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terça-feira, 18 de novembro de 2025
Vanda Anastácio apresenta: "Uma história de Amor aos Livros. A Biblioteca de Estudos Humanísticos de José V. de Pina Martins", na Faculdade de Letras de Lisboa. 17.XI.2025. Com vídeo.
O prof. José Vitorino de Pina Martins, com a veste de ser um doutorado pela Universidade da Sorbonne de Paris, tendo ao fundo sobre si a pintura quinhentista que lhe pertencia de Giovanni Pico della Mirandola, um dos seus três mestres, com Thomas More e Erasmo, a que poderíamos acrescentar Aldo Manuzio e os nossos Damião de Goes, Luís de Camões e Sá de Miranda.
Apresentado na Faculdade de Letras, onde José V. de Pina Martins foi professor auxiliar e catedrático, apesar da sua carreira ter sido bastante no estrangeiro, o livro foi editado pela Imprensa Nacional, num in-4º de 413 páginas, com um bom design gráfico, embora as fotografias pudessem ter sido a cores.
No prefácio José Pedro Serra, director da Biblioteca da Faculdade de Letras, historia a génese deste livro e agradece disponibilidade e parceria com o Novo Banco, pois como pouca gente saberá a biblioteca de Estudos Humanísticos de Pina Martins acabou, após eu ter realizado a catalogação breve, por passar in extremis de um colecionador particular para o Novo Banco, que a tem preservado com qualidade e agora com plena disponibilidade de consulta pública, na grande biblioteca que a Faculdade de Letras possui, seja em termos de espaço como no de conteúdo, onde um milhão de livros se encontra já, ou quase, catalogado e consultável. Isto é sem dúvida uma obra, missão e tarefa altamente meritória nos tempos que correm de excessiva digitalização dos meios de conhecimento, pois o livro continua a ser um corpo vivo, concreto, dotado de uma história e vida, duma alma, ou dum corpo subtil de impressões, mensagens e memórias, que a reprodução digital não consegue preservar nem transmitir tal como o contacto sensível ao vivo permite. Neste sentido o acesso e o manuseio pelos estudantes de obras quinhentistas, seiscentistas setecentistas ou modernas, ou assinadas e anotadas, é certamente um antídoto contra a massificação, o apagamento das identidades e personas, a submissão à máquina, ao digital, à inteligência artificial, e por vezes, quem sabe, torna-se mesmo uma iniciação afortunada ao amor aos livros, à bibliofilia e a toda cultura e sensibilidade que daí advém.
Nesta bem conseguida obra de amor aos livros, de homenagem a José V. de Pina Martins e de investigação do seu percurso e biblioteca, após o prefácio, há uma breve Introdução, que foi lida na apresentação pela autora e que pode ouvir no fim no vídeo. Seguem-se depois os notáveis e substanciais capítulos O Colecionador, A Biblioteca como Obra (onde transcreve o valioso manuscrito inédito "Como nasceu a minha Biblioteca"), A Biblioteca como Corpo Instável, O Livro como Objecto Total, O Livro como Bem Simbólico, A Biblioteca como Lieu de Mémoire. Por fim, os Agradecimentos e cinco Apêndices: o 1º respeitante às 200 gravuras existentes na Biblioteca, catalogadas por Pedro [Falcão] de Azevedo, o 2º, 3º e 4º transcrevendo e tornando assim conhecidos dos não-bibliófilos os textos hermético, imaginativos e divertidos que Pina Martins escreveu para três catálogos em que deu livros, a fim de comprar outros, para leiloar pelos experientes e sabedores Pedro de Azevedo e Luís Burnay (que nos Episódios e Desabafos de um Livreiro, revela a decifração feita pelo seu pai do acróstico escrito para o 3º leilão, por Pina Martins, «entre o brinco conceptista e a significação esotérica») sendo o 5º apêndice o catálogo dos exemplares na Biblioteca de Pina Martins, que foram dados à luz entre 1497e 1515 na mítica (pois o próprio Erasmo nela trabalhou) tipografia veneziana de Aldo Manuzio, realizado por Miriam Barros dos Santos. A valiosa obra, que embora bastante abrangente e profunda ainda permitiria acrescentos relevantes de livreiros e amigos (tal o já mencionado), mas então não seriam só 400 páginas, na realidade bem escritas ou selecionadas pela Vanda Anastácio, torna-se agora incontornável para os estudos sobre Pina Martins ou mesmo do livro antigo em Portugal, e contém ainda as Referências Bibliográficas (que inclui o meu artigo sobre José V. de Pina Martins, na Revista Portuguesa de História do Livro, 2020, transcrito neste blogue), e culmina com uma útil e bastante completa Bibliografia do nosso querido amigo e notável investigador e professor, conversador e humanista, e inventivo pensador da utopia, José Vitorino de Pina Martins, que saudamos de coração, desejando que esteja (com a Primula, uma cristã valdense) em luminosa e boa companhia dialogante com os seus imortais amigos humanistas, a que poderíamos juntar aos já referidos não só os mais antigos tais como Marsilio Ficino, Lefèvre d'Étaples, Guillaume de Budé e Reuchlin, os mais recentes Marcel Bataillon, Eugenio Asensio e Sebastião Tavares Pinho.
