terça-feira, 2 de julho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. XI. Karma.

                                            Cap. XI.   KARMA

«Em ambos os reinos deste mundo físico: - no visível, como no invisível, - cada acto produz  as suas consequências tanto visíveis como invisíveis. --
Cada impulso da vontade, cada pensamento e cada palavra é aqui qualificado como um "acto"...
Permanecerás preso às consequências dos teus actos até que tenhas  unificado as forças da tua alma, e te tenhas tornado unido com o teu Deus.--
Só então poderás destruir as consequências dos teus actos, se assim o quiseres.
Desde tempos imemoriáveis estavas outrora unido ao teu Deus, como um “Homem” puramente espiritual numa configuração (gestaltung, constituição) espiritual, entrelaçado ao “Espírito” substancial e essencial da Vida universal.
Também todos os vastos reinos da parte invisível do mundo físico, - uma imensa zona do universo,- se encontravam então ligados à tua vontade actuante, e tu eras o seu soberano...
Um campo de actividade estava-te aberto, estendendo-se para fora do mais puro estado espiritual, em configurações cada vez mais densas.
Assim chegaste até à fronteira,  onde as coisas físicas invisíveis se condensam em materiais visíveis, perceptíveis aos sentidos terrenos.
Viste as forças tenebrosas do caos eterno em acção,- as forças de repulsão do "Nada" absoluto, rígido e petrificado, - e sucumbiste ao seu rancor contra todo o  "ser existente"...
Nunca terias de te sujeitar a elas se, antes, no delírio do teu poder, não tivesses caído do teu Deus.--
Assim ficaste desamparado e tendo perdido o teu poder mais alto.
Deste modo ficaste presa das forças inferiores que,- sempre no seio dos efeitos de repulsão do "Nada" absoluto,- procuram em permanente hostilidade  aniquilar tudo, transformar  conforme o "Nada" tudo o que penetra nelas vindo das esferas do Ser eterno e puro:- que "cai" no seu tenebroso campo de acção.---
Também as forças, que antes conseguias dominar, com as quais poderias facilmente ter subjugado os poderes "hostis", de modo a que se transformassem em humildes servidores da tua vontade, se haviam tornado para ti muito grandes, muito poderosas...
Foste assim tomado pelo medo das tuas próprias forças que antes dominaras, e desse medo resultou a aspiração a uma vida nova e diferente nos reinos da matéria palpável, nos reinos deste universo perceptível aos sentidos físicos, que encobrem essas Potências assustadoras dos olhares de quem aqui não rompe o limite traçado.---
A tua vontade caíra do sublime esplendor, e queria agora estar contigo no mundo da matéria física...
Tu estavas como em casa no "Mundo das Causas", - mas o teu medo impulsionou-te para fora no "Mundo dos efeitos".---
Esta é a verdade na lenda de um "Paraíso" e da "Queda" do Homem desse Paraíso por causa de um "Pecado original"!---
Antes desta queda, já havias criado o teu "karma", tal como o Oriente designa a árvore genealógica das causas do destino de cada Homem, - mediante o "grau" do teu "afastamento" do teu Deus, - mediante o "grau" do teu delírio louco, que queria levar-te a veres em ti próprio um "Deus".
"Eritis sicut Deus..."
O momento em que deverias nascer neste mundo terreno e a linha de ascendência na qual ele se deu, assim como os meandros do destino da tua vida terrena, foste tu próprio quem os determinou quando, do senhor que eras pela força do teu Deus no mundo espiritual, te tornaste escravo de poderes inferiores, num mundo que, a cada acto, impõe e tem de impor uma "consequência", porque ele é em si apenas o reflexo da acção, e sem força para fazer terminar voluntariamente a corrente do devir no seu domínio.
Também o facto de teres nascido aqui neste planeta, é uma consequência do teu primeiro acto no domínio das consequências fatais, - porque na verdade, - existem, no espaço insondável, inúmeros planetas habitados por "pessoas" e por seres também exteriormente semelhantes às bestas humanas da Terra, e poderias muito bem ter encontrado a tua pele animal num outro desses corpos celestes.
Todos os seres humanos que vivem nos planetas habitados de outros sistemas solares "caíram" um dia do Esplendor, do mesmo modo que tu!
Há entre os teus remotos companheiros de viagem encarnados na matéria, uns mais felizes e outros profundamente mais infelizes do que tu...
Nem tens que imaginá-los decerto com configurações monstruosas, porque a forma do corpo do Homem terreno não constitui uma manifestação arbitrária apenas presente no nosso pequeno satélite do sol, mas foi determinada por uma ordem superior que se aplica a todo o imenso universo material e que, no final,- são de Origem espiritual...
