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domingo, 6 de julho de 2025
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Cap. IV. "Da Alma ao Espírito": Da singulariedade do ser e da sua vida, na tradição portuguesa e na realização. Texto melhorado.
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| Capa com fotografia de Alice Batista da sua filha Cristina. Publicações Maitreya, Porto |
IV - Da singularidade de cada ser e da sua vida, tradição, realização.
Cada ser representa e culmina uma série infinita de seres, experiências e informações, comuns a muitos outros mas numa singularidade e axialidade única, ou seja, num eixo único entre o nascimento e a morte, a ignorância e o conhecimento, a terra e o céu, o infinito e o tempo.
A impressão digital assinala nos dedos essa unicidade, mas também na voz, na personalidade e na essencialidade ou centelha do espírito, o único surge, certamente um reflexo da Unicidade Divina infinitizada na manifestação e depois desenvolvida, talhada, cicatrizada na evolução de cada um...
A comunicação digital e internética potencia modernamente a a comunicação entre uma infinidade de unidades únicas, ainda que muito manipuladas, conectando-as mais ou menos luminosa e harmoniosamente. E se convergir os vários dedos ou criatividades, as várias pessoas ou unidades através de afinidades recíprocas é relativamente fácil, tal como famílias, grupos, clubes, partidos, nações e instituições manifestam com tanta profusão, vverdadeiramente difícil é unir as singularidades valiosas existentes num determinado meio ou época como culminantes de valores e benefícios para os melhores objectivos, através de estratégias comuns de pensamentos, sentimentos e acções, do Bem Comum...
Este é um grande apelo, constante ou recorrente nas noites mais longas e subtis do ano, ou nos dias cinzentos e opressivos da história, como um choro, uma litânia, um canto de aspiração e esperança determinada...
Numa época de marés cheias e vivas, cavalgar ou surfar na crista das ondas é provavelmente melhor alternativa do que as termos a rebentarem em cima de nós...
Mil olhos e mil braços, mostram-nos certas deidades orientais, tal a budista Avalokiteśvara..
Discernir bem que ventos nos impelem mais, em que direcções singrar, que contenções ou expansões iniciar, com quem dialogar e avançar nos planos das caminhadas, quais os objectivos mais luminosos e urgentes, que seres ou unidades maiores nos podem inspirar é então uma tarefa de auto-exame e verticalização meditativa que só cada um poderá fazer com perseverança diária e sincera.
Por exemplo, em Portugal há um ser que nos une e culmina: o Ser espiritual ou Arcanjo de Portugal, a ampla alma de face séria, amorosa e grave do nosso país, da grande alma Portuguesa. Mas quantos o admitem, quantos tentam sintonizar com ele e o cultuam diariamente? E quanto ao Anjo da Guarda, os santos e santas, os mestres e guias, sintonizamos com eles, acolhemo-los apartir do campo unitário do corpo espiritual ou místico da Humanidade ?
Devemos contar com a comunidade dos que aqui aportaram por nascimento, ou mesmo por segundo nascimento e que nos rodeiam vivos ou mortos, ainda activos ou apenas nos testamentos anímicos e obras que nos deixaram. Quais deles amamos mais, quais cultivamos com fidelidade, quer relembrando, quer por eles orando, ou sua sabedoria e arte divulgando?
Saber cultivar este fogo do lar, da nação, da grande alma Portuguesa e da sua ampla expansão e interelacionamento é fundamental...
A base primacial deste culto é o aprofundamento do tesouro dos valores e conhecimentos, das ideias e ideais que podem unir e impulsionar as pessoas no seu aperfeiçoamento e libertação. Um país de poetas, mas também de líderes, místicos, sábios e artistas, que deveremos conhecer e estidar, meditar e continuar...
Assim, sair da ignorância e do sofrimento, do egoísmo e da miséria, da violência e da superficialidade, numa unidade enraizada local e historicamente mas aberta à multipolaridade e ao universal, é um apelo fundamental e urgente ao melhor de nós...
