação de yoga e espiritualidade que fundara, Atma Bodha Satsanga, inseria alguns textos de Bô Yin Râ, publicando mesmo em livro uma conferência do seu amigo Robert Winspeare, intitulada O Ensinamento de Bô Yin Râ (Vida-Via-Verdade), na qual este narrava como chegara ao conhecimento deste valioso ensinamento que estava a traduzir para francês, no anos trinta do século XX.
                                                   
Foi assim que vim a adquirir as primeiras obras na Librairie Médicis, em Paris, lendo-as e sentindo o seu valor e desde então este ensinamento entrou no meu caminho o qual, embora me levasse por diferentes ensinamentos, grupos, mestres e países,  nunca deixou  de o ter em alta conta e de certo modo o ir assimilando. Na verdade, seja a leitura seja a prática das suas indicações é eficaz e valiosa e, quanto às suas pinturas, especialmente expostas na obra Welten, Mundos, podemos confirmar que a sua contemplação é bem frutuosa.
Dada a dificuldade de traduzir do alemão, o meu entusiasmo pela sua obra levou-me então a traduzir, da versão francesa, A Oração, a qual circulou manuscrita por poucas pessoas, entrando com fragmentos de outros livros e mestres numa exposição sobre espiritualidade, no centro tibetano Pirâmide, no Porto, passando-a contudo a alguns alunos de Agni Raj Yoga e Meditação, que eu ensinava ou transmitia no restaurante e centro de práticas alternativas, Suribachi, ainda hoje a funcionar na rua do Bonfim, 136, Porto.
É pois com alegria que partilho a tradução portuguesa do primeiro e mais importante volume da obra de Bô Yin Râ O Livro do Deus Vivo, realização árdua, para ser o menos possível traição, e que esperamos correcta e útil. A uma primeira tradução, que teve em conta por vezes demasiado a versão francesa, pela Judite e Isabel Maier, seguiu-se a minha operação de traduzir o mais literalmente possível as expressões utilizadas e acertar os sentidos espirituais, com correcções posteriores de Julia Reich e de Fiama Hasse Pais Brandão a ajudarem a resolver cerca de meia centena de dúvidas.
                                      
                                      
Tal como a própria primeira versão alemã, que saiu em 1919 impressa em Leipzig, com um prefácio do conhecido romancista do oculto e do fantástico Gustav Meyrink (1868-1932), se viu alterada posteriormente, é natural que também palavras ou frases traduzidas por nós possam ainda melhorar na sua adequação ao ensinamento preciso do autor, numa futura edição, o que de facto se passa hoje, em 10 de Março de 2019, dezanove anos depois, quando tendo-a corrigido ao longo dos anos, estou de novo a trabalhá-la e a começar a partilhá-la na net, neste Blogger.
                                          
Bô Yin Râ, aliás de nascimento Joseph Anton Schneiderfranken, nasceu na zona da Francónia, Baviera em 25 de Novembro de 1876 e, depois de ter trabalhado como artista manual devido às dificuldades dos seus pais agricultores, estudou pintura em Frankfurt, Viena, Munique, Paris (1902), Berlim (1904-1908). Foi muito estimulado por três mestres de pintura valiosos: Hans Thoma (1839-1924), Fritz Boehle (1873-1916) e Max Klinger (1857-1920). Em 1903 casa-se com Irma Schönfeld, mas não têm descendência.
                                      
                                   Bô Yin Râ quando esteve na Grécia, 36 anos de idade, em Delfos...
Viveu entre 1912 e 1913 na Grécia, e foi lá que se encontrou com o mestre oriental que o iniciou espiritualmente e que a sua experiência ou mensagem começa a ser transmitida em livros, surgindo o primeiro em 1914, Lich von Himavat, que será depois reformulado e incluído no Livro da Arte Real. Em 1915 expõe em Berlim as pinturas de paisagens  na Grécia e pouco depois a sua mulher Irma, que o acompanhara na viajem à Grécia e que era uma conhecedora de arqueologia, morre de diabetes.
Na 1ª Grande Guerra esteve em na Silésia e depois em Görlitz, casando-se no fim da guerra com a mulher de um militar morto na guerra, Helena Hoffman, que já tinha duas crianças, nascendo em 1920 a sua filha Devadatti, que ainda visitei e dialoguei nos anos 90 na própria casa de Bô Yin Râ.
Em 1923 moveu-se então para a Suíça onde criou a família, tratando também da terra e do jardim, em Massagno, junto ao lago Lugano na Suíça. Nesse mesmo ano encontrou-se com Alfred Kober-Staehelin (1885-1963), que se tornou seu grande amigo e o editor da sua obra, na Kober Verlag, a qual foi  dando à luz até 1939. Algo perseguido e vigiado pelo nacional-socialismo de Hitler, residiu em Massagno, terra neutral, até abandonar a cena terrestre em 14 de Fevereiro de 1943.
                                 