A "Queda" do espírito humano do mundo do Espírito substancial e puro para o campo de actuação do "Nada" absoluto, não só se deu em tempos remotos, mas sucede continuamente desde a eternidade e por toda a eternidade, tal como o cosmos físico e material, apesar da constante alternância da sua evolução e da sua involução, subsiste e subsistirá também eternamente no seu conjunto ao mesmo tempo que o reino eterno do Espírito, enquanto "reacção extrema"  a este último...
Sempre existirão, porém, uns escassos seres humanos espirituais, que não estão sujeitos à "Queda" e que não "perdem" em si o seu Deus.
Já falei deles, como os "mais velhos", ou os elevados "Pais" dos Irradiantes da Luz original, e já não precisas que te digam agora o que a tua intuição te poderá revelar: - que os esforços espirituais desses "não caídos", assim como os dos "Filhos" e "Irmãos" que formaram, têm por objectivo a libertação dos que, caídos da esfera luminosa do mundo espiritual, se debatem nas malhas da animalidade, objectivo esse que não se estende certamente apenas à nossa humanidade terrena...
Em todos os planetas habitados do universo infinito é possível encontrar estes Auxiliares que permanecem na vida consciente do Espírito substancial, e que para cada um destes mundos criam entre os caídos os seus "filhos" e "irmãos" espirituais, através dos quais eles procuram aqui e agora alcançar-te nesta Terra e querem arrancar-te da tua miséria.
O teu objectivo não é de modo algum tornares-te um dos seus "Filhos" ou "Irmãos", pois para isso é já demasiado tarde, já que tal aptidão revela-se logo após da queda, unicamente através de um livre impulso da vontade própria, e exige então uma "Educação" que requer milénios, assim como uma renúncia de igual duração à encarnação num corpo material físico de animal humano...
Não se quer de ti outra coisa, senão que consigas hoje, nos teus dias terrenos, chegar ao reconhecimento de onde partiste e ao qual podes regressar.--
É o "Caminho" para este regresso que queremos mostrar-te.
Queremos conduzir-te ao teu Deus, com o qual te deverás unir de novo.--
Por mais fundo que tenhas caído, ainda assim todas as forças, a partir das quais, - desde o seu estado de actuação caótica até ao seu modo de representação mais sublime,-  a Divindade incessantemente se configurando a si mesma – estarão à obra em ti numa elevadíssima forma de acção...
Sempre permanecerá também escondida em ti pelo menos uma "Centelha" de consciência espiritual, mesmo quando a tua consciência cerebral não se tenha fundido com ela, em ti de novo escondida,  como o elevado condutor dessas forças, - e: - como a tua "Consciência"...
Não podes perder esta "centelha", por mais fundo que tenhas caído na tua vida terrena!
Mesmo que estejas morto animicamente para ela, terá de permanecer latente em ti, até ao teu último sopro de vida...
E é também ela, e só ela, que conhece o teu "karma"...
Poderás melhorar ou piorar esse "karma", mas só poderás extingui-lo quando tiveres unido em ti todas as vontades que continuam a actuar caoticamente no teu íntimo.--
Quando todas elas na consciência espiritual da Centelha de Luz, que é em ti o teu "Espírito humano" verdadeiro, substancial e eterno,- se tiverem unido, então nascerá em ti do Espírito o teu Deus, e libertar-te-ás finalmente do teu "Karma",- da cadeia de consequências do teu Acto Primordial,- como um novo  retornado Homem da Eternidade. -
Feliz de ti, quando conseguires já isto na Terra!
Não conseguindo isto, então, mesmo depois de te despojares deste corpo terreno não chegarás a ti mesmo, à tua "paz ", enquanto não encontrares a tua paz no teu Deus, consciente das tuas forças anímicas unidas e de te teres tornado para elas a sua Vontade...
"Lá", porém, chegado pode durar muito tempo até seres capaz de o fazer, pois então já não podes mudar ou mesmo melhorar o teu "karma",- e de forma alguma poderás viver em ti a Luz eterna até se esgotarem todas as consequências do teu acto original.--
A Sabedoria Indiana aconselha os homens a não criarem  "novo Karma", - e na verdade esse aviso é fruto de Conhecimento muito verdadeiro!
Só tens de saber, que o conselho apenas te quer prevenir contra um "Karma" pior!-
Não poderás encontrar a tua libertação no reino do Espírito substancial, antes de se esgotar o último impulso de natureza terrena que em tempos partiu de ti.--
Procura assim com toda a tua energia ainda nesta vida terrena unires-te ao teu Deus, para que com a sua Força consigas cortar a cadeia do teu "Karma", para que ela não possa manter-te preso através dos aeons...»

