segunda-feira, 4 de março de 2024

A Mística Portuguesa, por Dalila Pereira da Costa. No dia dos seus 106 anos. Breve hermenêutica do I cap. dos "Místicos Portugueses do século XVI".

A Dalila, sábia, doce, sibílica, na sua sala-biblioteca do andar-térreo na Av. 5 de Outubro 444, Porto, parte duma fotografia tirada por mim.
Publicada em 1986, a obra Os Místicos Portugueses do século XVI contém posicionamentos ou afirmações que cremos terem sido aprofundados, corrigidos ou melhorados pela Dalila Pereira da Costa (4-3-1918 a 2-3-2012), durante os 20 anos ainda activos das suas realizações, compreensões e publicações antes de partir para o mundo espiritual em 2012.
                                   
Assim, no 1º parágrafo do 1º capítulo, intitulado A Mística Portuguesa, Dalila mitifica ou exagera um pouco o domínio da Mística, 1º, ao caracterizar o objectivo do conhecimento a atingir "como visão e usufruição da Realidade última, ou Absoluto", algo que na realidade pouquíssimos místicos terão alcançado, e 2º, ao citar o ocultista francês, maçónico e teúrgico Louis Claude Saint-Martin: "Todos os místicos falam a mesma linguagem porque vêm do mesmo país", o que é algo inexacto, pois há uma muldimensionalidade psíquica, espiritual e divina tão grande que, reflectindo-se em múltiplos países, tradições e linguagens, gera diferenças grandes tanto no que se realiza como na capacidade de entendimento pelas palavras, pois as mesmas aludem ou exprimem realizações diferentes de acordo com as tradições e religiões.

Entrando na religião e mística portuguesa, Dalila, sempre navegando ou voando também em si mesma entre o fundo pagão e o cristão, reconhece que nas suas manifestações poéticas a mística lusa assumiu formas panteístas, embora sempre (ou quase, pois houve heréticos e heréticas...) "dentro das normas do catolicismo e da sua teologia", para logo umas linhas mais abaixo afirmar «mas na religião dos portugueses, para além do catolicismo e sua estrutura e dogmas, nela haverá oculto um fundo naturalista, antiquíssimo, vindo de sua religião arcaica, primevamente ligada à Terra-Mãe; e fundo persistindo desde os milénios pré-históricos até aos históricos em formas de piedade, indo desde o culto dos mortos ate às celebrações festivas da fertilidade, em coloração telúrica, cristianizados ambos». E este campo foi por ela muito bem investigado em muitos dos seus livros, e destacaremos a Corografia Sagrada, 1993, e As Margens Sacralizadas do  Douro através de vários cultos, de 2006.

                                                           

Em seguida, após ver bem que neste seu típico panteísmo e naturalismo a nossa mística se situa em oposição à mística do espírito renana, tal do mestre Eckhart, tece duas comparações, uma não sendo tão exacta, a de que a mística portuguesa se aproxima do monismo, próprio da mística da Índia, pois creio que não será tanto do monismo, o Advaita, mas mais do Dvaita, do monismo dual, em que além da unidade omnipresente do Brahman ou Divindade, se reconhecem e cultuam as formas pessoais da Divindade. E tece uma antevisão bastante corajosa numa época em que dialoguei com ela nessa ligação do Oriente e do Ocidente, sob a oposição de um ou outro dos seus amigos ligados à Filosofia Portuguesa. Oiçamo-la:«Portugal, como fronteira, traço de união, por opostos, entre o Ocidente e o Oriente, surgirá como o país de cunho mais oriental do Ocidente. (...) Anunciando um novo Oriente-Ocidente, nele se darão combinações novas, de pensamentos (e aqui, de místicas), desconhecidas no Ocidente. E que assim, a este surgirão, como suspeitas, ou insólitas»

Realçará depois os principais afloramentos desse veio de "uma religião naturalista pagã" sublimada, em Frei Agostinho da Cruz, com a sua mística franciscana acrisolada no amor pela serra da Arrábida e por Maria nossa Senhora, e patente ainda em Teixeira Pascoaes e Guerra Junqueiro, aos quais deveremos acrescentar Leonardo Coimbra, nas suas obrinhas Jesus e o S. Francisco de Assis: visão franciscana  da vida.

Dois parágrafos bem importantes seguem-se, no 1º considera que a concepção filosófica e a mística portuguesa não conseguiram na sua escatologia e ascensão abandonar o mundo terrestre e o anímico astral, nem sair do tempo e da continuidade lunar das metamorfoses e gerações, para "uma imortalidade na eternidade celeste" e a "total reabsorção no Espírito", ficando-se por formas de imortalidade limitadas, o que contudo me parece bem mais realista e possível de ser realizado do que essa mítica extinção. E no 2º parágrafo, analisando o pensamento europeu, nomeadamente nórdico e alemão, na sua característica "racional e discursiva", originadora de "sistemas abstractos e idealistas", opostos à natureza, esta vista como força cósmica negativa, e que «assumiu no puritanismo seus exemplos derradeiros, extremados e radicais, e no pensamento germânico, formas de absoluto desprezo e ódio, tal como as que surgem, notadamente em Kant, em Portugal surgiria o contrário desse protestantismo: a exaltação, cântico de louvor e adoração do homem perante a Natureza», bem patente por exemplo em Teixeira Pascoaes, e em especial no livro e personagem Marânus, em que a distinção entre Deus, o ser criado e o mundo se desvanecem, ou em Frei Agostinho da Cruz, onde a Natureza segreda-lhe os segredos divinos, ou eleva-o à fonte da Formosura, privilegiando Maria, como avatarização da Terra sagrada, como a Mestra intermediária da ligação entre a Terra e o Céu.

Frei Agostinho da Cruz, num painel de azulejos do convento da Arrábida..

Admirar-se-á contudo por haver entre nós, como no resto da Europa, «raros casos de formas acabadas e finais de conhecimento místico, como estados unitivos. Conhecimento como aquele que se opera de forma imediata, por via racional, por intuição e via experimental de união com o Absoluto. Via [ou caminho] que, na sua realização perfeita terminará nesse estado de beatitude, como união actual e contínua da alma do homem com Deus».

Estas compreensões-visões enfermam de um certo idealismo, o da possibilidade da tão limitada ou condicionada alma humana, e para não falar do cérebro, poder unir-se com o Absoluto, ou com Deus, e em especial continuamente, se mesmo Jesus, o mestre dos mestres ocidentais, sofre, pede ao Pai que afaste o cálice, e diz que não pode responder a uma pergunta (e ainda por cima sobre a 2ª vinda...) pois só o Pai sabe. Expressões como "realização perfeita", "formas acabadas e finais de conhecimento místico" são absolutizações de realizações bem mais limitadas que alguns místicos ou iniciados conseguiram de religação (num tempo e espaço, ainda que a sua percepção seja alterada ou então desapareça momentaneamente) ao seu espírito, ao mestre, àa forma pessoal de Divindade ou Deus, ou ainda com a presença do Espírito divino como força cósmica e de amor. Quanto ao Absoluto ou à reabsorção no Espírito que alguns admitem tão facilmente, também parece ilusória enquanto o Cosmos estiver em manifestação.