Assim chega até ti este texto, na noite dos tempos, a desafiar-te a meditar uns minutos estas duas questões cadentes, a que só tu podes responder: - "O que é mais importante e prioritário que eu desenvolva para o bem de mim próprio e dos que conheço, e para o bem de Portugal e do Cosmos? Com que pessoas, autores ou facetas do cristal da Verdade tenho mais afinidade, conhecimento e amor e posso ser um cooperador criativo e luminoso?”
Se uma das respostas é sermos cada vez mais a nossa singularidade e ser próprio, a Seidade, o Espírito, criativa e originalmente, sem dúvida que também a nossa acção, como continuadores ou em grupos mais fortes, na compreensão e na acção justa e verdadeira, é bem importante.
Desenvolver a compreensão de quem somos e do que viemos fazer à Terra, quais as prioridades e opções, em que linhas nos inserimos, é então fundamental de ser meditado e trabalhado com regularidade. Na Índia chama-se o swadharma, o seu dever próprio ou missão. No fundo o seu contributo singular, único, para o Todo, para a Harmonia do Cosmos.
Ao nascermos em Portugal, apercebemo-nos melhor da riqueza cultural que nos envolve, ou seja, da Tradição Cultural e Espiritual Portuguesa, que nos forma ou deforma, informa ou é alheia, é atacada ou preservada, seja aquelas tradições a que na nossa universalidade, impulsionada nos Descobrimentos, tivemos acesso.
Saber escolher bem os veios que vamos trabalhar, os arroios que vamos utilizar e gerar, as pessoas a que nos vamos associar, e os ideais e mestres que nos poderão inspirar é então fundamental...
Se admitirmos, o que não é assim tão certo e evidente para muitos, que todo o bom escritor adquire no além um papel de guia para as gerações vindouras que o lerão ou reflectirão, perguntemos então que escritores ou pensadores mais gostamos e com quem sentimos mais afinidades?
Os poetas das Cantigas de Amigo e dos Cancioneiros, Sá de Miranda e Camões, João de Barros e Damião de Góis, Frei Luís de Granada, Sebastião Toscano e Gaspar de Leão, Faria e Sousa e Francisco Manuel de Melo, Antero de Quental e Jaime de Magalhães Lima, Camilo Castelo Branco e Alberto Pimental, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, Leonardo Coimbra e Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão e Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Maria Amália Vaz de Carvalho, José Régio e Saramago, Álvaro Ribeiro, Agostinho da Silva, António Quadros e Lima de Freitas, Sant'Anna Dionísio ou Dalila Pereira da Costa, por vezes amigos ou amigas que conhecemos?
Leiamos então as suas obras, escolhamos algumas linhas do seu desenvolvimento, ou frases que nos digam mais e trabalhem-se, meditem-se, reescrevam-se, aprofundem-se. E assim estaremos a inserir-nos na Tradição Espiritual Portuguesa e na Perene e a continuá-las...
Reactivar a ligação psíquica ou espiritual com esses seres que já da lei da morte terrena se libertaram e que podem passar a inspirar-nos é importante. Mas mais ainda com os seres afins e receptivos ainda vivos, e com quem os diálogos, projectos e acções são mais fortes e directos e frutíferos neste mundo tão necessitado de luz e verdade amor e paz.
Pressinta no património da riqueza natural e cultural do país o que lhe diz mais, o que gosta mais, oque pode trabalhar mais e tente talhar e fortificar pedras viva para a construção incessante e permanente do Templo da Verdade, da Beleza, do Bem ou do Divino em Portugal...
Tantos campos da criatividade humana há já a serem trabalhados entre nós e onde pode cooperar e contribuir...
Saibamos diária ou gradualmente aprofundar ou enriquecer alguma faceta do multifacetado cristal da sabedoria, da arte e do amor da Grande Alma Portuguesa.
Avancemos juntando engenhos e esforços em prol da Tradição Perene em Portugal e da sua crescente iluminação e ligação à Verdade, ao Bem, à Divindade.
Façamos a árvore da vida, por vezes quase seca, reverdecer pelo amor e a ligação à Fonte das Águas Vivas...
Intensifiquemos a nossa singular comunhão ardente e clarificadora...