        Bô Yin Râ, com o compositor austríaco Felix Weingartner (1863-1942), autor  de um  livro sobre ele que bem merecia uma tradução portuguesa...
O ensinamento de Bô Yin Râ é inegavelmente de primeira qualidade, a mesma que sentimos nos grandes Mestres da Humanidade, que ele próprio afirma serem seus irmãos na mesma Fraternidade de Radiantes da Arqui-Luz. A certeza que as obras transmitem, a claridade que trazem, a harmonia poética e mágica com que as palavras ressoam, as impulsões que lançam, tudo contribui para considerarmos esta obra como das mais valiosas sobre os mistérios da vida e da alma, e confesso que encontrei aqui a melhor descrição do caminho espiritual e da ligação a Deus, certamente difícil de ser realizada, mas verdadeira, inspiradora e prática.
A sua obra denominada Hortus conclusus (Jardim ou horto rodeado de uma cerca, fechado, concluído) de 32 livros  de profundos ensinamentos sobre a Realidade última e os caminhos para a realizarmos, baseia-se no que nos diz no seu folheto Sobre os meus Escritos: «Eu comunico o meu conhecimento experimental das raízes do homem terrestre numa esfera de forças “espirituais” substanciais, que é inacessível aos sentidos físicos, sendo contudo alcançável duma maneira “sensível”, esfera na qual a consciência individual do homem pode já despertar nesta vida corporal terrestre, mas na qual ela despertará inevitavelmente logo que a sua existência terrena termine.
Eu comunico o meu conhecimento experimental da hierarquia de ajudas espirituais individuais, que parte do Arqui-centro mesmo da esfera das forças espirituais, que desce até à humanidade deste planeta e que se manifesta por certos homens preparados para esta missão já antes do seu nascimento terrestre.
Eu comunico o meu conhecimento experimental relativo à possibilidade de entrar em ligação espiritual com esta hierarquia, e mostro o caminho a seguir para se chegar aí.
Comunico finalmente de que maneira adquiri a experiência que me era acessível e porque é que eu devia chegar a ela».
Numa época em que são tantos os cegos guias de cegos, ou os fiéis estagnados nas suas religiões, e em que é tão grande o carnaval ocultista, ou a manipulação das seitas, ou a superficialidade do new age, este verdadeiro ensinamento certamente será muito útil, ajudando as pessoas tanto a aprofundarem as suas religiões como a discernirem melhor o caminho real, por entre tantas vias mistificadoras ditas esotéricas, que as impulsionará à sua realização própria e à união com Deus.
Mais não diremos, a não ser que idealmente a obra deveria ser lida na língua original, como o próprio autor recomendou e a casa editora reafirma, mas dado a raridade dos leitores portugueses de alemão, aqui sai à luz esta obra que esperamos que seja recebida como merece e que frutifique para a eternidade em todos os que a lerem e relerem com corações abertos e vontades determinadas a trabalhá-la criativamente. 

sábado, 9 de março de 2019

"Nós por Elas". 2ª Manifestação silenciosa e celebração com flores e canto. 9-III-2019...

"Ide, ide, Tágides nossas, abençoai-as"
2ª Manifestação do movimento cívico "Nós por Elas", no dia
9-III-2019, no Terreiro do Paço, oferecendo-se através do rio Tejo flores às mulheres que tombaram perante a brutalidade, a ignorância, o desequilíbrio e o ciúme, etc., etc., fazendo-se em seguida um círculo de mãos dadas em toda à volta da praça do Comércio, e indo-se em marcha serena até à Rua do Arsenal, onde se penduraram na porta do Tribunal de Relação algumas proposições e protestos. Estiveram presentes cerca de 700 pessoas. Os meios de comunicação televisiva filmaram e entrevistaram. Concluiu-se esta actividade em prol de uma melhoria da ética política, da educação e da prevenção de actos tresloucados ou violentos, com um canto, que gravei e reproduzo no fim das imagens, na altura já com bastante menos pessoas.
Ninguém a chegar, apenas emanações e flores do coração a partirem pelo Tejo nosso rumo ao grande Oceano em oferecimento de luz, amor e paz às mulheres recentemente martirizadas....
Quando diminuirão as causas ou factores de tanta violência machista?
Cravos brancos, partilhas de almas puras que se vão dissolver no grande Oceano e levar vibrações de amor e paz às almas vítimas de um sociedade que permite ou facilita tanta violência e falta de sensibilidade e educação...
Almas mais amadurecidas vindas do Alentejo profundo, das searas secas e da poesia da Florbela Espanca, em osmose com jovens citadinas mas trazendo em romaria flores brancas para as almas arrancadas precocemente do jardim da vida...
 
