segunda-feira, 11 de março de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap.I: A Morada de Deus entre os Seres Humanos.

   1º capítulo, “A morada de Deus entre os seres humanos”, da obra do mestre alemão Bô Yin Râ, O Livro de Deus Vivo. Tradução portuguesa, versão de 3-II-2020, e de XII-2023, por Pedro Teixeira da Mota. Alguns direitos de tradução...

  « Já nos tempos antigos veio  do Sol nascente em direcção à terra do Poente uma mensagem silenciosa e pôs diante dos olhos num tipo de imagens proveniente da fé cristã, uma estranha e espiritualmente unida comunidade de sábios Activos,- mas os homens do mundo Ocidental não souberam interpretar o que os atingia desse modo.- - 
 
O véu da saga tecia-se sobre o "Santo Graal" e a sua nobre “Cavalaria"...
Um conhecimento cheio de alento submergiu-se sob um obscuro mito,- tornou-se uma  saga poética religiosa num cenário fantástico.- 
 
Entretanto, nos nossos dias, aventureiros mistagogos, através de associações fantasiosamente elaboradas, proclamaram diante de todo o mundo que, nas recônditas profundezas do Oriente, viveriam recolhidos seres ocultos, embora as fábulas demonstrassem simultaneamente, e contra a vontade deles, que embora esses mensageiros soubessem da existência de seres ocultos, mas que não tinham visto nenhum deles, - pois se os tivessem visto negariam que certos faquires  miraculosos e homens santos bizarros com quem se depararam fossem membros desse circulo espiritual...
 
Mas como no inconsciente de muitas almas conservavam-se os derradeiros pressentimentos obscuros de uma possível ligação espiritual com um santuário impregnado de espírito divino,  escondido ainda algures nesta Terra, em breve apareceram crentes que esperavam alcançar tal ligação.
Infelizmente procuravam por caminhos falsos e nestes caminhos enganadores procuram ainda. --
De fragmentos de conhecimento  ao longo do caminho, empilharam um edifício quimérico e chamaram-no "Ciência" do Espírito, – inconcientes da ilusão em que caíram, a de que o verídico Conhecimento do Espírito da Eternidade se aprenderia tal como os conhecimentos intelectuais terrenos.
Vivem como ascetas, para, assim o entendem, se "espiritualizarem", - mergulham numa obscuridade nocturna e venenosa duma mística proveniente duma atmosfera febril da quente selva tropical, -  e sentindo-se encantados por instruções antigas ou novas  para alcançar “poderes ocultos", procuram-nos toda a parte - e crêem que, dessa forma se podem aproximar, daqueles que para isso tudo só podem ter um sorriso compassivo, cheio de perdão e compreensão.
Ninguém quer entrar nos trilhos escarpados que levam aos cumes ensolarados da "Grande Montanha", e todos se dirigem por estradas largas e poeirentas em direcção aos locais de peregrinação há muito profanados, no seio de vales sombrios...
Muitos sonham-se já no caminho para os Guias sóbrios e claros do reino da Alma, e então procuram através das florestas para, - descobrirem um "santo" ...
Outros acreditam que as doutrinas religiosas dos orientais são idênticas à Sabedoria desses Guias silenciosos e ocultos...
E por isso dizem para si mesmo com razão:
"Também entre nós houve, em tempos idos, videntes e sábios, também nós temos os nossos livros sagrados da mais longínqua antiguidade!
O Divino é porém  em toda a parte o mesma!
Porque razão deveríamos nós, os filhos do Ocidente, procurar agora a nossa salvação apenas no Oriente?!- " 
 
Falam verdade, - pois, se só se tratasse daquilo que as pessoas, de corações piedosos, podem em toda a parte aprender a sentir em si mesmas, - se só se tratasse  de ensinamentos antigos, que ainda contribuem para definir as concepções religiosas no Oriente, - então todo o que procura encontraria a paz por si mesmo e nos  ensinamentos sábios que lhe foram legados pelos videntes e profetas do seu povo.
 
Mas o saber e agir de tais Guias silenciosos pouco tem a ver com os ensinamentos dos povos orientais, e os Auxiliares espirituais ocultos levam mais longe do que àquele céu, que cada época cria como expressão do seu anseio religioso.-
Os Guardiões da herança primordial de toda a Humanidade são  os protectores mais poderosos de toda a espiritualidade no ser humano, e  simultaneamente os amigos mais verdadeiros do Homem na terra, cheios de compreensão e de aconselhamento.
Desde o  mais remoto tempo  enviaram eles irmãos a todos os povos da Terra, para constituirem pontos de irradiação espiritual, onde fossem necessários.
Por entre todos os povos elegeram, ao longo dos tempos, os seus Filhos e Irmãos espirituais, tal como  a lei espiritual os chamava a eleger.
Ora  a todos que assim foram eleitos, foi atribuído em plena Ásia, um local como pátria espiritual, e cujo acesso ninguém pode encontra sem ser convidado.
Os poucos, que desde o princípio dos tempos vivem ali juntos, nunca se tornam visíveis no mundo movimentado exterior.
Para esse efeito ordenam somente os seus filhos e irmãos espirituais que a lei espiritual destina como "Actuantes".
Eles próprios são unicamente os  fiéis guardiões  de um tesouro espiritual, que o Homem terreno possuía antes da sua queda no mundo da matéria física.
Eles causam aquele Poder, a partir da qual os Actuantes intervêm para o Bem da Humanidade da Terra.
Não será assim o cúmulo da tolice acreditar que estes elevados Guias sejam "budistas" ou "brâmanes",- "lamas", "panditas", ou mesmo "faquires" !?!-
Que não se pense também que se trata de uma espécie de "instruídos" numa assim chamada "Ciência" oculta!
  O que se presume nesse sentido é tudo um  engano perurbante! 