Sejamos mais sábia e amorosamente o Espírito individual e universal.
quinta-feira, 3 de julho de 2025
Poesia das Nuvens. Antologia. I - João Marques dos Santos. "Coimbra em Flor". 1925.
| Quem quiser colaborar na Antologia da Poesia das Nuvens é bem vindo.. |
João Marques dos SANTOS foi um notável cientista e professor da Faculdade de Medicina de Coimbra, onde chegou a catedrático. Nascera na cidade do Mondego, 16.12.1880 e deixou a Terra também em Coimbra, em 8.12.1941. Estudara Matemática e Filosofia e Medicina, especializando-se em Anatomia Patológica e Patologia Geral, tendo publicado vasta obra científica, e duas obras poéticas.
É da segunda deles, Coimbra em Flor, impressa na livraria Portugália em 1923, que extraímos o belo e bem fundamentado poema intitulado Nuvens, e recolhemo-lo do exemplar oferecido a Luís Derouet, o malogrado director da Imprensa Nacional, quando este era jornalista: «Ao Ex. Sr. Luiz Derouet, ilustre redactor do "Diário da Tarde", homenagem de sentida admiração pelo seu carácter e pelo seu belo talento.
Coimbra, 3-XII-925
Marques dos Santos.»
Toldando o céu azul de sombras caprichosas
Em montanhas de dor que sobem vaporosas
A clara luz do Sol em névoas escondendo...
Rendilhadas recortes de figuras breves
Congregadas neblinas dando as mãos pelo ar,
As nuvens vão subindo, espiralando leves
Como flocos d'arminho ao vento a baloiçar!
Umas se tornam fortes cumes de montanhas,
Outras agulhas formam d'altas catedrais,
Agitam-se febris, rasgando as entranhas,
As nuvens que se elevam em danças medievais.
Avalanchas de neve os espaços cruzando
O vento as transfigura e logo despedaça:
No cortejo os milhafres rondam esvoaçando
Fúnebres caçadores a procurarem a caça...
Cavalgada sidéria, deambulando corre
Seguindo heroicamente o carro da vertigem;
Entre os mil cavaleiros a neblina morre
Como o véu duma noiva ao deixar de ser virgem.
Pesadelos dispersos dum mundo fatigado
Em castelos de bruma as formas esbatendo;
Águas do mar imenso, velho torturado
Suas almas errantes pelo azul plangendo...
Arminhos flutuantes de rasgadas velas
Oriundas dos beijos das deusas do Mar;
Como vagas d'espuma feitas caravelas
Numa ânsia de glória, sempre a caminhar!
Como vagas d'espumas a nuvem foi-se erguendo
Toldando o céu azul de sombras caprichosas,
Em montanhas de dor que sobem vaporosas
A clara luz do Sol em névoas escondendo!»
quarta-feira, 2 de julho de 2025
"Da Alma ao Espírito". 3º cap. Da voz ou vibração do Silêncio, do som interno, das audições e orações, da mística iraniana.. Transcrição melhorada -
É pelos actos, vivências e realizações conseguidas na Vida, na sua totalidade, que nos caracterizamos, definimos, esculpimos e ora relativamente nos condenamos ou salvamos, ou seja, nos despertamos e clarificamos, ou nos obscurecemos e degeneramos animicamente. Há então que lúcida e diariamente praticarmos a auto-consciência, o auto-conhecimento, a meditação e a sintonização e ligação à Verdade, à Divindade, para depois melhor se conseguir sentir, compreender e viver harmoniosamente o quotidiano, trabalhando as ligações espirituais com o que vamos encontrando, ou onde vamos estando.
Aproximemo-nos então de um dos métodos que ao longo dos séculos deu e dá efeitos ou resultados harmonizadores e libertadores e que foi imortalizado na frase muito conhecida do início do Evangelho de S. João: "Ao Princípio (en Arke) era o Verbo ou a Palavra ( Logos ou Sermo), e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus".