Do último parágrafo citado, passa a Dalila Pereira da Costa outra afirmação nascida do seu grande amor por Portugal e da sua inserção na corrente mitificante da excepcionalidade providencial da missão de Portugal e dos portugueses que teve como corifeus, por exemplo, o P. António Vieira, Fernando Pessoa, António Quadros e outros. Diz-nos então nessa mitificação exagerada de Portugal: «que outro povo do Ocidente seria o mais indicado para criar formas superiores de um conhecimento experimental, aqui de Deus, tal o da mística, como o português? Ele tão dado a essa forma de conhecimento no mundo e preferentemente usando mais as formas não-racionais, como a intuição e o sentimento, do que as racionais, discursivas? Usando mais o coração do que o intelecto no acto de conhecer», acrescentando uma transcrição da teórica inglesa do misticismo, hoje algo ultrapassada, Evelyn Underhill e outra do tratado anónimo inglês do séc. XIV The Cloud of Unknowing que apenas reafirmam que o intelecto ou a razão não podem pensar o Divino e que este apenas pode ser amado, ou realizado pelo coração, na nudez e obscuridade mental.

Dalila interroga-se em seguida porque teria o português se confinado demasiado à alma e não atingido o espírito, e pensa até, creio que erradamente, que «a mística, na sua forma última, realiza-se justamente na anulação de toda a forma e imagem, para além desse mundo da alma: no mundo do espírito onde, por uma ignição derradeira, toda a forma imaginária [mas não a verídica e essencial...] é anulada, na única luz deslumbrante, como fulguração de Deus: "Na tua luz nós veremos luz", Salmo 35, 10,» como esta citação final que pouco diz e de uma fraca autoridade de realização mística unitiva, que aconteceria entre o salmista e o temível e cioso Jehova.

A inexactidão da Dalila neste passo, creio eu, é a de pensar que nos planos do espírito não há formas e apenas luz, uma posição comum a vários estudiosos do esoterismo, misticismo, budismo e do comparativismo religioso, mas que a ser real impediria a existência dos espíritos individualizados durante a criação ou a fase de manifestação....

Aborda a nossa querida Dalila em seguida e com originalidade o povo português, pois "pertencendo étnica e culturalmente ao contexto céltico ou celtizado da comunidade europeia norte-atlântica, aceitando e usando na Idade Média e  Renascimento os livros de aventuras no mundo da alma que lhe vieram desse Norte, de brumas e claridade, a diferença e inovação por ele concedida a essa comunidade e sua antiga civilização milenária [e Dalila sentia-o genética e animicamente pela sua ancestralidade maternal irlandesa]", é que ele seria o primeiro a transportar essa aventura, antes vivida no mundo da alma, e só a ele até então confinada, ao longos desses milénios de civilização, para o mundo da terra visível e acção nela realizada: e pela primeira vez integrando-a na história da Humanidade».
E valoriza então os místicos escritores e poetas que tiveram as suas intuições, visões e imaginações, taisl D. Manuel de Portugal, Frei Sebastião Toscano, D. Hilarião Brandão e o P. Manuel Bernardes, na Nova Floresta, e as transmitiram com "uma exposição e ordenação" "clara, rigorosa e obedecendo às leis e exigência da ratio, sem nada em si de confuso e obscuro", aos quais acrescenta os profetas Bandarra e Fernando Pessoa que teriam visto o futuro, e que foram capaz de intuir o divino na História e de o transmitir, e que foram elos duma tradição visionária e profética imemorial. Aqui Dalila exagera ou mitifica um pouco a veracidade das suas imaginações ou visões, ao considerar que «a profecia é outra forma afim da mística, e nela se encontrará também essa mesma nitidez e ordenação de uma intuição primeira [ou mera imaginação ou mistificação, diremos]. Bandarra, além da veracidade [?] de suas visões, impressa [e tão manipulada] e declarada na sua mensagem...», e acredita mesmo, exagerando-mitificando, algo seguindo Fernando Pessoa que também à luz, estilo e  imaginações de Bandarra consagrou muitas páginas e até  belos versos, que «os oráculos do sapateiro de Trancoso, serão realizados numa comunhão com a história [certo]; como estado afectivo levado aos limites do poder humano, onde ele se transmutará no divino [exagero]; é sempre partindo duma intuição [ou desejo e imaginação] que aqui se atinge e transmite um conhecimento. Conhecimento que se fará como adivinhação do divino [ou do futuro desejado] na história.»

Observando a inexistência entre nós de místicos que foram teólogos, ressalvando apenas, e com as sua limitações, Frei Tomé de Jesus e sua teologia cristológica baseada na vida, paixão e ressurreição de Jesus (e que Frei Tomé sofreu santamente no cativeiro e morte), Frei Agostinho da Cruz e uma teologia de ascensão Mariana, sentida na intrínseca beatitude unitiva e franciscana, acentuará que na vivência da Trindade entre nós e os nossos místicos há predominância quase total do Filho, de Jesus Cristo, e que se alguns escritores com o P. Manuel Bernardes, Frei Amador dos Arrais e Frei Heitor Pinto abordam a mística e os mistérios da Trindade fazem-no especulativamente como teólogos e não pela vivência ou união sentida dos místicos, pela intuição ou visão, algo que ela reconhecerá contudo em Frei André Dias, um beneditino do séc. XV, estudado e publicado entre nós pelo Padre Mário Martins bom amigo da Dalila, e sobre cuja obra Dalila faz uma boa hermenêutica das suas vivências e ensinamentos mais importantes, com certa comparatividade europeia até, e transcrevendo os passos mais importantes.

As páginas seguintes e que finalizam o I capítulo são bastante valiosas na tentativa de contextualizar a mística portuguesa nas suas características de quente ou do coração e nos seus níveis mais elevados de conhecimento ou união com Deus, com a Deidade ou Divindade e com o Absoluto, baseando-se nos místicos já mencionados e em D. Manuel de Portugal e Frei Hilarião Brandão (que abordará mais detalhadamente noutros capítulos), em Frei António das Chagas, e ainda Nuno Álvares Pereira, Gil Vicente e Leão Hebreu, para além de consagrar algumas páginas belas e sentidas à serra da Arrábida como local desde os tempos islâmicos, já que rabida é nome para convento sufi, que ali existiu, num local telúrico e marítimo eleito ou propicio à aproximação à Divindade, sobretudo  a partir do seu espelhamento na Natureza pura....

Nos restantes quatro capítulos do livro Dalila contextualiza e compara com outras tradições, e aprofunda alguns dos autores citados, trazendo à luz algumas das suas importantes realizações, intuições, efusões e ensinamentos, oferecendo-nos sem dúvida uma obra bem importante quanto ao conhecimento do caminho místico, subtil, espiritual e divino, clarividente, vivencial, amoroso e unitivo, em Portugal.

Muita luz e amor, alegria e Divindade na sua interioridade, na alma de Dalila, e que ela nos possa inspirar! 

                                          

domingo, 3 de março de 2024

Nos 221 anos do Colégio Militar: história, alunos e ex-alunos, cerimónias e video do clarim no claustro, na homenagem ao fundador e aos que já partiram.

Fachada da parte mais antiga do Colégio Militar, antigo Hospital da Nossa Senhora dos Prazeres, junto à igreja da  Luz, construído entre 1601 e 1618, por voto e testamento da filha de D. Manuel I e de D. Leonor,  "a princesa muito sábia e virtuosa" Dona Maria, e que foi de administração nobre e misericordiosa dos frades e cavaleiros da Ordem de Cristo.