Os Irradiantes da Luz primordial são sobretudo "Criadores".
Os "mais velhos" ou os "Pais" nunca conheceram a "sede de saber", nem nunca a poderiam ter conhecido.
Os seus "Filhos" no Espírito e aos seus "Irmãos" igualmente há muito que abandonaram toda a "vontade de saber”.
Também não é certamente sua intenção converter o mundo aos ensinamentos da mística e da filosofia orientais.
A todos eles é indiferente que  "acredites" na Bíblia, no Alcorão, nos Vedas ou nos ensinamentos de Budha.
Mas em todos estes círculos de crentes eles descobrem sempre de novo os  que poderão ser Auxiliares e Guias espirituais, mesmo quando com frequência tais protegidos e aconselhados  não têm consciência dos processos necessários  que vivenciam.
Os Irradiantes da Luz Primordial não te querem dar doutrinas de crença, mas construir-te as "pontes" que te unam a ti, Homem prisioneiro do animal desta Terra,- com o  reino substancial do Espírito.
Eles mantêm-se contudo longe de cada ensinamento que quer fustigar o Homem até ao êxtase, para que ele, - já não senhor dos seus sentidos,- tenha a ilusão de que faz descer até si o Divino. -
Eles sabem também na verdadeiramente que o ser humano através do pensamento nunca poderá reconhecer o que é condição anterior a todo o pensamento e que vive acima de todo o pensamento.-
Sorriem, quando ouvem daqueles que se consideram a si mesmos Deuses disfarçados.
Permanecerão todavia invisíveis ao lado de quem quiser acolher em si o seu Deus.-
Eles são os verdadeiros  altos Sacerdotes, que estendem o cálice da bênção a todo o peregrino, que do mais profundo ardor do seu coração aspira a Deus em si.---

Não vês que se trata de algo bem diferente desse esquisito e pretensioso saber da "Ciência Oculta", de que se fala ali onde, das doutrinas misticamente obscuras de todos os povos se confeccionou um cozido, e a esse prato se deu o nome de "Sabedoria divina", - "Theo-sophia"?! --
Através de semelhante "Sabedoria divina" de pobres perdidos e voluntariamente auto-enganados, com todos os "exercícios", meditações e jejuns,- com toda a pureza dos teus actos e pensamentos,- com um conhecimento de coisas que o ser humano não precisa de conhecer,- não te aproximarás nem a fina espessura de um cabelo desse objectivo, que através do sentir mais profundo do teu coração podes pressentir como  o mais alto objectivo de todas as tuas aspirações!--
Tornar-te-ás talvez um louco, talvez para ti próprio e para os outros um "santo", - mas nunca chegarás assim ao teu Deus!
Se apenas queres encontrar o que sempre podes encontrar em ti sem ajuda espiritual, então não precisas realmente de elevar o teu olhar para o "alto Oriente"!
Os que de tal lugar te guiam,- mesmo que vivam contigo no teu país, ou até na mesma casa, - têm outras coisas para te dar! -
Eles poderão criar em ti algo, que tu próprio não podes criar em ti...
Algo que se enraizará em ti, e para o qual te tornas alimento...
Algo que ainda não tens nem nunca poderias obter de ti!--
Também os Irradiantes da Luz original não o têm certamente de si próprios ! -
Devolvem-te apenas o que outrora foi teu, antes de que tivesses de perdê-lo pelo teu impulso para este mundo da matéria física.--
Os "mais velhos" dos Irmãos nunca o perderam, porque nunca caíram na queda profunda no animal humano da Terra...
Não conhecem a morte e, desde há milénios, vivem nesta Terra numa forma indestrutível provinda das forças da mais pura substância espiritual.
Nunca estiveram unidos a um corpo, igual ao dos animais, como tu e eu.
Mas criaram   nos Homens outrora caídos e que no seu tempo tiveram de se unir ao animal sobre esta Terra, do plano espiritualos seus “Irmãos”, para que estes, nascidos então no mundo terreno, pudessem alcançar o que só é possível alcançar quando se vive no corpo do animal terreno.
Por isso preparam ainda hoje futuros "irmãos" para um tempo vindouro.
O local da sua actuação nesta Terra é desde a aurora dos tempos, quando os primeiros animais humanos se tornaram portadores do Espírito humano, - lá,  onde se ergue a maior montanha da Terra, - que permanece inacessível a todo o que não for conduzido espiritualmente ao seu centro.
Aqui está em verdade a "morada de Deus entre os Homens" desta Terra!
Aqui  o reino do Espírito chega, através das forças da mais pura substância espiritual,  ao que ocorre nesta Terra física!
Daqui irradiam raios da mais pura substância espiritual para todos os  habitantes desta Terra! - 

Eu vejo porém ainda demasiados seres humanos desta Terra a procurarem em vão o Espírito, pois andam por falsos caminhos.
Só posso exortá-los a mudarem, pois a luz activa do "Oriente interior" dificilmente os poderá fecundar enquanto os seus olhos se mantiverem ofuscados pelas várias luzes de todos os tempos, - as lanternas e archotes, com os quais a humanidade caída na animalidade procurou por si própria iluminar o seu caminho.-
Na verdade, só quem, sem se distrair pelos chispas luminosas da Terra, olhar  para o "Oriente", encontrará aí nas altas montanhas a Luz viva!
Para quem a tiver encontrado, ela vai-lhe iluminar o seu caminho, até atingir a sua finalidade, -- até alcançar a sua finalidade!-»
Himavat, a santa montanha dos Radiantes da Arqui-Luz, sobre os Himalaias.

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