A prática que se pode extrair é então a de concentrar-nos, mais até do que tentarmos ouvir, na ressonância ou reverberação do Som ou Verbo primordial, no que se denomina por vezes como a voz do Silêncio, o som do Rio da eternidade, ou seja, o que conseguimos ouvir da omnipresente vibração divina que anima ou subjaz a manifestação ou criação e que na sua subtileza e elevação última é o Logos que sustenta e alimenta, integra e aperfeiçoa o Cosmos e os seres, certamente, conforme a receptividade deles ou, como Erasmo defendia contra Lutero e os defensores da predestinação, segundo o seu livre arbítrio.
Será em geral de noite, no tempo de maior silêncio, que podemos entrar mais dentro de nós e apurar as antenas subtis de escuta das vibrações e ressonâncias de tal vibração que foi também reconhecida e chamada, nos seus níveis cósmicos, por Pitágoras e os pitagóricos, de Música ou Harmonia das Esferas Celestiais, num acto ou prática de sensibilidade para a qual se criou também a expressão contemplar o sol da meia-noite, numa bela metáfora do fogo iluminante no coração do devoto, já que tal manifestação do Espírito e do Logos ou Sermo (palavra-som-vibração) é mais perceptível nas horas mais calmas e nocturnas da Natureza e surge como luz entusiasmante no meio da escuridão.
Sabemos porém como na vida moderna muita gente e muitos estabelecimentos de diversão se tem lançado inconsciente ou até encarniçadamente contra o silêncio, em especial nocturno, e sabemos também como as nossas mentes são de tal modo marcadas e afectadas pelas impressões diárias, que poucos, muito poucos mesmo, são os que conseguem silenciar-se, valorizar o sintonizar e comungar a voz ou a vibração do silêncio, subtil mas sempre presente e ecoante nos nossos ouvidos, e intensificarem-se ardentemente no coração e verem o Sol da meia-noite.
A Voz do Silêncio, título de um livro da russa Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, traduzido por Fernando Pessoa em 1915, foi uma obra que falou de tal prática, dos tipos de som audíveis e das qualificações necessárias, a partir da tradição das Upanishads e da Nada Yoga da Índia, numa interpretação algo mistificadora ou exagerada nas exigências e características. Ora a voz do Silêncio na realidade quer dizer que quem se silencia começa a poder ouvir a voz ou melhor vibração do silêncio, vibração, som ou voz que parte ou fala no silêncio, e que tal se nos torna perceptível primeiro como vibração e som subtil na cabeça e, por fim, sonoridade rítmica, mensagem, presença, em vários níveis de subtilização e efeitos. Ou sobretudo como aumento da Voz da Razão (que é Ratio, em latim a tradição do Logos, grego) ou da Consciência em nós. Mas também podemos ver o processo no sentido contrário: ao concentrar-nos no som interior conseguimos silenciar-nos, equilibrar e reduzir as ondulações mentais e ficarmos mais abertos ao Logos, ao Amor-Inteligência substante do nosso sistema solar...
Escutar o som interno e acalmar a mente, sob o estrépito e o ruído da vida moderna, ou sob a agitação das redes de informação exteriores e interiores, é então uma tarefa exigente e quase heróica e que apela às melhores qualidades perseverantes e criativas das almas peregrinas e demandantes do santo Graal da Verdade, do Amor, da Divindade...
Nas noites recolhidas e silenciosas a que possamos ter acesso, ora anestesiantes ora despertantes, ora solitárias ora ardentes, o que vais fazer do teu amor? Ainda tens força para te erguer em demanda ou oração? O que vais querer ouvir? Que música, sons, palavras ou ecos do que fazes, pensas e sentes te percorrerão e emanarão de ti? E quando vivemos a dois, quantas vezes tentamos escutar e acolher o silêncio recíproca e invocadoramente, quantas vezes irradiamos sons e orações, para a interioridade, o Cosmos e a Divindade, tecidos e irradiados na ardência unitiva do Amor?
Sim, em geral mais do que sintonizarmos e fluirmos no silêncio e nele nos serenarmos e unificarmos, estamos sempre ora a ouvir ora a produzir sons pelos nossos pensamentos, actos, posturas, palavras e sinapses neuronais, que se multiplicam em ondas pelo ambiente e se repercutem sobre nós. Devemos pois estar bem conscientes do que geramos e emanamos para perseverantemente assumirmos mais criativa e poderosamente a irradiação unificadora da auto-consciência verticalizante, aprofundante e pacificante...