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. X. O Templo Secreto. Tradução de Pedro Teixeira da Mota.


                                   Cap. X. O TEMPLO SECRETO

«Todos, os que se empenharam e empenharão no caminho de ascensão que descrevo neste livro, passam a estar intimamente ligados entre si, mesmo que no mundo exterior os possam separar milhares de milhas...

Tal "ligação" vem a realizar-se de dois modos:- em primeiro  através de atracção mútua das irradiações que, através de centros de vontade humanos determinados em si, se tornam  "turbilhões" irradiantes, em certas regiões superiores do mundo físico invisível, involuntária e inconscientemente, 
e aí põe em conexão tudo o que é idêntico.

E ainda por influência directa das forças anímicas, que apenas precisam do mesmo direccionamento dos impulsos de vontade de que são animadas para que, de forma imediata e praticamente independente do espaço e do tempo, se liguem entre si.

É porém, naturalmente humano, as pessoas quererem estar próximas no mundo dos sentidos terrenos exteriores, logo que através da sintonização do mesmo objectivo sentem corresponderem-se umas com as outras...

Muitos fortificam a sua coragem e fé, se ao longo do "Caminho" puderem de tempos a tempos falar com um companheiro do Caminho...

E existem ainda motivos de ordem superior, que frequentemente tornam muito desejável a comunhão numa proximidade visível.-
O caminho para a vida espiritual torna-se muitas vezes mais leve se dois seres, que o iniciaram, também estiverem ligados no exterior, e possam assim percorrê-lo na companhia um do outro.

Daí que cada um que recebeu a autorização e a força para ensinar estas coisas, deva repetir a palavra do sublime Mestre de Nazaré:-
"Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome,  eu estou  no meio deles."

Mas que nunca sejam mais do que "dois ou três", os que se reúnem para troca conjunta das suas experiências anímicas através da palavra da linguagem exterior!

É por bons motivos que se exige este número pequeno!

Qualquer grupo maior de pessoas espiritualmente ligadas só poderá ter resultados benéficos, quando, - do ponto de vista da troca de impressões sobre experiências anímicas, - permanecer em si composto como uma comunhão múltipla de binómios e trinómios, e se cada célula, formada por duas ou três pessoas, se constituir apenas com base num sentimento muito nítido de afinidade pessoal entre os elementos que a compõem, de modo que - sem necessidade de "juramento" - a sua indestrutibilidade fique desde o início garantida. -

Os que procuram nunca deverão, porém, reunir-se numa "Comunidade", pois nenhuma comunidade pode subsistir sem pressionar a fé, e nada é mais prejudicial ao desenvolvimento da alma, do que uma pressão exterior.--

Uma tal "Comunidade" só constrói o cortejo fúnebre da sua fé morta!
Enquanto a fé trabalhar viva e activa resistirá, embora por tempo limitado à doença roedora que é uma "comunidade de fé",- pois muito em breve sucumbirá, fanada como uma flor sob o peso da geada, e os que pensavam  poder mantê-la viva como “comunidade”, terão cavado eles próprios a sua sepultura.---

Poderá ser porém de grande ajuda a muitos, se eles, seja individualmente ou em conjunto com grupos da mesma inspiração, unirem-se por vezes em "células" de dois ou de três, para poderem falar sobre as coisas que experienciam ou contemplam no seu caminho para a Luz.

Quando tal for possível, devem então estes encontros de grupos de duas ou três pessoas, a fim de partilharem o seu conhecimento uns com os outros, acontecerem sempre à mesma hora!

Não existe  nas profundezas mesmo mais inacessíveis do Espírito qualquer razão, que possa fundamentar uma "proibição", de que várias dessas células de dois ou três elementos se mantenham em ligação exterior entre si, desde que uma semelhante ligação não degenere na constituição de uma "comunidade" com o cortejo de convicções obrigatórias e artigos de fé que a acompanham.--

Só nesse caso a união exterior desmembraria a interior!

Quer sigas o teu caminho sozinho, ou com um, e também dois companheiros de viagem,- deves sempre saber, que um Templo secreto te une com todos os que entraram no seu Caminho como tu.---

Os Irradiantes da Luz Original são os verdadeiros "Sacerdotes" desse Templo e cada buscador, que percorre em si o seu "Caminho", permanece sob a orientação acertada deles, mesmo quando o seu interior ainda não disponha de Luz própria, e não reconheça ainda a Mão que o encaminha...

Não se te pede nenhuma fé numa ajuda, que não possas provar.

Só te pedimos: - a fé em ti mesmo, porque ela te será indispensável no teu caminho...

Quando tiveres conquistado esta fé, e continuamente a reconquistares de novo ao longo do teu caminho, então em breve realizarás em ti próprio a verdade das minhas palavras!

Os descobridores de novos continentes acreditavam nos seus corações, que descobririam as Terras desejadas para lá dos vastos mares, e encontraram o que acreditaram.-

Assim deverás tu também acreditar a partir de ti próprio, que tens em ti as forças, que tornar-te-ão um dia qualificado, para vivenciar admirado as maravilhas sagradas do Templo secreto desta Terra...

Precisas de acreditar nas tuas próprias forças, porque a tua fé tanto poderá libertar  essas forças em ti, como pode também mantê-las em cativeiro...

Tudo aquilo que de antemão não te crês capaz, dificilmente o conseguirás mais tarde!-

Dessa forma ficarás também inacessível a todo o auxílio do Templo secreto até ao dia em que encontres em ti a fé inabalável de que tens em ti as forças para conseguires tal auxílio. -»

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. IX. O Mundo Oculto. Tradução de Pedro Teixeira da Mota.

                                  Cap. IX.  O Mundo Oculto.