Fundado há já 221 anos, o Colégio Militar perdura  e se nos interrogamos quanto às razões da sua tão duradoura vida, teremos de reconhecer a qualidade do ensino e da formação dos ânimos que nele foi sendo prestada e impulsionada por notáveis professores e receptivos alunos

Pintura do fundador Marechal Teixeira Rebelo, exposta na Biblioteca, e infelizmente fotografada com algum desfocamento.

Fundado em 1803, como Colégio Regimental da Artilharia da Corte, e conhecido como Colégio da Feitoria, junto ao forte de S. Julião da Barra, pelo abnegado  oficial de artilharia então coronel António Teixeira Rebelo (17-12-1750 a 6-10-1825), um transmontano de Santa Marta de Penaguião, vizinho do Marão, filho de agricultores e que se elevaria às mais altas funções militares no país, com uma folha de serviços notável, o Colégio da Feitoria, destinado aos filhos dos oficiais do seu regimento, e com magros rendimentos iniciais, sobreviveu graças à protecção in loco do príncipe D. João, e só em 1813 se torna Real Colégio Militar sendo em 1814 transferido para o Hospital de Nossa Senhora dos Prazeres, na Luz, tendo estado em p Mafra entre 1835 e 1859 .  

Começara apenas com uns poucos jovens filhos de militares do seu regimento,   e ao crescer, passando a cem, aberto a outros alunos, filhos de heróis ou necessitados, foi mantendo os seus objectivos elevados, desenhados ou arquitectados pelo seu fundador e primeiro director (de 1813 até à sua morte em 1825), de criar bons militares, almas fortes, conhecedoras, corajosas, solidárias, disciplinadas, com ética, ideais, abnegação e capazes de servir a Pátria ou Mátria com dedicação, criatividade e excelência.  

E assim os professores e alunos se dedicarão ao longo de muitos anos criativamente a essa maravilhosa actividade humana que é a educação, o preparar do desabrochar  para o exterior as melhores potencialidades do corpo e da psique em formação, crescimento e desenvolvimento. 

Um dos directores, num quadro na Biblioteca do Colégio.

Grandes ou notáveis directores, professores e alunos distinguir-se-ão ao longo dos tempos, não só como militares mas em várias outras actividades sociais, e entre eles uma sã camaradagem perdurará sempre, certamente inspirada ou enraizada no princípio "Um por Todos, Todos por Um" que ficou como lema do Colégio do Militar, e de algum modo em cada um de nós, dando-nos um sentido de fraternidade muito grande, dedicação, esforço, desenvoltura, já que tínhamos de fazer muito ou quase tudo por nós, e éramos todos iguais uns com os outros, aparte as diferenças de anos ou cursos, e a existência dos graduados, que do 6º e 7 ano regiam as quatro companhias, as quais que por sua vez tinham depois quatro turmas com os seus chefes de turma. Acrescentava-se pois a essa fraternidade de base, manifestada no que era igual ou comum a todos, nas roupas ou fardas, alimentação e refeições, banhos, horários, tratamentos, saídas, férias, uma noção de hierarquia e portanto de uma disciplina e obediência a regras que se aplicavam a todos e se dirigiam ao bem comum, e que eram implementadas pelos superiores hierárquicos, por vezes com pequenos castigos, individuais ou colectivos, as firmezas, que fortificavam os músculos das pernas...

A forte componente de desportos, com competições renhidas anuais e presenteadas com medalhas,  e que se realizavam ao ar livre nos vários campos de jogos e onde pontificavam bons professores, ou então no interior, tal como o xadrez, as damas, o ping-pong, estimulavam as faculdades psico-somáticas requeridas a tais práticas, que complementavam a formação militar com tiro, cavalos, e acampamentos e marchas na tapada de Mafra.

A tais estímulos fora do currículo estadual liceal ou colegial civil, acrescentava-se um filme por semana, quarta-feira à noite, mensalmente as visitas voluntárias a famílias carenciadas da zona, em colaboração com as conferências de S. Vicente de Paula, e as  confissões para quem quisesse num seminário de belíssimo jardim acidentado e próximo, que sendo de noite davam uma  sensação de entrada noutro mundo de fantasia. Mas havia uma capela  no andar acima dos claustros, não longe da biblioteca, e onde alguns de nós podiam exprimir a sua devoção e aspiração ao bem e à Divindade divino, pela oração a qualquer hora livre e a missa ao Domingo.

Havia ainda as visitas de estudo sempre muito apreciadas mas raras,  a feira do livro anual junto à biblioteca (onde me lembro de ter comprado e muito apreciado gozado o livrinho a Conquista do Everest por sir Edmund Hillary,) e o armário de livros ou biblioteca de cada companhia, onde muitos de nós tomaram consciência dos escritores contestatários da época, seja os neo-realistas Soeiro Pereira Gomes, Alves Redol e Fernando Namora, seja o presencista  José Régio, ou ainda os mais modernos Sttau Monteiro, José Cardoso Pires e Bernardo Santareno, habilitando-nos a discernir melhor a luta contra o que estava mal no Estado Novo e que esses escritores descreviam e apontavam. Mas havia outros autores e se esta foi a minha formação de leitura aos 14 anos outros ter-se-ao deliciado ou viajado por outras autorias, paragens ou mensagens.

Nesse in illo tempore, quando entrei para o Colégio Militar nos meus 10 anos, tal como era a  regra desde 1803, comecei uma aprendizagem  e convivência bem valiosa por seis anos escolares (já que chumbei o 1º ano e depois saí no 5º ano, para ir para Letras) em regime de internato, com uma saída semanal, entre o começo da tarde de sábado e o começo da noite de domingo, dois términos-inícios semanais, certamente intensos em todos, ao passarem-se no curto espaço de tempo de um dia e pouco, em que reeencontravamos a família e os seu ambientes, e os nossos pequenos mundos pessoais.

Formados, decorridas algumas décadas de crescimento, trabalho e amadurecimento, realizou-se este encontro dos muitos sobreviventes do curso, embora só estivessem presentes cerca de 37, com a deposição de uma coroa de flores de homenagem  ao fundador, o Marechal António Teixeira Rebelo, tendo sido pronunciados no fim os nomes dos que já partiram para o misterioso além, subtil e espiritual, com o toque de clarim.  Gravei essa cerimónia de fora do salão onde se encontra estátua do Marechal (pela exiguidade do espaço e por ter sido dos três últimos a assinar o livro do curso na biblioteca),  e  assim acompanhei o que se ouvia de dentro e sobretudo o som do clarim ressoando pelo claustro e pelas almas, lembrando-me um pouco desse belo poema de Fernando Pessoa, em que ele invoca a tradição militar, heróica, poética e iniciática portuguesa:

(...) «Vibra, clarim, cuja voz diz
Que outrora ergueste o grito real
Por D. João, Mestre de Aviz,
E Portugal. (...)

A Todos, todos, feitos num
Que é Portugal, sem lei nem fim,
Convoca, e, erguendo-os um a um,
Vibra Clarim!

E outros, e outros, gente vária
Oculta neste mundo misto,
Seu peito atrai, rubra e templária,
A Cruz de Cristo.