Recitam, cantam, ou pronunciam silenciosamente, uns o Aum ou Om, outros o Amen, outros o Allah Hu, o Hare Krishna, o Sat Nam, o Yom, o Om Namo Narayana, o Shivoham, mas poucos são os que conseguem chegar por eles a estados luminosos ou mesmo de certa comunhão com o Espírito e a Divindade, ao sintonizarem e unificarem-se bem graças ao som ou vibração original (Shabda, Vak), na tradição Indiana) do qual esses nomes e suas conceptualizações e hermenêuticas são cristalizações religiosas valiosas da sua primordialidade para nos unificarmos e elevarmos...
Para além dessas palavras sacras ou mantras, diz-se que cada ser tem o seu nome específico, o qual corresponde à sua essência, e que pode ser ouvido dentro de cada um na palavra e vogal sua, tal e qual como tem na meditação uma luz, a sua própria, com a sua coloração ou as suas colorações especiais. Algo disto aflora nas iniciações Indianas, com a entrega de um novo nome, e de um mantra ou som específico a ser trabalhado.
Na origem destes sons, tão utilizados nos mantras e nas repetições de orações, está pois, na tradição Indiana Paravak, Shabda ou Pranava, o Som ou vibração cósmica no seu estado subtil inicial, certamente muito difícil de alcançar-se, o qual é simbolizado no nível mais elevado do som composto de três letras, Aum, na nasalação final, denominada bindu, e tida muito em conta na pronúncia e meditação de tal sílaba tão sagrada na tradição Indiana, do Sanata Dharma, que se pode traduzir por Dever ou Ordem eterna...
Tendemos para tal nível mais subtil quando, por exemplo, no fim da repetição do Aum, ou do La ilaha illa Allah (Não há Deus senão Deus), do Pai Nosso, do Iesus ou Ihs, do Aum Mani Padme Hum ou do Om Shuda Shakti Om, silenciamos e invocamos com sacralidade os sons e forças que provêm da manifestação ou emanação do Ser Primordial, seja visto como o Logos-Inteligência ocidental, ou a Shakti devi, a Energia divina, oriental. E que nesta prática estamos a prolongar e a ser a Sua voz-vibração, intuindo-a e acolhendo-a desde as extensões infinitas descendentes da manifestação cósmica e recreando-as pelo nosso próprio espírito, na sua comunhão com o que nos chega como um murmúrio ou o zumbido de abelhas sempre presente ou ressoante, um som Nur ou um Ihs ou Isis, uma voz baixa, uma luz dançada de mil partículas...
É então recomendável tentarmos sintonizar e escutar o som vibrante e glorioso divino na Natureza, onde perpassa pelos espíritos da natureza e os sons das florestas, rios e mares, cigarras e aves. Tal como também no nosso quotidiano, mais intensamente, de manhã e ao fim do dia, ou antes de adormecermos à noite, ou a meio dela, e sobretudo nos momentos diários meditativos ou contemplativos, ou naqueles em que o seu crepitar se torne mais presente, pois tal audição no coração, e com controle da respiração, à qual o mestre sufi e príncipe mogol Dara Shikoh (1615-1659) chamava Sultan-ul-Adhkar, o Sultão das práticas, acalma e harmoniza as ondulações do pensamento, da aura e da actividade neuronal, intensifica a nossa auto-consciência espiritual.
Saibamos pois estar mais atentos ao som vibração interno, que crepita dentro de cada um e provavelmente de todo o átomo e partícula do Universo, bem como das suas espirituais dimensões. E assim, quando fecharmos bem os ouvidos, desprendendo-nos das preocupações e manipulações sociais, concentremo-nos no 3º olho com perseverança, pronunciando interior e encantantemente alguns dos sons sagrados e depois, silenciando, abramos o graal do coração: pode ser até que a Luz e o som ou mesmo a música das Esferas ou Harmonias celestiais anunciados por Pitágoras e os pitagóricos irrompam mais clara ou gloriosamente na nossa consciência, libertando-a dos nós ilusórios que nos separam ainda tanto da Unidade e da Seidade, Amor e Inteligência divinas, e da sua manifestação fraterna e multipolar na Humanidade, grande tarefa em que estamos todos envolvidos, numa luta por vezes dramática entre as trevas do egoísmo e do ódio violento, e a luz da Verdade e do Bem, tal como civilização iraniana tanto aprofundou, amou e desenvolveu ao longo dos séculos, ecoando tanto na poesia de Rumi, Hafiz, Sa'adi como nos textos do mestres Suhrawardi, Ruzbehan de Baqli, Mulla Sadra e Nur Ali Shah (na imagem final).