  A mulher é mais portadora da humildade, do respeito, da devoção, do amor. E o homem tem também a mulher dentro de si, se não a abafar por uma má educação e por comportamentos desequilibrados e violentos. Diminuir o unilateralismo interior é fundamental

Rios de amor, das almas, das águas e das flores, convocai às Tágides e grande almas Portuguesas, bem como as bênçãos divinas, para apoiar as que morreram às mãos de desgraçados ou doidos e para que se fomentem cada vez mais as medidas educativas, preventivas, éticas e espirituais que farão diminuir a violência que larva invisivelmente no inconsciente da sociedade e por vezes tragicamente visível no sangue, nas vítimas e nos noticiários
Amizades cívicas, activistas, na juventude é sempre um sinal de grande potencial anímico e de esperança de uma sociedade melhor
Dar as mãos por Timor, grande momento da grande alma portuguesa, com efeitos a milhares de quilómetros de distância, ou hoje dar as mãos pela não-violência, pelo não-machismo, pela não-alienação brutalizante, pela não-indiferença e sim pelo pelo respeito, apoio e amor às mulheres e suas crianças...
Quando será que o Terreiro do Paço passará a ser mais palco para danças do mundo, do amor, da universalidade e fraternidade?
Mãos feitas para fazer o bem, transmitirem amor, cura, criatividade e assim gerarem não sofrimento e dor mas um crescimento do corpo espiritual nosso e do próprio amor no planeta e seus eco-sistemas...
Almas novas, sérias, puras, aspirando a que a união faça força e que o anel de graças traga mais harmonia, paz e amor ao futuro das portuguesas e portugueses
Um grande espaço branco de silêncio e de coração, essência do amor e da comunhão...
  Palmas que se batem, para afastar vibrações negativas e para chamar positivas, na alma portuguesa, tão afastada em certos aspectos do seu Arcanjo...
Almas luminosas, firmes, amadurecidas pelo sofrimento e dispostas a lutarem pela merecida valorização e protecção das mulheres face às opressões, discriminações e violências...
A união faz a força. Grupos familiares que comungam o pão do amor e o irradiam em serenidade, firmeza e esperança...




Uma, senão mesmo a única, criança batalhadora, erguendo prolongadamente a sua vozinha anímica, por um futuro melhor, de não-violência e logo de diálogo, amor e heroísmo, e por isso ficando enquadrado sob a coroa que o Arcanjo de Portugal, ou Mátria da Pátria, coroa as polaridades feminina e masculina no cimo do arco da rua Augusta...
Deixar vir o Anjo ao de cima, ou afastá-lo e reduzir o ser humano à bestialidade, eis a questão que esta angélica criança nos deixa, apelando a que a Educação seja não para gerar números de consumidores e contribuintes, mas seres de não-violência, ecologia, sabedoria, fraternidade...
 

Quem conseguirá discernir as qualidades anímicas mais valiosas destas pessoas de todas idades que vieram dar e testemunhar as suas energias e aspirações  pela não-violência, a ética, a educação do coração, o fim da opressão da mulher, o amor, e pelas mulheres precoce e tragicamente arrancadas da sua evolução na Terra? Lux, Amor!
Iniciação activista e cavaleiresca: memória impulsionadora de uma futura consciência cívica, não-violenta e de amor.

Nas escolas e universidades, face à desumanização tecnológica e do capitalismo consumista e competitivo insensível, é  fundamental implementar-se educação para a não-violência, para o respeito e ao amor, para a cooperação criativa e plenificadora...
Quando o povo toma conta das ruas é um sinal de que está desperto por uma causa


Homens participando a só ou casais dando as mãos: Nós por Elas, e avançando firmemente rumo a um futuro mais luminoso...



Entrevista de um canal televisivo, frente à porta do Tribunal da Relação, à grande alma e bem plena de sensibilidade, amor e dor, Helena Ferro de Gouveia, líder destas manifestações e marchas silenciosas...


Faces que exprimem sensibilidade e temor, dor e amor... Um grande clamor percorrendo a grande alma portuguesa por uma sociedade menos norte-americanizada e violentada e mais humana, educada, amorosas, harmonizadora...


O que terá sido semeado no interior desta jovenzinha precocemente activista dos direitos humanos e da paz e o amor entre os seres? Que impulsões luminosas germinarão nela? Será um ser de amor corajoso e pacificador? Encontrará o seu companheiro e gerarão ainda mais luminosas almas?