Glosam, secretos, altos motes,
Dados no idioma do Mistério
Soldados não, mas sacerdotes,
Do Quinto Império. (...)»

Vinde aqui todos os que sois,
sabendo-o bem, sabendo-o mal,
Poetas, ou santos ou heróis
De Portugal.»

  Este encontro, permitiu ver alguns antigos colegas e amigos que desde que saíra do curso tinham desaparecido, e nos quais  a matriz facial ora se manteve pouco alterada e me foi fácil sentir o reconhecimento identificador, ora noutros foi mais alterada pelas vicissitudes da vida, pelo que sem o acesso à fotografia da época não podia discernir facilmente as continuidades identificadoras, de modo que cumprimentava sem reconhecer bem a ligação da perenidade de cada um desses antigos colegas ao longo das décadas, tanto mais que a maioria deles avançou no mesmo curso, enquanto eu, chumbando (tristeza forte sentida, contrastada com alegria buliciosa da maioria,   ao meter a roupa e os poucos pertences na mala das férias onde tinha escrito, "mala em uso, sinal das férias") passei a ter outros companheiros de curso, e a  ser chefe de turma deles por três anos.

                             

Foi na bela e valiosa biblioteca do Colégio que ouvimos antes de tudo os discursos de dois membros importantes da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, o general Rositas e o actual director Filipe Soares Franco, e o do ilustre coronel e actual sub-director do Colégio Militar, que delineou a adaptação conseguida aos novos tempos do funcionamento da centenária instituição, bem como os professores, pessoal militar e tipo de alunos que têm, já não só rapazes nem só internos, e ainda os valores e metodologias que têm permitido aos alunos do Colégio  classificar-se com elevado nível nas classificações escolares nacionais e sobretudo prepararem-se adequada e valiosamente para os desafios da vida moderna. 

O novo edifício onde se realizam as aulas...
Na Biblioteca, após os discursos iniciais do sub-director do Colégio, e do general Rositas, fala o Filipe Soares Franco, director da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, apontando as necessidades e dinamismos actuais e como a Associação tem sido importante em tal.   

Houve ainda um encontro com os alunos ou alunas que têm os números que nos couberam outrora e foi com muita alegria e carinho que vi uma ou outra criança com os olhos a brilharem com muita luz e alegria, seja apenas da suas alminhas seja de poderem usar a farda e o barrete, de serem alunos da centenária instituição.

A criança de olhos talvez mais luminosos, sucessora de um dos ex-alunos com quem dialogaria durante o almoço, numa mesa animada...

A Beatriz, sucessora do José Cortês, grande amigo de um comum amigo o ilustríssimo livreiro e escritor Luís Burnay, como descobriríamos mais tarde.
Dialoguei brevemente com uma Beatriz, dos seus seis anitos, que tinha o número do amigo José Cortês (aquele com quem conversei mais, e que se esquecera de trazer-lhe um presente, como fora recomendado) e que não sabia da Divina Comédia, nem de Dante e de Beatriz, e foi iniciada nessa tradição dos Fiéis do Amor, "ao de leve, levemente",  recebendo um belo cristal do quartzo do Gerês, tal como entreguei outro a uma professora, a fim de dar à minha sucessora, ausente numa visita de estudo.

Valiosa a passagem pelos belos azulejos oitocentistas do jardim da enfermaria, que fotografei, já que são pouco conhecidos, com uma bela e bem instalada estátua da Deusa, quem sabe se Diana, Vénus ou a Tétis dos Lusíadas, a caminho, e casualmente conversando com o director do Colégio Militar. 

 Assistimos então ao desfile, de cerca de oito minutos,  do batalhão do alunos e alunas, que passaram em continência diante do seu director e dos antigos alunos, que gravei e pode ver no youtube

Por fim, houve o almoço e as conversas amistosas, ora de memórias divertidas e dos professores que tivemos, ora dos trabalhos, conhecimentos e gostos que fomos adquirindo ou desenvolvendo ao longo da vida.

Os alunos, fim da refeição em comum, entoam em uníssono o famoso grito Zacatraz...

Ofereci um exemplar de um dos livros que escrevi, certamente o mais apropriado à biblioteca do Colégio Militar e a poder ser lido  instrutiva e agradavelmente por algum professor ou aluno, dado à luz em 1998, no V centenário dos Descobrimento do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama e seus nautas, sob o título Livro dos Descobrimentos do Oriente e do Ocidente, e que se encontra hoje online no meu blogue, dividido em doze partes ou meses, com o título Efemérides do mês de.... do Encontro do Oriente e Ocidente, e que  tem sido acrescentado  com muitas outras efemérides, nomeadamente dos nascimentos e mortes dos seres que se destacaram  na comparação e união do Oriente e do Ocidente, dos estudiosos do Orientalismo, dos mestres sociais, culturais e espirituais, e onde brilham assim tanto biografias como efemérides de grandes navegantes e militares, escritores e filósofos, mestres, reis e santos.

Sala de armas, museológica, do Colégio Militar.

Embora não tivesse seguido a carreira das armas, como o meu pai, oficial de engenharia e que chegaria a Brigadeiro,  e antes me formasse em Direito, que  também deixei pela aprendizagem na Índia do Sanatana Dharma ou dever perene espiritual, no caso sobretudo o Yoga e meditação, do qual fui professor durante uns doze anos, não poderia estar senão grato pelas aprendizagens, experiências e camaradagem do Colégio Militar (e com o aluno 189, Gustavo de Mello Breyner Andersen, mantendo-se ininterruptamente até ele partir para o mundo espiritual), pelo que na dedicatória do livro que dei ao coronel sub-director do Colégio Militar, no fim do simples mas animado ágape, escrevi,  «à Biblioteca do Colégio Militar oferece o 265, Chico, grato, e com votos de perenidade valiosa». 

Sob a égide da Ordem de Cristo e da sua cruz ígnea, e do princípio Feminino da Divindade, perenes, entram, formam-se e avançam na vida os alunos do Colégio Militar....

 E agora  pode ouvir então clarim tocando belamente em homenagem "àqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando", e estimulando-nos a perseverarmos corajosamente na manifestação e defesa dos valores e ética universal e do Colégio Militar e da tradição militar e espiritual portuguesa.

                      

sábado, 2 de março de 2024

Dalila Pereira da Costa, 12 anos da desincarnação. A cosmovisão de Portugal, no prefácio aos "Místicos Portugueses do século XVI". Apreciação e transcrições.

Frei Agostinho da Cruz, no convento da Arrábida. Fotografia tirada por mim no local a seu pedido.
Comemorando-se hoje os doze anos da desincarnação da nossa querida amiga Dalila Pereira da Costa, resolvemos saudá-la e homenageá-la com este singelo texto de apresentação de um dos seus melhores livros intitulado Místicos Portugueses do século XVI e que foi dado à luz em 1986, tendo eu recebido um exemplar com a sua dedicatória: «Ao amigo Pedro, com toda a amizade, estas imperfeitas páginas, sobre estas "admiráveis lucernas" do infinito português. Dalila. Porto, 22-X-1986. 

                               

O livro,  um in-8º de 359 páginas, está dedicado ao simpático e valioso escritor,  Mário Martins, que também vim a conhecer através da Dalila na sede da revista Brotéria,  à Lapa e na Academia das Ciências,: «Ao Padre dr. Mário Martins, S. J., a quem devo o pedido de escrever sobre os místicos portugueses». 

