domingo, 2 de novembro de 2025

Alexandre Dugin, a Rússia deve ser um Estado-Civilização, e não uma parte atrasada da Europa hedonista e decademte

           Num recente artigo o notável filósofo e pensador das questões da política e geo-estratégica mundial Alexander Dugin declarou que, à medida que o Ocidente decai, a Rússia deve tornar-se um estado-civilização,  retornar ao caminho que começou quando se separou da Europa, um caminho sagrado, multinacional mas conservando as raízes e identidades étnicas e culturais diferentes mas convergentes e que tornam a Rússia, como ela já afirmou, o graal santo da Eurásia, o que une o Ocidente e o Oriente, e contribui fortemente para, acima dos globalismos neo-liberais massificantes, gerar uma Humanidade harmoniosa, tradicional, fraterna entre si equitativamente e ligada à Divindade, pela religião (particularmente a cristã e ortodoxa, mas reconhecendo e aceitando as outras) e pela filosofia espiritual ou philosophia perenis, em que a sua filha Daria Dugina tanto prometia no seu desabrochar maravilhoso, que ja homenageamos no blogue.  


 Oiçamo-lo, sem termos necessariamente de concordar com tudo, ou com todos os termos utilizados, pois põe em contraste forte a sociedade e alma da Rússia e o estado actual  de decadência civilizacional da União Europeia,  Estados Unidos e Ocidente da NATO, os quais estão em guerra crescentemente declarada (na Ucrânia e nas cobardes sanções, enquanto utilizam o seu gás e óleo) com a Rússia tradicional, independente e  multipolar, que não quis ser conquistada, ou destruída daqui a uns anos, pela oligarquia neoliberal globalista ocidental - como esteve a acontecer nos anos 90 -  através do cavalo de Tróia do regime extremista de Kiev, que foi longe de mais na perseguição dos etno-russos no leste ucraniano forçando o Kremlin a lançar a operação especial de desnazificação e libertação.

                                        

                                                      
Fala então o pai da mártir e sábia filósofa Daria Dugina, Alexandre Dugin: «Hoje em dia muitas pessoas citam a observação de Alexey Gromyko [ um membro da Academia da Ciências, nascido em 1959, e director do Instituto Europa, em Moscovo],  de que “a Rússia actualmente  assemelha-se mais à Europa tradicional do que aos próprios países da Europa.” Acredito que ele estava a tentar expressar algo bastante preciso. Uma vez, quando estava na Argentina, exclamei: "Que excelente país europeu  é este!" Mais tarde, quando visitei a França (mesmo antes das sanções), fiquei horrorizado com o seu estado: "Que montanha de lixo é esta!"
A verdade é que muitos europeus chegados à Rússia ficam encantados. Lembra-lhes a Europa, mas numa fase anterior, desaparecida. É o Ocidente que já não existe no Ocidente. Pode-se encontrá-lo na América Latina ou aqui em nós. Além disso,  até algumas sociedades asiáticas podem ser mais ocidentais do que o próprio Ocidente. A degeneração, o fracasso total, a transgressão e o declínio que tomaram conta das sociedades ocidentais não permitem  que  sejam mais consideradas civilizações ocidentais tradicionais.
Claro, isso não significa que trocamos de lugar. Nisto é preciso ter muito cuidado. Gromyko claramente quer dizer que o Ocidente se perdeu, enquanto nós ainda não. Mas, na verdade, estamos num estágio de ocidentalização e modernização que ainda parece relativamente decente precisamente por causa do nosso atraso. Se tivéssemos ido mais longe na civilização ocidental, se a tivéssemos seguido mais de perto, então acredito que estaríamos vivendo algo muito semelhante: um pesadelo, a degeneração, um número tremendo de emigrantes pouco limpos e sem rumo exigindo direitos, uma população local aterrorizada, pervertidos totalitários liberais a escaparem da lei enquanto cometem crimes horríveis. Tudo isto também nos ameaçava, e mesmo até o colapso final e o desaparecimento.
O facto de termos travado numa certa curva e  recusado a seguirmos o Ocidente é o que cria a sensação de uma Rússia acolhedora, simpática e em desenvolvimento como Gromyko observou. Não há nada de errado com isso; é uma observação muito exacta.
Como Tucker Carlson (n.16-V-1969) disse: "se algo ainda se assemelha ao Ocidente, é a Rússia, Moscovo e São Petersburgo."