«Até aqui nas palavras deste livro só quase se falou desse "invisível", que é a tua alma e que se desdobra nas tuas forças anímicas, assim como de um mundo espiritual superior, de onde provéns e que deverás reencontrar, se queres chegar a Deus e encontrar a paz que o mundo exterior não te pode dar.--
Mas ainda tenho de falar-te de um outro "invisível", - dum invisível, que te envolve a partir do exterior, tal como todas as  coisas e formas materialmente visíveis...
Este "invisível" é ainda uma parte muito pouco conhecida deste mundo físico-material, e é ao mesmo tempo a sua parte incomparavelmente maior...
Sobre este "invisível" deverá avançar primeiro o teu guia espiritual, como sobre uma ponte, quando ele quiser alcançar-te, se ainda não estás preparado para reconhecê-lo na unidade das tuas forças anímicas, tal como um dia o deverás reconhecer, - em Deus.--
Por agora ele só é capaz de alcançar o teu interior a partir desse "exterior invisível"! 

Sempre houve pessoas que reconheceram com toda a segurança esse "exterior invisível".
Para a realização dos seus objectivos mais elevados, essa faculdade não tinha nem tem qualquer valor.
"Vêem" mais do que os outros, - assim como tu, quando espreitas por um telescópio consegues ver os "anéis" e as "luas" de astros distantes, enquanto que uma pessoa que vê apenas com o olho nu, não vê mais do que um ponto brilhante...
A sua "visão" está ligada a um organismo físico que, no homem contemporâneo só raramente é capaz de desenvolver-se, de modo a que o homem possa usá-la.
Nos seres humanos de outros tempos, frequentemente, esse organismo era  muito mais desenvolvido, e  de novo desenvolver-se-á nos homens do futuro, quando souberem  assegurar-se de que ele não se tornará mais uma fatalidade...
O desenvolvimento desse organismo físico, desnecessário à vida de todos os dias, acontece, segundo o modo do movimento das ondas, com uma intensidade umas vezes maior outras vezes menor, dentro do mesmo modo de movimento.
Dessa forma, também essa faculdade de reconhecer com segurança o invisível deste mundo físico e material pode desaparecer por vezes até à última réstia, para reaparecer em todos os lugares, noutros tempos.
Tratam-se de órgãos rudimentares da besta humana dos tempos primitivos, que só se encontram nos que estão preparados animicamente para utilizarem correctamente as faculdades que lhes são concedidas.
As pessoas, nas quais o organismo para a apreensão do exterior invisível está completamente desenvolvido, estão, por tal motivo, dotadas de semelhantes forças anímicas  "de saber", que já foram actuantes em muitos homens antigos.
Onde quer que essa "capacidade de visão" no invisível físico exista simultaneamente com a vontade do mais elevado conhecimento, o ser que for dotado dela não será vítima de enganos,  nesta parte invisível do mundo terreno e também encontrará conselheiros bondosos e auxiliares solícitos do Reino do Espírito substancial, que o ajudarão na compreensão daquilo que vê. 

E assim que ele se tenha tornado completamente "desperto", bem poderá  acontecer que, através de seres mais "despertos", receba poder sobre as forças deste mundo invisível, de modo a colaborar no plano de desenvolvimento da Humanidade na Terra, tal como ele é encorajado desde há milénios pelos Irradiantes da Luz Eterna. 

Na maioria das vezes apenas se encontram uns poucos dos "conhecedores do invisível" que possam “servir” desse modo.
Seria porém desejável, que todas as pessoas que sentem em si - com maior ou menor intensidade - o organismo de experimentação do invisível físico, lhe prestassem grande atenção e o quisessem resguardado de todo o abuso...
Talvez pudessem desenvolver-se muitos gérmenes através duma cultura segura em dar bons resultados, e tornarem-se beneficamente eficazes.-
São necessários muitos "trabalhadores na vinha", e a humanidade dos nossos dias beneficiaria muito se surgissem de novo ajudantes e instrutores conhecedores, que soubessem caminhar também por caminhos seguros no invisível deste mundo físico...