Dalila, com a sua serena metodologia, de ler, reflectir, escrever, administrar, jardinar e orar, dividiu a obra em cinco capítulos, após um breve ante-prefácio onde sinaliza  os autores que abordou, basicamente Frei Hilarião Brandão, Sebastião Toscano, D. Manuel de Portugal e Diogo Monteiro, e as vidas das Sorores Isabel do Menino Jesus, Maria Joana, Brízida de Santo António e Madre Maria Perpétua da luz, seguindo-se um valioso prefácio de doze páginas que resumiremos e comentaremos.
Dalila foi também u
ma mística, teve algumas vivências ou experiências do espírito, do divino, do cósmico ou, se quisermos, estados alterados e ampliados de consciência, que relatou em alguns dos seus livros, tal a Força do Mundo, ou  Instantes, mas falava pouco deles na sua modéstia, embora possamos sentir nos seus escritos essa vivência pessoal seja do Cósmico, seja da Divindade através da tradição cristã, ou mesmo pagã, e bastante da angélica, às quais ela deveu alguma da sua poesia oracular, pouco conhecida e divulgada.
Nesta homenagem forçosamente breve, re
alizada sobretudo como lembrança de amor e de comunhão com ela na Tradição espiritual Portuguesa, destacarei as linhas de força da obra expostas por ela, e transcreverei algumas passagens para impulsionar à leitura do livro, baseando-me apenas nas doze páginas do seu concentrado e bem valioso prefácio.

Dalila Pereira da Costa estudou, peregrinou, dialogou e  meditou bastante a Tradição espiritual Portuguesa, tanto nos seus escritores e obras, como nos monumentos, tradições, cultos e história. E animada por um forte amor à sua terra nortenha, duriense e portuguesa, e gentes, sofreu e exaltou-se com as suas desventuras e feitos, discernindo na História de Portugal veios, características e missões para os quais a Providência nos talhara, a principal tendo sido na época dos Descobrimentos e onde ela, na linha de Jaime Cortesão, considerava que cavaleiros Templários e da Ordem de Cristo e os frades Franciscanos tinham sido os impulsionadores de uma cruzada de redenção cósmica pelo ecumenismo e o amor, que se exercera bem até que a Inquisição começara a quebrar tal projecto, o qual, na linha de Jaime Cortesão e de Agostinho Silva, de quem ela era grande amiga e correspondente, se poderia chamar do Espírito Santo.

 A continuidade de tal missão  deveria ser vista nas novas descobertas a realizar nos mundos interiores, anímicos e espirituais, pelos místicos, heroicos "amantes do Absoluto" que conseguirão provar, ao contrário de «no freudismo em ciência dogmática e obsessional», pelos seus estados contemplativos e extáticos, a existência de uma realidade transcendente, do mundo espiritual, e que o ser humano é, na sua alma e espírito, de origem e essência divina e que é capaz de conhecê-la e partilhá-la.
Aos místicos, que conseguir
am despertar as suas qualidades latentes de conhecimento superior, que desenvolveram a intuição, ou um conhecimento imediato, ou seja, sem mediação dos conceitos intelectuais, atingindo um plano supramental (designação recebida da leitura de Sri Aurobindo), Dalila acrescentará, os poetas e profetas, que em menor grau também o conseguiram ou conseguem, e aqueles que se abrem às culturas universais, tal a sabedoria do Oriente, para se chegar ao Humanismo integral (e citará bastante Gabriel Germain), com a recuperação das forças anímicas  e espirituais latentes, as quais, desabrochadas concedem ao ser humano uma harmonia com o Cosmos e as suas forças.
Bastante mais leitora da tradição frances
a que da inglesa, Dalila além de Gabriel Germain, cita como elos importantes nos anos sessenta, Jacques de Masui com a revista Hermes, que tinha como subtítulo Recherches sur l'experience spirituelle, «aberta a toda a sabedoria do Oriente e Ocidente privilegiando as vias directas e interiores do  conhecimento», e uma década antes também dirigida por Jacques de Masui, os Documents Spiritueles, dos Cahiers do Sud, pois ambas «realizaram uma abertura às culturas universais e sua sabedoria tradicional, indicando os caminhos e disciplinas necessárias a toda a experiência interior válida.»
Reconhecendo nos portugueses
capacidades anímicas especiais, talvez mitificando-as ou ampliando-as demais, sobretudo na crença do seu importante papel ou missão, algo contudo muito comum nos cultores da  tradição cultural e espiritual portuguesa,   Dalila exaltá-los-á: «Desde há muito  tendo dado provas da sua capacidade privilegiada  de uso da intuição e de perfeita capacidade de união como Real por experiência directa, e também, de capacidade de abertura e aceitação ecuménica a todas as diferentes formas de cultura e de vida universais, a que se poderá ainda chamar de especial capacidade de consciência de ser e estar no universo, como participação totalizante com o Cosmos - aos portugueses poderá estar prometido [uma esperança ilusória, mas que serve para alguns trabalharem mais e até unirem-se melhor...] o início dessa nova modalidade de conhecer e ser da Humanidade, por um novo plano de consciência então aberto: se forem capazes de assumir, sem traições, toda a sua vera tradição gnoseológica e existencial, e toda a sua vera identidade e peculiaridade nacional».
Nesta última exig
ência Dalila exagera ou melhor absolutiza um pouco, pois é praticamente impossível conhecer e assumir toda essa tradição portuguesa, de que em seguida dará os seus mitos ou arquétipos mais realizados, e seus autores, considerando-os, algo exageradamente, precursores na Europa, pois a maioria deles existem noutros povos, com formas mais ou menos semelhantes. E é no movimento nortenho da Renascença Portuguesa que ela vê a criação dessa «esperança formulada em linguagem simbólica e poética, ou por discurso racional dos mestres», das linhas de força de uma renascença espiritual futura e que foi  traduzida «por concepções futurantes, como paganismo transcendental [Fernando Pessoa], supra-humanidade, ou por figuras sagradas, como Senhora da Saudade [Teixeira de Pascoaes], Deus Menino [Jaime Cortesão], Encoberto [Sampaio Bruno, Fernando Pessoa e &], ou por desejo de recuperação desse ser e conhecer primordial, como Regresso ao Paraíso [Teixeira de Pascoaes], Razão cósmica [Leonardo Coimbra] ou por todo esse discurso, como ensinamento confiado às páginas de A Águia [a valiosa revista publicada no Porto entre 1910 e 1932 e órgão da Renascença Portuguesa], uma mesma esperança e unanimidade subsistirá nessa renascença espiritual futura: "O homem (...) começa a sentir de novo, contra todas as influência hostis da civilização moderna, o despertar de íntimas energias espirituais, criadoras do novo mundo" (Teixeira de Pascoaes), "O pequeno povo ergue o Mundo na mão como um Deus Menino dele fazendo a sua dádiva à ânsia indagadora, à infinita sede da humanidade" (Jaime Cortesão) O Deus Menino sendo aqui a expressão paradigmática sagrada que traduzirá o homem novo, ou homem transmutado: a surgir iminentemente e partindo da terra portuguesa para a nova missão no vasto mundo. "Prepara-se em Portugal uma renascença extraordinária, um ressurgimento assombroso" (Fernando Pessoa). 