Jovens já bem despertas, lúcidas e firmes na sua cosmovisão bem mais luminosa e profunda que a que a sociedade de consumo superficializada e norte-americanizada oferece, impinge, manipula...
 

Certamente um dos dias em que o Largo do Município esteve mais pleno de apoio da grande alma Portuguesa e da sua Tradição espiritual de cavaleiros e cavaleiras do Amor, aqui presentes em grande número, ainda que tais valores sejam ignorados pela classe política, incapaz de verdadeiramente dar bons exemplos e apontar os melhores caminhos para o respeito e o Amor...

Tantas almas que saíram das suas zonas de rotina ou de conforto e que se decidiram a darem de si por uma causa que as toca. Quantas motivações e ideias valiosas, quantas experiências tocantes ou comoventes não têm elas consigo ou para partilhar? Que vibrações se trocaram, que determinações se fortificaram?

Muita juventude, bom sinal que há muita gente não alienada só nas melhores notas, nas carreiras, nas conveniências, na bola, na cerveja, na superficialidade, no consumismo...
Jovens ainda, mas tentando ver já bem longe, corajosa e luminosamente...
Almas bem luminosas e capazes de educar, de encaminhar maieuticamente o ser para a tomada de consciência de que qualquer violência sobre outro ser é mal, não é desculpável. E logo os ciúmes e possessividades que devem ser encarados como resquícios sub-animais, egóicos, e desabrocharmos sorridentemente na consciência da liberdade inviolável de cada ser se determinar por si próprio e que as relações amorosas ou matrimoniais não têm sempre que durar sempre...
Saibamos evoluir, desprender-nos, aceitando que cada ser tem o seu caminho, e vai desenvolvendo fases e direcções próprias, que devemos respeitar e aceitar... Certamente por vezes difícil e por isso há que dialogar, meditar, transmutar, expandir a consciência acima do seu ego e personalidade sempre possessiva...

Helena Ferro de Gouveia, a grande alma deste movimento educativo, correctivo e de amor, e supra-partidário.
 
Tribunais ou melhor juízes frequentemente ineptos, acomodados, pressionados, senão mesmo machistas, receberão algumas vibrações de empatia, justiça e não-violência e amor?

Uma classe política e judicial muito longe do sentir humano, do sofrimento das pessoas, e pouca disposta a melhorar as condições da educação e da vida dos portugueses para que tais casos aconteçam cada vez menos ou desapareçam mesmo...

Que energias nestes dias, nomeadamente com a generalizada indignação com o aberrante caso de justificação da violência pelas leis de Jeová, e hoje, com esta marcha de silêncio e flores, dor e amor, terá entrado nas almas dos meritíssimos juízes e dos políticos e dirigentes que deveriam impulsionar a evolução psíquica, cultural e social dos portugueses?
Muito pura e criativa desmontagem do machismo, da violência, da falta de igualdade e respeito entre os seres...
Jovens que aquecem as almas e nos fazem sorrir com optimismo e esperança, senão mesmo certeza, num futuro melhor
A polícia e os cães são elementos protectores ainda fundamentais das mulheres e crianças face à violência ora ignorante ora maldosa de tantos seres ora machistas ou brutos, ora doentes e desequilibrados...

Uma mulher e mãe preocupada com o tipo de sociedade que é implementada pelos políticos, a escola, os meios de informação.


Algumas das frases, apelos e ensinamentos mais fortes de não-violência, protecção, prevenção e correcção, escritos pelas pessoas sofridas e como teses afixadas às portas da catedral ou tribunal da Relação de Lisboa hoje e que bem mais valem que códigos e Bíblias a que a classe judicial se agarra mecanicamente, ultrapassadamente, desumanamente...





Um grupo de almas já mais entradas na consciencialização de quão trabalhosa é a missão de se diminuir a violência sobre mulheres e crianças, mas unidas por amizades e determinações interiores que certamente irão gerar bons frutos na imensa seara portuguesa ainda com tantas papoilas de dor em vez de amor...
 

 
Escrito e desenhado bem sentida e expressivamente por uma criança acerca da sua vivência de mau trato paternal, ela mostra o mais importante de tudo: destemor, não ter medo. E logo saber denunciar o mal (e que instituições estão preparadas para gerir tal?) e de resistir a ele, seja, noutros contextos, de ter de aceitar a justa liberdade e determinação do outro, não-violenta.
Almas sofridas, bem marcadas e contudo seres de tanto amor que tudo merecem de melhor: assim são tantas, tantas mulheres... Possa o Amor do coração e da unidade fraterna, espiritual e divina brilhar mais em todos os seres
 Segue-se o vídeo de 5 minutos do canto final da celebração: