domingo, 9 de novembro de 2025

Belas capas de dez bons livros da espiritualidade da Índia. Com breve apresentação dos livros e autores.

 Sri Krishna Prem (1898 a 1965), foi um professor inglês que desde 1930 viveu na Índia e foi iniciado por uma mulher na via da devoção ou amor (Prem) a Krishna. Viveu como um mestre no seu ashram e templo em Almora, junto aos Himalaias, onde eu peregrinei e dialoguei com o seu sucessor Sri Madhava Ashish, que prefacia esta Iniciação ao Yoga, que contém ainda outros ensaios sobre casamento sagrado, filosofia e religião, superstição e causas das guerras. As suas obras patenteiam tanto as tradições indianas, como teorizações teosóficas por vezes altamente especulativas e as suas reflexões originais. Como morreu em 14 de Novembro de 1965, nesse dia escreveremos mais sobre a Initiation into Yoga....
 
Shriram Sharma Acharya (1911-1990) notabilizou-se pela sua coragem na luta pela independência da Índia do império colonial britânico e depois como yogi e mestre espiritual, com grande sucesso nas peregrinações aos Himalaias, nas  práticas e nos seus mais de dois mil livros-livrinhos, tal este folheto num in-8º de 36 páginas Valorizou bastante a meditação, o ritual sacrificial (yajna) e a recitação diária do Gayatri, estendendo-os às mulheres e aos sem casta. Conseguindo obter grande reuniões e meditações, algo milenarista na aproximação ao ano 2000, citando até Aldous Huxley no seu Admirável ou Bravo Mundo Novo, acreditou  que no  XXI século se entraria numa nova era. Tem ainda  centros, dinâmicos a vários níveis ainda embora as suas ilusões duma Nova Era se tenham esfumado...
Swami Siddhesvarananda (1897-1957) foi o 1º monge da ordem Ramakrishna a pastorear em França, fundando Centro Vedântico Ramakrishna, em Gretz, sucedendo-lhe Swami Ritajananda, com quem ainda dialoguei, conforme artigo no blogue. Nesta obrazinha, um in-12º de 46 páginas, realça a unidade das religiões que Sri Ramakrishna vivenciara por experiência interior, e que «pondo à luz a harmonia das religiões, Sri Ramakhrisna não tentou resolver as contradições que apresentam entre si os livros sagrados; respeitou todas as crenças e acentuou antes o que nós podemos realizar no campo da nossa sadhana ou caminho espiritual... Cada ser deve esforçar-se por levar uma vida justa para receber a benção da Presença divina». Dirá ainda, na linha do seu mestre: a essência de todos os livros sagrados é a de encorajar o ser humano, por um lado a dedicar-se a uma sadhana a fim de que possa realizar a verdade no decorrer da sua existência, e por outro  a conformar-se a um código moral, a práticas e a iniciações que devem acelerar a sua evolução póstuma.