Um exemplar da fase final d'A Águia, quando era dirigida por Leonardo Coimbra e Sant'Anna Dionísio.

Após estas esperanças utópicas, estas imaginações providencialistas e missionárias de vários autores, justificadas primeiro pela magnitude dos Descobrimentos, em segundo pela perda da Independência e em terceiro  quando Portugal saiu da Monarquia e de uma incultura grande para uma época em que muito era possível de renascimento e criatividade, constatamos como uma série de factores materializantes acabaram por ora desfigurar ora limitar as próprias movimentações culturais e espirituais que vieram a formar-se. Dalila apercebeu-se primeiro, com o 25 de Abril, dos perigos de um materialismo político anti-tradicional e anti-nacional, e assustou-se, e depois com os perigos do materialismo, indiferentismo e globalismo da entrada na União Europeia e na perda de tantos aspectos da vida tradicional portuguesa, embora mantendo sempre a esperança em alguns portugueses e em Portugal.
Aliás, continuando a transcrever o seu texto, vemo-l
a evocar outros dois elos da Tradição lusa: «A este alargamento da consciência que se efectuará no futuro [e no fundo nunca é no futuro, mas apenas no presente de uns poucos, sobretudo no séc. XXI cada vez mais manipulado e oprimido, comentaremos], se refere Leonardo Coimbra, ao falar da "razão cósmica", e da "aventura do indefinido oceano cósmico»",  a ser realizado então pelos futuros espíritos eleitos e qualificados da humanidade [que serão pouquíssimos, pois a maioria está algo amilhazada]. Aliás é também a este mesmo contexto de essência profética, que se unirá o pensamento de Sampaio Bruno, por toda a sua esperança na final erradicação do Mal, que um terceiro tempo, depois do primeiro homogéneo e do seguinte heterogéneo, trará à humanidade, em dimensão cosmológica, antropológica e salvífica.» E eis-nos aqui com outra utopia especulativa messiânica, esta a de Sampaio de Bruno e da erradicação do Mal, sem qualquer realidade possível senão provavelmente antes do final da manifestação cósmica, ainda que no seu livro Encoberto, que Pessoa leu e apreciou, "profetizasse" (num sonho ainda algo positivista) a vinda de um novo Buda cujos milagres seriam raciocínios.
Dalila Pereira da Costa considerará acertadamente que tais pensadores-escritores criaram mapas do transcendente, onde ergueram, quais padrões dos descobrimentos, «figuras sagradas ou crenças futurantes» que caberá às gerações actuais e futuras actualizar e usufruir, em termos de capacidades e forças, numa verdadeira revolução, não pelo exterior mas pelo interior, aquela que deve ser a base das outras.
O último parágrafo é mais uma vez f
ruto do seu grande amor por Portugal e a sua pretensa ou possível missão divina, mas na realidade impossível, sobretudo já na terceira década do século XXI, em que Portugal como Estado mais não é de que um servo da direcção anti-tradicional da União Europeia, sendo esta serva da oligarquia globalista da nova Ordem e não da nova Era ou Idade, sonhada...
Crente ou sentindo esse saud
osismo da Primordialidade, esse profetismo dum império Fraterno, dum messianismo de ungimento espiritual, concluirá: «E também em referência à realidade portuguesa e no plano espiritual, todas as esperanças proféticas ou messiânico-proféticas, na vinda do Salvador, ou efectivação da Idade da Salvação, como sebastianismo e Quinto Império, serão as formas peculiarmente nacionais que esse anúncio, num carácter e amplitude universal, de novo ciclo da humanidade, teria tomado, ou tomará, no contexto da cultura portuguesa».
Após este Prefácio, em que n
os transmitiu a sua visão providencial de Portugal, na época na linha dos seus mestres da Renascença Portuguesa, ou mesmo de alguns dos seus amigos contemporâneos como Agostinho da Silva, Sant'Anna Dionísio (o mais sóbrio ou até algo céptico nisso), Afonso Botelho, Barrilaro Ruas, Pinharanda Gomes, António Quadros, Lima de Freitas, mas hoje, quanto a mim, bastante ultrapassada pela evolução de Portugal, da Europa e do Mundo e das suas mentalidades e crenças, Dalila vai muito mais objectivamente estudar em cinco capítulos, bem profundos e ricos, o seu tema:  I -  A mística portuguesa. II - Em demanda do ser precioso e salvífico. III - Mística e profecia, saudade e anamnese. IV - Mística da natureza e mística da alma. V - Místicos portugueses do século XVI.; capítulos de que só podemos recomendar a sua leitura como muito útil às almas no Caminho, e dos quais fotografamos a primeira página de cada um, esperando no dia 4, seu dia de anos, escrever sobre algum capítulo...

Muita Luz e Amor divino na Dalila! Que ela possa fluir e inspirar bem na intimidade das almas e no Cosmos espiritual e de Portugal...








sexta-feira, 1 de março de 2024

Da revista Lancet: "O Tratado Pandémico", da Organização Mundial de Saúde e do Órgão Intergovernamental de Negociação, está a falhar e é vergonhoso e injusto, ou é mesmo bom tais medidas de controle mundial da saúde não se tornarem obrigatórias. "The Pandemic Treaty: shameful and unjust"

Publicado na "categorizada" revista The Lancet, onde há estudos verdadeiros como também manipuladores e enganadores, e muitos encomendados (para além de muito lucrativos para a revista), e que me foi enviado pela amiga Ana na Índia, o artigo anónimo que traduzimos em seguida espelha a inquietação, - seja da revista, seja do grupo encarregado de criar uma organização internacional para a prevenção, preparação e resposta a pandemias, com força vinculativa para os Estados signatários -, face às dúvidas e desinteresse de muitos dos Estados, devido certamente à falta de confiança na Organização Mundial de Saúde, fundada em 1948 nas Nações Unidas e liderada desde 2017, pelo polémico etíope não médico Tedros Adhanom Ghebreyesus (que sucedeu ao chinês Dr. Chan), um político da Saúde da Etiópia, com um passado que evidencia alguma radicalidade. A transparência e independência da Organização não é grande, pois depende nas suas receitas em 20% do que os Estados lhe dão, destacando-se os USA, a Alemanha e a União Europeia, sendo os restantes 80%  obtidos de dadores individuais, e que podem consequentemente influenciar a organização.

Ora quem são eles? O primeiro é Bill Gates e a sua ex-mulher Melinda  (pediu o divórcio depois que veio a público a pouca vergonha das festas de Jeffrey Epstein, e em que o seu marido participou), que contribuem com cerca de 88%, seguido a longa distância pela Bloomberg Family Institution, 3,5% e que é do político Michael Rubens Bloomberg, e depois do Welcome Trust inglês, e do Rockfeeler Trust, este mundialmente conhecido no domínio da alta finança. Já estamos a ver quem são os quase donos da Organização, membros da elite infrahumanista da Nova Ordem Mundial... 