Não é a "experimentação" com mediums e sonâmbulos que trará aqui esclarecimento, mas unicamente a experiência pessoal dos que possuem faculdades orgânicas!-
Sem querer retirar o mérito a todo o zelo empregue na investigação científica, é todavia importante ver que através das chamadas experiências "metafísicas" que, como o seu próprio nome indica, partem do pre-suposto,- do pre-conceito errado, - as pessoas apenas atraem para si mesmo as forças parasitas do invisível físico.
Essas forças parasitas da parte invisível do mundo físico são entidades cuja aparência é muito semelhante à das energias a partir das quais a alma se constrói, mas que de forma alguma deverão ser confundidas com as "forças anímicas".
Seria o equívoco igual ao das pessoas que querem confundir os esgares dos macacos atrás das grades da jaula com a brilhante e treinada arte de representação de grandes actores quando pisam o palco...
As entidades da parte invisível do mundo físico, com as quais se entra em contacto nas chamadas experiências "metafísicas", onde como em nenhuma outra circunstância, se acredita, num ambiente solene, estar-se a lidar com as almas de antepassados, as quais certamente têm um certo tipo "consciência de ser" e "sabem" frequentemente mais do que os que as interrogam, - mas que  têm apenas de uma forma obscura e nebulosa consciência de si mesmas, pelo que dificilmente poderiam, em termos humanos, ser moralmente culpadas de se fazerem passar por aquilo que as pessoas presumem ver ou pensam encontrar nelas. --
Não desejam senão encontrar confirmação da sua existência e, para o conseguir, farão tudo o que não ultrapassa o seu poder, indo até mais longe, procurando ainda simular poder, onde o seu poder findou...
Não as vincula nenhum "dever" e nenhuma "consciência"!
A tua ruína dá-lhes tanto prazer quanto o teu fortalecimento, desde que, pela influência que em ti exercem, consigam ver em ti a confirmação da sua existência.--
Pobre de quem tais entidades já se "apoderaram"!
Sugam-lhe a medula da vida como vampiros, pois precisam de se "alimentar" das suas forças, quando querem estar ao seu serviço.-
Se ele não as conseguir afastar sozinho, tornar-se-á escravo dos seus instintos sombrios até que a sua própria alma "definhe" de todo, pois as suas forças abandonam-no a pouco e pouco, - o que faz com que, após o seu corpo se deitar para o sono derradeiro, a sua antiga consciência termine em aniquilamento, - o que representa a única verdadeira, porque eterna "morte", que pode realmente ameaçar o Homem. -
Há pouquíssimas pessoas que saibam conscientemente a natureza mentirosa de tais entidades, a quem dificilmente se poderá dar um nome, já que no mundo visível nada há que se lhes assemelhe.
São estas entidades invisíveis através das quais o faquir opera os seus "milagres", - e porque ninguém as conhece, as pessoas pasmam-se com os poderes do faquir, sempre que um  destes genuínos cativos do inferno, se mostra...
Estas entidades são "capazes" de muitas coisas que os homens jamais conseguirão fazer, enquanto operarem apenas pelas suas próprias forças.
Elas "vêem" os teus pensamentos, melhor do que tu próprio os conheces, - e conseguem colocar perante os teus olhos as tuas fantasias mais íntimas...
Elas podem, temporariamente, assumir formas e texturas tão palpáveis como qualquer outra coisa terrena, como qualquer outra substância tua conhecida, porque estas entidades são os tecelões invisíveis da configuração física que une com fios invisíveis todos os fenómenos visíveis...

Elas podem envolver-se em formas humanas, de pessoas, que  há muito tempo não vivem na Terra, - porque cada forma que em tempos "foi" na Terra é mantida na esfera dessas entidades, como - por exemplo, mesmo que a comparação não seja a mais feliz, - a matriz galvânica, a partir da qual o Homem poderá sempre extrair um novo modelagem.
Na realidade, a "matriz" aqui é uma formação invisível, construída como um ténue um sopro: - um sistema de lamelas, que representa matematicamente a reprodução fiel do conjunto de formas interiores e exteriores, que em tempos constituíram o corpo de um Homem.
Esta formação, normalmente retraída em si mesma no menor espaço possível, é "insuflada" sob condições ideais com as forças físicas, que normalmente sustêm o corpo humano de um "médium".
O médium deve durante o tempo duma tal manifestação manter-se num estado de inconsciência, o qual o ser humano conhece sob o nome de “transe”.
O corpo aparente assim formado mantém-se durante o seu tempo de aparição, que é necessariamente curto mesmo nas melhores condições, o campo de actuação da alma animal do "médium" inconsciente, enquanto que essa alma animal é mantida ao mesmo tempo numa espécie de hipnose pelas tais entidades invisíveis do mundo físico, que se manifestam no corpo aparente então formado.
Quando um tal espectro é inclusivamente capaz de falar, e o faz tal e qual o fazia a imagem do ente falecido, isso não é mais impressionante do que a capacidade de fala de uma pessoa encarnada pelos processos normais, porque também no corpo aparente, enquanto ele é visível, estão de novo representados todos os órgãos na forma física, tal como eles existiam na sua imagem original,- completamente iguais, mesmo no que se refere a eventuais deformações ou outras deficiências.
Espero eu, que será desnecessário referir aqui que essa forma remanescente no mundo físico invisível tem tanto a ver com a pessoa que outrora a regia, como a pele duma serpente com o réptil que dela se libertou.--
Não é em vão que insisti aqui sobre processos, cuja enunciação nua me desgosta já. -
Quero, porém, ver-te num estado firme, de poderes tirares as dúvidas do que te poderia confundir!
Não deves deixar-te enganar por ignorância, caso depares com fenómenos pouco comuns!
Não são as fraudes com que puderes deparar nesta circunscrição demarcada, o que de maior "perigo" se reveste para ti...
Somente o verdadeiro desta espécie poderá ser realmente perigoso!--
Eu previno-te aqui por razões fundamentadas! -
Também em ti poderão essas entidades, caso vejas-te obrigado a conhecer a sua forma de actuar, causar uma vítima...
Encontram, - infelizmente muitas vezes, - as suas vítimas nos que, em vez de subirem o seu caminho elevado em direcção à unificação das forças anímicas e ao seu Deus, ambicionam por forças "ocultas", sem ainda terem alcançado o nível de discernimento que é necessário para que um dos seus irmãos humanos que esteja verdadeiramente unido com o Espírito possa, através de longos anos de dura preparação, ensiná-lo a dominar estas entidades aqui tratadas e as suas forças fantasmagóricas.