terça-feira, 1 de julho de 2025
Forças e palavras anímicas em testamento com sangue, e o desenho original.
Sangue, energia psíquica, ideias, sentimentos, pensamentos, palavras e mantras juntos ou entretecidos numa oração à realização espiritual, à sabedoria e amor da Divindade, à melhoria ética da Humanidade. [A ordem da transcrição não correspondeu à zigzagueante da escrita manuscrita espontânea]
A Divindade fala pela música e a vibração, a luz e o espaço, a respiração e o silêncio.
Desperta mais a tua auto-consciência, aqui e agora: - Eu sou o Espírito na alma e no corpo, vibrante das forças cósmicas e sacras.
Cada ser tem a sua missão, as suas tarefas, que deve cumprir com esforço e integridade, na multipolaridade fraterna e criativa.
Não mintas, não roubes e sê corajosa (o) na verdade e na justiça.
Sê justo, sê verdadeiro. Pensa nas consequência dos teus actos nos outros. E nos que te antecederam e podem observar.
Comunga com os espíritos já nos mundos espirituais, orando por eles ou saudando-os em amor.
Vive mais profundamente com quem estás mais próxima (a) e procura discernir bem a anima mundi, a consciência do campo unitário de energia consciência informação em que te encontras
Os Anjos e os Mestres são realidades nos mundos subtis e devemos invocá-los e com eles religar-nos na nossa travessia do Oceano Cósmico.
Desperta as tuas potências interiores, as tuas virtudes e capacidades espirituais, o teu ser espiritual dos pés à cabeça.
Quando será o sangue considerado sagrado e não alimento dos que odeiam e cometem genocídio? Quando será não sangue da morte mas sim de Vida?
A generosidade do coração abre-nos às correntes da Luz curativa divina e elas espalham-se pelos humanos, a Terra, a Natureza, o Cosmos.
Liga e religa a Terra e o Céu, pela aspiração de seres melhor, pela abertura aos raios solares e cósmicos, pela irradiação sábia e libertadora
Que a Alegria brote do teu coração livre e irradiante, Graal iluminante, criativo e libertador.
O Amor é uma irradiação plena do Espírito por todo o ser.
Vive auto-consciente que és um ser de Luz, de Amor, de Justiça, de Fraternidade, emanado da fonte Divina! Aum...
segunda-feira, 30 de junho de 2025
As simbólicas gravuras de Fessard numa edição das fábulas éticas de la Fontaine, de 1766: Jupiter e os Raios. Nada em excesso. O Homem e a Sereia.
| "Quem puder fazer bem, faça-o" Garcia de Resende, concluindo a sua narrativa do amor entre Pedro e Inês de Castro, garça ou sereia mítica da nossa história passional e espiritual. |
domingo, 29 de junho de 2025
Dos caminhos da sacralidade divina, angélica e humana nos azulejos do convento dos Cardais, à lisboeta rua do Século.
| Aquando de uma audição musical em 29.6, na bela igreja do convento carmelita do séc.´XVII, Ó alma que queres professar, orar, meditar, contemplar, ser: - Intui que os anjos e os santos e santas da tua vibração ou ordem te velam, agraciam, cobrem e inspiram, mesmo que para ti ainda só subtilmente na fé e aspiração... |
| Se queres entrar pela porta estreita mas luminosa, persiste na tua demanda interior, repele a alienação televisiva, busca o ermo e a natureza para sintonizares com a vibração divina omnipresente e encheres-te dela, e em Amor e Sabedoria dinamiza-a, irradia-a. |