                                     

A desconfiança é pois natural e justifica-se, sobretudo pelo perigo das medidas restritivas das liberdades nacionais e individuais que poderiam ser decretadas e instaladas sob o pretexto de se combater as pandemias, regular a saúde, controlar as deslocações e convívio (os famosos e desgraçados lock-downs) e até regular o acesso aos alimentos.
                                                          
E, certamente também, face a tantos efeitos adversos, em muitos casos mortais
, causados pela vacinação (e pouco testada), quase obrigatória com as tascas-forças mundiais,  que se adoptou em relação ao misterioso (sobretudo quanto à sua origem) corona virus, quando havia outros procedimentos curativos eficazes e testados, seja de medicina alopática seja de medicina tradicional e práticas alimentares.
Talvez o desintere
sse ou rejeição por parte de alguns governos mais lúcidos e independentes esteja ainda baseado no desejo de afastarem os espantalhos de novos vírus, que os meios de comunicação a soldo desses filantropos milionários suspeitos e de farmacêuticas vão lançando constantemente, no modus faciendi aterrorizador, tal como recentemente na reunião de Davos se falou, discutiu, previu e ameaçou, podendo ler-se um bom artigo em: https://www.lemonde.fr/en/international/article/2024/01/16/davos-2024-bill-gates-knows-he-s-no-longer-the-prophet-of-our-times_6438077_4.html  

Eis então o anónimo no Lancet, em defesa do controle mundial da saúde:

«O Órgão Intergovernamental de Negociação (INB), encarregado pela Organização Mundial de Saúde de elaborar um instrumento internacional sobre prevenção, preparação e resposta a pandemias, reunir-se-á pela nona e última vez de 18 a 29 de Marco. Nos dois anos que decorreram desde a sua primeira reunião, foram despendidas centenas de horas e custos desconhecidos [muito bem pagos...], mas o ímpeto político morreu. [Porquê? Para além dos interesses de gananciosos de lucros nas vendas das vacinas sem controles, porque foram tantos os efeitos adversos, tantas as mortes....] A convenção encontra-se agora num momento crítico: o texto final a ser ratificado pelos países deverá ser apresentado na Assembleia Mundial da Saúde em Maio. Com apenas alguns dias de negociação e um longo caminho a percorrer para garantir um acordo significativo, é agora ou nunca para um tratado que pode tornar o mundo um lugar mais seguro [será mesmo, ou mais opressivo e até eugenista?]


É difícil relembrar por vezes, no meio das negociações altamente diplomáticas e técnicas, mas é isto que este tratado está a tentar fazer: proteger todas as pessoas, em todos os países, independentemente de serem ricas ou pobres, dos perigos. [De facto quantos em África é que receberam as vacinas? Uns poucos, e dos efeitos não se sabe, para além das vacinas já fora de prazo dispensadas pelo Ursula von Pfizer...]. Quando The Lancet foi para o prelo, aguardava-se um novo projeto de texto disponível ao público, mas a julgar pela versão mais recente disponível, de Outubro de 2023, o tratado falhará este objetivo. Grande parte da linguagem está muito enfraquecida em relação à ambição inicial, repleta de chavões, advertências e o termo "quando apropriado". Uma das principais recomendações do Painel Independente para a Preparação e Resposta a Pandemias, que mereceu um apoio generalizado, foi a necessidade de um tratado que "colmatasse as lacunas na resposta internacional, clarificasse as responsabilidades entre os Estados e as organizações internacionais, e estabelecesse e reforçasse as obrigações e normas legais". No cerne desta recomendação estava a necessidade de garantir que os países de elevado rendimento e as empresas privadas se comportassem de forma justa, que não armazenassem milhões de doses excessivas de vacinas ou se recusassem a partilhar conhecimentos e produtos que salvam vidas, e que existissem mecanismos para garantir que os países trabalhassem em conjunto e não uns contra os outros. [Um aspecto justo, se as vacinas tivessem mesmo mais efeitos benéficos que maléficos...] Estas questões continuam a representar os principais pontos de discórdia nas negociações actuais: acesso e partilha de benefícios (quem recebe o quê, quanto e quando) e governação e responsabilidade (até que grau os países são obrigados a fazer alguma coisa).

A palavra equidade aparece nove vezes no texto de negociação de Outubro, incluindo-o como o princípio orientador de todo o tratado. Mas, na realidade, o artigo 12.º estipula que a OMS teria acesso a apenas 20% dos "produtos relacionados com a pandemia para distribuição com base nos riscos e necessidades de saúde pública". Os outros 80% - sejam vacinas, tratamentos ou diagnósticos - seriam vítimas da corrida internacional observada na COVID-19, que viu tecnologias vitais de saúde serem vendidas a quem pagasse mais. A maioria dos povos do mundo vive em países que podem não ter condições para adquirir estes produtos, mas 20% parece ser tudo o que os países de elevado rendimento estão dispostos a aceitar.

                                    

Isto não é apenas vergonhoso, injusto e desigual, é também ignorante. Criar e subscrever um conjunto forte e verdadeiramente equitativo de termos de acesso e de partilha de benefícios não é um acto de bondade ou de caridade. É um acto de ciência, um acto de segurança e um acto de interesse próprio. Ainda há tempo para corrigir este erro de avaliação.
Mesmo os compromissos anémicos do acordo estão em perigo. A monitorização independente do cumprimento dos compromissos por parte dos países é essencial para a eficácia e longevidade do tratado. No entanto, como salientaram Nina Schwalbe e outros colegas, tudo indica que os mecanismos de governação e de responsabilização do tratado estão a ser ainda mais enfraquecidos. Há poucas obrigações claras e aplicáveis para prevenir surtos de doenças zoonóticas, implementar os princípios de Uma Saúde, reforçar os sistemas de saúde ou combater a desinformação. Os Chefes de Estado e o
Órgão Intergovernamental de Negociação (INB) podem não ver a governação da pandemia como uma prioridade neste momento, mas é fundamental para o sucesso de qualquer acordo.

Um desenho cómico algo crítico da Organização Mundial de Saúde e de alguns dos seus dirigentes, tais como Tedros Ghebreyesus, e Klaus Schwab (do Forum Económico Mundial) e Bill Gates, este o maior doador individual, com a sua Fundação. Exagerada, ou não, a sensação negativa que sentimos face a estas personagens assim retratadas?

Criar uma convenção mundial aceitável para todos é, sem dúvida, um desafio. Os objectivos de um tratado sobre a pandemia são fáceis de articular, mas muitos deles são difíceis de aplicar e de aceitar. O 
Órgão Intergovernamental de Negociação [INB, da OMS] pode estar a fazer o seu melhor, mas, em última análise, são os políticos dos países do G7 que têm de pôr de lado os interesses instalados da indústria e compreender finalmente que, numa pandemia, não é possível proteger apenas os seus próprios cidadãos: a saúde de um depende da saúde de todos. Milhões de vidas que poderiam ter sido salvas durante a pandemia de COVID-19 não o foram. Longe de fazer reparações, um punhado de países poderosos está a sabotar a melhor oportunidade de traduzir as lições da pandemia de COVID-19 em compromissos juridicamente vinculativos que nos protegerão a todos. O tratado é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada.»

"Sabe o que é o melhor da imunidade natural? É que não o mata..." E talvez diga ainda, "não, obrigado. Não queremos tratados supra-nacionais de saúde, de consequências duvidosas, obrigatórios".

Oráculo para o mês de Março de 2024. Começa mais declaradamente a III grande Guerra, ou crescem a paz e o estado luminoso de muitos seres e da Humanidade?