E mesmo assim correrá sempre perigo todo aquele que, sem necessidade, as excite e aproveite, - e nenhum dos que, para testar as suas forças, tiveram em tempos de aprender a dominar este reino do invisível físico, se demorará mais longamente junto dele do que o amargo tempo que esse “dever” requer. -»

segunda-feira, 1 de julho de 2019

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. VIII. Da santidade e do pecado.


                               Cap. VIII. Da Santidade e do Pecado.

«Os que verdadeiramente sabiam das  coisas últimas  desde sempre manifestaram desprezo benevolente perante a vaidade e falsa humildade do "Santo Homem", não deixando, porém, de distinguir entre os falsos ostentadores de virtudes e as verdadeiras grandes almas a que por vezes se chamou "Santos"...
Querem encontrar seres confiantes em si próprios, que vivam de cabeça erguida - não pedintes miseráveis às portas do esplendor divino, - não almas queixosas de penitentes!
Querem encontrar seres que sabem fazer da vida uma obra de arte, - não os que se vergam perante ela, como um animal de carga sob o seu fardo!--
Aqueles a quem a culpa e o pecado conseguem desviar do seu caminho, não merecem alcançar o prémio dos vencedores!-
Quem quer lutar pela grande vitória, não deverá inquietar-se se a poeira de todos os dias suja a sua roupa...
Pois quem  olha para as manchas da sua roupa, em breve terá perdido de vista o seu mais elevado objectivo...
Não aconselho a ninguém que se debata na sujidade,- mas quem quer atingir a sua meta deverá tornar-se insensível à poeira e às pequenas manchas que, durante a sua peregrinação, vão sujando a sua roupa.
O teu pé ficará sempre atolado no mesmo sítio, e nunca confiarás nos teus passos, se te deixares perturbar  pelos erros que jamais conseguirás evitar por completo no teu caminho.-
O "Santo" é semelhante contudo  ao homem que corta a si mesmo os dedos dos pés e que, já amputado e caído de rastos, sonha todavia com os olhos abertos: - em voar.-

Ah! preferia ver-te enterrado até ao pescoço na culpa e no pecado de que temer o perigo de te transformares num tal "santo"!
Perderás a tua melhor força se quiseres imitar o "santo" e, sobretudo, se procurares manter-te "livre de erros"...
Não poderás usar as tuas forças se apenas te preocupares em evitar todo o erro, porque não importa onde exerças a tua actividade, cairás sempre na falta e no pecado sem o querer.--

Mas, tal como a poeira do mármore na oficina do escultor certamente não reduz o valor da sua obra, também o teu "eu", que procuras esculpir a partir de rocha em bruto, não perderá valor com o "pó" e o "lixo" que caem em seu redor enquanto nele trabalhares com o teu cinzel, até que por fim surja a sua forma clara.
Esquece-te do “pó” e do “lixo” da oficina e pensa constantemente apenas na “obra”de elevada beleza e de duração eterna, que deves formar da tua existência !--

E se caíste bem no fundo, quando não querias cair, ergue-te de novo com força e esquece a queda!
Mas mesmo que tenhas caído pela tua vontade, nada mais te deverá preocupar nesse momento do que ergueres-te de novo rapidamente!
Inútil é o teu “remorso” após a queda, - mas o teu erguer enérgico pode proporcionar-te a firmeza resistente que te ensinará a evitar uma nova queda...
Na verdade, avança melhor aquele que sabe ter em si a força de se erguer após uma queda do que os que, em angústia permanente, se esforçam por evitar um só passo em falso!--
Nada te poderá prejudicar mais no teu caminho do que o medo das forças inibidoras da culpa, forças estas que nascem só do teu próprio medo.--

Avança com amor e livre do medo, - porém sem que o teu amor mine as forças que precisas para resistir!
Mostra sempre bondade para tudo o que vive - e bondade para com o tigre é disparar-lhe um tiro certeiro - pois também aquilo que tens de destruir não deves fazer sofrer!---
Livres também deverão ser a tua bondade e amor, pois de contrário tornar-se-ão vícios em ti!--

Livre só é quem se liberta a si mesmo!

Nenhum "Deus" exterior, tal como o imaginas ver acima das estrelas, poderá alguma vez libertar-te!--

Mas: se te ajudares a ti mesmo, assim o teu Deus te ajudará, -- o teu Deus, que um dia se "gerará" em ti próprio!---

Criaste os teus fantasmas, e só tu próprio poderás destruí-los!
Muitas coisas há que, para ti, ainda são "culpa" e "pecado", que em verdade não merecem essas denominações, - e muitas tomas ligeiramente, onde fazes até residir a tua "virtude", ainda que seja a tentação responsável pela tua ruína...
Nunca deverás procurar "tentações", mas também não deverás, igual ao "santo", toldar o teu olhar de tal forma que em tudo só veja "tentação".--

De cabeça erguida segue o teu caminho, e sabe: - que só estarás o mais bem protegido, quando poderes confiar em ti próprio!--

Nenhuma "queda" ou "erro" poderão perturbar-te no teu avanço, até que um dia, com a ajuda das forças superiores, alcances o teu objectivo, que está em ti próprio!