Sim, realmente Moscovo assemelha-se ao Ocidente. Enquanto isso, Roma, Paris e Londres transformaram-se em montes de lixo, onde muitas vezes ou em muitos lugares é difícil encontrar uma pessoa branca ou os valores tradicionais. Não estamos falando de países asiáticos ou africanos, pois a África em si é um mundo muito  belo com  sua própria cultura. Os países islâmicos também são admiráveis e os muçulmanos tradicionais são simplesmente maravilhosos. Mas todos devem viver no seu próprio lugar. No entanto, eles são deliberadamente trazidos para a Europa pelos globalistas para apagar a população local além do reconhecimento e, em seguida, simplesmente substituí-los por robots.
Ao mesmo tempo, quero enfatizar que a declaração de Gromyko não é um argumento que nos deva guiar a todos. Não pode servir como base para a missão da Rússia, para  a sua estratégia ou a nossa soberania. É simplesmente uma observação aconchegante de um membro da elite, um herdeiro de uma conhecida família soviética, desfrutando da vida e notando como as coisas funcionam bem aqui, enquanto quase tudo desmoronou e funciona mal  no Ocidente. Em outras palavras, é apenas um comentário passageiro de um espectador.
Na realidade, esta é uma noção muito instável e frágil. Porque, na verdade, a Rússia é uma civilização distinta. Separámo-nos da civilização ocidental no século XI e  tornámo-nos uma civilização independente no século XV, e auto-consciente nos séculos XVI e XVII. E então, com graus variados de sucesso, mantivemos a nossa posição — às vezes recuando muito, outras vezes retornando de novo. Agora é a epoca de retornar à compreensão de que somos um estado-civilização. O nosso presidente (Vladimir Putin) fala sobre isto, e muitos altos funcionários também.
Portanto, em geral, considero o comentário de Gromyko inadequado. Neste momento, não se trata de nos alegrarmos por termos ficado para trás em relação ao Ocidente, e, que portanto, as coisas aqui estão limpas, organizadas e funcionam, e as pessoas normais permanecem presentes - enquanto tudo isso quase que desapareceu no Ocidente. Ou seja, afinal de contas, é isto que muitos dos nossos amigos ou convidados da América e da Europa também nos  dizem — os que apoiam um mundo multipolar e rejeitam a ditadura liberal que reina no Ocidente.
As coisas podem ser "maravilhosas" para nós, de certa forma, mas ainda não são maravilhosas ao estilo russo. Seguimos a Europa, mas ficamos para trás. E resultou em que ficar para trás foi melhor do que acompanhar. Basta olhar para onde tudo isso levou a Ucrânia e muitos outros países.

                                      

 O que precisamos é da nossa própria civilização. Devemos nos reconhecer como um estado-civilização. Devemos construir uma Grande Rússia. Uma Rússia que, até esteticamente, parecerá diferente — tecnologicamente, em termos de aparência externa e psicologicamente. Não pode ser a Europa hedonista que permanece na periferia, tentando isolar-se das formas mais tóxicas que o Ocidente está a assumir agora. Essa abordagem não vai durar muito.
Mover-se em direção à Europa agora significa mover-se em direção ao abismo, ao monte de lixo — mover-se em direção ao LGBT, a outras formas de transgressão, ao feminismo, às cirurgias transgéneras, à substituição de humanos por biorrobots e à entrega do poder à inteligência artificial. Todas estas formas de degeneração total que  vemos 
agora no Ocidente teriam que ser adoptadas se nos movessemos em direção da Europa. E simplesmente parar neste ponto intermediário não servirá por muito tempo.

Permanecer como a Europa do passado não é um projeto. Não é uma visão do futuro. O futuro da Rússia é algo completamente diferente.
A Rússia deve tornar-se ela própria. E responder à pergunta "O que é isso, exatamente?" não é fácil. Mas uma coisa é clara: não é o Ocidente. Até mesmo nossos ocidentalizadores e liberais começaram a perceber: não é o Ocidente moderno. No entanto, eles ainda pensam: "Pára aqui, momento (ou fase),  és belo."
Mas isso não vai funcionar. Precisamos de recursos para o futuro, precisamos de energia, precisamos do despertar de forças, precisamos de visões — visões de um futuro russo. Sem isso, o nosso momento presente se tornará apenas uma pausa antes de cairmos ainda mais no abismo. Um colapso para o qual já estávamos acelerando nos últimos 100 anos — especialmente rapidamente na década de 1990.
 Então hoje precisamos de uma mudança estratégica profunda para nos tornarmos um estado-civilização. Felizmente o nosso presidente Vladimir Putin está a falar nesses termos. Mas isso deve ser elaborado detalhadamente, descrito e colocado em prática. Este é o caminho que devemos seguir.

 

 Alexander Dugin declares that as the West decays, Russia must become a civilization-state by returning to the path it began when it parted ways with Europe.