 O começo de cada mês deve ser uma porta que se abre e pela qual podemos antecipar e equacionar os actos a realizar, os caminhos a percorrer, ainda que possamos fluir na harmonia do nosso ritmo de vida e suas obrigações, sem sequer ligarmos a essa temporalidade mensal que se inicia virgem para a nossa actividade criativa.

Esse equacionar, cogitar, meditar, contemplar, visualizar, que alguns ainda assim fazem, e por vezes assentando o que devem ou querem fazer numa folha de papel nas 30 ou 31 linhas dos dias, por semanas, com os  Sábados e Domingos mais alegremente livres,  é ainda por outros seres complementado pela consulta dum oráculo, ou seja, de uma abertura orativa e invocadora das bênçãos divinas e espirituais para que se recebam algumas indicações, da sorte, Fortuna ou do Campo unificado de energia consciência, inspiradoras quanto ao que se está a passar ou deve acontecer na vida da humanidade, na nossa ou no outros.

Assim o fiz nesta manhã do dia 1 de Março de 2024, interrogando o que se passa no Mundo. Utilizei as XXII cartas do Tarot de Marselha, após uns minutos de recolhimento e oração,  e o que saiu na tiragem mais simples e menos dispersante ou falível, que é a das quatro cartas ou em cruz, foi:

                                                                  
Iª - A Humanidade, como está: Carta XIIII, a Temperança, podendo significar que a Humanidade se encontra numa fase de transição, de passagem dum estado ou era para outro, a qual é caldeada ou supervisionada pelo mundo angélico ou espiritual, ou por tal dimensão qualitativa em nós.  É uma carta muito positiva, luminosa, optimista. Esta passagem pode ser externamente, com o fim de situações injustas ou conflituosas, ou ainda a passagem da unipolaridade hegemónica da oligarquia ocidental para a multipolaridade fraterna mundial, que o BRICS está a tentar concretizar, embora com grande oposição.


IIª - O Mundo, os outros, os ambientes: Carta XVII, a Estrela, tradicionalmente a mais benéfica do Tarot. De novo surge a transição, o derramar das energias celestiais sobre a Terra que alguns seres realizam, dos planos espirituais ou da Terra, frequentemente anonimamente, mas que diminuemos efeitos negativos de tanto desequilíbrio, egoísmo, racismo, violência e ódio, que têm mantido a Humanidade sob constantes opressões, fomes, crises, bombardeamentos, terrorismo, guerras. Há que esforçar-nos e tentarmos ser mais almas de amor, sabedoria,  protecção, fecundidade, para reverdecermos a Terra, tanto ecologicamente, como na agro-floresta biológica, nas medicinas alternativas,  na não-violência e diálogo convergente para a Justica, a Verdade, o Bem.

                                      

III - Que significa no que se deve pensar: Carta XI, a Força. Há que sabermos controlar ou dominar, os instintos, o egoísmo, a violência, em nós e nos outros. O arcano XI mostra uma mulher com uma chapéu em forma de lemniscata, símbolo do infinito a que ela tem aceso, conseguindo  abrir ou manter aberta a boca de um cão ou leão, símbolo das forças tanto instintivas como as mais fundas e espirituais. Temos portanto de desenvolver a nossa energia psíquica, fortificá-la pela força da vontade e o controle das ondulações do pensamento e das emoções, tão afectadas pela corrupta e manipuladora comunicação social e seus efeitos deletérios...

As três primeiras cartas mostraram-nos mulheres, uma desnuda, outra com asas, outras com vestes longas e o infinito na sua cabeça, e mostram-nos a importância do princípio Feminino nos tempos que correm, da mulher, da shakti da tradição indiana, da deusa, da sensibilidade sábia, amorosa e forte que a mulher deve exercer corajosamente na sociedade.

                                      

IVª- Resposta à pergunta sobre a movimentação da Humanidade neste mês de Março: Carta V, o Papa. Eis uma carta algo compreensível mas de facto pouco realizável, se a interpretação que lhe déssemos fosse: a Humanidade precisa de um ser, ou de seres que sejam papas, ou pontífices, isto é, construtores de pontes, entre as ideologias, os interesses, os povos, os grupos em confrontos violentos, as religiões e sabendo ensinar os caminhos da religação espiritual e divina que a todos nos cabe.

Infelizmente vemo-los pouco ou quase nada. Nem o Papa do Catolicismo, nem os Patriarcas Ortodoxos ou os chefes das outras religiões tem ousado ou não conseguido fazer ouvir a sua Palavra e Logos com força, sabedoria e impacto na população mundial, alias muito controlada pelos meios de comunicação num sentido materialista e primário, presente também em muitos dos dirigentes políticos que portanto pouco ouvem ou ouviriam as vozes de sabedoria dos pontífices...

Então esta carta do Papa, a V ou do Pentagrama, que pode querer dizer-nos?  Que somos todos nós que devemos  trabalhar mais a harmonização psico-somática e também a religação espiritual e divina no íntimo da nossa alma e em consequência de tal actividade alquímica podermos mais lúcida e sabiamente contribuir para a tarefa  indicada na primeira carta, a da Temperança, e que é transmutarmos o nosso ser, equilibrarmos as polaridades, contribuirmos para um mundo mais espiritual, mais harmonioso, mais justo. 

Anote-se contudo que, no dia 9 de Março soube-se que o Papa Francisco,  numa entrevista ainda não difundida pela Rádio Televisão Suiça (RTS), levantara a voz contra  o prolongamento do conflito Russo-Ucraniano, propondo à Ucrânia que arvore a bandeira branca e negoceie a paz. [Na entrevista, o entrevistador Lorenzo Buccella pergunta ao Papa: - "Na Ucrânia, alguns apelam à coragem da rendição, da bandeira branca. Mas  outros dizem que isso legitimaria a parte mais forte. O que pensa?"
O Papa Francisco respondeu: -  "Essa é uma interpretação. Mas eu  creio que o mais forte é aquele que vê a situação, que pensa nas pessoas, que tem a coragem da bandeira branca, de negociar. E hoje, as negociações são possíveis com a ajuda das potências internacionais. A palavra  "negociar" é uma palavra corajosa. Quando se vê que se está derrotado, que as coisas não estão a correr bem, é preciso ter a coragem de negociar. Podes sentir-te envergonhado, mas quantas mortes terminarão?
 Negoceiem a tempo, procurem um país que possa mediar. Hoje, por exemplo, na guerra da Ucrânia, há muitos que querem mediar. A Turquia ofereceu-se para isso. E outros. Não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem"]
. Extraído das Vatican News, 9.III.

Naturalmente (dentro do desequilíbrio..), os mais belicistas ou warmongers, Zelensky e Jens Stoltenberg, atacaram fortemente o Papa Francisco, quando este finalmente manifestou corajosamente a sua função de pontífice, de construtor de pontes, de entendimentos, de paz para que termine a mortandade absurda dos dois povos irmãos eslavos, no fundo hipocritamente desejada pela oligarquia imperialista ocidental.

Seja então uma alma criativa, pontífice e apoiando os construtores da paz e da justiça, inspirando-se com estas quartas cartas do Tarot que nos saíram, para que a Humanidade avance no mês de Março de modos mais justos, luminosos e felizes.

Por Bô Yin Râ