Mas aviso-te, e aconselho-te: -
Procura antes a culpa e o pecado, - receia antes a vontade de "santidade"!»


"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. VII. Da acção e do agir.

                                
                                             Cap. VII. Da acção e do agir.

 Activo e operativo deverás ser no teu caminho, sempre que se encontrem em ti a força e a aptidão para agir e operar!

Quando um dia estiveres unido em ti ao teu Deus, toda a tua vida  será só acção e obra, - sim, tu serás só acção e obra!--

"Deus" é um fogo vivo!
Nele  tudo é destruído, o que inactivamente apodrece e entorpece.--

A vontade do Espírito não pode como o teu Deus "gerar-se" em ti, se não fores activo, como se o teu Deus já estivesse unido a ti...

O teu Deus será um Deus de força e coragem, não um demónio de desejos impotentes e angústias devoradoras!---

Possa o teu amor encontrar em todo momento uma actividade fecunda, tal como também o Espírito na Eternidade se realiza a si próprio em incessante acção!

Como queres tu esperar, unires-te ao teu Deus, enquanto o teu amor se afasta de dele?!--

Só poderás chegar a ti próprio no teu Deus, quando estiveres preparado, para realizares a união a ti do teu Deus, pois - o Deus vivo não é um Deus de sonhadores ou fantasiosos!

Somente em almas despertas pode ele “nascer”...

A sua Luz é demasiado radiante para as almas crepusculares a poderem suportar.--
Une as forças da tua alma para acções elevadas!

Realiza tudo o que podes hoje realizar aqui em baixo na Terra, e age, desde que te seja possível!

Assim poderás um dia, liberto do medo, encontrar o teu Deus em ti,- o teu Deus vivo.

Não estarias em vida, se a "vida" não fosse "acção" do Espírito eterno agindo em ti.

A tua vida só é "eterna", na medida em que toda a "acção" do Espírito eterno é eterna, tal como Ele mesmo é.-

 Temporal és tu, porém,  enquanto manifestação temporal deste mundo terreno, e é  também teu dever terreno trabalhar  o que é temporal no espaço temporal do aqui e agora, tal como tu próprio no Eterno és trabalhado eternamente  através do Eterno!---

Unicamente num agir incessante poderás dar provas como experimentado e em tal acção deves-te ter preparado, como a elevada orientação de ti exige, de modo a que o teu Deus se possa "gerar" em ti próprio.»

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. VI. Da procura de Deus.

                                          
                                    Cap. VI. Da Procura de Deus.

 
«Procuras ainda um Deus em longínquos horizontes. -

porém, o que te digo:
Antes do teu Deus "nascer" em ti, como tu nele, não o encontrarás em parte alguma! 

Enquanto o teu Deus não "nascer" em ti, em vão dirigirás aos espaços infinitos os teus gritos de apelo...

Disseram-te que o homem da terra é um "Deus" disfarçado e que lhe basta o reconhecimento de si mesmo para se encontrar como "Deus" para toda a eternidade.

Os que te incutiram tais propósitos estavam, na verdade, bem mais afastados do que desejavam de Deus

Não és tu "Deus", porém, é em ti só, nesta Terra, que o teu Deus se pode formar e então encontras-te tão unido ao teu Deus, como num cântico, a palavra e o sentido estão unidos! 

A partir daí nada poderá separar-te do teu Deus!
Para todo o sempre, ele tornar-se-á em ti ser "vivo"!

Não procures pois mais Deus nos espaços infinitos, nem num mundo inacessível, para lá de todos os astros!-
Se ainda o procuras é porque o teu Deus ainda não se "formou" em ti! 

A partir do momento em que ele tenha "nascido" em ti, não poderás mais procurá-lo. -
Nada é menos necessário do que a "procura de Deus"! 
Porém, procura encontrar em ti o caminho no qual Deus poderá vir ao teu encontro!
Procura preparar em ti tudo para que o teu Deus se possa unir a ti! 

Vê, a vontade do Espírito eterno, que contém tudo, quer-te e vive em ti, para um dia conseguir, enquanto teu Deus, "gerar-se" em ti! - 

Que o "Advento", - o tempo da preparação,- seja desde hoje na tua alma, porque vê: tu és "Bethlehem", e em ti deverá aparecer o teu Rei, que pode salvar-te, - que  só ele pode salvar-te! -» 

"O Livro do Deus Vivo", de Bô Yin Râ. Cap. V. "En sôph".