Com uma das discípulas de José V. de Pina Martins, especialista das encadernações manuelinas, Margarida da Cunha. Fotografia, pelo seu paciente marido Rogério da Cunha.
Na
apresentação falaram José Pedro Serra, director da Biblioteca da
Faculdade, Diogo Ramada Curto, director da Biblioteca Nacional, Duarte
Azinheira, o director da Imprensa Nacional Casa da Moeda, o
representante do Novo Banco, Hermenegildo Fernandes,
reitor da Faculdade de Letras, o historiador e bibliófilo Manuel
Cadafaz de Matos e, a finalizar, a ilustre professor e autora Vanda Anastácio.... Seguiu-se a inauguração
da exposição com as edições aldinas, isto é de Aldo Manuzio (1449-1515) e seus
familiares, sob os olhares benévolos de José V. de Pina Martins e de
Giovanni Pico della Mirandola. Em simultâneo decorreu um convívio agradável
que permitiu as várias pessoas saberem umas das outras ou trocarem
ideias, sentimentos, informações.... De livreiros e leiloeiros estava só
Pedro de Azevedo, das discípulas na área do livro antigo, na Biblioteca Nacional, de Pina Martins, Maria Valentina Sul
Mendes não pode marcar presença, mas já esteve Margarida Cunha e seu
marido, com quem conversámos. Podemos dialogar ainda com os dois
simpáticos e dinâmicos anfitriões directores da Faculdade e da sua Biblioteca, e com seis amigos: o bibliófilo e sabedor director da Biblioteca Nacional Diogo Ramada Curto, a
historiadora e camoniana Isabel Almeida, o bibliófilo e professor na Faculdade de paleografia
Bernardo Sá-Nogueira e o investigador e especialista do livro antigo, sobretudo na área oriental Manuel Cadafaz de
Matos, que cedeu um núcleo importante da sua excelente coleção à biblioteca da
Faculdade (e disponibilizou para os presentes alguns exemplares do último número da sua valiosa Revista Portuguesa de História do Livro), e o especialista de livro antigo e leiloeiro Pedro Azevedo,
que me dando boleia para casa nos permitiu
mergulhar em histórias da sua família e da sua iniciação aos livro e à
cultura, nomeadamente com Agostinho da Silva, bem como olhando para o
passado antevermos o futuro dos livros e do trato amoroso com eles, e da
sabedoria e comunhão perene e bela que por eles se actualiza e esplende, e que José Vitorino de Pina Martins tão criativa,
funda, abrangente e exemplarmente manifestou... Lux Dei!
Graças muitas pela apreciação. Poderia, contudo, ter detalhado mais, por exemplo, resumindo o essencial das intervenções no painel da apresentação, ou do conteúdo dos capítulos, mas creio que o interesse pelo livro terá sido suscitado em algumas almas leitoras.
2 comentários:
Obrigada pela belíssima reportagem
Graças muitas pela apreciação. Poderia, contudo, ter detalhado mais, por exemplo, resumindo o essencial das intervenções no painel da apresentação, ou do conteúdo dos capítulos, mas creio que o interesse pelo livro terá sido suscitado em algumas almas leitoras.
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