Jadunath Sinha foi um erudito estudioso do culto da Shakti, da Deusa Mãe, registado nas diversas obras do Shaktismo desde as Shakta Upanishads até aos Tantras, tal o Tantratattva, ao Shivaismo de Kashmira, e as obras de Sir John Woodroffe.  O 1º e 2º  cap. são sobre Shaktismo, Siva, Saktismo e Advaita Vedanta, o Mundo, Sadhana ou as práticas do caminho.
Shri Surath Chakravarti foi desde muito novo atraído para o yoga, encontrou bons gurus, praticou e obteve resultados de unificação e samadhi, e  foi desenvolvendo a compreensão dos processos e estágios, tendo ganho ainda com o contacto posterior com mestres como Gopinath Kaviraj, Swami Nirvananda Saraswati, Swami Ashok Ananda de Kashmir, Jagat Guru Sankaracharya do sul da Índia, e o Yogi Kalipada Guha Roy.  Nas obras aborda com profundidade e experiência o caminho espiritual, o ego e a consciência, a natureza, a sexualidade, a respiração e pranas e os corpos subtis,  e como o samadhi é visto nas  diferentes darshanas ou escolas tradicionais. Valoriza as experiências de Samadhi em Sri Ramakrishna como modelos e o que pode ser ela no futuro da Humanidade, pois considera que o ser humano deve evoluir de uma consciência individual limitada para uma espiritual e cósmica muito mais ilimitada. 
Sri V. C. Kelkar conheceu durante quarenta anos o professor e seu guru Ranade (1886-1957) e consagrou-lhe esta valiosa obra de 72 páginas: Uma breve biografia; Ditos autobiográficos; O Caminho Espiritual: metodologia da meditação, onde destaca, Nama-Smarana, ou seja, meditação-repetição do nome de Deus,  Bhava ou Bhakti, a devoção sincera que eleva o coração, e dedicação plena a Deus; e, por fim, as experiências místicas possíveis, ligadas com a luz, o som, o perfume.
Publicada em 1962 pela famosa Librairie d'Amerique et d'Orient Adrien-Maisonneuve, esta antologia de poesia mística escrita ao longo dos séculos por mestres ou santos em hindi e recolhida por gurudev Ranade, contém um prefácio valioso de 58 páginas de Achyut S. Apté, 120 páginas de Poesia, e por fim a Homenagem a R. D. Ranade, escrita pelo prof. S. G. Tulpulé, em 90 páginas, com ensinamentos valiosos sobre a sadhana marga ensinada pelo mestre, na qual a repetição do nome de Deus, concentradamente, durante bastante tempo e com entusiasmo perseverante leva à visão da forma de Deus.
Vinayak Hari Date (1900-22-IV-1986) foi professor de filosofia e um discípulo de gurudev Ranade, tendo escrito cerca de 30 obras de espiritualidade e nesta, de 280 páginas, de 1982, partilha a vida e os ensinamentos da sucessão de gurus: Narayanrao Mahraja de Nimbargi (1712-1807), Sri Bhausahib Maharaja de Umadi (1765-1835), Sri Amburao Maharja de Inchgiri (1799-1855) e finalmente o seu gurudev Ranade, em Nimbal. Já consagrei  alguns artigos a estes mestres, vidas e ditos no blogue.  

Swami Jitatmananda foi um notável monge da Ordem de Ramakrishna, pois além de ter exercido importantes cargos como professor e reitor, interessou-se pelas recentes descobertas da física com bons resultados, conseguindo destacar os aspectos convergentes de cientistas e yogis, místicos e tradição vedântica, valorizando bastante Erwin Schrödinger e Max Plank por considerarem que a consciência é o verdadeiro substracto da matéria. Nesta obra, dedicada a swami Ranganathanandaji,  que foi o meu iniciador na linha de Sri Ramakrishna Paramahamsa,  dada à luz em 1991, num in-4º de 156 páginas, apresenta amplas citações e comparações. Desincarnou em 2020. Uma das suas explicações valiosas: «Desde tempos imemoriais. profetas e líderes religiosos clamaram ter ouvido uma "Mensagem Divina" do além, quer através de uma voz, um deus ou uma deusa, uma ave, uma caixa, um anjo, um arbusto a arder, etc. Todas essas experiências são válidas. Mas, em muitos casos, os videntes ou os seus seguidores, falharam quanto a explicar que todas essas mensagens vieram do seu próprio nível mental supra-consciente. As visões externas, etc, eram apenas simbólicas.»

O Mistério da Vida Humana (Nija Ananda Bhodham), escrito por Amarakavi Ramachandra, um Siddha Yogi, e publicado em 1979, com 526 páginas, é uma obra de extraordinária abrangência psico-espiritual mas difícil de ser lida, como ele próprio adverte nos diferentes resumos e apresentações que insere no livro. Das dez capas deste artigo, esta é a única  assinada, por Vijey. Brevemente escreveremos sobre ensinamentos deste valioso livro, pois o autor começou muito cedo a trilhar o caminho espiritual e, pelas práticas e graças. obteve valiosas visões e compreensões, conseguindo explicar com bastante profundidade e na base da experiência os principais textos, teorias e conceitos da religiosidade e espiritualidade indiana, proporcionando aos leitores boas indicações para as práticas psico-espirituais dos mais empenhados no caminho do auto-conhecimento, da realização espiritual e da religação divina.

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