| 1º e 2º volume, em letra quase manuscrita e bom papel. |
O lançamento em Portugal, em banda desenhada por uma artista libanesa Zeida Abirached, de O Profeta, um dos sete livros mais editados e lidos no mundo, escrito e publicado em Nova Iorque em 1923 pelo escritor e artista libanês Kahlil Gibran, é certamente um acontecimento valioso no nosso meio editorial, cultural e espiritual. Aconteceu na simpática livraria de bairro e de viagens Palavra de Viajante, sob a chancela luso-espanhola Lenoir. Com tradução de José Luis Covita, fluida mas (creio) do francês da edição da Senghers, e portanto perdendo por vezes a melhor tradução. São dois volumes in-4º de 191 e 189 páginas, em bom papel e com uma breve introdução da ilustradora Zeida Abirached.
Não
morando longe da Palavra de Viajante, porque lera duas vezes o Profeta e recentemente traduzira
e comentara alguns dos poemas resolvi participar no acontecimento e, como perguntando às pessoas responsáveis do interesse em ser gravada ou não a
apresentação a resposta foi afirmativa, encontrará no fim o
primeiro dos três vídeos que documentam a apresentação e o seu diálogo, com excepção de um
minuto no fim de uma das gravações, estando-se disponíveis no
Youtube.
Os livros foram autografados com ilustrações personalizadas
Vamos transcrever a tradução e ilustrações de um dos poemas, que até apresenta alguma dificuldade de hermenêutica na parte final mas que aludirá à pesagem da alma pela consciência justiça karma cósmico divino.
«Uma mulher disse então: fala-nos da Alegria e da Tristeza.
Ele respondeu. A vossa alegria é uma dor sem máscara. [... a vossa dor]
E o poço de onde se elevam os vossos risos [E o mesmo poço... riso]
esteve muitas vezes cheio com as vossas lágrimas.
E como poderia ter sido de outra maneira?
Quanto mais fundo a dor se entranhar no vosso ser, [.., modelar]
mais conseguireis conter a alegria.
A taça que contém o vosso vinho
Não é a mesma que o oleiro cozeu no seu forno? [... que foi queimada]
E o alaúde que apazigua o vosso espírito
não é ele feito de uma madeira talhada pelas facas? [tornada oca...]
Quando estiverdes felizes, sondai as profundezas doo vosso coração,
e descobrireis que a dor de outrora
é a alegria no presente. [que foi o que vos deu a tristeza vos está a dar alegria ]
Quando estiveres tristes, sondai de novo o vosso coração
e aperceber-vos-ei que na verdade chorais por aquilo que já foi a vossa alegria.
Alguns de entre vós dizem [alguns de vós...]
a felicidade sobrepõe-se à tristeza [...é maior]
e outros respondem não, a dor sobrepõe-se à felicidade. [... maior]
Eu digo-vos que são inseparáveis,
chegam juntas,
e se uma delas está sentada à vossa mesa, [e quando...]
lembrai-vos que a outra dorme na vossa cama. [está adormecida]
Na verdade, sois como uma balança, suspensa entre a alegria e a tristeza.
Apenas guardais o vosso equilíbrio e a vossa imobilidade quando estais despojados.
Quando o guarda do tesouro vos levanta para pesar o seu ouro e a sua prata,
a vossa alegria ou a vossa tristeza devem então aumentar ou diminuir.»
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| A mãe de Khalil Gibran sua mestra da sensibilidade profunda. E o próprio... 1993-1931. |
Eu traduziria assim:
«Na verdade, estais suspensos como pratos de balança entre a vossa alegria e a vossa tristeza.
Só quando estiverdes vazios é que estareis em calma e equilibrado.
Quando o guarda do tesouro vos elevar para pesar o seu ouro e a sua prata,
necessariamente a vossa alegria ou a vossa tristeza sobe ou desce.»


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