Today, many people quote Alexey Gromyko’s remark that “Russia currently resembles traditional Europe more than the countries of Europe themselves.” I believe he was trying to express something quite accurate. Once, while in Argentina, I exclaimed, “What an excellent European country this is!” Later, when I visited France (even before the sanctions), I was horrified by its condition: “What a garbage heap this is!”

The fact is, many Europeans who come to Russia are delighted. It reminds them of Europe, but in a former, vanished phase. It is the West that no longer exists in the West. You can encounter it in Latin America or here with us. Moreover, soon even some Asian societies might be more Western than the West itself. The degeneration, total failure, transgression, and decline that have overtaken Western societies no longer allow them to be considered traditional Western civilizations.

Of course, this does not mean that we have switched places. One must be very cautious here. Gromyko clearly wants to say that the West has lost itself, while we still have not. But in truth, we are at a stage of Westernization and modernization that still appears relatively decent precisely because of our delay. If we had gone further into Western civilization, if we had followed it more closely, then I believe we would be experiencing much the same: a nightmare, degeneration, a massive number of dirty, aimless migrants demanding rights, a terrorized local population, liberal totalitarian perverts escaping the law while committing horrifying crimes. All of this threatened us as well, right up to the final collapse and disappearance.

The fact that we braked at a certain turn and refused to follow the West further is what creates that very sense of a cozy, likeable, developing Russia that Gromyko noted. There is nothing wrong with that; it is a very accurate observation.

As Tucker Carlson put it: if anything still resembles the West, it is Russia, Moscow, and St. Petersburg.

Yes, it truly does resemble the West. Meanwhile, Rome, Paris, and London have turned into garbage heaps, where it is often hard to find a White person or traditional values. We are not talking about Asian or African countries. Although Africa itself is a beautiful world with its own culture. Islamic countries are admirable too; traditional Muslims are simply wonderful. But everyone should live in their own place. Yet they are deliberately brought into Europe by the globalists to erase the local population beyond recognition and then simply replace them with robots.

At the same time, I want to stress that Gromyko’s statement is not an argument that should guide all of us. It cannot serve as the basis for Russia’s mission, its strategy, or our sovereignty. It is simply a cozy observation by a member of the elite, an heir to a well-known Soviet family, enjoying life and noting how things work well here, while everything has fallen apart and barely functions in the West. In other words, it is just a passing comment from an onlooker.

In reality, this is a very shaky and fragile notion. Because in truth, Russia is a distinct civilization. We diverged from Western civilization in the 11th century and became an independent civilization in the 15th century. We became self-aware in the 16th and 17th centuries, and then, with varying degrees of success, held our ground — sometimes retreating far, sometimes returning again. Now is the era of returning to the understanding that we are a civilization-state. Our president speaks of this, and many high-ranking officials do as well.

So overall, I find Gromyko’s remark misplaced. Right now, it is not about rejoicing that we fell behind the West, and therefore things are clean and orderly here, that things function, and normal people remain — while all that has disappeared in the West. That is, after all, what many of our guests from America and Europe are also saying — those who support a multipolar world and reject the liberal dictatorship reigning in the West.

Things may be “wonderful” for us, in a way, but it is still not a Russian kind of wonderful. We followed Europe, but we fell behind. And it turned out that falling behind was better than keeping up. Just look where all this has brought Ukraine and many other countries.

What we need is our own civilization. We must recognize ourselves as a civilization-state. We must build a Great Russia. A Russia that even aesthetically will look different — technologically, in terms of outward appearance, and psychologically. It cannot be the hedonistic Europe that lingers on the periphery, trying to wall itself off from the most toxic forms the West is now taking. That approach will not last long.

To move towards Europe now means to move towards the abyss, the garbage heap — to move towards LGBT, towards other forms of transgression, feminism, transgender surgeries, replacing humans with biorobots, and handing power over to artificial intelligence. All those forms of total degeneration we now see in the West would have to be adopted if we moved in Europe’s direction. And simply stopping at this halfway point will not work for long.

Remaining as the Europe of the past is not a project. It is not a vision of the future. Russia’s future is something entirely different.

Russia must become itself. And answering the question “What is that, exactly?” is not easy. But one thing is clear: it is not the West. Even our Westernizers and liberals have begun to realize: it is not the modern West. Yet they still think, “Stay just like this, moment — you are beautiful.”

But that will not work. We need resources for the future, we need energy, we need the awakening of forces, we need visions — visions of a Russian future. Without that, our present moment will become merely a pause before we fall further into the abyss. A fall we were already speeding towards for the past 100 years — especially rapidly in the 1990s.---

So today, we need a deep strategic shift towards becoming a civilization-state. Thankfully, our president is speaking in those terms. But this must be worked out in detail, described, and acted upon. That is the path we must take.»

(Translated from the original Russian version on Tsargrad).

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