                                           Cap. V.  "En sôph"

"En sôph", "o Ser em si mesmo", é "Espírito",  que tudo inclui em si.
As forças do universo são porém as "causas" de múltiplos "efeitos", e isto desencaminhou-vos a procurar uma origem primeir
Ora nunca houve uma "Origem primeira", segundo o sentido que lhes deis!-
Eternamente "Deus" forma-se a si mesmo do caos dos elementos do Ser!--- 

Nada é aqui "causa" e nada é "efeito"!
Só a vontade livre e consciente do Espírito forma-se a si própria para si própria como - "Deus"!---
Os elementos do Ser actuam caoticamente, lá onde, projectados do seio do Ser original para o exterior, se manifestam como as potências mais profundas e mais criadoras e fecundas da natureza primordial.
Aí é instintiva e impulsivamente que são activos, sem consciência própria no seu agir.-
Aí encontram-se  separados ainda uns dos outros, e cada um deles procura afirmar-se só  a si mesmo.--
Desta afirmação de si próprio do que se encontra dividido, resulta todavia a formação de um polo e de um anti-polo e, portanto, - uma atracção que, ao longo de um tempo terreno incomensuravelmente longo, prepara a reunião...
Na alma do homem terreno a reunificação de todos os elementos do Ser primordial torna-se então outra vez realidade, quando a vontade do ser humano esforça-se por tal.---
No que no teu coração se agita e impele rumo à manifestação,- no que constantemente te estimula e te mantém desassossegado, - nesta aspiração a algo que deves realizar, - em tudo isso reconhece o culminar das forças daquele Ser Primordial que, em ti renovadas e agora individualizadas, querem reunir-se!
Mas  nestes elementos que em si na sua na alta formação, que a tua consciência necessita, se manifestam como as tuas forças anímicas, agrupam-se à tua volta bem numerosas vontades...
Ainda não te encontras a ti na vontade soberana, que sabe unir todas as outras em si...
Tudo o que em ti diz "eu" para o exterior, e tudo aquilo que interiormente sentes como "eu", é muitas vezes apenas uma das numerosas vontades, que se devem unificar na luminosa centelha divina da tua consciência de ti mesmo...
Só na consciência do Ser poderá a divina consciência do Ser gerar-se de novo nos elementos do Ser Primordial!
Da assustadora agitação da natureza primordial - tanto no invisível como no visível - até à unificação no consciente de um homem terreno (e há muitas "Terras"!) o caminho dos elementos do Ser Primordial leva-os de volta ao alto, para um "novo" estado de ser e de consciência de Deus.--
Mas o que observas no exterior e designas por "força da Natureza" não é senão efeito, reflexo e testemunho da influência recíproca dos elementos do Ser primordial, - mas de modo algum é idêntico a eles próprios!--- 
 
O que designas por "realidade" do universo visível e invisível, só é verdadeiramente "real" como simples efeito do Ser primordial, manifestado fenomenalmente em diversos graus de formação dos elementos primordiais do Ser .
O universo "é" na medida em que os elementos do Ser Primordial o "são", - mas não por si mesmo!
Falais ainda de um "Deus", o "Autor" de todas as coisas que para se glorificar  "criou” um mundo infinito, que para se glorificar "mantém".
Ora tal conceito de Deus e  tal explicação da existência do mundo só seria desculpável nos tempos primitivos, em que nada se conhecia do modo pelo qual se manifestam hoje os elementos do Ser Primordial, e em verdade já é altura do  vosso pensamento dever eliminar tais concepções antigas.-
Querer ficar preso a elas ainda hoje é tanto uma loucura como uma profanação!-- 
"Deus" é só o criador de si mesmo em tudo o que "é", e tudo o que verdadeiramente "É" é ser do seu Ser!---

"Deus" é somente o gerador de si mesmo e não, como o entendeis, o criador do Homem e das coisas!--- 

Todas as energias formadoras dos sóis e dos mundo são formas do Espírito, - elementos do Ser Primordial, - que vivem no tempo e no espaço e se cristalizam no tempo e no espaço em formas espaço-temporais, não se manifestando senão a título temporário e sempre condicionadas pelo espaço...
Contudo, os elementos originais do Ser são incessantemente projectados para fora, do seio do Ser Primordial, e da mesma forma regressam a ele continuamente .
Assim é desde a eternidade e assim persistirá por toda a eternidade!
Alternando constantemente os seus efeitos, os elementos do Ser Primordial atestam-se: ora causando a manifestação fenomenal, ora a destruição fenomenal.
No entanto eles mesmos “são” de eternidade em eternidade, qualquer que seja a alternância do seu agir, e não são "accionados" por ninguém...
Nunca foi dado um "começo" e nunca poderá haver um fim desta Vida eterna! 

Todo o imenso universo, impregnado de formas, para ti com toda a sua visibilidade e a sua invisibilidade, é apenas o jogo das vagas de um eterno "Oceano" espiritual, do seio do qual se ergue, pela sua própria força, a nuvem da Divindade!-- 

"Deus" implica o universo, e o universo implica "Deus"!
O "Perpetuum Mobile" que sábios e loucos esperavam descobrir já existe e não pode ser “descoberto” uma segunda vez ...
Todos os que se esforçaram por essa re-descoberta pressentiam apenas, - ainda que redutoramente a uma forma de pigmeus, - o Ser do "Todo" incomensurável, o Ser do que "é" por si mesmo, sem "começo" nem "fim", a Vida eterna, - nos ciclos do Ser!---