Além das páginas impressa, os livros contém não só anotações e desenhos mas também folhas ou papéis manuscritos que os leitores ou possuidores resolveram acrescentar, com notas ou textos originais, para eles ou para futuros leitores, ou então porque os receberam de alguém e os inseriram no livro.
Esta pequena mensagem, num fragmento de 12x10 cm, talvez de 1840-50, em letra inclinada e certinha, com algumas volutas artísticas no final de certas letras e sinais, como que remetendo-nos para as supra-linhas ou dimensões subtis, deve ter-se desprendido do interior comprimido dum livro religioso, e contém uma recomendação de oração, num enlaçamento discursivo invulgar, e que agora respira e emana ao ar livre, pois vamos reproduzi-la e transcrevê-la, cumprindo o que pensamos ser desejo do autor ou autora anónimo, que no fim graficamente parece ter desenhado, numa ondulação quintúpla, a continuidade de elos no grande corpo místico da Humanidade e no caso do Cristianismo:
«Deixou a Mãe Santíssima como prémio do seu Amor o Grande prazer que teve sua Alma Santíssima quando o Santo Simeão aclamou seu filho Precioso por Filho de Deos. Rogue-lhe pelos que estão em pecado Mortal e Agonia de Morte e Almas do Purgatório.»
Observamos dois acontecimentos: o 1º, a valorização afectiva grande de Maria por o ancião Simeão, em Jerusalém, ter profetizado, ou descortinado clarividentemente, segundo um episódio do Evangelho segundo S. Lucas, que Jesus era o filho de Deus, ou seja, o esperado Messias (nome que significa ungido ou abençoado por Deus), aclamando-o como tal, o que fez Maria sentir um grande prazer ou júbilo por se realizar tal bênção salvífica da Humanidade, através dela. O 2º, nos nossos dias e na temporalidade de peregrinos no Caminho, é o pedido de alguém (Luz e Amor na sua alma) a uma pessoa piedosa, religiosa, ou então com mais tempo, que orasse à Mãe de Jesus pelos que estão mal animicamente, subentendendo-se que ela os pode ajudar a purificarem-se, elevarem-se ou redimirem-se seja pelo seu Precioso Filho, seja pelo sua estatura de Mãe de Jesus, seja pela alegria que ela terá por auxiliara essas almas semi-perdidas recuperarem algo da sua semelhança divina, o que significa também o converterem-se e quererem ser ou reconhecerem-se como filhos ou filhas de Deus, espíritos provindos da Divindade, fonte do Bem, do Belo e Verdadeiro no Universo...
Ao longo dos séculos muito se tem pensado, discutido e escrito sobre o poder intercessório ou salvífico das orações, com conflitos e oposições por vezes insuperáveis, nomeadamente com os protestantes recusando o culto dos santos e santas e a sua capacidade de intercessão ou mesmo de Maria, mãe de Jesus. E se ainda há quem reze, muita gente abandonou essa tradição e função sacerdotal do fiel de qualquer religião.
Ora neste último aspecto, este papelinho com a sua oração é triplamente precioso por referir, 1º a preciosidade ou o preço imenso dos filhos de Deus e em especial de Jesus, que tendo nascido homem foi erguido a estar sentado à direita do Deus Pai, no dizer de S. Marcos e do Catecismo. 2º por estender, segundo a doutrina da Igreja, a Maria essa capacidade de redenção ou salvação ou elevação humana. 3º por apelar a que pelas nossas orações sejamos também salvadores, ou pelo menos, sacerdotes, isto é sacralizadores, ou ainda cooperadores de tais ajudas e elevações das almas em situações difíceis em vida, no trânsito da morte e já depois de mortas. E como todos temos familiares e amigos que sofrem ou já partiram, pois poderemos realizá-las com mais sentimento ou raios de amor do coração espiritual, seja usando as formas clássicas já quase automáticas, ou então frases curtas inventadas por nós, tais: - Que a Luz e o Amor divino estejam contigo; - Ó Deus, ó mestres, ó espírito, abençoai-as, inspirai-as! - Que Deus brilhe mais em vós..



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